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ÉM / BELO HORIZONTE / PORTO ALEGRE / SALVADOR / SÃO PAULO / FESTIVAL ART

R / SÃO PAULO / FESTIVAL ARTE.MOV / 2010 - BELÉM / BELO HORIZONTE / POR


Novas cartografias urbanas:
Arte e tecnologia desenhando uma nova paisagem.

FESTIVAL

ARTE EM MÍDIAS MÓVEIS 2010

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ELÉM / BELO HORIZONTE / PORTO ALEGRE / SALVADOR / SÃO PAULO / FESTIVAL ART
R / SÃO PAULO / FESTIVAL ARTE.MOV / 2010 - BELÉM / BELO HORIZONTE / PORT
Novas cartografias urbanas:
Arte e tecnologia desenhando uma nova paisagem.

FESTIVAL

ARTE EM MÍDIAS MÓVEIS 2010

BELÉM
22 A 26/SETEMBRO
- 2010

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O
FÓRUM LANDI
Exposições, simpósio, lounge multimeios, rádio/workstation,
informações gerais
MOSTRA EIXO TEMÁTICO ARTE.MOV
Pier das 11 janelas
PERFORMANCES / EVENTOs AUDIOVISUAIS
Praça do Carmo, Pier das 11 Janelas, Praça São Joãozinho

www.artemov.net
“Em geral, a forma dos espaços urbanos deriva de vivências corporais

Epígrafe
específicas a cada povo. Nosso entendimento a respeito do corpo que
6 temos precisa mudar, a fim de que em cidades multiculturais as pessoas se 7

importem umas com as outras. Jamais seremos capazes de captar a


diferença alheia enquanto não reconhecermos nossa própria inaptidão”
Richard Sennet, em Carne e Pedra — O corpo e a cidade na civilização Ocidental
Vivo arte.mov está em um momento especial, certamente um dos mais marcantes de sua
trajetória. Em 2010, concretiza-se o movimento em que o Festival, originalmente criado em Belo
Horizonte no ano de 2006, transforma-se em um Programa Cultural nacional que conecta uma
rede de projetos alinhados à temática da arte, da mobilidade, da tecnologia digital e das mídias
locativas. Nesse contexto, o Festival Vivo arte.mov passa a se constituir como um nó
estratégico dessa rede, a partir do qual muitas outras iniciativas ganham visibilidade e
aproximam-se, gerando um processo rico de colaboração entre artistas, produtores culturais,
pesquisadores, estudantes.
No formato realizado neste ano, as cidades que recebem o evento são um dos ativos mais
destacados do Vivo arte.mov. Belém, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo, juntas,
compõem um circuito com grande riqueza e diversidade quanto à expressão cultural, ao perfil

APRESENTAçÃO VIVO
populacional, aos aspectos geográficos e econômicos. Cada um delas agrega um capítulo
diferente à discussão central do Vivo arte.mov 2010: de que maneiras as tecnologias digitais,
especialmente os dispositivos móveis, impactam as cenas urbanas em sua cartografia, sua
identidade, sua linguagem, sua economia. Dessa forma, há uma conexão intrínseca entre as
cidades. O conhecimento produzido e organizado em cada uma delas se soma às demais em
um processo inédito de cooperação entre diferentes regiões do país para a construção de uma
8 reflexão nacional sobre temática tão instigante quanto atual. 9
Sob o ponto de vista da Vivo, a partir da proximidade com seu negócio, os debates e as
experimentações empreendidas no âmbito do Vivo arte.mov criam ainda uma oportunidade
para a empresa estar informada e fazer parte de discussões que interessam diretamente à
companhia, inclusive quando apontam para aspectos críticos que perpassam as áreas de
tecnologia e comunicações.
Por todos esses motivos, fazer parte da condução do Vivo arte.mov, em um processo que
envolve parcerias qualificadas com artistas, curadores, pesquisadores, produtores culturais e
um público interessado e antenado, deixa-nos especialmente entusiasmados com os
desdobramentos que podem ser desenvolvidos de agora em diante para o Programa, como a
chegada a outros estados, a ampliação do número de projetos parceiros, o lançamento de
publicações, a disponibilização de mais conteúdos online.
A você que acompanha uma das etapas do Festival, não deixe de conhecer mais a respeito
do que acontece nas outras cidades e as oportunidades que o Programa oferece, acessando o
portal www.vivo.com.br/artemov. Sobre a Política Cultural Vivo, há mais informações disponíveis
w.vivo.com.br/cultura ou se comunique conosco pelo e-mail cultural@vivo.com.br.
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Desenvolvimento Cultural
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Em sua 5ª edição, o Vivo arte.mov – Festival Internacional de Arte em Mídias Móveis,
amplia seu escopo, consolidando uma atuação em todo o Brasil, o que reforça o papel do
Festival como referência nacional para a produção e a reflexão crítica em torno da chamada 200
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ORGANIZADORES
“cultura da mobilidade”.

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10 Ao estabelecer parcerias em várias regiões do Brasil, o programa multiplica as possibilida- 11

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des de reflexão e discussão de questões que envolvem o universo das tecnologias móveis, 2009

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atuando assim, de forma efetiva, tanto na formação de público quanto na de novos realizado-

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res. Além disso, o Vivo arte.mov tem como meta o fomento de um pensamento crítico e o

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estímulo a pesquisas e criações que reflitam as transformações, na sociedade contemporânea,

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ocorridas a partir da disseminação das tecnologias de comunicação móvel.
Esta edição do Vivo arte.mov, com o tema “Novas cartografias urbanas: reconfigurações do
espaço público”, acontece nas cidades de São Paulo, Belém, Salvador, Porto Alegre.
Os espaços para o Vivo arte.mov em Belém foram selecionados para receber atividades
voltadas às ruas, num corredor cultural formado por pontos tradicionais e marcos históricos
locais, como Fórum Landi, a Praça do Carmo, o Pier do Museu da Casa das 11 Janelas e a Praça
Frei Caetano Brandão - localizados na primeira rua aberta da Cidade de Belém, a Rua Norte,
atual Siqueira Mendes às margens do rio Guamá.
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SUMÁRIO
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Novas cartografias urbanas:
corpo, espaço e movimento redesenhando cidades.

As reconfigurações do espaço público a partir de uma geografia que passa a


considerar a rede e os elementos de comunicação como constituintes de uma

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paisagem. Da magia à tecnologia do truque, o visível é aquilo que a vista abarca.

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Em Belém, o Vivo arte.mov busca dialogar com as particularidades do cenário

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local em formas possíveis de leitura da identidade e do imaginário amazônico.
Discutindo o que seria o invisível e o visível na cidade, tanto em termos de
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representatividade ‘identitária’ como nas formas de acesso aos meios de
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expressão, as várias atividades do Festival abordam a formação de redes


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openspace
alternativas de comunicação, em que o celular funciona como alternativa para a

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ausência de outras infraestruturas. Esse recorte temático discute a sustentabilida-

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de e os empregos alternativos da tecnologia, abrangendo experiências que buscam
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14 a intersecção entre mídias portáteis e os usos inesperados de recursos e 15


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aparelhos cotidianos, como em registros audiovisuais ligados ao corpo (narrativas


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envolvendo questões de gênero e sexo) e em práticas de metareciclagem,


gambiologia e afins.
Para aprofundar essas questões, o Simpósio está organizado em três tópicos
que organizam os debates nas mesas realizadas diariamente. Esses temas estão
relacionados com os temas nacionais que estruturam o Festival a partir de eixos
condutores que definem áreas de abrangência e procuram discutir os aspectos
mais recentes da relação entre as tecnologias e as mídias (visibilidade/invisibilida-
de): fluxo, refluxo e reinterpretações” é um reflexo do tema nacional “Expandir o
presente e contrair o futuro”; e “O movimento como reinvenção, a formação de
canais paralelos” é um reflexo do tema nacional “Novos modelos de negociação”.

Fabrício Santos - Gerência de Desenvolvimento Cultural da Vivo


Giseli Vasconcelos - Produção Executiva arte.mov Belém
Lucas Bambozzi - Curadoria Festival arte.mov
Alter-do-Chão, Ponta do Cururu, Ponta de Pedras, Jutuba, Caraparanaí, Pajuçara, Arariá, Maria
José, Salvação e Maracanã.
Água busca revelar o impacto das sazonais mudanças climáticas no meio ambiente, que
transformam a paisagem da região e a vida das pessoas; a difusão da arte eletrônica e das novas
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mídias; assim como a propagação em rede e o acesso à informação em mídias móveis. As


expedições no rio Amazonas irão mapear (mapping) e monitorar (tracing) o ciclo das águas e o
impacto dessas mudanças.
O projeto cria mapas das rotas do projeto com o upload de vídeos, imagens, diário de bordo e
vivências com a população ribeirinha, disponibilizados através de dispositivos móveis do celular.
O projeto poderá ser acompanhado em tempo real pela internet e em instalação em ambiente
imersivo para expor o conteúdo audiovisual capturado durante as expedições no rio Amazonas. A
instalação oferece uma experiência de interação como metáfora da expedição possibilitando aos
visitantes a exploração do espaço geográfico representado pelo mapa, de modo que possam
vivenciar de outra maneira a expedição feita pelos artistas.
No percurso da expedição, os participantes vão revelar um pequeno trecho de uma das
regiões que está no foco de atenção do mundo, mas pouco se sabe em profundidade sobre do
que é feito este mundo de água. O percurso e a presença neste lugar vão permitir construir uma
16 vivência específica, algo como revelar que uma região, uma cidade, uma vila é feita de inúmeros 17
lugares a partir daquele que a percorre. É como construir um espaço-tempo móvel.
_SHOWCASE

ÁGUA: arte e vida móvel


Valzeli Sampaio, Nacho Dúran e Jarbas Jácome

A produção contemporânea de arte vem refletindo a tensão entre arte e vida, com represen-
tações que enfocam as relações que se manifestam entre os espaços, os fluxos existenciais, a
presença do homem, o devir do encontro e desencontro. Qual, afinal, o lugar da arte contemporâ-
nea com base em aproximações com o mundo da vida?
ÁGUA Mídia Locativa tem objetivo criar autoria no espaço público questionando e tensionando
conceitos sobre mobilidade, lugar, espaço, público, vigilância, controle e monitoramento. A obra
propõe a escrita e a releitura do espaço urbano como forma de apropriação e resignificação da
área da mesorregião do Baixo Amazonas. O projeto vai intervir na rota entre Santarém, Óbidos e
Oriximiná. Nessa região, nos primeiros meses do ano, algumas praias chegam a desaparecer por
causa da cheia dos rios, mas, no resto do ano, ressurgem com areias brancas e finíssimas;
algumas de fácil acesso, outras completamente isoladas. Entre as mais conhecidas, estão:
Mutantes paisagens,
imprecisas cartografIas
O espaço em movimento,
Marisa Mokarzel
a paisagem em adaptação
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A representação gráfica e convencional de uma cidade sofre constantes alterações, adapta-se a


novas regulações e domínios. A demarcação de um território significa o controle de um espaço delimitado,
submetido a determinadas regras, criadas por e para o exercício do poder. Milton Santos considera que “o
palavras-chaves:
mapa do mundo são vários, mas o mundo é um só”1. Acredita que “o espaço é tornado único à medida que
ecossistemas o horizonte turvo os lugares se globalizam. Cada lugar, não importa onde se encontre, revela o mundo (no que ele é, mas
comunicação com as megamáquinas, espaço informacional também no que ele não é), já que todos os lugares são suscetíveis de intercomunicação” 2.

landmarks as formas de comunicação Belém situa-se no norte do Brasil em uma região que extrapola as delimitações geográficas do
país. A Amazônia estende-se pelo Suriname, República Cooperativa da Guiana, Venezuela, Colômbia,

o crescimento subjetivo da cidade


da cidade (local x global)
a mobilidade e a vida pelo rio
Equador, Peru e Bolívia, constituindo-se em uma vasta extensão de terras e águas, denominada de Pan-
a “vista” pro hemisfério norte Amazônia. Se Belém é um pequeno território em meio a tantos outros, inserida em uma região para a qual
entradas e saídas
macro-economias e bio-piratarias
os “olhos do mundo” se voltam, como ocorre o seu movimento no espaço global? Como se estabelece a
comunicação com diferentes lugares? Que identidades se formam? Que arte produz?
18 Ao se globalizar, Belém revela o mundo, “no que ele é, mas também no que ele não é”, torna-se 20
suscetível ao processo comunicacional, reafirmando a sua condição de lugar que se interliga a outros
lugares. Não importa onde nos encontramos, é do lugar que se revê o mundo, e é justamente no lugar que
pode se firmar algo permanente, sobrepondo-se ao passageiro, ao que vem de fora3. Bem verdade que o
MEDIADOR: MARCUS BASTOS (SP)
permanente não é tão duradouro e o que vem de fora não se conserva isolado, ao contrário, interage com
Ricardo Folhes (PA) - Georeferenciamento e mapas participativos
o local e esse, apesar da pressão que lhe pretende silencioso, consegue escapar. Ao romper barreiras,
Ivana Bentes (RJ) - Para além do local cumpre o papel de difusor.
Na difusão dos processos culturais, na transmissão do que se pensa ser, deixa-se visível a identidade
do lugar. E que identidade é essa que, em constante formação, se soma a diferentes características e se
apresenta como plural? De que forma, nas entradas e saídas dos fluxos econômicos, sociais e culturais,
se constrói a identidade para se tornar diferente do outro, marcar presença, se fazer notar?
As preocupações com essa complexa questão inúmeras vezes estiveram presentes na formação
do Brasil, na afirmação de um território que sempre se locomoveu pelas margens. Considera-se centro
o que os livros e a mídia legitimaram, ou seja, os países e os continentes que se impõem e ditam regras
que reverberam em lugares próximos e distantes. A arte brasileira, desde o século XIX, movimenta-se no
sentido de formular uma identidade, e a paisagem foi um viés identitário adotado. “Para os críticos e para
os artistas, as representações da paisagem se encontravam então estreitamente vinculadas àquilo que o
escritor e filósofo francês Ernest Renan chamara ‘a alma nacional’ [...]” 4.
Na década de 1860, com a política de unificação nacional e cultural exercida por D. Pedro II, a
pintura de paisagem contribuiu para a construção de uma identidade nacional. Na década seguinte,
com as mudanças políticas que anunciavam a República, houve uma reformulação iconográfica para atender físicos ou virtuais. Mas não se pode perder de vista que “só os atores hegemônicos se servem de todas as redes
o gosto burguês, mas a pintura de paisagem permaneceu como dado identitário. No final de 1889, extinto e utilizam todos os territórios”6. De forma desigual, lugares como Belém inserem-se no processo globalizado,
o regime imperial, ainda prevalecia esse mesmo gênero de pintura, que se manteve no início do século XX, ressentem-se de uma situação favorável para que arte se forme e se locomova em excelentes condições e com
representando a identidade brasileira. as mesmas oportunidades propiciadas pelos “atores hegemônicos”.
Com o tempo, os interesses dos pintores paisagistas modificaram-se, e eles começaram a concentrar-se Em seus estudos culturais, Canclini comenta que as perguntas pela identidade e pelo nacional não
em questões mais específicas ao campo da pintura. Nos anos 1920, firmou-se um novo processo identitário, desaparecem com os circuitos internacionais de comunicação nem com as indústrias culturais ou com as
proveniente da arte decorativa que desenvolveu traços regionalistas. Um dos artistas que experimentou migrações. Não cessam as indagações pela desigual apropriação do saber e da arte. Não se consegue apagar os
essa nova vertente foi o paraense Theodoro Braga que cursou a Escola Nacional de Belas Artes e conquistou conflitos7. Em Belém, a cultura e a arte se locomovem em condições instáveis, dentro de um campo inseguro.
o Prêmio de Viagem em 1899. No retorno da Europa, em 1905, trouxe com ele A planta brazileira (copiada do Artistas com inegável potencial se formam, mas nada garante que seus percursos serão mantidos, mesmo que
natural) applicada à ornamentação.5 as portas comunicacionais estejam abertas e as redes constituídas.
Artista e professor, Theodoro Braga incluiu em seu repertório decorativo elementos provenientes da cultura Em meio às situações adversas há, sem duvida, o aproveitamento das facilidades promovidas pelo
marajoara encontrada no Pará. Aliou os traços regionais à Art Deco. A valorização desses elementos decorativos, trânsito cultural que se tornou intenso, mais fluido e não mais tem a obrigatoriedade de contar com a mediação
referenciados na Região Norte, talvez tenha sido transmitido ao aluno Manoel Pastana, outro artista paraense institucional. Isso, no entanto, não significa que alianças e apoios não devam ser mantidos. Para que o país
que, no trabalho desenvolvido na Casa da Moeda, deixou em cédulas e selos um repertório formado pela fauna encontre o seu prumo cultural e fortaleça as suas manifestações artísticas é preciso que os espaços moventes
e flora amazônica, além de vários projetos de arte decorativa que nunca foram colocados em prática. não percorram uma única direção, e que a paisagem seja adaptada a realidades distintas.
Belém constrói sua trajetória no campo da arte por caminhos não lineares, lança mão da paisagem sem Percebe-se que “[...] dificilmente se entenderá a lógica espacial das sociedades contemporâneas sem
preocupar-se com processos identitários. Na década de 1940, um grupo de artistas, formado por Ruy Meira, se levar em conta o papel da ciência, da tecnologia e da informação”8. Acredita-se, portanto, que, se forem
Benedicto Mello, Arthur Frazão e Leônidas Monte, dirigia-se ao Utinga, em passeios dominicais, para produzir cumpridos com responsabilidades esses papeis, talvez possamos constatar que as mutantes paisagens e as
suas paisagens. De lá pra cá, os tempos sucederam-se, os espaços sofreram mudanças, os deslocamentos imprecisas cartografias são apenas uma licença poética, e não uma insegura e inviável realidade cultural e
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construíram vácuos e deixaram rastros na memória sem que uma história mais exata pudesse ser contada. artística. 22
Entre lacunas, o lado oposto ao sul do Brasil foi movendo-se pelas margens dos rios, pouco penetrando
nas florestas. Nos anos 1980, não só o espaço continuou a configurar-se de diferentes formas, mas a paisagem 1 Este depoimento foi concedido a uma entrevista (p.159 a p.174) realizada por José Mario
também se adaptou a um novo olhar. O recorte e o enquadramento do ambiente e daquele que nele habita Ortiz Ramos, Eliane Moraes e Douglas Santos, professores da PUC-SP, e Maria Bueno C. de
ocuparam as lentes dos fotógrafos, enquanto artistas deixavam em suas pinturas a cor forte vinda dos bairros Paula, pesquisadora do Idesp. Publicado em SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo:
periféricos, distantes da área economicamente mais privilegiada. Foi em preto e branco e com intensas cores Globalização e meio técnico-científico-internacional. São Paulo:EDUSP, 2008, p. 171 .
que os deslocamentos ultrapassaram os contornos amazônicos e desenharam uma cartografia de idas e 2 Id. p. 40
vindas, em que era possível observar trajetórias além do Brasil. 3 Pensamento desenvolvido por Milton Santos. Op.cit
Na década de 1980, havia a preocupação identitária, firmava-se uma imagem atrelada à palavra 4 Nesse texto, a citação e as posteriores reflexões sobre o lugar da paisagem na arte
“amazônica” que funcionava como um adjetivo, uma qualidade atribuída ao recorte que fez sobressair uma brasileira são realizadas a partir de VALLE, Arthur; DAZZI, Camila. As bellezas naturaes do
visualidade momentaneamente desejada. Esse procedimento foi ao encontro da política nacional que vigorava nosso paiz: o lugar da paisagem na arte brasileira, do Império à República. In: Concinnitas,
na época e desejava mapear as manifestações culturais brasileiras, numa tentativa de dar visibilidade ao que Rio de Janeiro: Programa de Pós-Graduação em Artes da UERJ, ano 10, vol. 1, n. 14, jun.
era produzido não apenas nos centros hegemônicos. Essa conjuntura talvez tenha favorecido a circulação mais 2009, p. 121.
ampla do artista local. 5 De acordo com Arthur Valle e Camila Dazzi, hoje, essa obra encontra-se na Seção de Obras
A partir dos anos 1990, as peças começam a mover-se com mais rapidez; as configurações modificam-se Raras da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. Op.cit.
em segundos; o sistema de arte não se detém em um processo identitário, mas em diferentes caminhos nos 6 SANTOs, Milton. Op. cit., p.50
quais estão presentes várias identidades, distintas linguagens que podem mesclar-se e remeter a paisagens 7 CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Híbridas. São Paulo: Edusp, 1998
citadinas, ribeirinhas, cotidianas ou subjetivas, reveladoras do mundo e da vida. 8 SANTOS, Milton. Op. cit. p.69
O efeito da globalização é sentido mais de perto. Constata-se que as intercomunicações facilitam as trocas
culturais, econômicas e políticas, fornece condições para se navegar por diferentes territórios, sejam eles
MAPEAMENTOS PARTICIPATIVOS floresta documentassem cartograficamente sua realidade. O expropriado começou a ter acesso
e a usar em sua defesa as ferramentas das quais setores dominantes sempre se valeram.
E COMUNIDADES TRADICIONAIS Poderíamos dizer então que as novas tecnologias de informática e de sistemas de
informação, ao contribuírem com a popularização da confecção de mapas, estariam permitindo
NA AMAZÔNIA – que esses estivessem atualmente sendo utilizados enquanto linguagem de poder e, por outro
lado, também de contestação? Caso sim, qual seria a legitimidade dos sujeitos envolvidos em
BREVES COMENTÁRIOS um ou outro processo?
A relevância de tais questões vem motivando muitos debates acadêmicos no Brasil e no
Ricardo Folhes mundo. Porém, na Amazônia, o poder de contestação de mapas elaborados por diferentes
grupos sociais, a partir do conhecimento que possuem dos territórios que tradicionalmente
A elaboração de mapas é um procedimento tão antigo quanto a humanidade. No entanto, ocupam, vem ganhando visibilidade em contextos diversos e afirmando a legitimidade das
enquanto os primeiros mapas eram desenhados no solo ou em paredes de pedra - como no reivindicações territoriais promovidas por distintos grupos sociais.
caso dos antigos habitantes das várzeas do rio Nilo que faziam mapas para planejar a divisão Um dos melhores exemplos é o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia que, conduzido
das terras agricultáveis durante a vazante das águas – atualmente, são produzidos com o por um conjunto interdisciplinar de pesquisadores, objetiva o mapeamento social de movimen-
suporte de refinadas tecnologias, a partir do uso de um grande número de equipamentos, tais tos sociais urbanos e rurais, suas formas organizativas e a difusão de conhecimentos
como: sensores ópticos transportados em satélites orbitais, receptores de diferentes sistemas cartográficos, privilegiando a diversidade cultural existente nessa região e possibilitando a
de posicionamento global, radares, softwares variados, para não falar de vários outros. auto-cartografia de povos e comunidades tradicionais.
23 O que parece não mudar é a relação de poder que se estabelece por de trás dos mapas. É Em Santarém, na região oeste do Estado do Pará, a montagem de um laboratório de 24

rica a literatura que trata das maneiras pelas quais muitos mapas foram historicamente geoprocessamento, no setor de organização comunitária da ONG Projeto Saúde e Alegria,
elaborados para consolidarem interesses geopolíticos, fomentarem a consolidação de permitiu o desenvolvimento de alguns projetos de elaboração de mapas participativos junto a
Estados-Nação, ou para transferirem legitimidade sociopolítica a empreendimentos econômi- diferentes movimentos sociais da região.
cos promovidos pelos Estados ou por grandes empresas. Nessas experiências de Santarém, aparelhos receptores do sinal do GPS e imagens de
O Projeto RADAMBRASIL pode ser entendido como um bom exemplo desse processo. satélite foram utilizados para que quilombolas, grupos indígenas, extrativistas e lideranças
Lançado pelo governo Médici em 1970, foi o primeiro mapeamento em larga escala da sindicais cartografassem seus territórios – os conflitos existentes, os usos da terra e as
Amazônia. Foi preciso ao oferecer um banco de dados sobre a distribuição espacial dos delimitações requeridas. No caso do Assentamento Agroextrativista do Lago Grande, os mapas
recursos naturais dessa região, mas pouco ou nada apresentou sobre os povos que habitavam elaborados pelas lideranças do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de
as florestas, que, naquela época, estavam sendo dizimados pelo avanço de grupos econômicos Santarém (STTR) e da Federação das Associações Comunitárias do Assentamento do Lago
financiados pelo Estado. O RADAMBRASIL, ao não apresentar elementos mínimos sobre a Grande (FEAGLE) foram utilizados pelo INCRA em diversos momentos relacionados à tentativa
ocupação humana na Amazônia, transferiu legitimidade ao lema militarista “Gente sem Terra de resolução de conflitos fundiários. O fato de ser a FEAGLE reconhecida pelo INCRA como a
para Terra sem Gente”, ilustrando o momento em que a adesão do grande investidor era legítima representação institucional das comunidades do assentamento transferiu maior poder
sinonímia de progresso e desenvolvimento. aos mapas, que, durante certo período, funcionaram como instrumento balizador, de colabora-
Desde os anos 90, novas geotecnologias tornaram a produção de mapas mais barata e ção e contraposição às visões e aos documentos oficiais referentes ao assentamento.
acessível. A partir de tal fato se desdobra uma dupla situação na Amazônia: setores produtivos Não menos contestatórios foram os mapas produzidos pelas lideranças indígenas da Gleba
e grileiros passaram a produzir, corriqueiramente, material cartográfico com fins de obterem Nova Olinda, também em Santarém, que, após aprenderem a usar o receptor GPS, ficaram 40
licenças de extração de madeira e a apropriação da terra de comunidades locais. No entanto, dias no campo para cartografarem os limites da Terra Indígena requerida e sua sobreposição
por outro lado, as geotecnologias também abriram a possibilidade para que os povos da com áreas de exploração madeireira.
Ambas as experiências relatadas partiram do pressuposto de que a utilização de uma
metodologia de mapeamento participativo adaptada poderia conduzir o processo de elaboração Vidas-linguagens:
dos mapas demandados, a partir do conhecimento que as comunidades possuíam do território,
com o apoio de algumas técnicas de sistemas de informações geográficos (SIG) e sensoria- Ama.zonas
mento remoto (SR). Embora a precisão cartográfica fosse desejável, priorizou-se a obtenção da
informação qualitativa acerca da percepção do território pelas próprias comunidades. Ivana Bentes
De maneira geral, mapeamentos participativos envolvem processos de obtenção e
espacialização de dados de diferentes naturezas que, dependendo dos objetivos estabelecidos, A região amazônica é hoje um lugar de experimentação radical, onde se constroem um
podem apresentar diferenças no processo metodológico. Essas influenciam o tipo e o grau de presente/futuro ciber-verde, uma tecno-natureza, imagens e discursos que alimentam um
participação efetiva das comunidades, as ferramentas de geoprocessamento utilizadas, os intenso tráfego e tráfico no imaginário local/global. Pensar a região e seus ecossistemas como
produtos obtidos, as regras estabelecidas para a gestão dos dados e mapas elaborados, e as essas “reservas de mundos”, deslocamentos subjetivos que produzem “antropologias reversas” e
atividades de capacitação das comunidades envolvidas. a emergência de “vidas-linguagens”. O consumo e o compartilhamento de “ambientes” e
A própria “participação” pode variar de contexto, desde a definição dos objetivos dos ecologias subjetivas nas redes. Duas análises de casos: os ciber-índios do imaginário hollywoo-
projetos e dos custos envolvidos, passando pela elaboração dos mapas, com etapas de campo diano e o “pensamento do homem do rio”, relato de viagem para a realização da série de
e escritório, e, finalmente, chegando a uma discussão profunda a respeito das regras e fotografias “O Esplendor dos Contrários: as aventuras da cor caminhando sobre as águas do rio
estratégias de utilização dos dados e mapas produzidos; das parcerias formadas e dos Amazonas”, de Arthur Omar.
processos de manutenção e atualização das bases de dados geradas.
25 O potencial para produção de mapas participativos, enquanto ferramentas de apoio aos 26

processos de diagnóstico e ordenamento territorial, e à resolução de conflitos socioambientais


no contexto de povos e comunidades tradicionais, aumenta à medida que os movimentos
sociais se fortalecem; e que equipamentos de informática, imagens de sensoriamento remoto,
ferramentas de SIG e GPS, vêm se popularizando e diminuindo consideravelmente a dificuldade
de operação e os custos envolvidos, com, inclusive, boas alternativas de distribuição de
imagens e softwares gratuitos, como as imagens CBERS e a plataforma de geoprocessamento
TerraView (ambos disponibilizados no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A
própria difusão do acesso à internet em áreas isoladas da Amazônia, promovida por projetos
governamentais e de ONGs, como os Infocentros, os Pontos de Cultura Digital e os Telecentros
de Inclusão Digital, possui grande potencial para a disseminação da informação cartográfica
entre comunidades e movimentos sociais.
Dito tudo isso, resta salientar que, mais importante que o produto cartográfico final, é a
possibilidade que os contextos de elaboração de mapas participativos trazem para a reflexão
dos movimentos sociais acerca das suas distintas realidades territoriais, que mudam conforme
as circunstâncias. O mapa representa uma verdade subjetiva e transitória. Por isso, mais impor-
tante que o produto é o processo.
_SHOWCASE

O uso das redes para FIns contrário de muitas das comunidades onlines importantes para a cultura digital, que tem abordagens
mais compartilhadas e distribuídas. Alessandro Ludovico, criador da Neural, é também um artista
artísticos e políticos, importante. Esteve envolvido com projetos seminais, como Google Will Eat Itself e Amazon Noir.

a partir dos projetos: Google will eat itself é um projeto que gera receita a partir de anúncios de texto publicados no Google
a partir de uma rede de websites ocultos. Conforme o descritivo do projeto: “Com este dinheiro ações do
Google Will eat itself, Google são compradas automaticamente. É uma forma de comprar o Google através de seus próprios
anúncios. O mecanismo de busca “come a si próprio” — pois no final seremos seus donos! Ao estabelecer
Amazon Noir e Neural.it este modelo autocanibalístico, nós desconstruímos os novos mecanismos de publicidade global ao
transformá-los em um surreal modelo econômico de 1-clique. Depois desse processo, nós entregamos a
Alessandro Ludovico (ITÁLIA) propriedade compartilhada de “nossas” ações do Google para a GTTP Ltd. (Google To The People Public
Company), que as devolve aos usuários que clicarem e ao público em geral”.

Amazon Noir “é um sistema que rouba material com copyright da Amazon, usando tecnologias
sofisticadas de robôs-perversores desenvolvidos pelo supervilão Paolo Cirio. Uma luta subliminar através
27 Criada em 1993, a revista Neural pretende refletir sobre a rede como um conceito ao invés da mídia e uma disputa legal evangelizadora que culminaram em um espetáculo online com o furto de 28

de ser uma revista de cultura digital. Partindo de experiências de expansão da mídia impressa mais de 3.000 livros como centro da história”. Durante o processo da Amazon contra os desenvolvedores
por meio de estímulos sensoriais (como forma de colocar a revista em sintonia com seus de Amazon Noir, “Lizvlx, do UBERMORGEN.COM, travou duelos diários com a mídia de massa global, Cirio
temas e público-alvo), Neural se transformou, aos poucos, em um nó que publica conteúdo. Um continuamente ampliou os limites do copyright (argumentando que livros são apenas pixels numa tela ou
dos diferencias da Neural é justamente este: ao ter se transformado em um portal online, optou tinta no papel), Ludovico e Bernhard resistiram às propostas de suborno da Amazon.com até que
por selecionar e filtrar os conteúdos que publica, propondo um recorte editorial claro, ao finalmente desistiram e venderam a tecnologia por uma quantia não revelada. Traição, blasfêmia e
TENDER HACKER -
QUEER COPYLEFT
A construção da identidade
Por Dolores Galindo, Fabiane Borges, Hilan Bensusan
e do imaginário local pelas
SIMPÓSIO_DIa 2

Os corpos são recursos de políticas da verdade. São lastros de identidades reconhecidas:


mídias (visibilidade/invisibi- idade, raça, classe, sexo. Os corpos são reveladores reconhecidos. Etiquetas, selos de controle
– um selo de controle, supostamente, biológico e assim natural. Ao mesmo tempo, corpos são
lidade): FLuxo, reFLuxo e provas da artificialidade venenosa que os produz. Os discursos podem mentir; os corpos
também. Burlar, sabotar, escapar. Os corpos são atravessados e atravessam a farmacopéia da
reinterpretações verdade, saem de controle, porém, nunca inteiramente escapam às políticas que lhes perpas-
sam, pois a microfísica do poder supõe regiões de margem.
palavras-chave: Nas sociedades disciplinares da modernidade clássica, as estratégias de governo se
o corpo espelhado na mídias voltavam à vida e aos corpos entendidos como superfícies de inscrição. Governar a população
formas de reinterpretação do corpo e da sexualidade (gêneros e re-existências) significava adestrar corpos, criar instituições, rotinas e estabelecer procedimentos para o
controle da circulação de objetos e pessoas. É nesse contexto que emerge e se com solida o
dificuldades de acesso aos meios de expressão.
29 “perspectivas imediatas, filosofia e práticas do presente” cálculo estatístico probabilístico dando origem ao risco entendido como probabilidade de 30

atores da economia urbana subterrânea (ambulantes, fronteiriços) ocorrência futura de eventos danosos. O poder pastoral se volta ao corpo da população e de
cada um, solicitando a vigilância contínua dos deslocamentos no espaço e no tempo: corpos
sólidos, gestão.
MEDIADOR: Rodrigo Minelli (MG) Nas sociedades pós-disciplinares, a biopolítica envereda pela composição de corpos
Fabiane Borges (SP) - Virtualidade e sexo: narrativas e consciência social precários que habitam virtualidades biológicas (BRAUN, 2007). O que está em pauta são as
Orlando Maneschy (PA) - Imagem, mito e Amazônia
Lala Dehenzelin(SP) - Movimento CrieFuturos metáforas da circulação e da comunicação que substituem a ortopedia disciplinar. Tomemos
um exemplo simples – a pílula contraceptiva. A cartela da pílula (hormonal) marca o compasso
da administração diária, espécie de relógio em miniatura a marcar o tempo dos fluxos
menstruais, do humor, das erupções cutâneas, das metástases (PRECIADO, 2008).
No contexto dessas transformações, falamos, então, de piratarias em tenderware, ou seja,
na carne, no corpo. Com esse neologismo, enfatizamos a maleabilidade. Tender: macio, sensível,
suave, mole. Hardware: mecânico, rígido, recalcitrante. Quem se espanta com a cápsula ou o
líquido do fármaco que se mistura venosamente quando ingerido? Enquanto na prisão – ima-
gem emblemática dos dispositivos disciplinares – o controle é ortopédico, contemporanea-
mente, o controle se dá, também, de modo aberto, contínuo por meio de uma farmacopéia
(PRECIADO, 2008). Ainda que pareçam opostas, tanto as estratégias de biocontrole, voltadas à
promoção da saúde, como as práticas de transformação corporal encontram, no recrudesci-
mento da plasticidade do corpo, sua condição de existência.
O termo pirataria remete à reapropriação – perversão de fluxos de mercadorias nos mares Ou, de outro lado, por que para acessar e modificá-lo há que, necessariamente, patologizá-lo?
– muito além da classificação jurídica como roubo. Pirataria queer-copyleft, por sua vez, remete (BUTLER, 2009).
à reconversão ativa de códigos bionormativos. No movimento de cultura livre, que ganha força Um momento dramático das TTT de toda natureza (Transexuais, Travestis, Transgêneros) é
no final dos anos 80, piratas são alçados a figuras de borda capazes de desestabilizar as quando seus corpos são avaliados pelos olhos das pessoas que decidem se eles são genuínos
codificações que restringem a circulação de conhecimento e de tecnologias. ou piratas. A distinção entre o genuíno e o pirata é parte das políticas da verdade: resistir a elas
Apostamos na potência produtiva da linguagem de códigos para desmontar antigas é tratar o pirata como genuíno. Exigir o certificado é validar o copyright e considerar que elas
dicotomias (HARAWAY, 1996). Nesse sentido, utilizamos a expressão “piratarias queer-copyleft” podem não passar é insistir na distinção entre o que é pirata e o que é genuíno. Uma alternativa
para falar de agenciamentos que reconfiguram fronteiras corporais e encaixes políticos entre é entender que os corpos podem ser também vistos enquanto copyleft como vem argumentan-
elementos de diversas ordens, rompendo velhos dualismos, entrecruzando relações. Como do vários movimentos queer-copyleft, a exemplo dos coletivos “XX boys: photography and
escrevem Deleuze e Guattari (1995): culture” (http://.xxboys.net/), “Generatech: para un agenciamiento de género en la tecnocultu-
ra audiovisual” (http://generatech.ningunlugar.org/) e “esquizotrans” (http://esquizotrans.
É preciso um agenciamento para que se faça a relação entre dois estratos. Para que os wordpress.com/)”.
organismos se vejam presos e penetrados num campo social que os utilize: as Amazonas não Na internet, encontramos, também, fora dos eixos dos ativismos, fotos e depoimentos de
tem que cortar um seio para que o estrato orgânico se adapte a um estrato tecnológico pessoas que, aos poucos, transformam seus genitais e sua sexualidade através de implantes,
guerreiro, por exigência de um terrível agenciamento mulher-arco-estepe? São necessários amputações, cortes, o que modifica consideravelmente as funções de alguns órgãos dos seus
agenciamentos para que estados de forças e regimes de signos entrecruzem sua relações corpos, assim como suas sensações. Muitas vezes essas modificações tendem a fixar
(DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 90). agrupamentos identitários, conforme as transformações que se produzem no corpo. Mas as
31 identidades-interfaces são escolhidas – adotadas, e não reveladas. Modificar o corpo é ato de 32

Piratarias descrevem, assim, poéticas que trabalham na confusão das fronteiras, no auto-pirataria e a modificação corporal avizinha-se da pirataria. Os piratas usam distintivos que
estabelecimento de novas combinações entre fluxos semióticos, informacionais e biológicos. O os tornam reconhecíveis como avulsos. Seus corpos não são inteligíveis na matriz habitual,
elogio à hibridação (i. e. Aos processos por meio dos quais práticas discretas, que existiam em eles se tatuam, se esculpem e se furam. A modificação do corpo faz dele um laboratório, um
formas separadas, se combinam para gerar novas estruturas, objetos ou práticas) é insuficien- laboratório do que pode ser feito com um corpo. Quando se modifica um corpo, para além dos
te para abordar as piratarias em tendware. Contemporaneamente, hibridizar está longe de protocolos e prescrições e no justo limite da prudência, adquire-se uma potência. A pirataria
constituir, por si, uma estratégia de resistência. Pode-se entrar e sair dos processos de dos corpos é uma imagem para a pirataria do socius, das matrizes de inteligibilidade, das
hibridação. Nem sempre se hibridizar significa romper com desigualdades e subordinações. distribuições de poder.
Uma teoria não ingênua da hibridação é inseparável de uma consciência crítica dos seus Como as modificações corporais, os travestismos também colocam o corpo entre riscos
limites, do que não se deixa, ou não se quer, ou não pode ser hibridizado (CANCLINI, 2000, p. externos aos bulários. Em 2003, S., então presidente da Associação de Travestis de Mato
71). Grosso, morre em função da aplicação de silicone líquido – industrial – no tórax. Em 15 de julho
A lenta sabotagem por meio das modificações, dos travestismos e dos hormônios fora do de 2008, a travesti lavradora mato-grossense B. também vem a óbito pelo mesmo motivo,
controle médico é parte de um movimento de retomada do corpo, de interferência, de reconfi- entre centenas de outras histórias. Trajetórias que adquirem visibilidade ao modo infame, isto
guração não apenas com palavras e imagens, mas com hormônios e implantes. Deixar o corpo é, quando interceptadas por aparatos de poder-saber, nesse caso: o dispositivo médico
acessível aos seus usuários: tecnologia acessível a quem precisa dela, free as in press. Se vale (internação, diagnóstico), legal (autópsia, inquérito policial) e espetacular (mídia, notícia). B. e
para o seu software, vale para o seu corpo? Por que você teria que aceitá-lo sem modificações? S. morrem no afã da posse de seios fartos. As notícias curtas de internet e mídias locais fazem
falar e ver a miserável cena espetacular. É difícil instituir resistências quando tratamos do
poder sobre o corpo, biopolítica. Que fácil seria, sem dúvida, desmantelar o poder se esse se
ocupasse simplesmente de vigiar, expiar, surpreender, proibir e castigar, mas não é simples-
mente um olho nem uma orelha: ele também incita, suscita, produz, obriga a agir e a falar (...) Eu pertenço a este grupo de usuários da testosterona. Somos usuários copyleft: quer
(FOUCAULT, 1984, 1996). dizer, consideramos os hormônios como biocódigos livres e abertos cujo uso não deve estar
Para cada configuração de saber-poder, corpos são configurados – o corpo heterossexu- regulado nem pelo Estado, nem pelas companhias farmacêuticas. Como se tratasse de uma
al, o corpo do condenado, do/da hermafrodita. Como sondar e viabilizar resistências e saídas droga dura, espero estar sozinha em casa para prová-la (PRECIADO, 2008).
no próprio campo dos condicionantes, das múltiplas conexões que nos enredam? (FOU-
CAULT, 1996). S. e B. performam, por meio da manipulação precária de uma substância, o Na auto-intoxicação voluntária de testosterona, passamos a uma pirataria que opera em um
silicone. Enfrentam-se a políticas diluídas, imiscuídas, no orgânico. Não há inimigos nível distinto do silicone que se dá sobre a pele – contesta os controles hormonais sob a pele.
externos nem tampouco alianças às claras. É um jogo farmacológico e químico – uma ficção Drogas “moles” acessíveis em qualquer farmácia da esquina. Se na ortopedia disciplinar, a
somática – não porque deixe de ter realidade material, mas porque se constitui por vigilância dá-se por meio do isolamento em celas, agora cada corpo passa a ser uma cela. O
repetições performativas de processos de construção política. Se, na prisão, imagem emble- dispositivo (circular) da pílula marca o compasso da administração diária – relógio em miniatura
mática dos dispositivos disciplinares, o controle é ortopédico, o controle se dá de modo a pontuar o tempo por meio da administração medicamentosa. Acerca do protocolo de auto-
aberto, contínuo por meio de uma farmacopéia. Na dose certa, remédio; em excesso ou -administração de testosterona, Preciado (2008) salienta que tomar testosterona não muda o
ordenação adversa, veneno. sexo, pode modificar (a depender da dose), o modo como o gênero é codificado sexualmente.
A leitura das notícias conduz a um agenciamento sócio-técnico permeado de seringas, Não vou dizer que sou igual a vocês, que me deixem participar das suas leis, nem que me
cola rápida ou esmalte de unha para fechar o ponto de incisão, toalhas borradas e à reconheçam como parte da sua normalidade social. Mas que aspiro a convencê-los de que são,
circulação clandestina de um material sintético – um código político de acesso. O espaço em realidade, como eu. Estamos tentados pela mesma deriva química (PRECIADO, 2008).
para reconversão dá-se no corpo, mais precisamente, sob a pele. O silicone transpassará a As piratarias queer-copyleft que mencionamos adquirem sentido num contexto no qual o
33 pele, como esclarecem as distintas advertências médicas. Precariamente, S. e B. pirateiam corpo é uma linha privilegiada de subjetivação. No contexto das biosociabilidades contemporâne- 34

políticas de gênero. Seriam a medicalização e a inclusão em protocolos clínicos as soluções as (isto é, das sociabilidades que emergem da relação entre capital, biotecnologias e medicina),
para evitar os riscos? Ou seja, a reivindicação por uma cidadania cirúrgica ou hormonal? tais agenciamentos operam em contraponto às práticas voltadas à normalização e obtenção do
(CARVALHO, 2009). Tais questões, no movimento social organizado de trans, vêm sendo corpo e saúde perfeitos. Não é disso que falamos ao utilizamos a expressão piratarias queer-
colocadas. Aqui, com a expressão piratarias queer-copyleft nos inserimos nesse tenso -copyleft, mas, justamente, das linhas de fuga que se tenta traçar na potência em ato que é
campo político sem pretensão de oferecer respostas ou lançar uma palavra de ordem. burlar, escamotear, acessar e produzir novos acessos.
O termo pirataria remete à reapropiação – perversão de fluxos de mercadorias nos Nas práticas bioascéticas – apolíticas e individualistas –, “perdemos o mundo e ganhamos o
mares – muito além da classificação jurídica como roubo. Pirataria queer-copyleft, por sua corpo” (ORTEGA, 2008). No caso das piratarias queer-copyleft, não se trata de personalizar o
vez, remete à reconversão ativa de códigos tecnobionormativos. No movimento de software corpo por meio de novos aditivos, mas de desterritorializá-lo. A apropriação queer da performati-
ou cultura livre, que ganha força no final dos anos oitenta, piratas são alçados a figuras de vidade parodia e expõe tanto o poder vinculante da lei heterossexualizante como a possibilidade
borda capazes de desestabilizar as codificações que restringem a circulação de conheci- de expropriá-la (BUTLER, 2002).
mento. ESSE PERÍODO ESTÁ REPETIDO ACIMA. Ao invés do copyright (direito autoral e O corpo, nas auto-experimentações fora dos protocolos médicos, adquire potência na justa
propriedade intelectual), o copyleft (livre distribuição de conhecimentos e tecnologias). Por medida em que se liga a outros corpos e, mais propriamente, às políticas de construção. O
deslocamento e trocadilho, à expressão todos os direitos reservados, opõe-se a expressão aparato corporal, longe de ser uma superfície, é resultado de processos de materialização e
todos os direitos invertidos. negociações tensas sobre suas fronteiras (HARAWAY, 1996).
Numa pirataria queer-copyleft, em outubro de 2006, Beatriz Preciado, teórica queer, Acesso livre aos meios de produção do próprio corpo. Compartilhamento de experiências
professora universitária, que divide seu tempo entre Paris, Estados Unidos e Espanha, dá laboratoriais. Proliferação de saberes sobre nosso próprio código fonte. Éticas convergentes
início ao uso de testosterona em gel por meio de um protocolo doméstico, o que resultará na debatidas coletivamente.
escrita do livro Testoyonqui, publicado em 2008, ela escreve:
Aos contornos da definição de piratarias queer-copyleft, acrescentamos à inversão de Movimento
códigos, uma característica, também derivada das contaminações entre políticas queer e de
cultura livre – o compartilhamento e o logo, o inacabamento. CrieFuturos
Não há alternativas subversivas para “além”, “fora” ou “antes” do poder, mas linhas,
agenciamentos que escapam e fazem escapar. No compartilhamento incessante, há cópias e Lala Dehenzelin
cópias, não havendo um original no qual possa ser buscada a razão de ser das modificações
sucessivas. Será apresentado o movimento Crie Futuros, surgido no dia 1º de janeiro de 2007, em São
Como lembra Butler (2002), o queer (que não designa uma identidade) é para os dispositi- Paulo. Pesquisando imagens do “passado do futuro”, sua criadora percebeu que, desde finais do
vos de normatização não o que uma cópia é para o original, mas em vez disso, é o que uma século XIX, havia muitas imagens e visões de futuros desejáveis que inspiraram o que temos
cópia é para uma cópia. Talvez, essa seja a dimensão de mais difícil compreensão, pois, as atualmente. E hoje, com que futuro estamos sonhando? O projeto foi iniciado em 2008, com
piratarias queercopyleft não são emulações de corpos femininos purificados, mas os reinven- seminários, oficinas e o início de desenvolvimento das plataformas digitais. Nesse mesmo ano,
tam. Expropria-se. Apropria-se. Cria-se um código. extrapolou as fronteiras brasileiras e começou a ganhar expressão internacional. Em 2009, os
apoios recebidos do programa Novos Brasis/Oi Futuros e da Agência Espanhola de Cooperação
BUTLER, J. Cuerpos que importam. Barcelona, Paidós, 2002 Internacional ao Desenvolvimento (AECID) permitiram um grande avanço com a criação de
BUTLER, J. Desdiagnosticando o gênero. Physis, 2009, vol.19, no.1, p.95-126. Nodos no Uruguai, Argentina, República Dominicana,Chile, Espanha e Peru. Sua plataforma
BRAUN, B. Biopolitics and the molecularization of life. Cultural Geographies 2007; 14; 6. digital WIKIFUTUROS (que já possui centenas de futuros) amplia-se e é reformulada em um
CANCLINI, N. La modernidad después de la posmodernidad. In: BELUZZO, Ana Maria de processo de renovação e maior adequação ao objetivo que almeja. Despertando interesse, a
35 Moraes (Org.). Modernidade: vanguardas artísticas na América Latina. São Paulo: Memorial metodologia WIKIFUTUROS vem sendo adotada por organizações e entidades que, mais uma 36

da América Latina, 1990. vez, trazem projeção internacional ao movimento. Como exemplo, visite a plataforma digital da
CARVALHO, M. Para além da cidadania cirúrgica. Disponível em: http://www.clam.org.br/ exposição LAS AMÉRICAS, em Bogotá, realizada pelo governos de Espanha e Colômbia, como
publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=6576&sid=4. Acessado em: 29/04/2009. celebração dos Bicentenários.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs. Capitalismo e esquizofrenia. Vol. 1, São Paulo, Editora

34, 1995.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Petrópolis, Vozes, 1984.

_____________. Microfísica do poder. Rio de Janeiro, Graal, 1985.

_____________. La vida de los hombres infames: ensayos sobre desviación y dominación. Buenos

Aires/Montevideo: Editorial Altamira/Editorial Nordan-Comunidad, 1996.

HARAWAY, D. Ciencia, cyborgues y mujeres: la reinvención de la naturaleza. Madrid: Cátedra,

1996

ORTEGA, F. O corpo incerto: corporeidade, tecnologias médicas e cultura contemporânea. Rio

de Janeiro: Garamond, 2008.


IMAGEM, MITO E AMAZÔNIA -
QUESTÕES PARA UMA CONVERSA
Orlando Maneschy
desenvolvem relações complexas com a imagem fixa e em movimento, conquistando
A imagem vem sendo empregada de forma muito ampla nas mais variadas espaço no campo das artes. A partir dos anos 1980, com a criação da FotoAtiva, a comuni-
culturas ao longo de séculos, e seu inegável valor de culto faz-se presente na dade/cidade ganha um espaço voltado à fotografia como experiência sensorial e política no
religião, na arte e cultura de massa, em diversos interstícios ao longo de sua práxis Pará, por meio de oficinas que buscavam sensibilizar o olhar do observador.
na existência humana, conseguindo, atualmente, uma vastíssima difusão pelos Partimos dessa relação com a imagem – tão forte na região e tão passível de questio-
meios digitais e cultura em rede. namentos –, propulsora de leituras e elemento significativo na construção de referenciais,
Na região Amazônica, com a chegada da fotografia, foi deflagrada uma especial que tanto podem ampliar a compreensão sobre o lugar, revelando um substancial conjunto
relação com a imagem, que influenciou na delimitação de ideia desse território, de informações, quanto gerar enganos, ao propiciarem concepções estereotipadas, para
tomou parte em seu desenvolvimento, inscreveu-se em sua existência, circunscre- tentar entender algumas questões importantes propostas por artistas na região.
vendo um momento “presente”, sempre reativado. Ela foi utilizada na construção de Aqui, cabe pontuar que, se algumas relações com a imagem se dão a partir de uma
uma representação social e de um imaginário cultural, propagado ao redor do mundo, relação de fascínio, deslanchado com a possibilidade técnica de registro de determinada
que, por vezes, ultrapassou o estreito limiar entre realidade e ficção. Esse tipo de perspectiva do visível, fruto da inferência de um desejo que media posicionamento frente
37 operação, empregado amplamente em proposições artísticas da contemporaneidade aquilo que é foco de atenção; muito do que já foi visto do resultado de olhares deslumbrados 38

é presente na imagem que ocorre na Amazônia desde o século XIX. perante da imensidão da paisagem ou da potência dos recursos naturais e culturais não nos
Fato curioso que pode ser visto naquelas consideradas como sendo as primeiras interessa aqui. Iremos nos concentrar em processos que buscam expandir a compreensão
imagens, realizadas na região de índios Umauás às margens do Rio Japurá (1865), do papel da imagem como revelador de potencialidades e diferenças.
oriundas de fusão entre negativos como elaboração estética. Albert Frisch, fotógrafo Por vezes, mesmo artistas e fotógrafos não se contêm frente às cenas que se consti-
alemão, ao lançar mão de exposições distintas para obter uma única imagem, tuem diante de seu olhar. A busca de uma reflexão a partir desses dados vem ocorrendo,
constrói uma fotografia com captações da luz tecnicamente perfeitas, tanto em seu com maior intensidade, desde o Primeiro Seminário de Artes Visuais da Amazônia, realizado
primeiro plano quanto em seu fundo, com ampla nitidez, graças às múltiplas nos anos 1980, iniciando um debate em torno da visualidade regional. De lá para cá, muito
tomadas. Imagens essas que foram exibidas na Exposição Internacional de Paris de se conquistou, em especial a busca de posicionamentos críticos por parte de artistas e
1867 e que, conforme Pedro Karp Vasquez, “muito contribuiu para sedimentar o mito fotógrafos, na tentativa de constituir aspectos diferenciados de olhar partindo de referên-
da Amazônia no imaginário mundial.” (KARP VASQUEZ, 2000, p.82). cias da região.
Essas fotografias que representam guerreiros imersos na natureza, ricamente
paramentados, vem atender a um desejo de representação de uma Amazônia Nessa região, cuja história é marcada por faustos e declínios, circulação cultural e
idealizada e exótica. Se elas revelam um interessante dado de sofisticação técnica isolamentos crônicos que configuram abismos marcantes, o amazônida tem que se olhar
na concepção do objeto fotográfico, ainda em seus primórdios, em que o artifício é de olhos bem abertos e não cair na simples prática da reprodução de padrões e desejos
empregado para o alcance da finalidade estética; essa não deixa de possuir medianos, copiados de uma lógica estrangeira, reproduzindo estilos estratificados. Há a
implicações na construção de um ideário em torno da região, ocorrência que a necessidade de abandonar modelos importados, que não dão conta das especificidades
posteriori será verificada novamente. A utilização da imagem fotográfica vem se locais, e olhar mais para as questões nevrálgicas desse sistema, traçando um posiciona-
fazendo presente ao longo do tempo na Amazônia, em projetos de artistas que mento crítico de dentro, a partir do embate com as particularidades, buscando ampliar a
reflexão. dessa diferenciação, na qual o artista assume vários papéis não apenas motivado pelo
Imersos em contextos singulares, alguns dos artistas da região Norte tem a necessidade desejo de questionar sua função como tal, mas por necessidade real, inclusive de sobrevi-
de realizar suas proposições de maneira mais independente, já que atuam localmente em um vência. Nesse cenário difícil e rico, o artista carece saber quais as imagens constituintes de
sistema de arte em que não existe a presença de todos os elementos necessários para que o seu discurso e quais as operações pretende ativar a partir de sua obra.
funcionamento e a sobrevivência do próprio sistema sejam garantidos. A maior parte dessa Um exemplo emblemático de obra visual que irá discutir a consciência de si mesmo é a
produção encontra-se à margem do sistema econômico da arte estabelecido no sudeste do obra Hagakure, do paulista radicado na região desde os anos 1980, Miguel Chikaoka,
país, e tem seu funcionamento estruturado, em sua maioria, a partir de subvenção de bolsas e responsável pela criação da FotoAtiva, berço de fotógrafos e artistas da imagem que
editais, de fomento local e nacional; além da participação no tradicional modelo do salão de despontaram ao longo dessa década e da seguinte em Belém. Em Hagakure, Chikaoka tem
arte, que ainda persiste como um dos locais mais importantes de legitimação dessa produção, seus olhos fotografados por um dos seus ex-alunos e ampliados em película, para serem
mas que contém fragilidades específicas enquanto parâmetro de atribuição de valor. Esse perfurados por espinhos de palmeira Tucumã. O gesto de transpor a película nos remete ao
panorama contribui para uma instabilidade na produção, que opera, em determinados casos, hara-kiri, um ato de lealdade e honra; e nesse caso, o rasgo é feito do lado de dentro para
na sazonalidade. fora, e nos convoca a perceber que a consciência de como se vê é algo que está além de um
Dentro desse cenário, algumas práticas são bastante reduzidas, como a crítica, o mercado gesto banal, mas é um ato simbólico, de entrega à experiência de enxergar, de se deixar
e a formação de acervos museológicos. Nesse ambiente, em que a produção precisa encontrar atravessar pela potência do lugar e liberar o olhar para ir além, com a consciência de si.
em si mesma um propulsor de processos que necessitam ocorrer a despeito da incompletude Revelando as pequenas coisas escondidas no cotidiano, temos Armando Queiroz, que
de um sistema de arte; os artistas devem traçar estratégias de produção que subvertam a vem estabelecendo um denso discurso em torno de questões culturais e históricas da
lógica capitalista, engendrando um fazer que se norteia a partir da necessidade de materializa- região, reativando, em alguns momentos, situações que não foram resolvidas; trazendo à
39 ção de uma fala, do transbordamento de uma subjetividade. Essas circunstâncias propiciam um luz por meio da arte. Em Tempo Cabano, o artista propõe uma obra para um lugar específico, 40

determinado grau de independência criativa, descomprometendo o fazer artístico de vincula- as escadarias do prédio histórico que abriga tanto a prefeitura quanto o Museu de Arte de
ção com tendências do mercado de arte contemporânea. Belém, durante o projeto Arte Pará 2009. O museu não fazia parte dos espaços a serem
Pode parecer frágil discutir uma produção artística que pouco, ou quase não é, absorvida ocupados pelo projeto e estava com parte de seu forro em situação de risco. Queiroz propõe
ou reconhecida por uma parte considerável do sistema da arte, e que opera em uma territoriali- uma retro-alimentação a partir de um olhar que lança ao passado, relacionando-o com o
dade à margem do centro que concentra as instituições de artes no país. Entretanto, é presente. Apropria-se de duas obras, Cabano Paraense (pintura de Alfredo Norfini, 1940) e
justamente por surgirem em condições de uma quase inadequação que alguns desses artistas Vendedor de Amendoim (fotografia de Luiz Braga, 1990), iconografias que possuem
vêm desenvolvendo obras diferenciadas, chamando atenção de parte de uma crítica especiali- personagens populares curiosamente na mesma posição corporal. Queiroz as coloca, frente
zada, que aponta a importância dessa produção não apenas para a região, mas para um país a frente, no alto de duas escadarias posicionadas diametralmente opostas, sendo que na
que se pretende refletir a partir de suas distinções e complexidades. Longe de querer traçar um base comum às duas, deposita uma moeda cunhada pelos cabanos e sobre esta, um
discurso do oprimido ou reivindicar um lugar especial a partir dessa condição, pretendemos amendoim, sugerindo um campo de relações e semelhanças entre personagens e épocas.
garantir que essa diferença seja reconhecida como elemento constituinte de uma produção Revelada pela associação entre esses objetos, uma agressão sedimentada nos processos
que insiste em existir, mesmo que distante dos centros hegemônicos da arte no Brasil, dentro de exclusão ganha visibilidade, quando Queiroz trata, por meio de pequenos gestos em seus
de uma perspectiva de existência e dentro de um sistema possível, em que papéis se trabalhos, de percursos da violência na região.
confundem e há um trânsito entre eles, causado, por vezes, pelo acúmulo de funções dentro Subverte-se o mito instituído de uma Amazônia idealizada, instaurado por tantas
desse sistema. imagens idílicas, para ressaltar uma incompatibilidade diante das proposições de desenvol-
Essa incompletude, que leva a sobreposição de papéis, em que o artista passa a exercer vimento sugeridas por uma lógica neoliberalista que incide em processos de gentrificação.
múltiplas funções no processo, como artista-etc, e desdobra sua atuação, muitas vezes Outras imagens irrompem em ações que se estabelecem pelo direito de pensamento crítico
ocupando um papel em que a própria crítica se manifesta na elaboração da obra; faz parte
_BATE-PAPO
como resposta às violências.
Lúcia Gomes aponta para dispositivos de poder em Mênstruo Mostra Monstro Mostarda, MOSTRA REGIONAL norte
2006, intervenção realizada no Dia Internacional da Mulher (08 de maio), em homenagem à
irmã Dorothy Stang, missionária norte-americana assassinada em 2005, que trabalhava na de Jorane Castro
Região Amazônica com problemáticas fundiárias e ecológicas. Em meio a uma avenida com Marisa Mokarzel, Armando Queiroz e Almires Martins

SIMPÓSIO_DIa 2
movimentada no centro da cidade (Avenida Visconde de Souza Franco), a artista adentra ao
canal da Doca – que já foi um braço de rio e que atualmente recebe esgoto de prédios de
luxo e deságua na Baía do Guajará -, com garrafas cheias de tinta na cor vermelho China e A exibição do trabalho de Armando Queiroz, Ymá Nhandehetama (Antigamente fomos
penetra na tubulação de esgoto. É no interior das vias que a artista atuará sobre os dejetos muitos), foi norteadora do debate cujas primeiras frases foram proferidas em guarani por
fétidos despejados no canal (MANESCHY, 2007:04). Lá, Gomes irá lançar sua tinta vermelha, Almires Martins, que saudou a todos em sua língua materna, palavras incompreendidas pela
que lentamente vai ocupando as águas do canal, tingindo-o de vermelho, em direção à baía. platéia. Seu discurso foi um testemunho autêntico da realidade indígena brasileira, desde
Junto a ela, apenas alguns vendedores ambulantes, uma meia dúzia de amigos em sempre até os dias de hoje, e permeou a fala dos outros participantes.
silêncio a observarem a tinta marcando um dos pontos mais valorizados pela especulação
imobiliária. Sua ação silenciosa aponta para a necessidade de outras perspectivas face à
brutalidade crescente, tanto no campo quanto na cidade.
Há uma contenda simbólica que atravessa a relação com a imagem que se estabelece
na região e se norteia a partir de uma tomada de posição diante do que se vê e do que se
41 pretende revelar. Entre a estética e a violência, reside um espaço intervalar que pode ser 42

ocupado quando se consegue olhar para o outro e entendê-lo como tal, respeitando-o em
sua diferença. Aí, nesse lugar, algo começa a ganhar visibilidade nos dispositivos constituí-
dos por artistas da região que se dedicam a abordar temas que tangenciam um lugar que
muitas vezes são encaminhados para o apagamento. Dentro de uma perspectiva sensorial e
ética, alguns artistas vêm atuando dentro de processos em que a arte aponta para
estratégias de elaboração artística que possibilitam novas formulações, fricções e
subversões no sistema, tornando visíveis lugares de resistência, que em outros sistemas,
talvez, nem tivessem a oportunidade de existir.

KARP VASQUEZ, Pedro. Fotógrafos alemães no Brasil do século XIX. São Paulo:

Metalivros, 2000.

MANESCHY, Orlando. Lúcia Gomes : a vida é o trabalho. Anais do 16º Encontro Nacional

da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas – ANPAP. Florianópolis,

2007. Disponível em: www.anpap.org.br/2007/2007/artigos/046.pdf


Experiência Vimus
Jarbas Jácome
As novas negociações:
ViMus é um software que desenvolvo desde a graduação em Ciência da Computação.
o movimento, como Começou em 2003, como um projeto para a disciplina de “Computação Musical e Computa-
SIMPÓSIO_DIa 3

ção Gráfica”, depois virou tema do trabalho de graduação, e posteriormente, da dissertação


reinvenção, a formação de de mestrado.
Desde o mestrado até março de 2009 o projeto foi financiado pelo C.E.S.A.R que
canais paralelos ofereceu uma bolsa de pesquisa e infraestrutura através do programa de inovação da
empresa chamado Garage.
(os novos desenhos do espaço entre a ocupação informal, propostas coletivas, o O ViMus é um sistema interativo de tempo real para processamento audiovisual
papel das redes, novas forças de negociação diante das políticas públicas) integrado. Interativo porque tanto o artista quanto o público pode interagir com a obra. De
tempo real porque o processamento é feito na hora em que o resultado está sendo exibido.
palavras-chave: a re-emergência de empresas espaço-rua e De processamento audiovisual integrado porque o áudio pode ser usado para alterar o vídeo,
de bazar (sonoros, móveis e de subsistência) por exemplo.
a economia redesenhada pelas práticas informais No dia 24 de abril de 2009, dia da inauguração do Memorial Chico Science, o ViMus foi
43 subversões funcionais e apropriações dos meios como oficialmente publicado como código aberto e distribuído com a licença GPL v3.0. Segue o 44

formas de intervenção e participação em uma cartografia link para download do programa e do código fonte: http://opensource.cesar.org.br/frs/
as gambiarras tecnológicas e seus usos na esfera social download.php/36/vimus_mangue.zip
a renegociação do espaço, a mobilidade na geografia das cidades

MEDIADOR: LUCAS BAMBOZZI


Jarbas Jácome (PE) - Plataformas open-source mobile
Lourival Cuquinha (PE) - Negociações em circuitos móveis
Cícero Silva (SP) – Transborder Immigrant Tool
Varal, ArtrafFic e
Jack Pound Financial
Art Project
Lourival Cuquinha

Na apresentação, quis mostrar alguns trabalhos que tratavam de negociações em circuitos


móveis; sendo eles artísticos, urbanos e de fronteiras. Comecei mostrando um trabalho antigo
que depende de uma negociação gigante com a cidade, tanto com as pessoas que moram nela
quanto com suas instituições urbanísticas: o Varal.
Dele, pelo próprio processo da costura, usando uma linha e uma agulha, acabei criando
uma peça que era um instrumento para se fumar haxixe sem tabaco, pois não fumo. Estava na
França na época, e as pessoas lá só fumam com tabaco. A peça misturava a linha e a agulha,
que eu usava naquele momento para costurar as roupas do varal, e uma antiga maneira de
fumar hax que conheci no sertão de Pernambuco. Chamei-a de Lê collier du Moçambique. Todo
45 o trabalho que veio com ela: atravessar fronteiras portando-a, por vezes negociar com a polícia, 46

fumá-la depois no local expositivo com todas as pessoas presentes e abrir uma instalação com
duzentos colares pra vender; chamei de Artraffic. Tudo isto um grande trabalho de negociação
em várias instâncias.
Por último, mostrei um terceiro trabalho que se ligava aos outros dois pela potência ilegal e
pelo fato de também ser costurado: o Jack Pound Financial Art Project (mais detalhes podem
ser vistos em www.jackpoundfinancialartproject.blogspot.com).
È realmente uma big negotiation com o público, que se torna co-autor/investidor na
confecção do trabalho, com o meio e o circuito mercadológico de arte. Ele foi vendido recente-
mente num leilão performático em Londres, dirigido por Hugh Edemeades, da Christie’s, no
stand da galeria A Gentil Carioca. Mas, independente da pompa que isto deu ao trabalho, era o
exatamente desfecho conceitual que ele deveria ter. Como não tenho mas espaço, sugiro o link
citado para que se entenda melhor o trabalho, mas vai uma fotinha aqui:
Transborder Immigrant Tool lançamento do livro
Cícero Silva “Breviário de PornografIa
Esquizotrans

SIMPÓSIO_DIa 3
As tecnologias de Sistemas de Dados Espaciais e GPS habilitaram um relacionamento
inteiramente novo com a paisagem na forma de suas aplicações para simulação, vigilância,
alocamento de recursos, gerenciamento de redes cooperativas e de padrões pré-desloca- Fabiane Borges e Hilan Bensusan
mento (como o algoritmo Virtual Hiker); modelando um algoritmo que mapeia uma trilha
potencial ou sugerida para um mochileiro real (ou mais de um) seguir. A Ferramenta para Esquizotrans é uma experiência nos assuntos das esquizerdas, ou seja, esquerdas
Imigrantes Transfronteiras (Transborder Immigrant Tool) adicionaria uma nova camada de esquisitas, esquizofrênicas. Tentamos pautar assuntos relativos ao erótico, ao pornográfico,
agenciamento a essa geografia virtual emergente, permitindo a segmentos da sociedade corpo em geral, acreditando que esse mote é uma plataforma que possibilita a conexão com
global, que geralmente estão fora dessa grade emergente de hipergeopoder de mapeamen- outros temas da contemporaneidade. A dupla faz mais perguntas do que tem respostas sobre
to, ganhar acesso rápido e simples a sistemas GPS. A Ferramenta para Imigrantes Transfron- a força do erótico, mas tem ensaiado várias ideias que servem para mudar seus próprios
teiras não iria oferecer acesso apenas a essa economia emergente de mapeamento total, códigos de conduta. A experimentação, o improviso e a intervenção são seus aliados.
mas acrescentaria um agente algoritmo inteligente que discriminaria as melhores rotas e Organizado por Fabiane Borges, psicóloga, ensaísta, doutoranda em Psicologia Clínica,
trilhas naquele dia e hora para os imigrantes cruzarem aquela paisagem vertiginosa com a pesquisadora de arte e comunicação; e Hilan Bensusan, Dr. em Filosofia, autor do livro
maior segurança possível. “Excessos e exceções, por uma ontologia sem cabimento”. Ambos desenvolvem performan-
47 ces, textos, vídeos distribuídos nos canais: 48
http://www.youtube.com/user/esquizotrans
http://esquizotrans.wordpress.com/
A dupla está lançando livro, pela editora “quinta mão”, chamado “Breviário de Pornografia
Esquizotrans”. O livro é feito de pequenos contos sobre sexualidades diversas, que não se
encaixam nos modelos padrões. É um livro de pornografia erótica sobre desejo e prazer a
partir de corpos em transformação – travestismos, lesbianismos, robôs, bruxarias,
transexualidades....
Encontro Drumbeat Belém
http://sbvirtual.com/drumbeat-amazonia/

O Mozilla Drumbeat, evento que visa discutir e promover a internet aberta é Idealizado

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pela Mozilla Foundation, e nesta edição, realizado em conjunto com a programação do Vivo

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arte.mov em Belém, um espaço que recebe artistas, jornalistas e especialistas em 2008 200
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tecnologia para uma reflexão crítica com abordagens de temas como cultura, ecologia,

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mobilidade e tecnologia. 2009

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A Mozilla Foundation é uma fundação que mantém todo o software e os projetos Open

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Source da linha Mozilla, como Firefox, Thunderbird e complementos para os mesmos, como
Venkman, DOM Inspector, Bugzilla, Bonsai, Tinderbox. A Fundação também é responsável por
produzir documentação relacionada à internet e promover padrões de produção de 200
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conteúdo digital.

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workshops
O Mozilla Drumbeat é uma comunidade internacional de pessoas que compartilham um

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objetivo em comum: promover a web aberta e mantê-la livre. Para isso, a Mozilla quer reunir 2009

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pessoas de diversas áreas, que usam a Internet em seu cotidiano, para fazerem coisas que

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2008
ADC Belém Tour
Tal Hadad (França)

O que pode ser notado todo dia em Belém é o uso amalgamado do som da mídia de massa
WORKSHOP

disseminado pela cidade. Publicidade comercial, campanha política ou entretenimento alimentam


continuamente a paisagem sonora da cidade, juntando todo tipo de público pela frequência
sonora do alto-falante.
Um uso amplificado do som, que contorna as regras físicas na hierarquia natural sonora,
pressupõe uma série de efeitos colaterais, sendo um destes fenômenos do “ciclo do poder de
uso”, que resulta em uma contínua extensão de territórios audíveis.
Essa simples situação é compartilhada pela maior parte das cidades da América do Sul ou
pela maior parte das cidades do mundo. No entanto, em Belém, uma cultura de sistema de som
específica emergiu, estabelecendo uma intensificação da tecnologia de luz e som como uma
forma de arte local, as aparelhagens do Pará.
Durante o workshop, a ideia é explorar um conceito profundo que emerge das aparelhagens :
formular uma visão/proposição física e escultural em relação a uma prática de difusão sonora. As
51 atividades são baseadas na discussão de ideias a fim de encorajar a criatividade e a prática 52

imaginativa da implementação de aparelhagens utópicas na cidade, iniciando processos de


representação visual inspiradas pela paisagem sonora de Belém.
O workshop introduz práticas de gravação sonoras em nível coletivo sobre a paisagem da
cidade. Aqui, a ênfase é colocada na vida cotidiana de Belém e suas identidades sonoras entre
bairros, com a participação de convidados especiais – os bicicleteiros-de-som (profissionais e
amadores), que se juntam ao projeto para compartilhar suas experiências e atividades sonoras
a fim de mapear e desenvolver uma cartografia da cidade numa iniciativa site specific.
FOTONOVELA
Fabiane Borges e Nacho Dúran

WORKSHOP
Fotonovela é uma linguagem arte-visual que trabalha o imaginário a partir da
fotografia e da produção de diálogos. O dispositivo funciona como meio de
aproximar assuntos sobre sexualidade ao público jovem, de forma lúdica, criativa e
participativa. A ideia é transformar os participantes em personagens da fotonove-
la; criar os diálogos; discutir os assuntos; apresentar vídeos e outros documentos
para alimentar a discussão; produzir coletivamente as histórias a partir de
histórias locais e imaginárias; e na; sequência; propor uma fotonovela pública,
Performance ADC Belém Tour colada em um dos muros da cidade doados para o projeto. O Workshop tem por
objetivo promover debate sobre sexualidade, corpo, sexo digital, preconceito com
Tal Hadad Isaac com Djavan, Elias do Brasilândia e Elias do Jurunas
base na linguagem da fotonovela, introduzindo, no contexto das oficinas, aspectos
Percurso ADC Belém foi uma série de performances e experimentos sonoros que aconteceram em criativos, histórias locais, ampliação de pensamentos e atos.
pontos específicos da cidade com a participação dos bicicleteiros: Elias do Jurunas, Elias do
53 54
Brasilândia e Djavan. Os convidados especiais abriram seus itinerários móveis e sonoros para
captação, mixagem e mapeamento durante o workshop. Esses happenings moveram-se pela cidade
enfatizando a paisagem sonora e explorando técnicas de podcasting, gravações em campo e
mixagens de tecnobrega, com performances no espaço público que exploraram as fronteiras entre
publicidade, propaganda política, música e arte contemporânea.
Foi uma oficina popular, cujo roteiro foi participativo e que graças à
mala mágica, lotada de fetichosas fantasias, o assunto da sexualidade
foi fruído. De forma lúdica assuntos como preconceito e diversidade
foram abordados. A mala era o dispositivo que juntava a brincadeira a
assuntos da sexualidade.
Leona, a assassina vingativa – a estrela paraense do youtube,
participou e assumiu uma das personagens nas gravações de som, o
que deixou os jovens participantes orgulhosos. Esses jovens eram da
vila ao lado do local das oficinas. No primeiro dia, ainda tímidos não se
atreviam entrar, mas logo faziam piquete em frente ao local para
poderem participar da oficina. Eles se maquiavam, criavam roupas,
fantasiavam uns aos outros, criavam nomes, personagens, e queriam
aprender tudo... deixando os oficineiros quase loucos...
O resultado foi uma bonita novela, recentemente mostrada na III Bienal
Internacional de Performance, em Santiago, no Chile, que levantou
aplausos do público, evidenciando a noção de que um trabalho simples
55 pode ser feito coletivamente. E, por isso, ficou tão criativo. 56
Sobre Circuit Bending:
CIRCUIT BENDING Tradicionalmente, a construção de objetos eletrônicos funcionais necessitava de um bom conheci-
mento de teoria e uma ideia bem clara do que você queria antes de pegar seu ferro de solda. David
Cristiano Rosa Tudor, Gordon Mumma e outros designers musicais dos anos 70 escantearam essas presunções.
WORKSHOP

Sendo autodidatas, eles tinham apenas fragmentos de conhecimento de teoria eletrônica e estavam
A oficina de Circuit Bending trata da reciclagem criativa de eletrônicos descartados, menos preocupados em fazer as coisas “apropriadamente” do que fazer algo que soasse bem.
geralmente brinquedos, efeitos de guitarra, partes de computador, rádios, CD e K7 players Reed Ghazala colocou o acaso novamente à frente da prática eletrônica com sua defesa fervorosa do
portáteis e todo o tipo de sucata eletrônica. Para isso, investigamos as partes internas, que chamou “Circuit-bending”. Quando adolescente, no final dos anos 60, Ghazala encontrou sons de
criando pequenos curtos-circuitos; usando nosso próprio corpo como contato; adicionan- interação acidental de circuitos: um amplificador aberto deixado em sua gaveta entrou em curto
do fios, botões e interruptores; criando algum controle desses curtos dentro do circuito contra algum metal e começou a apitar. Após algumas experiências, Ghazala adicionou switches
preexistente do dispositivo. Para essa prática, nenhum conhecimento prévio de eletrônica para que pudesse controlar os curtos, e o Circuit Bending nasceu.
é necessário. Trabalhando com um mínimo absoluto de teoria e valorizando cada Ele desenvolveu uma série de técnicas para modificar circuitos encontrados – especialmente
descoberta acidental, podemos construir novos instrumentos eletrônicos musicais e brinquedos eletrônicos cuja sofisticação sonora cresceu em resposta direta ao crescimento da
visuais. tecnologia de semicondutores nos anos 80 –, sem o benefício dos diagramas dos fabricantes ou
qualquer conhecimento em engenharia.

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Ouvidoria
Lourival Cuquinha
O projeto propõe uma áudio exposição, em que alguns telefones públicos ficam à disposição do publico que

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pode ligar gratuitamente para qualquer lugar do mundo. Porém, todas as conversas são processadas e

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transmitidas em tempo real para outro espaço expositivo, totalmente escuro. Os telefones são “orelhões”

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customizados com a “marca” do OUVIDORIA, a companhia fictícia do projeto. Nos orelhões, há uma sinalização,

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uma placa, por exemplo, explicando o que está acontecendo para o usuário. Qualquer pessoa pode ligar para

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qualquer lugar do mundo gratuitamente, mas compartilhando a informação. Os áudios de algumas das ligações

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podem ser alterados ou transmitidos na íntegra em tempo real para que sejam ouvidos na sala escura. Entretan-
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to, o áudio final no espaço sempre será uma mistura deles. A quantidade de línguas e sotaques diferentes leva
esta mistura auditiva à direção estética de uma metáfora entre globalização e Torre de Babel. Esse trabalho tem
como objetivo tornar o público participante co-autor, cúmplice e espectador da obra. O OUVIDORIA sugere
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pensamentos sobre o controle e o descontrole da informação, que resulta em uma instalação sonora totalmente
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EXPOSITIVO
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acessível. É importante evidenciar que a gratuidade das ligações durante a exposição proporciona atrativos
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utilitários e estéticos para o público. Pessoas que nunca entraram em contato com arte contemporânea serão
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“fisgadas” pela isca do telefonema grátis. O trabalho proporciona um contato do público que não estaria ali sem
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EIXO
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a vantagem da ligação, mas que poderão (até pela “distância conceitual”) viver o trabalho de formas bem
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Cavername
Valzeli Sampaio
Instalação resultado da Primeira Expedição do projeto AGUA- mídia locativa de Val Sampaio, para o ArteMov ros, redes de sabores, redes sociais, rede de mentes. Este TrajetoRio nos conduz pelo método de produzir uma
Belém/setembro-2010 instalação; a cada expedição nos moveremos nessa mesma rota e por essa dinâmica. Mas, para além daquilo
Participantes: Cláudio Bueno, Denio Maués, Gilbertto Prado, Jarbas Jácome, Nacho Durán, Val Sampaio. ção: que se pretende contar, ou dar conta do lugar, torna-se o trabalho no acontecimento dessa residência artística
Val Sampaio | Assistente 1 de Produção: Adriele Silva | Assistente 2 de Produção: Hugo Gomes móvel. Relações se hibridizam, artistas, técnicos, produtores, turistas no espaço-móvel da criação.
Água Mídia Locativa - projeto de muitas camadas, atua no contexto midiático das chamadas mídias móveis
CAVERNAME, estrutura-esqueleto, revela nossa experiência do rio. TrajetoRio. Fluxo marrom, fluxo negro, e locativas. No meio do rio, tudo falha – modems, celulares; a energia precisa tem que ser controlada para
intransponíveis, imescláveis, num fundo de rio que não se deixa vê, mas que se sabe e se sente a presença de que não deixem de funcionar os computadores, as câmeras de fotografia, de vídeo, os GPS, as baterias...
peixes, tucunaré, surubim, pirarucu, tambaqui, pescada, xaréu, tamoatá, arraias, piaba, piranhas, jacarés, Esse TrajetoRio se organiza no espaço da produção contemporânea de arte; e vai refletir a tensão entre arte
peixe-boi, peixe-mulher, e os botos tucuxi e cor-de-rosa, presença constante em todo o percurso. e vida, com representações que enfocam as relações que se manifestam entre os espaços, os fluxos
Residência-móvel, no período de 13 a 19 de setembro, no barco “Vereda Tropical” que se transmutou em nossa existenciais, a presença do homem, o devir do encontro e desencontro. Qual, afinal, o lugar da arte
estação de trabalho, nosso QG de mídias, relações, trocas, mole, molejo, folha no rio, rede coloridas, mosquitei- contemporânea com base em aproximações com o mundo da vida?

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Rádio Transmissão FM 106,5 MHz
Rede [aparelho]

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Ficha Técnica: 2008 200
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Angelo Madson como Idade Midia | Arthur Leandro como Etetuba | Bruna Suelen como Bruna

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Suelen | Fernando de Pádua como D´Pádua | Ivaney Darling como Darling | Maré Moureira como 2009

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Yamaré | Pedro Olaia como Pedro Olaia

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http://aparelho.comumlab.org/ | http://idademedia.multiply.com/ | http://picasaweb.google.com.
br/redeaparelho | http://qik.com/p_o/videos
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PERFORMANCES
AUDIOVISUAIS
E ATIVIDADES
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Durante o festival, a rede [aparelho]-: propôs atividades produzidas e difundidas a partir de um
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ESPECIAIS
estúdio de rádio e de um laboratório para edição de fotos e vídeos produzidos tanto por celulares

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como por câmeras digitais. O objetivo foi difundir, através de uma transmissão radiofônica e visual, a 2009

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integração entre as atividades da programação do evento, o público transeunte e as produções da

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rede [aparelho]-: interligados pela frequência 106,5 FM MHz por meio do Bike.mov e em estúdio

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localizado no Fórum Landi.

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BIKEMOV
Fernando D’Pádua

Ficha Técnica:
Concepção e Projeto Estrutural: Fernando de Pádua
Montagem: Fernando de Pádua e Teodoro Negrão
Técnico de Som: Neu
Apoio: Bruna Suelen e Pedro Olaia

Em vários bairros da periferia e municípios próximos a Belém, é comum se deparar com bicicletas
reconstruídas a partir da reutilização de peças coletadas nas ruas e nas oficinas de sucatas. Essas
bicicletas, geralmente, são modeladas de acordo com o tipo de trabalho ambulante, seja voltado
para publicidade ou mesmo para venda de produtos.
A pesquisa para desenvolver a Bike.mov mixa a ideia das “jabiracas” – bicicletas de aspecto
grotesco remontadas na precariedade – para a construção de uma estrutura semelhante a uma
52 aparelhagem de pequeno porte, integrando sistema sonoro, computador, celulares, projeção visual e 53
rádio transmissão.
Baseada na configuração intergalática das aparelhagens de som de Belém, esta jabiraca especial foi
exclusivamente estruturada para apresentar performances, mostras audiovisuais, transmissão
radiofônica e, também, a publicidade do festival pelas ruas, esquinas e praças da Cidade Velha.
Symbiosis - Arte e Natureza
BICICLETADA!

Roberta Carvalho
Simbiosi é um termo da ecologia que designa uma
relação mutuamente vantajosa entre dois ou mais
organismos vivos de espécies diferentes. Apropriando-se
intervenção 1 de setembro desse conceito, o Projeto Symbiosis, que teve início em
http://www.youtube.com/user/POlaia#p/u/0/jCC3KXW0f1U 2009, consiste numa série de projeções de imagens e
dia mundial sem carro vídeos de figura humana sobre copas de árvores,
buscando relações poéticas entre forma e conteúdo,
imagem projetada e hospedeiro: a natureza. Uma delicada
relação simbiótica e simbólica que suscita reflexões
acerca da nossa relação de identidade com a natureza e
vice-versa.

54 55
FUTMOV divido em duas zonas, representando as situações de defesa e ataque. A posição de cada jogador
HAPAX dentro dessas zonas é que controla a mixagem dos elementos sonoros.
Traçando sempre um percurso híbrido, o grupo Hapax criou ao longo de sua existência uma
Em um campo de futebol, o público participa de pequenas partidas em times limitados a 3 poética aplicada a diversas linguagens – como intervenção urbana, música, escultura/objeto,
jogadores, em que cada um porta um Iphone com o programa IBurro instalado. O IBurro, criado performance etc. Em todos os campos, o que está em jogo é uma constante investigação do som,
56
pelo Hapax, é um programa para conversão de dados de GPS em MIDI que utiliza um engine para dos corpos sonoros, produtores e receptores de ruídos que compõem o ambiente no espaço 57
controlar uma trilha sonora a partir do movimento dos jogadores. A movimentação dos jogadores público, na cidade. A pesquisa com GPS inicia em 2007, quando foi criado um sistema único para
em campo ativará e controlará o mix de diversos fragmentos sonoros, que vão de temas transformar ações urbanas em sons e músicas. Algumas das obras que fazem parte dessa
“cinematográficos” – exaltando ação, tensão, relaxamento – a uma sonoplastia composta por pesquisa são: “Instantaneidade do Instante”, “Burro Sem Rabo”, “Burro sem rabo- a cidade será
gritos de torcidas e outros efeitos. O objetivo do jogo é criar uma situação imersiva lúdica em que tocada” e a série de vídeos “Pode”.
o enfrentamento dos times se transmutará em uma trilha sonora única. O campo é virtualmente
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Invisibilidades
A vergonha não existe na natureza. Os animais sabem a
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lei: a força, a força; a força.


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Gonçalo M. Tavares, em Um Homem: Klaus Klump


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MOSTRAS
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Não se vê aquilo que não se conhece; o que não se


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conhece torna-se invisível. O que percebemos é o que se


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espelha no nosso olhar sobre o universo que descobrimos.
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Vemos o que queremos ver; assim como não vemos o que


desconhecemos por ser de outra natureza. Nesse sentido,
quase toda a imensidão amazônica é invisível, da mesma
forma que sua profundidade histórica e étnica. Não vemos
porque ainda pouco sabemos sobre o seu passado. Invisi-
bilidades - Mostra de Filmes do Norte propõe um olhar
reflexivo sobre a realidade amazônica contemporânea.
Em Ymá Nhandehetama (Antigamente fomos muitos), do artista visual Armando Queiroz, o índio da etnia
guarani Almires Martins narra sua visão de mundo do ponto de vista daqueles a quem foi imposta a obscurida- Ymá Nhandehetama
de, nesse caso, os índios brasileiros. Rever a história do Brasil e sua herança colonial, escrita em apenas 500 (Antigamente fomos muitos) / (Beforetime we were many)
anos, com sangue e violência, é retratar a desconstrução de quem optou por uma vivência sutil em uma relação
Direção: Armando Queiroz
íntima entre homem e natureza.
8’21” , 2009
Armando Queiroz reconstitui em vídeo a experiência da violência na Amazônia. Em entrevista a Paulo
Herkenhoff, para o catálogo do Prêmio Marcantonio Vilaça, ele diz que desenvolveu esse tema em seu trabalho,

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pois “observar o processo histórico da Amazônia é deparar-se com uma história de violência. Grassa a força 80
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desmedida como solução imediata”. Fala com a mesma sutileza que se encontra nas palavras contundentes de 90
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Almires Martins, na interpretação lúcida das novas movimentações sociais, já que é disso que se trata: o fim de

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uma concepção delicada. Essa visão, que soou até hoje ingênua, e que originou o mito do bom selvagem, ou

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ainda a ideia de homem cordial, está sendo reinterpretada. “O homem cordial não é o homem gentil”, segundo

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Paulo Herkenhoff, que cita Sérgio Buarque de Hollanda e explica que a palavra cordial (cordum/coração) é capaz

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de associar-se a todo tipo de sentimento excessivo, inclusive a violência.
Raposa Serra do Sol – A luta continua, de Marta Caravantes e Daniel Garibotti, exemplifica na prática as
inquietações que Almires Martins teoriza. O enfoque é a questão indígena e sua contextualização. O documen- 80
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tário coloca em cena os atores sociais, protagonistas recorrentes da história recente da Amazônia. As

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interações ali descritas mostram a complexidade da construção de um futuro comum de interesses distintos. O
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Almires Martins é uma pessoa de etnia guarani que conheci em 2009. Naquele momento, fazíamos parte
filme conta como os indígenas aprenderam o alfabeto político-jurídico e a retórica ocidental para comunicar a

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de um grupo que organizou uma exposição de material etnográfico nas dependências da Fundação Curro Velho,
sua interpretação de mundo; e defender-se da invisibilidade. A confirmação da legalidade da Terra Indígena 9002

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entidade cultural do estado, dentro da programação da III Semana dos Povos Indígenas do Pará. De imediato sua

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Raposa Serra do Sol, no estado de Roraima, em março 2009, após intensa mobilização política, modifica

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60 radicalmente o discurso. Se essa decisão não tivesse sido tomada, quase todos os territórios indígenas figura chamou atenção pela poesia e clareza do seu pensamento. Almires nasceu em uma aldeia localizada no 61

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brasileiros estariam em suspense, como uma ameaça surda e dominante, e por isso de eficácia simbólica. Essa atual Estado do Mato Grosso do Sul, filho de uma liderança indígena assassinada. Ele mesmo sofreu algumas

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é a realidade de uma região onde há fronteiras a serem desbravadas, como se fosse o paraíso perdido, o lugar emboscadas, das quais seu corpo é testemunho. Hoje, mora em Belém onde acaba de defender na Faculdade
de fortuna, ainda o Eldorado.
de Direito da Universidade Federal do Pará tese de mestrado que trata de direito indígena guarani, cumprindo
O filme aponta direções diversas para o futuro que se constrói na Amazônia a cada momento. Mas onde
resoluto, o papel que lhe cabe.
começa e onde termina a Amazônia? Como foi elaborado esse conceito? O que é o seu futuro e, principalmente,
qual foi o seu passado? Esses são os questionamentos também desenvolvidos no terceiro filme da mostra. Quando convidado para participar do vídeo Ymá Nhandehetama (Antigamente fomos muitos), aceitou
Viagem das ideias, de Satya Caldenhof, demonstra visões simbólicas da Amazônia, tema principal desse gentilmente a proposta. A partir de então, o vídeo foi construído através de um diálogo que objetivava expressar
documentário inspirado no livro homônimo de Renan Freitas Pinto. O conceito de Amazônia foi criado ao longo a condição indígena de agora, fruto de um longo processo de violência e dissolução física e espiritual imposto
de cinco séculos por narradores que não a conheciam e que, para desvendá-la, imprimiram os padrões da às diversas etnias indígenas das Américas. Sua fala, lúcida e transparente, nos coloca diante de uma realidade
interpretação geográfica, biológica e antropológica que existiam no mundo ocidental da época. Um exemplo é o
invisibilizada na imensidão das matas, “... como um grito na escuridão da noite”.
nome da região, que vem de uma tribo de mulheres tiradas da mitologia grega, as Amazonas, já que não havia,
naquele momento, outro arquétipo possível para explicar essa civilização diferenciada. Como se trata de um
lugar do qual se desconhece o passado e no qual o futuro chega muito rápido, a sua verdadeira história está
sendo reconstituída aos poucos. É esse o embate maior da cultura e da história. Logo se poderá contar quem
foram os primeiros amazônidas, como eles se relacionavam com a floresta, quais os seus saberes, suas ações
antrópicas para multiplicar espécies, o manejo florestal milenar ou, ainda, a existência da misteriosa terra preta
de índio. São indícios dessa cultura sutil e forte.
A inclusão das questões amazônicas na agenda internacional ambiental talvez traga legitimidade à
herança da cultura sutil dos primeiros habitantes do que se chama hoje Brasil.
Raposa Serra do Sol – A luta continua Viagem das ideias
Direção: Marta Caravantes & Daniel Garibotti / Produção: Cipó & Pueblos Hermanos Direção: Satya Caldenhof
23’00’’, 2008 23’00” , 2008
Formato: 16:9

Filmado na área indígena Raposa Serra do Sol (RR) – em Brasília e em Manaus (AM) – conta detalhes do Paraíso ou Inferno verde? Por que pensamos a Amazônia com categorias extremas? Inspirado no livro
conflito entre atores do agronegócio, políticos regionais e os povos indígenas, moradores ancestrais dessas "Viagem das ideias", do sociólogo Renan Freitas Pinto, o vídeo trata da construção do pensamento social sobre a
terras. Imagens fortes de ataques de pistoleiros a cidadãos indígenas dentro da reserva; entrevistas com Amazônia a partir dos relatos dos viajantes do século XVI até os dias de hoje. Entrevistas com o autor, Ribamar
62 mulheres e professores indígenas, chefes locais, representantes da Funai, do Ibama e líderes de outras regiões Bessa Freire, Márcio Souza e Eduardo Góes Neves. 63
indígenas da Amazônia, ajudam a entender a realidade cruel que é vivida pelos povos originais deste Brasil
maravilhoso.
Produção: Jane Dantas e Rogélio Casado
Roteiro: Jane Dantas e Satya Caldenhof
Fotografia: Satya Caldenhof, Deive Garcia e Rogélio Casado
Tratamento de áudio: Luís Carlos Gomes Fonseca
Mixagem: Deive Garcia
Edição e finalização: Deive Garcia e Satya Caldenhof
Formato: Vídeo digital

Realização: Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia – PPGSCA – Universidade


Federal do Amazonas – UFAM
Apoio: Interfaces e Departamento de Comunicação– UFAM; Fundação Vitória Amazônica – FVA, Manaus, AM
MOSTRA TEMÁTICA SUDESTE
Curadoria: Francesca Azzi

Pré- história

Direção: Laura Erber

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Translado
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Direção: Sara Ramo


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Direção: Carlosmagno Rodrigues


12’52”/ MINI-DV/dvd /2009

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Direção: Marcellvs L.
07’12”/2009/10

Cordis
Direção: Bellini
15’/HDV/2009
MOSTRA TEMÁTICA SUL Sentinela
Curadoria: Gustavo Spolidoro
Direção: Cristiano Lenhardt
Duração: 5’
cristianolenhardt@gmail.com
Um Instante de Estatica
Impulso
Direção: Tentacles Ensemble Collective
Duração: 6’ Direção: Letícia Ramos
tentacles.collective@gmail.com Duração: 2’
leatomica@gmail.com

Ginastica
Direção: Mariana Xavier Peço-lhe que Volte e fique Contente
Duração: 5’
marianamerinoxavier@gmail.com Direção: Dirnei Prates
Duração: 2’
66 cineagua@hotmail.com 67

Piknik Águas de Maio


Direção: Luiz Roque Filho e Mariana Xavier
Duração: 5´20” Direção: Nelton Pellenz
16mm/ mini-dv Duração: 6’20”
luizroquefilho@gmail.com cineagua@hotmail.com
e marianamerinoxavier@gmail.com

Especulativo-Móvel
Projeto Vermelho
Direção: James Zorté
Direção Luiz Roque Filho Duração: 6’
Duração: 5’ james.zortea@gmail.com
luizroquefilho@gmail.com
MOSTRA TEMÁTICA NORDESTE
Curadoria: Danillo Barata

Pombagira Vertigem

3’/ Brasil-BA / 2007 / Vídeo 3’07”/2006/Ceará


Milena Travassos

Sensações Contrárias CUCETA - A Cultura Queer de


Solange Tô Aberta
5’/2007/ Mini-DV - 4:3/Bahia
13’/2010/Alagoas
Cláudio Manoel
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O Mundo de Janiele
Flash Happy Society
4’/DVD/2007/Brasil
08’/ HD/2009/Brasil Caetano Dias
Direção, Produção, Fotografia, Som, Montagem: Guto Parente
Ficção científica baseada em fatos reais

Acredite nas suas Ações

Plus Ultra 08’23”/vídeo/2006/Bahia


Grupo GIA
8’/2008/Pernambuco
MOSTRA COMPETITIVA 2006/2009
Curadoria VIVO ARTE.MOV :
Lucas Bambozzi; Rodrigo Minelli; Marcus Bastos

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Duração: 1h20min

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Seleção feita a partir dos mais de 2000 trabalhos inscritos nas quatro edições do

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festival. Videos criados para celulares ou outros meios de fácil acesso, exibidos em telas
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pequenas ou de baixa definição, na Internet, nas redes sociais.
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Ricardo e. Machado / 50’ / PR / 2006


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2009 Cerca de 50 andorinhas saindo de um buraco.


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Auto-retrato quando vários / Self-portrait when many

Nadam Guerra / 1’55’’ / MG / 2006


Porque não me reconhecem quando corto o cabelo.

Brtld _bertoldo

Cristiano Trindade / 2’ / SP / 2005


Em meio a um universo tipográfico, Bertoldo vive um cotidiano exaustivo, em que os
elementos gráficos extrapolam caminhos que poderiam ser ignorados.

Dead Pixel

Cristiane Fariah, Leonardo Arantes e Vitor Augusto /1`25” / MG / 2006


Sinta na pele os perigos que um pixel morto oferece. Um dead pixel não é seu amigo.
Drive -(e:) Se estou certo ,por que meu coração bate do
lado errado ? / If I am rig ht, then why does my
Mauricio Castro / 2’ / RJ / 2005 heart beat on the wrong side ?
O momento uniformemente variado e a aceleração constante representados pelos
movimentos relativamente opostos de um objeto. Joacélio Batista / 2’ / MG / 2005
Homem em seu banco percorre seu caminho sem importar-se com o que
acontece ao seu redor.
Hilda Replicante / Replicating Hilda

Kiko Goifman / 1’40’’ / SP / 2006


O vídeo mostra Hilda tomando sopa. Em tempos de ciborgues e discussões sobre a Toró / Downpour
obsolescência do corpo, Hilda é uma replicante à moda antiga.
André Amparo / 1’45” / RJ / 2006
Breves impressões sobre ganhar e perder.

Paradas / Stops

Rachel Castro / 2’ / RJ / 2005 Ant mov


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A visão frontal e lateral em movimento através do interior da cabine, gerando Nélio Costa/Belo Horizonte/MG /01’12”
expectativa da parada final. Um anti filme ou, um filme com formigas.

Movietone Cara no Vidro / Movietone Glass on Face


Da série tartarugas no céu
Amilcar Oliveira e Mauricio Lanzara / 33” / SP / 2006
MovieTones são vinhetas divertidas que o usuário de celular utilizam para identifi- Pablo Paniagua/Porto Alegre/RS/03’00’’
car suas chamadas. Ao invés do Ringtone, quando toca o telefone começa uma dessas Na Série de vídeos Tartarugas no Céu, mistura sonoridades variadas de
vinhetas. Neste MovieTone, o personagem tenta sair de dentro do aparelho de telefone. água em movimento, pássaros, insetos, vento e folhas de árvore.

Pirulito / Loll ypop


Desayuno
Erick Ricco / 2´ / MG / 2006
Sair da amplitude do espaço urbano e se deter numa ação mínima, que acontece Erick Ricco/Belo Horizonte/MG /02’55’’
neste cenário. Tempo diferente da cidade, por onde todos parecem apressados com Sobre aquilo que está em todos os cantos.
seus celulares e palms.
Galaxão Sem titulo

Fernando Cavazotti Coelho/Curitiba/PR/02’48’’ Rodrigo Vieira de Souza/Belo Horizonte/MG | 02’51’’


Dois caras suspeitos vagam pela cidade dentro do Galaxão. Azar de quem Um quebra cabeça e suas abstrações.
cruzar o seu caminho.

Sens
Hoje vou beber Niemeyer
Janaina Castro/Belo Horizonte/MG | 01’00’’
Fabio Cançado/Belo Horizonte/MG/00’30’’ A velocidade e os sentidos.
Uma curta ironia homenageia o pensamento e as formas arquitetônicas
de Oscar Niemeyer.

Tocata e Fuga

Inserções culinárias em circuitos ideológicos Nélio Costa/Belo Horizonte/MG | 01’52’’


Excitação, medo, provocação: fascinação.
74 Pablo Paniagua/Porto Alegre/RS/02’05’’ 75

Uma garrafa de Coca-Cola feita com manteiga sendo derretida para a


preparação de um prato culinário.
Zoi

Nelson Antônio Andrade Correia Filho/00’48’’


Me //AT Olhos que dançam.

Raquel Kogan/São Paulo/SP/00’30’’


Um almoço em um vagão de trem.

A carne de Ulisses/Ulisses’ meat


O paradoxo da espera do ônibus
Marcelo Braga / Belo Horizonte / 2008 / 2’00”
Christian Caselli/Rio de Janeiro/RJ/03’00’’ Ulisses Pereira, escultor de Caraí, Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais,
Homem espera em vão o ônibus. Em vão? ora, se o ônibus está enquanto contempla uma carne de fumeiro, conversa sobre a natureza, a
demorando, então ele está mais perto de chegar. “Desenho desanimado” fumaça, suas imagens, seus sonhos e visões.
baseado em várias histórias reais.
Frestinha/Small gap
Esporos
Gustavo Cochlar / Brasília / 2008 / 3’00”
Cristiano Lenhardt / 2007 / 19” O voyeur por trás dessa fresta, da qual do outro lado, uma ninfa está se
Brevíssimo vídeo de um jardim embelezando.

Arquivo Morto/Dead Files


Memórias de um Celular/Cell Phone Memories
Paula Barreto / Rio de Janeiro / 2008 / 2’32”
Performance em depósito de arquivos-mortos, ambiente real, take Márcio Soares e Leandro Martins / Caratinga / 2008 / 1’30”
único e plano fixo. Um celular e algumas histórias para contar sobre a vida de pessoas
totalmente diferentes que, por obra do destino, acabaram por se entrelaçar
num simulacro onde até o próprio espectador pode participar
Calçadão/Sidewalk

Christian Caselli / Rio de Janeiro / 2008 / 3’00” Pequenos Reparos/Minor Repairs


Os lugares podem ficar diferentes sendo vistos de outras maneiras.
Primeiro filme da série “Animações de uma imagem só”. James Zortéa / Porto Alegre / 2008 / 3’15”
76 Pequenos ruídos rompem o silêncio da casa e constituem uma nova 77

atmosfera, em que ciclos defeituosos revelam facetas dos objetos domésticos.


Coney Island Walk

George Queiroz e Carol Ribas / São Paulo / 2008 / 0’25”


Deslizando por Coney Island. Vazio agudo/Acute Void

Cristiane Fariah / Belo Horizonte / 2008 / 1’29”


Crisálidas (de bolso)/ (Pocket) Pupa Melancolia e solidão em haikai de Paulo Leminski.
“vazio / agudo / ando meio / cheio de tudo.”
Fernando Mendes / Belo Horizonte / 2008 / 0’30”
Embalados por uma ingênua cantiga infantil, somos levados pelos
labirintos concebidos nas fantasias de Ana, em jogos de terror e desejos
ocultos. Versão compacta da animação “Crisálidas”. Centipede
Barbara Zabori, Daniel Ambooleg, Fabia Fuzeti, Marcelo Garcia / 2008 / 25”
Entrelinhas/Betweenlines Video sobre a idéia de diversidade, em parceria com 24hourpartypeople

Nelton Pellenz / Porto Alegre / 2008 / 2’42”


Entre as linhas, as entrelinhas.
Scasa
98001075056
Fernando Rabelo / 2007 / 3’
Em tempo real, o lugar que o artista mora transformado em algorítmo. Felipe Barros/ 2009/ 02’40”
Memória, ancestralidade e identidade.

Atlântico

Sob Controle André Hime E Huila Gomes /2009/ 01’19”


Apenas um mergulho no Atlântico.
Silvia Regina Guadagnini / 2008 / 2’16”

Botões

David Mussel/ 2009/ 02’22”


Mídia Locativa Na sociedade dos Botões, o menor e mais excluído de seus habitan-
78 tes tem que superar seus medos e dificuldades para, com criatividade e 79

Leandro Aragão e Raquel Solorzano/ 2009/02’17” esperteza, vencer uma grande ameaça que se faz presente, mostrando
Uma invenção do cotidiano de Bogotá, preço: um minuto por 200 pesos que a sagacidade dos pequeninos vence o orgulho daqueles que põe sua
(R$ 0,18). Criado como forma de sobrevivência, este meio de acesso à confiança na força bruta.
comunicação surge em um subterfúgio das camadas populares colombianas
que se apropriam de um produto e o descontextualizam do uso programado
pelas empresas. Arte locativa no sul da esfera.
Intimidade

Bruno Pacheco/2009/2’50”
Casal assiste um filme na tv durante uma noite chuvosa.
Pedra Mole Em Água Dura

Paula Barreto/ 2009/02’10”


Acompanhando movimentação ondulante do reflexo de um homem, Following The Light
sobre superfície líquida, escuta-se sobretudo o sopro sibilante e contínuo de
um Vento do mar. A eminente imaterialidade desta sombra nos faz aludir, Eduardo Zunza/2009/03’00”
talvez, a um fantasma, aqui contemplativo e titubiante que por vezes Um olhar poético sobre angola
arremessa um projétil que inesperadamente quica ao invés de penetrar a
superfície líquida.
ARQUEOLOGIA DIGITAL IMEDIATA
O recentísssimo já é história

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O presente projeto propõe uma arqueologia precoce, quase instantânea, de processos
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produzidos nas duas últimas décadas, através de micro-documentários, entrevistas,

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apresentação em festivais como ForumBHZvideo, Mídia Tática Brasil, Hacklabs,
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Submidialogia, entre outros. São eventos que, cada qual a seu modo, discutiram as
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possibilidades de intervenção nas mídias, apontando perspectivas para um


redimensionamento de seus usos, para fins sociais, artísticos ou políticos.
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1. metareciclagem montagem: lu tognon MOSTRA DOTMOV
entrevistado: felipe fonseca assistente de montagem: karina
fotografia e/ou camera: lu tognon montenegro DOTMOV é um festival de cinema digital organizado pela revista online SHIFT, com
montagem: lu tognon objetivo de descobrir criadores talentosos desconhecidos e fornecer uma oportunidade de
assistente de montagem: karina 6. ricardo zuniga mostrar seus trabalhos. Para o DOTMOV 2009, foram inscritos um total de 264 trabalhos de
montenegro fotografia: lucas bambozzi 30 países, e 19 excelentes trabalhos foram selecionados e alguns deles receberam
imagens adicionais: flavio soares montagem: lu tognon e fabi borges comentários dos júris convidados. Todos os trabalhos selecionados também serão exibidos
trilha: coletivo rádio dada assistente de montagem: karina no webiste da SHIFT. O festival deste ano vai acontecer no Japão e em outros países, a
montenegro partir de Novembro de 2009. O arte.mov estabeleceu parceria com o DOTMOV, de forma a
2. cmi digitofagia 2005 trazer a Belo Horizonte, logo no início de sua itinerância, a mostra com os melhores
entrevistado: pablo ortelado trabalhos do ano.
camera: núcleo audiovisual eca/usp-sp 7. anomia/fortaleza-ce
montagem: lu tognon entrevistado: paulo amoreira
assistente de montagem: karina câmera: núcleo audiovisual eca/usp-sp Drum ‘n’ Bass Maestro
montenegro montagem: lu tognon 4’30’’ / 2009 / UK
midia tatica brasil 2003 assistente de montagem: karina Dir: Addictive TV
montenegro
82 3. cine falcatrua midia tatica brasil 2003 83

fotografia: lucas bambozzi


montagem: lu tognon 8. formigueiro Battlestar
assistente de montagem: karina entrevistados: christine mello, almir almas e 3’10’’ / 2009 / Australia
montenegro daniel seda Dir: Mark Simpson (Sixty40)
digitofagia - sao paulo 2005 câmera: núcleo audiovisual eca/usp-sp Music: Harmonic 313 (Warp Records)
imagens adicionais: lucas bambozzi
4.coletivo sabotagem montagem: lu tognon
entrevistados: vitorio amaro e luther blisset assistente de montagem karina montenegro Hibi no Neiro
fotografia: lucas bambozzi midia tatica brasil 2003 3’51” / 2009 / USA
montagem: lu tognon Dir: Magico Nakamura, Masayoshi Nakamura,
assistente de montagem: karina 9. giseli vasconcelos Masashi Kawamura, Hal Kirkland
montenegro fotografia: giseli vasconcelos Music: sour
montagem: lu tognon
5. mário ramiro / 3nós3 assistente de montagem: karina Free Style Fu
fotografia: marcus bastos montenegro 6’20’’ / 2009 / Japan
imagens adicionais: lu tognon Dir: Kai Fujimoto
Music: Kochitola Haguretic Emceez feat. Kyo
Sakurai
BabyDance Hole In One
4’18’’ / 2009 / Japan 7’33’’ / 2004 / Germany
Dir: Kai Fujimoto Dir: Verena Friedrich
Music: Kuromiya feat. Osa

LoopLoop kanozyo no kinoko ha boku ga


5’00’’ / 2009 / Canada taberu no
Dir: Patrick Bergeron 3’20’’ / 2009 / Japan
Dir: Yasushi Hori

Surface
3’10’’ / 2009 / USA Yonder
84 Dir: Varathit Uthaisri (TU) 3’29’’ / 2009 / Germany 85
Sound: Napat Snidvongs (Plum) Dir: Emilia Forstreuter
Sound: Sam Spreckley

only one room


12’00’’ / 2009 / Japan
Dir: Akira Noyama

BUILDINGS
5’44’’ / 2008 / Japan
Dir: Tomoyoshi Joko
AND Abandon Normal Devices
Programa de Filmes Curtos Abandone Dispositivos Normais
www.andfestival.org.uk
A primeira edição do AND Abandon Normal Devices (Abandone os dispositivos normais) aconteceu em Liverpool

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(Reino Unido) em setembro de 2009. Realizado este ano através do FACT (Foundation for Art and Creative

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Technology), o festival questiona os padrões da produção artística e audiovisual e coloca o foco em artistas que

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propõem abordagens peculiares.

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O programa que será apresentado no Vivo arte.mov reúne filmes curtos que jogam a cautela ao vento. Inclui
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dramas, animações e artistas usando técnicas não convencionais, em que cineastas apresentam visões
lúdicas e provocativas do mundo e nossos corpos inseridos nele. De paraquedas DIY a movimentos militaristas,
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e explorações formais do código digital, estas são mini aventuras mentais para almas curiosas. A Mostra AND
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acontece no arte.mov em colaboração com o CREAM, Festival de Arte e Mídia de Yokohama 2009, Japão.
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One - 2006 - UK - 6’30’’


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Philip Day
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Saturdays Only– 2008 – 7’22


Gilles Perkins

Girl’s World – 3’
Sarah Castro

Remarkable - 9’43’’
Adam Tallon
HONG KONG 2009 True Love
04’40”
Wong Ching Yan/ Wong Ka Hei/ Leung Ting Hou/ Leung Kwok Fung
vvHi,Let’s Sway!
03’20” O que é o amor? Hoje em dia pessoas são mostradas vestidas com objetivo de
Wang Yu Jue, Joey / Kan Mung Lai, Anna/ Nie Jia, Joyce obter reconhecimento das outras pessoas se tornando história de fundo delas.
A chave mais importante de nossa animação é combinar a música com o movimento Além do mais, esperamos que nosso público absorva a mensagem “amar a
dos modelos 3D instrumentos de precisão. A tarefa mais importante é fazer a pessoa não apelnas pelo que ele aparenta”.
animação interagir com a música. Acentuando a importância da música na animação
3D. Num mundo de brinquedos, Joe sempre acredita que a aparencia/aspecto (não
A história centra-se sobre o humor e o tom da música original, a ação de todos os literalmente, mas é o que pretende dizer) é muito importante, ele pode escolher
modelos de instrumento e do robô, os efeitos de iluminação e do impacto de modo a um objeto pela aparência facilmente. Um dia, infelizmente, num encontro com
tornar o ritmo da música mais marcante. Amyele teve um acident, a cabeça dele quebrou e ele ficou horroso, com a auto
estima baixa, porém ele carregou sua cabeça até o parque para enocntrar Amy.
No fim, Amy aceitou Joe com aparência atual? Ou ela não gosta dele?
My Mother Is An Alien
05’02”
88 Yeung Sin Ling/ Lau Sze Kit/ Lui Chin Cheung/Man Chow Tai/ Lokman Lam/ Mak Tsz 89
Yeung/ Smith 14/ Sinje Lee/ Tommy Wai/ Matthew Tang/ Wong Sze Wing Taste Of Nostalgia
Mao nasceu na década de 70, época em que as crianças adoram “cultura do 04’05”
Superman”. Assim, Mao sempre acreditou que era protegido por um herói secreto. Lau Wai Ming, Raymond/ Coxa Wong
Quando completa 30 anos, sua mãe adoece e fica hospitalizada. Mao tem de viver
por si mesmo. Ele descobre que os trabalhos simples de casa, são difíceis de serem Noodle, um chef de cozinha, tem problemas com a sua mão direita e sua comida
manipulados, então começa a se perguntar por que sua mãe é tão capaz de lidar não é mais apreciados pelos clientes. Responsabilizar-se por sua incapacidade,
com estas missões “impossíveis e pensa em desistir. No passado, ele recuperou sua fé por uma lâmpada

Hairtastic!
02’25”
Siu Yan Fung/ Justin Salgado/ Damian Dobrowolski
“Hairtastic é um curta de animação criado por Fung Siu Yan durante seu último ano
de faculdade. Uma comédia leve que retrata o problema que a maioria dos homens
comuns estão enfrentando -. Hairloss Apesar de não haver qualquer história épica
contada em filme, but the jokes and the fun of Hairtastic will surely put a smile on
your face!”
O Céu nos Observa Interferências: Bandeira do Brasil Lixo
Capoeira Guilherme Stella Pedro Guimarães
Daniel Lima Fabio Soneca Câmera: José Luiz Bogori
Rodrigo Pança Do Céu O Buraco da Fechadura
A proposta do documentário para web O CÉU NOS OBSERVA foi criar interferências numa Henrique Sonequinha Renata Ursaia Projeto Matilha
imagem da cidade de São Paulo captada por satélite. Através de ações criadas por pessoas Fabiana PradoGeandre
mobilizadas por uma chamada pública, o documentário propõs uma discussão sobre a Pra Frente Brasil! O Céu Nos Obeserva Tomazzini
capacidade de interferir coletivamente nas estruturas de controle e vigilância de escala Felipe Teixeira Fernanda Costa Câmera: Joana Reiss Fernandes
global. Um processo poético de criação de “ruídos” na representação da metrópole. Bruno Saggese Facundo Reyna Projeto Força-Tarefa
Andreza Galli Kabelo Xlab
FICHA TÉCNICA Clara Reyna Costa
Título: O Céu Nos Observa Você Vestiria uma Árvore (Produtora Santa Clara) SOS
Duração: 8 minutos Almir Almas Infinito Magenta ZoomB
Formato: HDV (16:9) Grão da Vida Andrea Tomie
Local: São Paulo Proibido Fotografar Felipe Brait Cena do Crime
Direção, produção e edição: Daniel Lima Eduardo Correia Augusto Citrangulo
Assistente de produção: Felipe Brait Flávia Couto O Céu Nos Observa Montagem: Luiza Citrângulo
90 Assistente de edição: Evelyn Cristina Joanna Millan Corposinalizante Registro: Luiza Xavier 91

Produção Executiva: Marilia Alvarez Marcelo Toledo Câmera: Thiago Lucena


http://oceunosobserva.blogspot.com/ Marina Couto Cibele Lucena Desayuno
Matthew Rinaldi Fernando Monea
Raíssa Gregori Vendo Meu Voto. Tratar Aqui. Pilantröpóv
Lourival Cuquinha
Tá Difícil Respirar Lia Leticia
Aline Cavalcante Colaboração:
Carlos Aranha Felipe Brait
Danilo Sales Rodrigo Vitullo
Joana Rocha Robson Bonfim
Laura Sobenes
Lex Blagus Capivara
Ricardo Yasuda casadalapa
Verônica Mambrini Câmera: Achiles Luciano
(Bicicletada de São Paulo)
Pedalando e Educando

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Argos Caruso Saturnino

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Após viajar pelo Brasil pedalando e atravessar o Atlântico velejando na Regata Brasil

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500 Anos, o arquiteto mineiro Argus Caruso Saturnino voltou da sua nova aventura: Fazer
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uma volta ao mundo de bicicleta. O caminho escolhido passou por importantes rotas: Rotas
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Inca, da Companhia das Índias Orientais, da Seda, das Caravanas do Império Romano, da
Expansão do Islamismo, dos Mercadores Africanos e Asiáticos, Estrada Real, etc. A viagem
fez parte do “Pedalando e Educando”, um projeto de educação a distância que busca na 200
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aventura uma estratégia de incentivo para o aprendizado. Através da Internet as escolas

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receberam perodicamente um material didático inovador com fotos e textos relatando, ao

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vivo, a aventura de volta ao mundo de bicicleta. Toda viagem foi elaborada para utilizar-se de 2009

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rotas que potencializam o interesse pela História, Geografia e o dia a dia dos locais

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um profissional de ensino.

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Alessandro Ludovico sistema Highly Interactive Parallelized Display Space (HIPerSpace), que alcança a definição de milhões
http://neural.it de pixels. Desenvolve também a pesquisa Explorers, que estuda as novas definições e formatos de
Alessandro Ludovico (Itália) é crítico de mídia e editor chefe da revista Neural, desde utilização de sistemas Open Source e Software livre no Brasil. É autor do livro “The Explorers: Open Source
1993. É um dos colaboradores fundadores da comunidade Nettime e um dos fundadores do and Free Software in Brazil”, no prelo pela MIT Press (co-autoria de Jane de Almeida) e do capítulo
“Mag.Net (Electronic Cultural organização Publishers). Também atuou como consultor para “HyperTed”, a ser publicado na reedição do livro “Computer Lib/Dream Machines de Ted Nelson”, pela MIT
o projeto revista de Documentá 12. Ministra aulas na Academia de Arte em Carrara. Com Press em 2009/2010, sob a organização de Noah Wardrip-Fruin, com textos de vários colaboradores
Ubermorgen e Paolo Cirio, desenvolveu alguns projetos controversos de net art. sobre a influência do inventor do Hipertexto e da Hipermídia.

ARGUS CARUSO SATURNINO Cristiano Rosa (Pan&Tone)


Nasceu em Belo Horizonte, em 1974. Formou-se em arquitetura pela UFMG em 2000 e Produtor de música experimental desde 1989, quando fazia colagens com fita cassete amassadas,
trabalhou em escritórios no Brasil, na Espanha e na Bélgica. Antes da viagem de volta ao microfonias e percussão em sucata. A partir de 2006, começou a fazer shows utilizando como base
mundo de bicicleta, rodou pela Europa e pela África com a mochila nas costas. Atravessou o Circuit Bending, samplers e alguns sintetizadores. Participou de diversos espetáculos com músicos
Atlântico velejando, refazendo a rota de Pedro Álvares Cabral, na regata Brasil 500 anos. como: Zbigniew Karkowski (Polônia), Cristof Kurzmann (Áustria), La Kut (Chile), Bernhard Gal (Áustria),
Atualmente, trabalha com arquitetura e construção no Rio de Janeiro. Duplexx, Henrique Iwao, Mário Del Nunzio e Colorir (Brasil). Em 2008, criou o instrumento denominado
quadbox contendo uma coleção de gravações experimentais de vários colaboradores ao redor do mundo.
Cícero Inácio da Silva Em 2007, fez o primeiro curso de Circuit Bending no Brasil, no Plano B – Rio de Janeiro; em seguida
Atualmente, é pesquisador e professor na área de tecnologias digitais, mídias e fundou o Circuit Bending Brasil Group, um fórum
94 coordenador do Grupo de Software Studies, no Brasil. É Pesquisador Associado ao Center for online para discussão e divulgação de: circuit bending, hardware hacking, pure data, open hardware, 95

Research in Computing and the Arts (CRCA), na Universidade da Califórnia, San Diego open software and chiptune music (8 bit music), bem como artistas e eventos relacionados. Foi indicado
(UCSD). Foi Visiting Scholar na Universidade da Califórnia, San Diego (2006-2007/apoio para 8° Edição do Prêmio Sérgio Motta de Arte e Tecnologia. Suas oficinas atingiram mais 700 participan-
CAPES), onde desenvolveu sua pesquisa de pós-doutorado sob orientação de Ted Nelson e tes, em 10 estados do Brasil e outros 4 países, realizadas em universidades federais, museus e entidades
Noah Wardrip-Fruin, e na Brown University (2005/apoio CAPES/MEC), local onde realizou particulares. Criador, junto com chilenos e argentinos, do Sudamérica Experimental, uma plataforma para
parte de sua pesquisa de doutorado junto a pesquisadores como George Landow, Noah compartilhar conhecimento, incentivar a colaboração em projetos relacionados à experimentação musical
Wardrip-Fruin e Roberto Simanowski. É autor do livro “Plato online: nothing, science and e da arte da América Latina, bem como divulgar as ações tomadas. Participou da Virada Cultural em São
technology (All Print), coordenador do Comitê Científico do FILE e do comitê Científico do Paulo realizando uma Maratona de Circuit Bending durante toda a madrugada paulistana. Seus instrumen-
FILE Labo (Qualis A Internacional/2008). Cicero tem organizado congressos e seminários tos são usados pelos seguintes artistas: Li Chin Sung (China), Chelpa Ferro (Brazil), Leo Monteiro
nacionais e internacionais na área de tecnologias digitais, novas mídias e software studies, (Brazil), Douglas Dickel (Brazil), Kruno Jost (Croatia), Sebastian Faeth (Germany), Giuseppe Birardi
tais como os seminários Computing in the Arts na UCSD, Tecnocriações e Estética e Novas (Italy), Jose Ignacio Lopez Ramírez-Gastón (Peru), Peter Gossweiler (Brazil), Cerros (Chile), Pablo Flores
Tecnologias, entre outros. Seus últimos projetos na área de mídias locativas dialogam com (Chile), Productora Mutante (Chile).
os processos de geolocalização (www.GPSart.net) e comunidades virtuais e redes sociais
via GPS (GPSface em www.GPSface.net). Seu mais recente trabalho artístico dialoga com os Daniel Lima
processos de espacialização e localização. Desenvolvido em parceria com Brett Stalbaum, o Bacharel em Artes Plásticas pela Escola de Comunicação e Artes da USP, desde 2001 desenvolve
sistema walkingtools.net e o software HiperGps são ferramentas de produção em software intervenções e interferências no espaço urbano. Próximo de trabalhos coletivos, desenvolve também
livre de arte tecnológica para celulares. Atualmente, coordena, no Brasil, a pesquisa pesquisas relacionadas a mídia, questões raciais e processos educacionais em dois diferentes grupos:
Culturevis (http://culturevis.com), em parceria com o grupo de Software Studies da UCSD, “Frente 3 de Fevereiro” e “Política do Impossível”.
sobre novos formatos de visualização com grandes datasets de informação através do
Des).(centro Hapax
O Des).(centro se constituiu no ano de 2007. Mesmo sendo uma instituição recente, cristaliza o http://hapax.com.br/
resultado do encontro e dos desejos de uma relação íntima entre diversos pesquisadores nas áreas: Composto pelos artistas Daniel Castanheira, Ericson Pires, Ricardo Cutz e o programador Leonardo
artes, ciências humanas, tecnologias, e comunicações. Sua fundação emerge da necessidade de Póvoa. Com formações e carreiras em diversas áreas – poesia, música, teatro, cinema e artes visuais,
trabalho, pesquisa e inovações em áreas que são caras para as novas necessidades de uma sociedade engenharia, cartografia e logística – o grupo se define como um coletivo de arte. Usa como ferramenta em
tecnológica, suas ramificações e suas potencialidades políticas. seus trabalhos um amplo mosaico tecnológico, tensionando hitech e lowtech : samplers, sensores,
Gerado pela convergência de pesquisas e projetos realizados por pessoas ligadas a coletivos, grupos sintetisadores, baterias eletrônicas, rádios UHF. Praticamente todo e qualquer aparato eletro-eletrônico
e ideias como: Mídia Tática, Rádio Livre, Software Livre, Metareciclagem e Netcriticism, o Des).(centro capaz de produzir som faz parte do repertório acionado pelo grupo.
agrega inúmeros projetos e braços que caracterizam sua perspectiva aberta, libertária, descentralizada e O Hapax tem nove anos de existência e surgiu a partir de um desejo real de interferência no meio
cooperativa no modo de realizar conceitos e experiências. público urbano. O trabalho teve início em 2001, com uma performance-instauração, no bairro boêmio da
Pode-se dizer que o Des).(centro é fruto de uma parceria iniciada no Festival Mídia Tática Brasil, em Lapa, Rio de Janeiro, executada nas noites de sexta-feira, durante 8 meses. Sua pesquisa é realizada
2003, e solidificada na experiências do Autolabs, em 2004. Durante a primeira conferência Submidialo- sobre restos de ferro, sucata industrial, objetos capazes de criar e apresentar a sonoridade e os timbres
gia, realizada em Campinas, em outubro de 2005, ocasionou a parceria entre o Instituto Waag Society, de uma música urbana, pop e experimental. Músicas feitas com samples e programação eletrônica,
para velhas e novas mídias, da Holanda, e um grupo de pesquisadores em mídia brasileiros. mixadas com os objetos – verdadeiros ready-mades, assemblagens elaboradas com resíduos provenien-
Os membros do Des).(centro já participaram de importantes conferências de mídia como: N5M, em tes dos mais diversos parques tecno-industriais construídos e desconstruídos durante as performances.
Amsterdã; Transmediale, em Berlim; Digital Storytelling Conference da BBC, no País de Gales e MMKamp,
na Croácia; além de inúmeros eventos sobre comunicação no Brasil. Assim, adquiriram experiência no
96 poder público, no terceiro setor e junto a organizações independentes, somando uma sólida formação de Hilan Bensusan 97

pessoas e uma grande rede de interação e parceiros. http://esquizotrans.wordpress.com/


Doutor em filosofia, autor do livro “ Excessos e excessões, por uma ontologia sem cabimento”, por
Fernando D’Pádua (Bike.mov) vezes se veste de verde para dar apoio incondicional aos sublevados desinteressados, transita pelos
Belém, 1979. Artista, mestrando em Artes pelo Instituto Ciências e Artes/UFPA, desenvolve sua bueiros entre desejos e imitações. Quer deixar os instintos indistintos. Raras vezes sobe nas árvores
pesquisa baseada na construção de bicicletas a partir da reutilização de sucatas e objetos. É professor de parecendo Rellena de Jalapeño.
artes da rede estadual de ensino/PA. Orientou processos criativos de pacientes do Hospital Geral
Psiquiátrico da Penitenciária de Americano, 2008. Coordenou o projeto de rádio comunitária e valorização
da cultura popular na cidade de Colares/ PA. Trabalha em coletivos e atua com práticas de intervenção de Ivana Bentes
rua, através das bicicletas jabiracas, stencil/grafite, e também, mídias táticas. Atuou no Grupo A-9 (Parintins, 1964) é ensaísta, professora, curadora, apresentadora de TV e pesquisadora acadêmica
(2002-05), no Marginália (desde 2004-09), no Corredor Polonês (2001-09), no Grupo Experimental de brasileira. Desde 2006, dirige a Escola de Comunicação da UFRJ. Bentes, especialista em filosofia da
Música e Performance Bonde Andando (2007-09) e Rede [aparelho]-:. estética, em Glauber Rocha e nas questões éticas no campo da produção audiovisual, lançou, no Brasil,
uma das discussões mais polêmicas sobre o cinema brasileiro contemporâneo, quando escreveu sobre a
Fabiane Borges passagem dos temas propostos no manifesto a ‘estética da fome’, lançado por Glauber Rocha nos anos
http://esquizotrans.wordpress.com/ 60, para o que definiu como a “cosmética da fome”, questão que marcou alguns filmes comerciais
Psicóloga, ensaísta, doutoranda em psicologia clínica, pesquisadora de arte e comunicação. Afoita brasileiros a partir dos anos 90. Ensaísta e pesquisadora na área de comunicação e cultura, com ênfase
nos domínios do demasiado, pesquisa micromídias de maneiras megalomaníacas e alforria sonhos nas questões relativas ao papel da comunicação, da produção audiovisual e das novas tecnologias na
carcarás. Quer contaminar coletivos com impulsos anormais para coletivos contaminados. Ama fumaça. cultura contemporânea, Bentes concluiu o doutorado em Comunicação pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro, onde é professora do Programa de Pós Graduação em Comunicação e Cultura, e Diretora da
Escola de Comunicação da UFRJ, desde 2006. Concluiu o mestrado com a dissertação “Percepção e
Verdade: da Filosofia ao Cinema”, e o doutorado com a tese “Biografia e Teoria na obra de Glauber Rocha”, Lala Deheinzelin
na UFRJ. É autora de “Cartas ao Mundo: Glauber Rocha” (organização e introdução, publicado pela editora http://www.criefuturos.com.br/
Companhia das Letras, 1997) e “Joaquim Pedro de Andrade: a revolução intimista” (Editora Relume Especialista em Economia Criativa & Desenvolvimento Sustentável, criou e coordena o movimento
Dumará. 1996). É co-editora da “Revista Cinemais: Cinema e outras questões audiovisuais” e “Revista internacional Crie Futuros. Trabalhando no Brasil e exterior, seu perfil trans-disciplinar possibilitou
Global” (Rede Universidade Nômade). Seus textos podem ser lidos em publicações e eventos relacionados desenvolver metodologias próprias integrando Economia Criativa + Desenvolvimento + Sustentabilidade
às áreas de Comunicação, Artes Visuais, Cinema, Televisão e novas tecnologias da imagem. Tem atuado, + Futuro + Inovação. Tal trabalho mostra porque a Economia Criativa é estratégica no século XXI, as
também, como curadora na área de cinema e arte. Atualmente, suas pesquisas tem se voltado para os oportunidades que oferece e as condições necessárias para seu florescimento, contribuindo para inserir
temas relacionados às Periferias Globais, ao Devir Estético no Capitalismo Cognitivo e ao campo da o tema na agenda de desenvolvimento aos níveis (inter)nacional, estadual e municipal. Sua trajetória tem
Mídia-Arte. Como curadora na área de cinema e arte, desenvolve questões como a relação entre cinema e três fases cujo fio condutor é a busca de competências e experiências que contribuam para processos de
arte, mídia-arte, arte e ativismo, redes colaborativas, arte e cognição, dispositivos. Como curadora, Ivana desenvolvimento através da criatividade e cultura. Assessora, palestrante, consultora, curadora,
Bentes, organizou as mostras: “Retrospectiva Arthur Omar”, (MoMa-NY, 1999, com curadoria de Lawrence facilitadora de cursos e workshops para corporações, governos e instituições internacionais multilaterais
Kardish); “A Lógica do êxtase” (Centro Cultural Banco do Brasil-RJ e CCBB-SP, 2001), “Esplendor dos na formulação de estratégias de inovação, desenvolvimento e cooperação com foco em Futuros
contrários” (CCBB-SP, 2001), “A Favela no cinema” (CCBB-RJ,2001), “A Cultura da favela” (CCBB-RJ e Desejáveis, Cultura, Economia Criativa e Desenvolvimento Sustentável. Sob tal diversidade, encontra-se a
Instituto Goethe de Berlin e Munique, 2002 e 2003), “Uma outra cidade: imagens das periferias (CCBB-DF, pesquisa contínua sobre o uso transversal de ferramentas artísticas e culturais nos processos de
2005). Foi produtora e organizadora, no Brasil, da mostra “O efeito cinema na arte contemporânea” transformação e desenvolvimento, que ganhou força a partir da bolsa-prêmio outorgada pela Fundação
(CCBB-RJ, 2003, com curadoria de Philippe Dubois); curadora da exposição “In situ” (Cine Cinematográfi- Vitae (91). Após criar a Crocodilo Produções Artísticas (setor cultural e artístico / 81), com a ampliação
ca - SP, 2003). Fez a curadoria da “Mostra corpos virtuais” (Centro Cultural Telemar, 2005); a organização do trabalho, a empresa transformou-se na Enthusiasmo Cultural.
98 do “Seminário Mídia da crise ou crise da mídia?”(ECO-UFRJ, 2006) e a coordenação da exposição 99

“Zooprismas: instalações/vídeo/fotografias’, de Arthur Omar (Centro Cultural Telemar/Oi Futuro, 2006). Lourival Cuquinha
Lourival Batista Patriota Neto (Olinda, 1975) é um artista brasileiro. Produz quadros, fotografias,
Jarbas Jacome montagens, instalações, performances, tirolesas, balsas e outras de obras de ver, tocar, aspirar e destruir.
http://jarbasjacome.wordpress.com/ Dedica-se hoje a três projetos: o “Macunaíma Colorau”, iniciado coletivamente em Pernambuco; o
Músico e mestre em Ciência da Computação pelo Cin-UFPE, pesquisando computação gráfica, “Ouvidoria”, junto com o Hrönir, e o “Jack Pound Financial Art Project” ou “Topografia Suada de Londres”,
computação musical e sistemas interativos de tempo real para processamento audiovisual integrado. realizado na Inglaterra pelo programa de residência Artist Links/British Council, em 2009. Prepara-se
Recebeu o Prêmio Sérgio Motta de Arte e Tecnologia 2009 e o Prêmio Rumos Itaú Cultural Arte-CibPernéti- para iniciar um mestrado em Cinema na University of Wales, Newport, UK (mesmo sem graduação eles
ca 2007. Apresentou-se nos eventos: Arte.Mov 2009, Coquetel Molotov 2009, On_Off 2009, Zona Mundi aceitam as pessoas que tem tempo e produções significativas na área).
2009 e Emoção Art.ficial 4.0. Expôs, no FILE-RIO 2009, Continuum 2009 e FILE-SP 2008, a instalação
Crepúsculo dos Ídolos. Sua graduação e mestrado em computação resultaram no software livre ViMus, Marisa Mokarzel
financiado pelo C.E.S.A.R e utilizado em instalações artísticas, institucionais, espetáculos musicais e de Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará e mestre em História da Arte pela Universi-
dança. Foi guitarrista da banda Negroove e do coletivo de arte re:combo. dade Federal do Rio de Janeiro. Professora de História da Arte do curso de Artes Visuais e Tecnologia da
Imagem da Universidade da Amazônia. Pertence ao Conselho Curador do Museu da Universidade Federal
Jorane Castro do Pará. Foi diretora e curadora do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas do Sistema Integrado de
Nascida em Belém, Pará, é diretora/roteirista de mais de 30 filmes, entre ficção e documentários, Museus da Secretaria Executiva de Cultura do Estado do Pará. Realizou juntamente com Rosangela Britto
realizados na Europa, na África e no Brasil. Fotógrafa desde a adolescência, já participou de exposições, a curadoria da exposição inaugural do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas e a idealização do
com fotografias e vídeos. Atualmente, coordena a produtora Cabocla, criada em 2000, para desenvolver Laboratório das Artes, sala projetada para atender mostras experimentais. Tem realizado curadoria para
projetos audiovisuais sobre e na Amazônia. exposições de jovens artistas do Pará. Foi curadora da exposição Carne/Terra de Berna Reale, na Galeria
Kunsthaus, Wiesbaden, Alemanha (2004); do Rumos Visuais do Itaú Cultural 2005/2006; da Mostra Fiat graças à mobilização de uma pequena rede que se expandiu para redes maiores, permitindo alternativas
Brasil 2006 e curadora adjunta da Bienal Naif de Piracicaba 2006. Participou da comissão de seleção do para troca de informação, compartilhamento de ideias e produção de conteúdos digitais. A variedade
Projeto Cultura e Pensamento (2006) do Ministério da Cultura. Integrou júri de seleção do Prêmio Jabuti, desses arquivos, como entrevistas, vinhetas, vídeos e fotos foram intercambiadas e reproduzidas durante
categoria ilustração de livros infantis (1996); júri de seleção do Prêmio Marcantonio Vilaça (2006); Salão as ações de rua, formando um acervo digital, que atualmente, encontra-se espalhado entre redes sociais
Arte Pará (Belém, 2004; 2005; 2006) e Salão de Pequenos Formatos (Belém, 2000, 2006). (orkut, ning), canais de mídia (youtube, picasa,etc) e blogs.

Nacho Durán Ricardo Folhes


www.nachoduran.es Graduado em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras-MG, é especialista em Geoprocessamen-
Nasceu nas Astúrias, Espanha, e mora em São Paulo desde 2001. Produziu vários trabalhos em to pela Universidade Federal de São Carlos e Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade Federal do
novas mídias que têm como elo em comum a pesquisa a e experimentação com micro-cinema, interativi- Pará. Tem experiência em planejamento, desenvolvimento metodológico, aplicação/ produção de
dade e VJing. Foi o criador do primeiro videoblog feito na América do Sul [www.feitoamouse.org/video- cartilhas e relatórios técnicos de projetos de mapeamento participativo de conflitos socioambientais e
blog], em 2003, um diário online experimental formado por vídeos curtos em loop. Ministra palestras/ usos da terra, em assentamentos de reforma agrária, unidades de conservação, comunidades remanes-
oficinas sobre VJing e produção audiovisual para internet e celular, idealizando as oficinas feito.a.mouse, centes de quilombos e comunidades tradicionais em processo de etnogênese na região oeste do estado
que foram realizadas em todas as regiões do Brasil, Bolívia, Colômbia, Cuba, México, Peru e Espanha, em do Pará. Realizou consultoria para diagnóstico da situação fundiária e para elaboração de planos de
mostras, festivais, centros culturais e de inclusão digital. manejo participativos em Reservas Extrativistas nos Estados do Maranhão e do Amazonas. Foi consultor
responsável pelos trabalhos de análise, integração de dados e produção cartográfica do Zoneamento
Mutirão Gambiarra(#mutgamb) Econômico Ecológico da Zona Leste e Calha Norte no Estado do Pará. Experiência em planejamento e
100 Coletivo editorial nascido na rede MetaReciclagem que articula publica鋏es colaborativas sobre temas preleção de palestras, oficinas e cursos de mapeamento participativo e geoprocessamento nos Estados 101

como apropria鈬o criativa de tecnologias, cultura digital experimental e redes colaborativas. veja mais em do Pará e Rio de Janeiro. Atualmente, participa de projetos de pesquisas relacionadas às mudanças no
http://mutgamb.org uso da terra na Amazônia.

Orlando Maneschy Roberta Carvalho


Nasceu em Belém, em 1968. Iniciou na fotografia, em 90 com Miguel Chikaoka, na FotoAtiva. Artes Visuais, Universidade Federal do Pará.
Fotógrafo e videomaker, realiza projetos visuais, utilizando a imagem em suas diversas possibilidades de Artista visual, designer e produtora independente, atua em projetos que envolvem novas mídias, arte
articulação. Realizou, em 99, curadoria da mostra fotográfica “Perspectivas - Cinco Olhares da Amazônia”, eletrônica e intervenção urbana. Realiza, desde o ano 2000, instalações interativas, vídeos, fotografia,
no Mês Internacional da Fotografia de São Paulo. Professor e pesquisador, formado em Comunicação vídeo-instalações e intervenções urbanas.
Social pela Universidade Federal do Pará, e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo, Vencedora de prêmios como Salão Arte Pará, Salão Unama de Pequenos Formatos, Microprojetos da
onde atualmente cursa Doutorado. É consultor da FotoAtiva e integra o grupo “Caixa de Pandora”. Amazônia Legal pela Funarte/MinC, foi bolsista do Instituto de Artes do Pará e da Fundação Ipiranga. Faz
parte de publicações de mapeamento da arte contemporânea brasileira como “Sequestros: Imagem na
Rede [aparelho] Arte Contemporânea, Orlando Maneschy, Edufpa, 2007”. Participou de diversas exposições, entre as
aparelho.comumlab.org quais: “Contiguidades: dos anos 70 a 2000”, no Museu Histórico do Estado do Pará; “Traços e Transições
Coletivizado por artistas, educadores e produtores culturais, vem desenvolvendo, durante anos, Revisitadas” na Casa das 11 Janelas; “Fronteiras Entrecuzadas” com Alex Flemming; “Fotoativa Pará
encontros públicos com práticas de cineclubismo e radiotransmissão, experimentando formas de Cartografias Contemporâneas”, no SESC-SP, 2009; “Primavera dos Museus”, do Ministério da Cultura,
convivência, linguagem e a comunicação entre as comunidades de rua – como feirantes, prostitutas e 2010. Produziu e realizou exposições de artistas como: Acácio Sobral (2008), Coletiva Swimming Pool
vendedores ambulantes – ; a comunidade afroamazônica – hiphop, quilombolas e afroreligiosos; rádios (2008) e Pretérito do Presente. Trabalhou na co-produtora dos projetos “Itinerários - Arte nos coletivos
livres e comunitárias; movimento e organizações cineclubistas. Essas atividades foram construídas Urbanos (Banco da Amazônia, 2006)”; “Festival de Mídias Internacionais Vivo arte.mov Belém, 2010. Foi
FICHA TÉCNICA – ARTE.MOV BELÉM
diretora de arte de eventos como “Arraial da Luz”, de Luiz Braga e do projeto de “Centenário de Líbero
Luxardo”, MIS-PA. Dirigiu artisticamente web sites como os dos fotógrafos Luiz Braga e Guy Veloso, do GESTÃO DE PROGRAMA CURADORIA EXECUTIVA RECEPTIVO & LOGÍSTICA

artista Acácio Sobral e do Fórum de Pesquisa em Arte, UFPA/ICA. É editora, designer e fundadora da Aluizer Malab: Administrativo e Financeiro Gisela Domschke Rádio Cipó Arte & Entretenimento

Revista Não-Lugar - Arte e Cultura Contemporânea, no ar em http://www.naolugar.com.br.


PRODUÇÃO ADM/FINANCEIRO COORDENAÇÃO GRÁFICA
Tal Hadad Isaac Cesar Piva: Articulação de rede Elisangela Gonçalves RKE Design e Comunicação
http://www.globalheartme.com Lucas Bambozzi: Programação

http://www.aparelhagensdacidade.com Marcos Boffa: Produção ASSESSORIA JURÍDICA

Rodrigo Minelli: Comunicação Lúcia Ribeiro MONITORIA

Desenvolveu uma série de projetos em artes sonoras, criações musicais e transmissões, em que as Cinthya Marques

tendências de músicas comuns de cidades globais (Istambul, Pequim, São Paulo) tornam-se territórios GERÊNCIA DE CULTURA VIVO PRODUÇÃO EXECUTIVA Hugo Gomes

experimentais inspiradores de eventos, álbuns e exibições. Seus trabalhos estão intimamente relaciona- Marcos Barreto Giseli Vasconcelos Juan Pablo

dos com multimídia, arte visual e performativa. Introduziu a primeira oficina de aparelhagens na cidade Maristela Fonseca Magoo Rego

de São Paulo, no Festival Verbo, no ano passado. A oficina apresentou ma adaptação urbana utópica das Fabrício Santos CO-PRODUÇÃO Max Andreone

aparelhagens, conceitualizada e desenhada para o centro urbano de São Paulo. Rosana Magalhães Roberta Carvalho e Keyla Sobral/ Romário Alves

Luciana Costa RKE Design e Comunicação

Valzeli Sampaio Marcelo Lívia Condurú/BCB Produções MAKING OF


102 Artista, produtora e curadora independente. Tem experiência na área de produção, pesquisa e crítica Lucas Gouvêa 103

em artes, com ênfase em arte contemporânea, design e novas mídias, atuando principalmente nos OPERAÇÕES DIREÇÃO & COORDENAÇÃO GERAL Maécio Monteiro

seguintes temas: cultura visual, processo de criação, semiótica, novas mídias, arte digital e arte Luiza Thesin Giseli Vasconcelos Mariana Andrade

contemporânea. Possui doutorado e mestrado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Vitor Souza Lima

Católica de São Paulo, graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal do Pará (1987). NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO E ASSESSORIA DE IMPRENSA E COMUNICAÇÃO Samantha Ranny

Atualmente é professora da Faculdade de Artes Visuais do Instituto de Ciências da Arte (ICA/UFPA). ARTICULAÇÃO EM REDE Caco Ishak

Daniel Perini: projetos FOTOGRAFIA

Julião Villas: designer ASSISTENTES DE PRODUÇÃO Adriele Silva

Christiane Tassis: direção de criação e redação Aline Freitas Arthur Leandro

(publicitária) Camila Branco Fernando D’Pádua

Soraia Vilela: criação de conteúdo Edilena Florenzano Lucca Maia

(institucional) Neuton Chagas Renato Reis

Tina Melo: atendimento

MONTAGEM

CURADORIA Loc Engenharia

Lucas Bambozzi

Marcos Bastos SOM & IMAGEM

Jefferson

KProduções
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