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Amazônia Judaica
pela passagem de
seu primeiro decênio
de atividades
EDITORIAL
Boa leitura
3
A IMAGEM
IMAGEN DA
DA CAPA
CAPA
EDITORIAL 3
A IMAGEM DA CAPA 4
CAPA 14
Em Busca Da Terra Da Promissão
CRÔNICA 24
Eu Tenho Uma Estrela
NOSSOS SÁBIOS 26
Rabeinu Hachida Hakadosh
CARTAS DOS LEITORES 29
PÁGINA VERDE 30
MEMÓRIA
A COMUNIDADE ISRAELITA DE
"PEDRA PINTADA" Por: David Salgado
O SEGREDO DA BICICLETA DE
BARTALI
Por Juan Carlos Alvarez
correr graças a seu pai que lhe en- Porém, antes que o “Campeoníssi- Em 1937 uma queda frustrou sua
controu trabalho numa oficina de mo” e ele protagonizassem alguns missão. Havia começado a brilhar
conserto de bicicletas. Seu dono, dos maiores duelos da História do na montanha, porém na descida do
contente com o trabalho de Gino, ciclismo, Bartali era considerado Col de Laffrey caiu de uma ponte.
lhe presenteou com uma e o incen- como o ciclista do regime de Musso- Seus companheiros assustados com
tivou a treinar. A partir de então as lini. Il duce, em seu delírio, sonhava o acidente, olharam pelo precipício
estradas escarpadas da região foram ver um italiano derrotando os fran- e o encontraram no fundo, no ria-
seu espaço natural, o lugar onde ceses no Tour e todos os olhares se cho.
amadureceram as pernas que rivali- voltaram para Bartali, que em 1936 Em 1938 realizou o sonho de Mus-
zariam com as de Coppi no duelo já havia vencido o Giro e era uma solini com uma vantagem sobre o
que dividiu a Itália anos depois. celebridade em todo o país. segundo classificado, com mais
11
de 20 minutos. Quando a estra-
da se empinava, quando o calor e o
pó secavam a garganta, Bartali não
encontrava rival. Porém a 2ª Guerra
Mundial o deixou sem os anos nos
quais poderia ter logrado ranking es-
petacular de vitórias, quando Coppi
ainda era um jovem meritório que
corria ao seu lado.
O que ninguém imaginava é que
naqueles anos obscuros Bartali,
um dos símbolos do Partido Na-
cional Fascista, era na realidade
um dos personagens chaves de
uma organização dedicada a sal-
var a vida dos judeus italianos,
que os alemães queriam enviar aos
fornos crematórios. Gino Bartali
seguia treinando e realizava longas
sessões de treinamento pelas estradas
da Toscana ou Úmbria. Ninguém
podia supor que debaixo do selim
de sua bicicleta transportava docu-
mentos e passaportes destinados aos
judeus que se escondiam em alguns
dos mosteiros italianos.
EM BUSCA DA
TERRA DA
PROMISSÃO
Por: Tânia Cheinfeld Sananes
Família Salgado (da direita para a esquerda,: Ishai, Simone e David), recebe a família Benitah de
Belém em sua residência, em Modiin
15
CAPA
Da direita para a esquerda: Jacob e Helena Benzecry, Dra. Malka Shabtay, Tânia Cheinfeld Sananes,
Noemy Benitah, Débora Foinquinos, Simone, David e Sime Salgado.
religião, a dificuldade em encon- Etiópia. Não existe uma referência existência, mesmo dentro de seu
trar esposa(o) dentre os membros a grupos pequenos e especiais, que próprio país.
da comunidade, o serviço militar e estão à margem da sociedade cen-
a vontade de fazer algo em prol do tral, porém nos últimos anos, vem Essa comunidade, se fez conhecida,
país. se dispertando e pedem para renovar graças as mudanças que vem aconte-
Dos mais adultos, aprendi sobre a a ligação com o povo judeu e com cendo entre seus membros nos últi-
história familiar, como parte da his- Israel. mos anos, e principalmente devido
tória da comunidade, o significado Uma dessas comunidades, é a co- as atividades extensivas e abrangen-
da vida na comunidade judaica na munidade de judeus marroquinos tes de David Salgado que produziu
Amazônia, as mudanças ocorridas vindos da Amazônia brasileira, que um filme sobre a comunidade e jun-
durante os anos, quanto a conversão viviam no "Gan Éden" (Paraíso) na tamente com seu irmão Elias Salga-
e Aliah. Amazônia, e poucos sabiam de sua do, operam um mix de atividades,
INTRODUÇÃO
Os pesquisadores que se ocupam
Uma dessas comunidades, é a comunidade
do debate sobre a formação e per- de judeus marroquinos vindos da
sonalidade da sociedade israelense,
com ênfase na imigração, referem-se Amazônia brasileira, que viviam no "Gan
tão e somente a grupos centrais que
vem influenciando realmente esta
Éden" (Paraíso) na Amazônia, e poucos
formação nos últimos anos, gru- sabiam de sua existência, mesmo dentro
pos como os que vieram da antiga
União Soviética e os imigrantes da de seu próprio país
16 AMAZÔNIA JUDAICA No 7 - ABRIL 2012
projetos e veículos de comunicação, ram também a chamar seus fa-
que une as comunidades na Amazô- miliares e amigos. Assim teve iní-
nia com a comunidade em Israel e cio uma nova diáspora, a diáspora
permite que outras instituições, que para a Eretz Amazônia, a nova Terra
não pertencem a comunidade, a co- da Promissão (Benchimol – Eretz
nheçam e interajam com ela. Amazônia, 2008).
Outras instituições que ajudam a di- Eles chegavam como imigrantes, se
vulgar essas comunidades pequenas misturaram e se adaptaram com a
ao público em geral em Israel, são população local, que por sua vez já
Ong's como Shavei Israel, fundada era composta de imigrantes de ou-
por Michael Freund e acompanha- tras etnias que vieram também para
da pelo Rabino Eliahu Birnbaum,
que busca essas comunidades pelo Bonina,
mundo afora, aprende a conhecê-las Sharon
e trabalha para que se tornem parte e Daniel
do judaísmo e sejam reconhecidas Bemerguy
pelo Estado de Israel.
FUNDAMENTO:
ERETZ AMAZÔNIA – O JARDIM
DO PARAÍSO – A NOVA TERRA
DA PROMISSÃO
O povo judeu, desde seu início,
esta ocupado na busca pela "Terra
Prometida". De acordo com o livro
de Gênesis, essa é a Terra de Israel.
Porém, parece, que nem sempre foi
assim. Os judeus que sofreram com
a Inquisição na Espanha, e depois
em Portugal, foram expulsos ou
abandonaram a força e grande parte a região, principalmente em busca
deles imigrou para o Marrocos, na de um melhor sustento e de uma
esperança de que lá encontrariam melhor maneira de se viver.
sossego e tranquilidade. No início,
como encontraram o que buscavam, INDÍCIOS: "É MUITO DIFÍCIL
acreditaram ter encontrado a "Terra SER, VIVER E FICAR JUDEU EM
Prometida". No entanto, durante o QUALQUER PARTE DO MUNDO
período que ali passaram, sofreram E, SOBRETUDO, NA
também com a miséria, pobreza, AMAZÔNIA"
doenças, epidemias, perseguições e a (BENCHIMOL, 2008).
difícil vida nos "melah's" (guetos do Samuel Benchimol afirma que é di-
Marrocos). No início do século XIX, fícil ser judeu – no mundo em que
começaram a chegar os comentários todo mundo tenta lhe convencer de
sobre a terra "paraíso", que seria en- mudar de religião; difícil também
tão a Eretz Amazônia. Os ligeiros e viver judeu – comer kasher, cum-
mais corajosos judeus marroqui- prir as Mitzvot, jejuns, - quando se
nos resolveram tentar sua sorte, vive num ambiente que nem sem-
e assim vinham e depois passa- pre favorece a isso; e ficar judeu
17
CAPA
UMA OBRA
Marcos Serruya z`l, um dos
raros expoentes da litera-
tura judaico amazônica,
REVISITADA
após pouco mais de um ano
de sua morte, tem a obra
resenhada pela brilhante
Professora PhD em Literatu-
ra Portuguesa, da Universi-
dade de Maryland, Estados
Unidos, Regina Igel
a pesquisar o mistério. Original do
estado do Pará, o autor teve ajuda
de jornalista-investigador para fazer
um levantamento completo da vida
e morte de quem estava sob a lou-
sa. Descobriram que se tratava de
Hana, que viveu no Brasil sob a al-
cunha Ana Júlia, também apelidada
“Cabelos de fogo”, cognome repe-
tido como título do romance semi-
biográfico.
O tópico sobre judias escravizadas
para o comércio carnal fora ante-
C
riormente divulgado em publica-
om excelente prefácio de Iva- vizadas como prostitutas. ções como O ciclo das águas (por
íze Rodrigues, este pequeno Esta é uma história real, pesquisa- Moacyr Scliar), Baile de máscaras
livro dá continuidade a ou- da na região norte do país, onde de (Beatriz Kushnir) e Jovens polacas:
tras obras literárias brasileiras sobre fato viveu uma moça judia, obri- da miséria da Europa à prostituição
o mesmo tema: o comércio e explo- gada a vender sua beleza natural e no Brasil (Esther Largman), en-
ração de moças européias judias no sua juventude (recém iniciada na tre outras obras, artigos e teses. De
começo do século 20. Eram jovens puberdade) a homens sexualmente acordo com o registro bibliográfico,
ingênuas, filhas de famílias arrai- famintos e curiosos em conhecer as os romances acima foram consulta-
gadas em vilarejos habitados por “francesas” e as “polacas” – que, na dos para a reconstituição de parte da
judeus pobres, apegados à religião maior parte, assim ficaram conheci- narrativa sobre “Cabelos de fogo”.
e alheios às maldades do mundo, das as meninas de família que foram Nesta, percebe-se que a experiência
mesmo a de seus correligionários. extraídas, por meio de fraudes, do desta jovem se assemelhou às viven-
Enganadas por rufiões que falavam seu meio-ambiente judaico religioso ciadas por outras milhares de moças
seu idioma e passavam por homens e extremamente ético. vitimadas pela rede internacional de
de bem, elas eram atraídas por pro- A história foi engendrada a partir da traficantes de escravas brancas. No
messas de casamento e uma vida descoberta de um túmulo com uma entanto, a história de sua vida se dis-
melhor longe de sua aldeia natal. data gravada: “1939”. O anonima- tingue das demais pelo fato de ela ter
Enfim eram transportadas aos ma- to da campa, localizada junto a um sido uma menina-moça de marcante
gotes a grandes centros urbanos na dos muros de um cemitério israelita beleza, emoldurada por cabelos ver-
América do Sul, onde ficavam escra- no norte do país, incitou o escritor melhos, forçada a “prestar serviços”
22 AMAZÔNIA JUDAICA No 7 - ABRIL 2012
na floresta amazônica brasileira. História narrada em primeira pes-
Enganada uma vez por um casamen- soa, relata as experiências do autor
to fraudulento na sua terra natal, a em diversas fases de seus estudos da
Polônia, foi enganada pela segunda religião judaica. Estes o levaram a co-
vez por imigrante português, em nhecer um setor dos mais instigantes
território brasileiro. Por um longo e enigmáticos dos escritos religiosos,
tempo, foi recíproco o amor entre a Cabala, ao qual poucos têm acesso,
eles, mas nem por isto ele cumpriu mesmo entre os mais devotados ao
suas promessas de retirá-la da pros- judaísmo. Possuidor de um dom es-
tituição e de casar-se com ela, am- pecial, o de conseguir obter informa-
bas proclamadas no auge da paixão. ções sobre vidas passadas de quem o
Além da grande mágoa cravada em consultasse, o narrador procurou um
Hana pelo abandono do homem, o cabalista (especialista em Cabala), em
legado deixado pelo português foi Israel. O encontro entre eles resultou
uma filhinha, que a moça tentou num processo dirigido pelo visitante
criar sozinha, até que se viu obrigada brasileiro que, ao descobrir a vida pregressa da esposa do sábio da Caba-
a fazer uma doação da criança, um la, a curou de uma obsessão que tinha raízes em sua encarnação anterior.
fato que passou para o lendário lo- Apesar de o título referir-se ao cabalista de Israel, a narrativa, em parte
cal, dadas suas controvérsias. ficcional e em parte autobiográfica, tem como fulcro as atividades extra-
Os descendentes da filha colabora- -sensoriais do narrador. Revelando a história do seu passado, ele infor-
ram na elaboração de parte do ro- ma que foi durante sua pré-adolescência, quando teve amizade com um
mance. Os lados conflituosos sobre a menino de ascendência africana que tinha poderes paranormais, que se
entrega da criança para adoção, que percebeu possuidor dos mesmos atributos esotéricos do seu coleguinha
circulava por Amapá e Pará em duas brasileiro. Desde então, cultivou-os por todos os anos subseqüentes, o
versões, também receberam atenção que o levou a aproximar-se do cabalista de Israel, principalmente para
da investigação (publicada no livro, aprofundar-se no estudo da Cabala.
com fotos e referências). O sábio israelense, apesar de todo o seu conhecimento, sabedoria e pro-
A narrativa envolve ficção de índo- fundidade religiosa, não tinha o alcance extraterrestre que o narrador
le realista entrelaçada à realidade da possuía, judeu descendente de marroquinos, que vivia no Pará. Enquan-
miséria moral das moças aliciadas to o cabalista de Israel abriu caminhos para o aperfeiçoamento religioso
do brasileiro, este salvou o casamento daquele, ao livrar sua esposa de
pela organização Zvi Migdal. Esta
uma dívida moral que ela tinha feito em vida passada.
foi uma poderosa entidade que ge-
O teor do livro é espiritualista, equilibrado em conceitos ritualistas e
renciava bordéis, suas madames e
em fatos tanto ficcionais quanto históricos. A trajetória espiritual do
proxenetas, e prostituição de moças
autor é revivida pelas informações que ele traz às páginas da narrativa,
judias, entre a Europa e as Améri-
revelando encontros pessoais que, na aparência, eram fortuitos. O tem-
cas, tendo seus portos receptivos
po mostrará que cruzamentos casuais com certas pessoas vão fazer parte
principalmente em Buenos Aires, de uma situação que o narrador interpreta como parte de um programa
Santos, Rio de Janeiro e Nova York. que terá sido traçado por intervenção divina.
Este romance não só expõe os infor- A narrativa é singela, plena de relatos sobre acontecimentos inexplicá-
túnios de muitas gerações de jovens veis pelas leis naturais, como o quase afogamento do autor quando em
mulheres no primeiro quartel do sé- trabalho voluntário na época em que era recém formado em Medicina.
culo 20, como também sutilmente Para a perspectiva do narrador, naquela ocasião ele escapou da morte
reclama compreensão e respeito por por um milagre. Este foi um dos episódios que o levaram cada vez mais
aquelas moças ingênuas e humildes, a acreditar no poder divino, a aprofundar-se na religião judaica, a cul-
que foram jogadas na sarjeta da de- tivar seus dons naturais de captar vidas anteriores a esta e a dedicar-se
sumanidade. ao bem.
Cabelos de fogo, por Marcos Serruya.
Edição do autor. Pará: Belém, 2010. O Cabalista, por Marcos Serruya. Pará: Belém, 2008.
132 páginas. Edição do autor. 96 páginas.
23
CRÔNICA
EU TENHO UMA
ESTRELA *
Elias Salgado
T
emo que desta feita, por mais sentença. À época, eu não sabia mui- de”seu reino”: sua família, sua loja, e
que eu tente, não conseguirei to bem como lidar com ela-se deve- de nossa Bôca do Acre. Não se tor-
fazer com que vocês acredi- ria acreditar e levá-lo à sério, mas nou, em minha imaginação, um rei
tem na história que vou lhes contar. muitos anos depois, eu novamente ou super herói como os dos filmes,
Acontece que ela é verídica – e eu a ouviria saindo de sua boca, e hoje, ao contrário, muitas vezes eu o via
e centenas, quiçá milhares de pesso- não restou-me apenas a lembrança falhar. E ao ser tão duro e inflexível
as somos testemunhas. O problema auditiva da sua afirmação e a visual, em suas atitudes, punha abaixo, para
maior será, convencer os incrédulos dele batendo no peito e mostrando a mim ao menos, toda sua áurea real.
de ir até Bôca do Acre para atestá-la. sua Estrela dc David de ouro. Hoje Demorou bastante até que eu en-
Acontece que o velho ditado: “ filho eu tenho a perfeita compreensão do tendesse o que realmente significava
de peixe,...” me caiu muito bem. que aquilo, que para muitos parecia tudo aquilo, aliás só agora, que ele já
Portanto vou insistir e contá-la. pura arrogância e para outros uma não está mais aqui é que compreendi
“Mas, David, o barranco vem leviana encenação, significava para , o que talvez nem ele tenha percebi-
abaixo e vai levar tudo com ele! meu pai, aliás o meu David Hame- do bem: papai não se achava um rei,
Você quer esperar as próximas lech! ele falava de fé, de força protetora e
chuvas e pagar pra ver a loja ser Sim, porque eu tive um pai – rei de apesar de extremamente turrão, ele
levada pelas águas”? carne e osso e até hoje ouço aquela tinha suas certezas baseadas em sua
“Não! Eu não temo as chuvas, ali- voz bradando “Eu tenho uma estre- fé, representada, simbolicamente,
ás eu não temo nada, eu tenho uma la”. por aquela bela estrela.
estrela forte” E ao pronunciar sua Não era um rei como os demais: Mas voltemos ao ponto inicial, à en-
frase predileta ele batia no peito e não possuía uma coroa, um cetro chente, ao barranco por cair e à loja,
mostrava seu Maguen David cheio ou vestes reais, ele apenas, muitas o Bazar das Novidades e seu temido
de orgulho. vezes, agia como se fora o monarca destino.
Não seria aquela a primeira nem a
última vez que papai afirmaria aqui-
lo, ao contrário, inúmeras vezes eu
ainda o ouviria pronunciar aquela
24
A conversa era entre papai e “Mas David é uma fortuna...” E o “meu rei” lá de onde ele está,
“Dodó”, como chamamos, cari- “Pois é o que eu acho, também” continua a sorrir, batendo no peito
nhosamente a Vivaldo, sócio de Porém “Dodô” resolveu pelo sim: e bradando; “eu tenho uma estrela”.
papai. Eles estavam novamente “tudo bem, não vou colocar nosso
discutindo sobre se deveriam ou patrimônio em risco por sua teimo- * O Maguen David que outrora per-
não, fazer um seguro para o “Ba- sia”. E assim o seguro foi feito. tenceu a meu querido pai, o “meu
zar” - aliás, não havia o que discutir, No ano seguinte, quando chegou rei”, David Elmaleh, bar Sime z”l, de
pois, apesar das inúmeras e inúteis novamente a época das chuvas, abençoada memória, agora ornamen-
tentativas de “Dodó” a resposta era uma enchente que mais parecia ta o peito de outro David, também ele
sempre a mesma: um dilúvio, caiu sobre Bôca do “um rei” – David bar Miriam, meu
“Não e pronto! Eu não vou gastar Acre e suas redondezas. amado irmão, cuja estrela, símbolo
dinheiro à toa, a loja não vai cair, te- E todas as casas da Av. Getúlio Var- do orgulho de pertencer a ramo tão
nho certeza!” gas que ficavam do lado da beira do glorioso do povo judeu – os judeus da
Mas daquela feita, “Dodó” resolveu rio vieram a baixo e só o Bazar das Amazônia- quero homenagear pela
insistir um pouco mais, e papai re- Novidades ficou intacto... fundação, há 10 anos do Amazônia
solveu acenar com um meio termo: Acreditem ou não é a mais pura das Judaica, monumento vivo do resgate,
“ Tudo bem. já que você insiste tan- verdades. Ele está lá até hoje: o so- preservação e registro da nossa Histó-
to, vamos fazer, mas com uma con- brado de dois andares, com o de- ria.
dição: se a loja não cair você paga o pósito ao fundo e atrás dele o rio a
seguro do seu bolso, certo?” correr...
25
NOSSOS SÁBIOS
O SANTO REBI
de Fés no Marrocos. Logo de
alguns anos, a família, liderada pelo
patriarca, o santo Rebi Abraham
CHAIM YOSSEF
Azulay se trasladou a Eretz Israel,
estabelecendo-se na cidade de
Hebron.
Querido Eliahu,
Shalom
Claudia Caro, Santiago de Chile
Querido David,
Oi Elias,
29
AMIGOS DO
31
SIDUR NER TAMID
Novo lançamento
da Coleção “Ner”,
elaborado pelo rabino
Moisés Elmescany e
pelo chazan David
Salgado, o Sidur Ner
Tamid (Luz Eterna),
o acompanhará no
dia-a-dia e em
momentos especiais,
como: Brit Milá,
Fadas (Zeved HaBat),
Bar e Bat Mitzvá,
Chupá (casamento),
além de Festas, como
Yom Haatzmaut,
Chanucá e Purim