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RESUMO: Em Goiás surgiu uma colônia na década de 40, CANG, que deu origem a
cidade de Ceres, onde se formou um cluster na área de saúde, composto de hospitais,
clínicas, farmácias e óticas. Esse cluster, tinha uma área de abrangência que atingia o
Norte Goiano, o Estado do Tocantins e até o sul do Estado do Pará e Maranhão. Com a
municipalização da saúde, em 1998, essa área sofreu uma drástica redução, que muito
influenciou no desempenho dessas organizações em aglomerado. Algumas atitudes
podem ser tomadas pelos empresários para se adaptar a essa nova condição ambiental
que a municipalização trouxe, como: estimular a formação de um outro cluster que seja
suplementar; Buscar parcerias com o Governo Estadual e Federal, assim como com uma
universidade, ou a criação de uma faculdade de medicina. Todo este esforço é para um
maior desenvolvimento do município, fortalecimento do cluster de saúde e de todo
empresariado da região.
ABSTRACT: In Goiás a colony appeared in the decade of 40, CANG, that gave origin
the city of Ceres, where he/she was formed a cluster in the area of health, composed of
hospitals, clinics, pharmacies and optics. That cluster, had an inclusion area that reached
North Goiano, the State of Tocantins and to the south of the State of Pará and
Maranhão. With the municipalization of the health, in 1998, that area suffered a drastic
reduction, that a lot influenced in the acting of those organizations in agglomerate.
Some attitudes can be taken by the managers to adapt to that new environmental
condition that the municipalization brought, as: to stimulate the formation of another
cluster that is supplemental; To look for partnerships with the State and Federal
Government, as well as with an university, or the creation of a medicine ability. All this
effort is for a larger development of the municipal district, invigoration of the cluster of
health and of every managers of the area.
Ceres, uma pequena, mas próspera cidade do meio norte goiano, tem uma
História muito interessante do ponto de vista do desbravamento do norte de Goiás.
Porém, muito mais curiosa é a concentração de empresas do setor de saúde que se
instalou desde a sua criação e de lá pra cá só vem aumentando ano a ano. Apesar das
mudanças na política de saúde do governo federal, no que tange a remuneração aos
hospitais, esse cluster consegue se manter forte e crescendo, mesmo com os problemas
causados por essas políticas. Durante este artigo, iremos discutir alguns pontos com
relação às mudanças na área de abrangência desse conglomerado e seus efeitos.
2– AS TEORIAS DA LOCALIZAÇÃO
3 -CLUSTERS
O mercado constitui o local onde os ofertantes expõem suas mercadorias para
vender e os compradores vão adquiri-las. Entretanto, parte desta simplificação foi
superada, quando os pesquisadores começaram a perceber ser o mercado um grupo que
inclui todos os competidores, tanto vendedores quanto compradores de um produto
particular ou de um conjunto de produtos, associado, portanto a duas importantes
dimensões: o produto e a área geográfica.
Entretanto, a literatura econômica vem destacando a importância de uma
nova forma de organização da produção, os chamados clusters, que para Santos
(2001), reconhece-se com este conceito a relevância da proximidade física entre
empresas na geração de externalidades ou economia de aglomeração, na resolução
de problemas comuns através de interação cooperativas e em última instância,
na criação da "eficiência coletiva".
Clusters são concentrações geográficas de organizações interelacionadas, de um
determinado setor, envolvendo um conjunto de indústrias associadas e outras entidades
importantes para a competição. Estão inclusos: fornecedores, canais, clientes,governo,
fabricantes de produtos complementares, universidades, associações de classe e outros
(PORTER, 1998, apud BERNARDO, DA SILVA e SATO, )
Esta aglomeração espacial econômica já formulada por Marshall em
1920, originariamente costumava ser caracterizada a partir dos desdobramentos da
análise dos Distritos Industriais e posteriormente vistos como sistemas flexíveis de
produção estruturada ao nível local .
A Terceira Itália ficou conhecida como uma das experiências bem sucedidas por
ter consolidado o exemplo mais paradigmático e freqüentemente recorrido
como modelo de sucesso deste novo padrão de organização espacial de
atividades produtivas. Este tipo de análise ressalta os possíveis ganhos de
eficiência proporcionados pela especialização produtiva de firmas localizadas em uma
mesma região geográfica, atribuindo particular importância a institucionalidades
subjacente às relações entre agentes econômicos e indutores de colaboração implícita
e explícita entre eles.
A eficiência tecno produtiva e a capacidade inovativa adquirem
especial importância em função das mudanças observadas na dinâmica concorrêncial
de mercados crescentes globalizados, nos quais a integração oferece ganhos no processo
produtivo utilizando competências complementares e se articulam através de práticas
cooperativas.
Assim, a sinergia proporcionada pela combinação de competências
complementares provendo inovações tecnológicas vem se convertendo em fator crucial
para o aumento da competitividade dos agentes produtivos.
As experiências de diversos clusters bem sucedidos, como o Silicon Valley,
na Califórnia, e a Terceira Itália, demonstram que, geralmente, estes clusters têm
surgido espontaneamente e que, à medida que os mesmos evoluem e se fortalecem. É
comum o surgimento de instituições responsáveis pela estruturação de mecanismos de
suporte e pela definição de diretrizes para o desenvolvimento comum das atividades.
Isto, não diminui a importância do papel a ser desempenhado pelo governo na
estruturação desses arranjos ou aglomeração, atuando como facilitador, na
implementação da infra-estrutura e catalisador desse processo.
Neste sentido, o cluster promove o desenvolvimento regional elevando a
um aumento da competitividade, com novas políticas industriais e
inovações tecnológicas.
O cluster aprofunda o tema de desenvolvimento regional. Pela importância que
tem para o sucesso dos arranjos produtivos locais, mantendo uma atração forte por
novos investimentos e, por conseguinte, a atividade econômica regional e o nível de
emprego dentro de curvas ascendentes, muito mais do que uma preocupação essencial
das sociedades locais, tem-se tornado uma busca dos governos como mecanismo para
elevação de renda e produto.
As externalidades associadas aos investimentos em infra-estrutura por parte do
setor público são um exemplo de benéficos que se apropria coletivamente e transfere
para a política dos clusters.
Assim, as localidades terão que ser cada vez mais: capazes de produzirem bens
e serviços de alta qualidade; receptivas às necessidades de seus usuários e ágeis
no oferecimento de serviços menos padronizados; O que se pode concluir é que cada
comunidade terá que encontrar soluções próprias para orientar o seu desenvolvimento.
Desconsiderar as particularidades locais significa, também, desfigurar aquilo que
cada lugar tem de mais precioso, ou seja, sua identidade. Assim, cada comunidade local,
ao enfrentar as mudanças sociais em curso, deve buscar a sua própria forma de
empresariamento.
Neste sentido, o cluster, sendo uma forma de organização de produção
regional que se estrutura a partir da identificação das complementaridades e das
sinergias entre as empresas de um mesmo ramo de atividade, pode fazer com que
a competição e a cooperação coexistam, seja entre empresas ou entre cidades.
Do ponto de vista de pequenas e médias empresas, elas estão se conscientizando
de que clusterizadas ficam mais competitivas, uma vez que têm seus custos de produção
reduzidos, na medida que existe um compartilhamento na oferta de componentes ou
execução de etapas do processo produtivo.
Deve-se reconhecer, segundo Santos (2001), que o acesso aos equipamentos
e matérias primas é relativamente fácil, uma vez que representantes dos fornecedores se
fazem presentes no cluster, devido a economias de escala.
Esta é uma externalidade positiva do cluster. A existência de uma economia
parcialmente consolidada, de uma cultura produtiva na região e de uma mão de
obra relativamente treinada são elementos indicadores do potencial existente no
arranjo.
Estes fatores compõem as chamadas externalidades positivas das
aglomerações produtivas. Uma organização regional comporta cluster de cidades
próximas ou regionais, fortalecendo suas relações cooperativas, podendo-se citar o
exemplo, entre as cidades do Sul do Estado de Minas Gerais: Itajubá, Santa Rita do
Sapucaí e Pouso Alegre. As vantagens locacionais de cada uma para determinada
atividade econômica se complementam entre elas, dando consistência à idéia do cluster
de cidades, o que ali está se formando.
Por outro lado, uma indústria localizada enfrenta algumas desvantagens como
em relação ao mercado de trabalho, se a atividade for de uma só classe. Esta situação,
pode gerar vários problemas como custos de mão-de-obra, dificuldade de reter os
profissionais especialistas no local , entre outros, pois os outros membros da família
podem não conseguir emprego e isso gerar instabilidade familiar. A solução para essa
problemática é a criação de uma indústria de caráter supletivo. Como exemplo, nas
proximidades de indústria de mineração e construção se instalar indústria têxtil, como
forma de empregar as esposas dos mineradores ou operários da construção
(MARSHAL,1985).
Segundo Haddad (2000), isto demonstra que os lugares estão reassumindo uma
importância que haviam perdido na medida em que as transformações são observadas e
sendo sentidos os impactos das estratégias empresariais globais em seu âmago, e não
espaços virtuais, sensibilizando as comunidades, aguçando o senso de oportunidade e
estimulando no seu interior a criação de capacidades produtivas especializadas para
promoção de seu desenvolvimento econômico ambiental e social.
4 – HISTÓRICO DE CERES
Desde o tempo da CANG até os dias de hoje o setor de saúde vem tendo um
crescimento impressionante e continua crescendo ano a ano. Podemos perceber que
essa estrutura possui uma variedade e quantidade muito significativa de áreas de
atividade,desde hospitais especializados a clínicas de odontologia, conforme o quadro
abaixo.
NOME ATIVIDADES
Hospital Centro Materno Infantil Pediatria, Ginecologia, obstetrícia, neonatologia.
de Ceres
Hospital Bom Jesus Clínica Médica, Cirurgia Geral, Urologia,
Gastroenterologia, Oftalmologia, Cardiologia,
Ortopedia, Ginecologia e Otorrinolaringologia.
Hemocentro Hemoterapia
6 – A MUNICIPALIZAÇÃO DA SAÚDE
7 –ÁREA DE ABRANGÊNCIA
8 –CONCLUSÃO
Apesar de apresentar um crescimento constante desde a criação da CANG, O
Cluster de saúde do município de Ceres/Go vem apresentando alguns problemas, entre
eles a redução da sua área de abrangência, como resultado da municipalização da saúde.
Apesar da sua localização estratégica, com a proximidade da rodovia BR-153 e de estar
no centro do Estado de Goiás, isso pode acabar levando a um processo de degeneração
do conglomerado, por apresentar uma óbvia queda de faturamento, levando
conseqüentemente a resultados não satisfaça a seus investidores.
Como enfrentar essa adversidade ? Sabemos que não existem soluções mágicas
e que qualquer intervenção no cluster exigirá um esforço maior dos participantes no
sentido de maior envolvimento e investimentos. Portanto, deixamos algumas sugestões
que poderão se úteis aos participantes desse cluster:
8- BIBLIOGRAFIA:
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