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O Trabalho como Linguagem:

O Gênero no Trabalho *

Elisabeth Souza Lobo

E ste texto p e rco rre um itin e rá rio dos c ateg o ria de t r a b a lh o 1 n a sociologia do
e stu d o s sobre o tra b a lh o fem in in o em suas trab a lh o ?
v á ria s p ro b lem áticas e abo rd ag en s, p riv i­
legiando algum as e as d isc u tin d o à lu z dos
en fo q u es que ilu m in ara m a p ro d u ç ã o no 1. O Trabalho F em inino na Sociologia do
cam p o d a S ociologia e d a H istó ria Social Trabalho Brasileiro
B rasileira.
E m p rim e iro lugar, situ o os espaços do T alv ez em alg u m m om ento nos fin s da
tem a n a Sociologia do T ra b a lh o relacio- d écad a de 70 e início dos anos 80 tivesse
nando-o às p ro b lem ática s do m in an tes. Em sid o possível a firm a r q u e h a v ia no Brasil
segundo lu g ar, tra to de re co n stitu ir as c o n ­ u m d e b ate po lítico e c u ltu ra l in te n so sobre
figurações e p ro b lem ática s nos estudos o tem a do tra b a lh o fem in in o e a té m esm o
so b re trab a lh o fem in in o e trab a lh a d o ra s, q u e, se a p ro d u ç ão sociológica não era
na sua p a rtic u la rid a d e ou nas relações com im p a c ta n te no co n ju n to d a disciplina, pelo
as ab o rd ag e n s da S ociologia do T ra b a lh o m enos p o d e ria ser c o n sid era d a pro m is­
e d a H istó ria Social, a sa b e r: (a) do desen­ sora. 2
v olvim ento e m o d ern ização à divisão se­ M as, se nem do p o n to de vista q u a n ti­
x ual do tra b a lh o ; (b) divisão sexual do tativ o a p ro d u ç ã o sociológica so b re tra b a ­
tra b a lh o : q u alificação , c a rre ira s e su b jetiv i­ lho fem in in o se m u ltip lic o u , com o no caso
d a d e; (c) trab a lh o s do g ê n ero n a sociolo­ de o u tro s países, do p o n to d e v ista q u a li­
gia do trab a lh o . tativ o aconteceu a q u i o m esm o p roblem a
C ada u m a destas três v e rte n te s im plica d iag n o stic ad o p o r B. B ecalli: “a variável
q u estõ es e e n fo q u es p ró p rio s ou a rtic u la ­ sexo n ã o tem u m e statu to c en tra l n a socio­
dos u n s aos o u tro s. T ra to d e d isc u tir pelo logia do tra b a lh o ” , 3 e n e m o tem ta m ­
m enos alguns, sem p re te n d e r um lev a n ta ­ pouco p a ra a eco n o m ia do tra b a lh o , o que
m ento extensivo. P a ra c o n clu ir, volto a tam b é m o c o rre na Itália c o n fo rm e o m esm o
u m a qu estão : o g ênero será m esm o um a diagnóstico.

* N .E . A p re sen te v e rsão fo i a p re se n ta d a no X IV E n c o n tro A n u a l d a A N P O C S , em o u tu ­


b ro de 1990, q u a n d o o b tev e a p ro v aç ão p a ra p u b lic a çã o pelo C onselho E d ito rial do B IB.
A a u to ra p re p a ra v a a v ersão d e fin itiv a q u a n d o fo i c o lh id a pelo a cid en te q u e resu lto u
n a su a m o rte . E m resp eito ao zelo e à m a n e ira c riterio sa q u e ,E lizabeth L obo sem pre
im p rim iu aos seus tra b a lh o s, a E d ito ria do B IB solicitou p e q u en o s esclarecim entos a
H e len a H ira ta , R egina M orei, P aola C appellin, E lina Pessanha, A lice A b re u e M arco
A urélio G a rcia .

BIB, R io d e Jan eiro , n . 31, p p . 7-16, 1." sem estre d e 1991 7


A co m p a raç ã o com o u tra s observações d o s estudos so b re as o p e rá ria s n ã o m odi­
d e B ianca B ecalli p o d e se r sugestiva. E la ficou as definições estab elecid as d a s cate­
a rg u m e n ta q u e p a ra a A ntro p o lo g ia, p a ra gorias a n a lític a s .7
a E conom ia d o T ra b a lh o e a té m esm o p a ra D e fa to a an álise d a q u e stão su p õ e a
a Psicologia o tem a se coloca no c en tro in te rp ela çã o de categ o rias e m etodologias
d a p e sq u isa e m p íric a e d a teo rização . Seria q u e o rie n ta ra m ta n to a h istó ria social q u a n ­
im p en sáv el u m an tro p ó lo g o que ignorasse to a sociologia do tra b a lh o . E m prim eiro
a div isão se x u a l do tra b a lh o ao e stu d a r lu g a r coloca-se a q u estão q u a se consensual
sociedades e m q u e o fu n c io n a m e n to da de q u e é um falso p ro b lem a b u sc a r um a
fa m ília e da eco n o m ia se so b rep õ em , ou, c au sa o riginal d a su b o rd in a çã o d a s m u lh e ­
n o caso dos e co n o m istas do ;tra b a lh o seria res. Isto significa o a b an d o n o d e u m a lógi­
im possível ig n o ra r as conexões e n tre seg­ ca causal fu n d a d a n um a e stru tu ra fa ta lm e n ­
m en tação do m erc ad o , d iferen ças salariais te d e te rm in a n te , p o r um a análise c o m p re en ­
e divisão sexual do tra b a lh o . N a Psicolo­ siva que c o n stró i significações. T rata-se
gia, o re ce n te d e b a te in te rn ac io n al so b re po is d e p e sq u isa r c o m o a su b o rd in a çã o das
os m ecanism os d e fo rm aç ão do iuízo m oral m ulheres se c o n stru iu h isto ric a m e n te , nas
no m ascu lin o e no fe m in in o lev a a té ao p rá tica s, nas c u ltu ra s , nas in s titu iç õ e s .8
q u e stio n a m e n to d o s p a rad ig m a s d a disci­ Sociólogos e h isto ria d o res tra b a lh a ra m
p lin a. N a d a d isso p a rec e o c o rre r n a Socio­ com u m conceito d e classe c o n stru íd o a tra ­
logia do T ra b a lh o ita lia n a q u e p e rm a n ec e vés d e v m a representação m asculina do
em g ran d e p a rte p o u co p erm eável às dis­ o p e rá rio e e m b o ra te n h a sid o afirm ad o
cussões su scitad a s p e la p ro d u ç ã o sobre o incan sav elm en te q u e “a classe o p e rá ria tem
tra b a lh o fem inino. dois sexos” , 9 n a v e rd a d e e ra p reciso reco­
E na Sociologia do T ra b a lh o b ra sile ira ? n h e ce r q u e a classe era m asculina, ou seja,
q u e o conceito re m e tia a. u m a p o sição e stru ­
O s a rg u m en to s d e B ianca B ecalli assin a ­ tu ra l. A an álise d a s p rá tica s diferenciado-
lam q u e o núcleo fo rte d a S ociologia do ras pe rm a n ec ia n u m seg u n d o n ível d e ex­
T ra b a lh o — o e stu d o d a fá b ric a, d o s pos­ plicitação. A p e sa r d o c o n ce ito a p o n ta r p a ra
tos d e tra b a lh o — n ã o in co rp o ro u a p ro ­ u m p a rad ig m a q u e se p re te n d ia u n iv ersal
blem ática do tra b a lh o fem inino. N a Socio­ — d e classe — os e stu d o s so b re as p rá ti­
logia do T ra b a lh o b ra sile ira , o n ú c le o fo rte cas e a consciência o p e rárias v ã o to rn a r
te rá sido, a té q u a se o fin al dos an o s 70, e v id en te q u e se fu n d a v a n u m a g en eraliza­
o dos estu d o s sobre o sindicalism o c o rp o ­ ção d a s p rá tic a s m asculinas.
rativo.'* O s e stu d o s p o sterio res so b re indus­ O cam p o d a sociologia m a rx ista e stá bali­
tria liz aç ã o e a titu d e s o p e rá ria s n ã o se d e ti­ zad o p o r alguns m arco s bem definidos:
veram sobre o tra b a lh o fem inino. A exce­ sociedade de classes, a in d u stria liz aç ã o ca­
ção m ais im p o rta n te te rá sido o e stu d o p ita lista e a lu ta d e classes. A classe, p e n ­
clássico d e A ziz Sim ão que n ã o p o r acaso sad a com o o su je ito tem u m a situ ação es­
se rá o o rie n ta d o r d e u m a das p rim eiras tru tu ra l e posições a p e n a s m atizad as pela
teses so b re tra b a lh o fe m in in o .5 lu ta d e classes q u e p o r sua vez expressa
P e n sa r p o r q u e os estu d o s clássicos sobre as fo rm as d e c o n sciên cia d e classe. A u n i­
a in d u stria liz aç ã o e a e stru tu ra d a classe v e rsalid ad e d a relação d e classe apenas
o p e rá ria b ra sile ira p e rm a n ec e ra m im p er­ ad m ite u m a situ aç ão específica das m u lh e­
m eáveis a sua com p o sição se x u a d a exige res e n q u a n to m ais e x p lo ra d as fre n te ao
u m a discussão teó rica . N a v e rd a d e essa u n iv ersal m ascu lin o . M as sua situ aç ão am bí­
com p o sição foi u m a c ara cte rística bem n íti­ gua no tra b a lh o p ro d u tiv o , n a m e d id a em
d a n a classe tra b a lh a d o ra d a P rim eira R e­ q u e são p re c a ria m e n te o p e rárias, as exclui
p ú b lic a , o n d e as o p e rá ria s têx te is e as d a ciasse o p e rá ria . 10
co stu reiras c o n stitu íam u m p e rce n tu a l im ­ E sta n ã o é u m a ab o rd ag em cronologi­
p o rta n te 8 e, além d e tu d o , p re sen te nas cam en te d a ta d a , m as atravessa u m a linha
lu ta s o p e rárias e n a im p ren sa do p e río d o , de an álise m a rx ista o rto d o x a , fu n d a d a no
p rin c ip a lm e n te a n arq u ista. e stu d o das c o n tra d iç õ e s c ap ital-tra b alh o e
A qu estão d a “ in v isib ilid a d e ” das o p e ­ na consciência d e classe com o “ consciência
rá ria s foi o b jeto d e d ifere n te s ab o rd ag en s: global do seu se r so cial” . 11
n u m p rim e iro m o m e n to pensou-se q u e a O seg u n d o c am p o im p o rta n te n a socio­
“ v iab ilização ” seria possível a p a rtir da logia do tra b a lh o e stá c o n stitu íd o pelas
m ultip licação d o s estu d o s so b re as m u lh e ­ ab o rd ag en s so b re in d u stria liz aç ã o , desen­
res tra b a lh a d o ra s. J. S co tt a p o n to u as difi­ vo lv im en to e m o d ern iza ç ão d o m in a n tes até
cu ld a d es da h isto rio g ra fia p o sitiv ista p a ra os anos 6 0 /7 0 . Se estes estu d o s só o casio:
e x p lic a r p o r q u e a h istó ria o p e rária igno­ n a lm e n te incorporam .,, d e form a descritiva
ra ra as m u lh e res e com o a m u ltip lic aç ão o trab a lh o fe m in in o , é no e n ta n to d e n tro
de seu cam p o teórico q u e se situ am as teses blem ática d a divisão sexual do tra b a lh o foi
e pesquisas p io n e ira s so b re o tra b a lh o fem i­ d e se n v o lv id a já n o s an o s 80.
nino re aliz a d as n o s anos 7 0 .12 N o e n ta n to , o q u a d ro ex p licativ o da
“ m o d ern iza ç ão ” — com o “ p rocesso com ­
2 . A Problem atização do Trabalho p lex o e c o n tra d itó rio d e m u d a n ç a s o c o rri­
Fem inino d a s n o país nas e stru tu ra s p ro d u tiv a s, nas
fo rm as d e org an ização d o tra b a lh o e nas
relações sociais (e n tre classes, .en tre sexos)
a) D o D e se n v o lv im e n to e M odernização à
e q u e c o n d u z ira m a so cied ad e b ra sile ira à
D ivisão S e x u a l d o T ra b a lh o
co n fig u ra çã o p re d o m in a n te m e n te cap italis­
ta e in d u stria l” 15 p erm a n ec e u c o n stan te
N o B rasil d o s an o s 60 e d e p a rte dos
n u m seg u n d o tipo d e ab o rd ag em so b re o
anos 70, a idéia d e q u e as sociedades com
tra b a lh o fe m in in o — d esta vez p e lo ângulo
“p a rtic ip a ç ã o lim ita d a ”, m arc a d a s p o r b a i­
d a “ re p ro d u ç ã o d a s d e sig u ald ad e s” e das
xas tax a s d e crescim en to e conôm ico e p ro ­
“ estratégias d e so b re v iv ên c ia ” .
fundas d isto rçõ e s n a d istrib u iç ão d e re n d a ,
designavam às m u lh e res um p a p e l su b o r­ A fo rm u la çã o d essa p ro b lem ática reflete
d in ad o n a so cied ad e, se a rticu la v a com a já a p re o c u p a ç ã o q u e in v ad e as C iências
Sociais n o B rasil dos anos 70 em to rn o das
trad içã o econ o m icista, p re sen te n o discurso
tran sfo rm a çõ e s nas relações econôm icas e
das C iências S ociais, q u e d e d u zia a su b o r­
sociais — m ig ra çã o , d e g rad a çã o dos salá­
d in aç ão econôm ica à su b o rd in a çã o social
rio s reais, in d u stria liz aç ã o a celerad a. Elas
das m u lh e re s .13
e stão n a ra iz d a e x p an são do tra b a lh o fe­
E stas ab o rd ag e n s g u a rd av a m p o n to s em
m in in o e in fa n til, p erce p tív e l n o final da
c o m u m , o rig in a d o s d o priv ileg iam en to da
d é ca d a. M as o o b jetiv o fu n d a m e n ta l é a
e xplicação e stru tu ra l n a an álise dos tra b a ­
ind ag ação so b re o significado d o tra b a lh o
lhos fem in in o s e n a re fe rê n cia às d ico to ­
fem in in o p a ra a org an ização f a m ilia r.111
m ias tra d ic io n a lism o /m o d e rn iz a ç ã o , su b d e ­
E stes e stu d o s tra z e m u m a c o n trib u içã o
se n v o lv im e n to /d esen v o lv im e n to . S egundo
fu n d a m e n ta l pois associam fam ília e tra ­
sua lógica, a su b o rd in a çã o d a s m u lh e res,
b a lh o . N o e n ta n to , a re fle x ão te n d e a p ri­
p ró p ria às sociedades trad icio n a is, se reso l­ vilegiar a o rg a n iz aç ã o fa m ilia r, e seu p ro ­
v eria p ela m o d ern iz a ç ã o /d e se n v o lv im e n to
jeto estratégico, su b su m in d o in te g ralm en te
das fo rça s p ro d u tiv a s, ou ao c o n trá rio , a
a s m u lh e res com o a to re s sociais. P e rm a ­
m o d ern iza ç ão e o d e sen v o lv im en to c a p ita ­ nece isto sim a relação e n tre v id a fa m i­
lista a ce n tu a v a m a su b o rd in a ç ã o d a s m u­ lia r e m ercad o d e tra b a lh o e a d ife re n ­
lh eres n a so cied ad e de classe e sua e x clu ­
ciação n a fo rm u la çã o d a s e stratég ia s fam i­
são do m ercad o de tra b a lh o in d u stria l (tese
liares seg u n d o as d iferen ciaçõ es dos grupos
d e S affio tti) e d a p ro d u ç ã o ag ríc o la (tese
sociais. N o v a m en te n ã o se tra ta d e um a
de M ad eira e S inger). lin h a de ab o rd ag em d a ta d a , m as q u e in fo r­
A an álise do tra b a lh o fem in in o p a rtia m a fu n d a m e n ta lm e n te as p e sq u isas sobre
de u m a e v id ên cia e m p írica — a d im in u i­ m ercad o d e tra b a lh o . U m a p esq u isa re ce n ­
ção d a m ão-de-obra fem in in a n a in d ú stria te so b re m erc ad o d e tra b a lh o n a G ra n d e
têxtil d u ra n te os an o s 50, 60 e 70, e na S ão P a u lo re to m a algum as teses so b re a
a p lic aç ão d a h ip ó te se d e M arx so b re a a rticu la çã o tra b a lh o p ro d u tiv o e e sp a ço de
força d e tra b a lh o fem in in a co m o p a rte do re p ro d u ç ã o — a fam ília, e do trab a lh o
ex ército in d u stria l d e re serv a . A hip ó tese fem in in o com o p a rte d a e stratég ia fam iliar,
parecia p e rtin e n te u m a vez q u e e fe tiv a ­ sen d o o rg a n iz ad o pelo g ru p o fam iliar,
m en te se o bservou u m decréscim o d a m ão- a c re sc en tan d o com o terc eira característica
d e-o b ra fe m in in a n a in d ú stria e q u e as b ásica e e stru tu ra l so b re a n a tu re z a do tra ­
c a ra cte rística s d a in se rçã o d a s m u lh e res no b a lh o fem in in o o fa to d e q u e ele se inse­
tra b a lh o in d u stria l c o rre sp o n d ia m a um p e r­
re n o q u a d ro d a D ivisão S exual d o T ra ­
fil de in te rm itê n c ia , b a ix a s q u a lifica çõ e s e
baixos salários, u m p e rfil q u e C h eiw a b a lh o d e c o rre n te d a divisão sexual dos
S p in d e l c a ra c te riz a ra co m o o d e “ tra b a ­ papéis n a s o c ie d a d e .17
lh ad o re s d e m e n o r v a lo r”, u tiliza d as pelo A im p o rtâ n cia d esta a b o rd ag e m em ter­
cap italism o co m o ex ce d en te d e m ão-de-obra m os d e “ v iab iliz aç ã o ” é n o v a m e n te in d is­
su b m e tid a s a a lta s ta x a s d e e x p lo r a ç ã o .14 cu tív el, no e n ta n to , o p ro b lem a c o n siste na
E stas p e sq u isas c o n trib u íra m larg a m e n te visão e stru tu ra l so b re a n a tu re z a d o tra b a ­
p a ra o processo d e “ v isib iliza çã o ” d o tr a ­ lho fem in in o o q u e im pede a p ro b le m a ti­
balh o fem in in o , e su a s h ip ó teses so b re as z ação das fo rm as h istó ricas e c u lfu ra is da
m u lh e res co m o ex érc ito in d u stria l d e re­ divisão se x u a l do tra b a lh o e fixa-as em
serva só fo ra m c o n te sta d a s q u a n d o a p ro ­ term os d e re p ro d u ç ã o dos p a p é is sociais.

9
b) D ivisão S e x u a l d o Trabalho: as m eta ­ e m p reg ad o s de m ão-de-obra fem in in a ou
m o rfo ses d e u m a p roblem ática m asculina. P o r o u tro lad o as tra je tó ria s p ro ­
fissionais se a rticu la m d ifere n te m en te com
A s p e sq u isas so b re o tra b a lh o fem in in o qualificaçõ es, p a r a o o e rário s e op erárias.
a rticu la d as à d in âm ica do m ercado de tr a ­ E stas ten d e m a v o lta r ao tra b a lh o in d u s­
b a lh o a p o n ta ra m a segregaçãç o cu p ac io n a l tria l, pa ssa d a a crise, n a ra z ã o d ireta de
— os g ra n d es “ guetos o c u p ac io n a is” da sua q u alificação . P o r o u tro la d o , os e stu ­
m ão-de-obra fe m in in a .18 E ste p ro b lem a se dos d a re p a rtiç ã o d o s postos d e tra b a lh o
vê re fo rç a d o pelas teses so b re a segm enta­ e das qu alificaçõ es m ascu lin as e fem ininas
ção do m ercad o d e tra b a lh o q u e incluiu m o stram q u e “o c o n ju n to d a m ão-de-obra
as m u lh e res n o s g ru p o s d e m ão-de-obra fem in in a n ã o e stá m arc ad o p e la p recarie­
se c u n d ária — c ara cte riz ad o s p e la in stab ili­ d a d e e a in sta b ilid a d e e q u e as teo rias de
d a d e, baixos sa lário s e d e sq u a lific a ç ã o .19 seg m en tação a o a n alisare m a ocu p ação
O s e stu d o s so b re m ercad o d e trab a lh o fem in in a sob reestim am os m ecanism os de
incluem a v a riá v e l fem in in a, m as só aque- m erc ad o e subestim am as fo rm as d e segre­
las(es) m ais p a rtic u la rm e n te p re o cu p a d as gação no processo d e tra b a lh o ” . 21
(os) com o tra b a lh o fe m in in o v ã o se in te r­ P a ra le la m en te , o q u e stio n a m en to e a re ­
ro g a r m ais d e tid a m e n te sobre a relação d efin ição d a s q u a lifica çõ e s — q u e se to r­
se x o /m e rc a d o . n a rá um a q u e stã o c en tra l p a ra a sociolo­
P o r o u tro lad o , n o c o n te x to d a Sociolo­ g ia do tra b a lh o face às m u d an ç as tecno­
gia do T ra b a lh o b ra sile ira se desenvolve lógicas no pro cesso d e tra b a lh o , está igual­
no início d o s anos 80 a p esquisa so b re p ro ­ m en te su scitad o p e la divisão sexual do tra ­
cesso de tra b a lh o , e o rg an ização d o tra b a ­ b a lh o ao a p o n ta r os c ritério s de qu alifi­
lho fa b ril. N ão se tra ta a q u i de a n a lisa r cação m asculinos e fem in in o s — “os tale n ­
em d e ta lh e co m o este n ú c le o d u ro da so­ tos das m u lh e res e a q u a lifica çã o dos
ciologia do tra b a lh o se co n stitu i e se e x ­ h o m en s” . O u tro tem a fo rte d a sociologia
p a n d e , as in flu ê n cia s e tra je tó ria s d e sua do tra b a lh o — as estratégias d a gestão
co n stitu içã o com o c am p o d e pesquisa. O a p o n ta m as d ifere n cia çõ e s e n tre m ecanis­
c e rto é q u e p a ssa a se r u m a tem á tica im ­ m o s d e stin a d o s a u m a m ão-de-obra m asculi­
p o rta n te e o n d e os estu d o s so b re o tra b a ­ n a e fe m inina: a im p o rtâ n c ia d iferen ciad a
lho fem in in o fa b ril e n co n tram um espaço. da fo rm aç ão d e m ão-de-obra, d o s in cen ti­
A ten ta çã o p o sitiv ista sem p re p o d e suge­ vos sociais, d a e stab ilid a d e q u a n d o dirigi­
rir que um a vez d e n tro d a fá b ric a e d ian te dos a o p e rário s ou o p e rárias.
da diferenciação en tre operárias e o p e rá ­ M as m u ito m ais do q u e as prccisões p o n ­
rios, p esq u isad o res(as) fo ram levados(as) a tuais que a p ro b lem atiza ç ão em term os de
p ro b le m a tiz a r esta d iferen ciação , m as os divisão sexual d o tra b a lh o p e rm itiu p a ra
m u ito s exem plos em q u e o sexo dos(as) a an álise em p írica n a s p esq u isas n a socio­
o p erário s(as) p e rm a n ec e o c u lto afasta m a logia do tra b a lh o , parece-m e fu n d a m e n ta l
ilu são p o sitiv ista . N a v e rd a d e , fo ram m u ito a p ro b lem atiza ç ão d a s q u alificaçõ es, das
m ais as(os) p e sq u isa d o ras(e s) que já e stu d a ­ tra je tó ria s o cu p ac io n a is e d a s fo rm as de
vam o tra b a lh o fe m in in o que p ro b lem ati- g estão com o co n stru çõ e s h istó ric a s e sociais
z a ra m a div isão sexual do tra b a lh o na com o a p o n ta v a m os p rim eiro s tra b a lh o s de
f á b ric a .20 R u th M ilk m an , a o e stu d a r a in d ú stria elé­
O s a p o rte s teó rico s m ais im ed iato s in ci­ trica e au to m o b ilística . É c erto , no e n ta n to
dem no q u e stio n a m e n to d a s teo rias do q u e p a rte d a p ro d u ç ã o , esp ecialm en te b ra ­
ex ército in d u stria l d e reserv a e d a segm en­ sileira que p ro b le m a tiz o u a d iv isão sexual
tação do m erc ad o d e tra b a lh o , n o e stu d o do tra b a lh o , o fez a in d a re la cio n a n d o d ivi­
são sexua! d o trabalho e p a tria rc a d o .22 A
d a s q u a lifica çõ e s e d a gestão d a m ão-de-
fo rm u la çã o do p a tria rc a d o , m esm o relati-
o b ra . A s pesquisas d e H ira ta & H u m p h re y
v izad a p elas d iferen ciaçõ es h istó ric a s, p e r­
so b re as tra je tó ria s p rofissionais o p e rárias
m an ece n o q u a d ro de referên cias a um a
no p e río d o d a crise d e 1981 a 1983 e a re to ­
e stru tu ra d e te rm in a n te , fu n d a d a n a s bases
m ad a eco n ô m ica após o P la n o C ru z ad o m ate ria is. D e u m a c erta fo rm a , o p a tria r­
p erm itiram re la c io n a r divisão sexual do tra ­ c ad o fu n d a a d iv isão sexual d o tra b a lh o e
balho e d in âm ica d o m ercado d e tra b a lh o é p o r sua vez fu n d a d o n a s b ases m ate­
conclu in d o q u e as o p e rá ria s não são sim ­ riais d a sociedade. O u , o q u e m e p arece
plesm ente su b stitu íd a s p o r o p e rário s, nem seguir u m ra cio cín io se m elh an te: as rela­
estes p o r a q u elas. A div isão sexual do tra ­ ções sociais o rg a n iz am as divisões d a socie­
b a lh o ten d e a p re se rv a r o e q u ilíb rio e n tre d ad e e a divisão sexual d o tra b a lh o é um
em p reg o fem in in o e m asculino, c o n fo rm e a locus fu n d a m e n ta l das relações e n tre os
dinâm ica d e em p re g o d o s d istin to s setores sexos. A h isto ric id ad e d a divisão sexual do

10
tra b a lh o e seu c o n te ú d o de c o n stru çã o C y n th ia C o k b u rn , “ re m e te n d o talv e z m ais
c u ltu ra l m e parecem a q u i p e rd id o s n a m e­ pre cisa m e n te a o p e rc u rso d a p ro d u ç ão
d id a em que se restab elecem relações de anglo-saxônia, u m a vez q u e o p e rcu rso
d e te rm in a çã o e stru tu ra l. C om o a p o n ta d a p ro d u ç ã o fran c e sa , p o r exem p lo , p assa
S heila R o w b o th a n , a p a la v ra “ p a tria rc a d o ” talvez m ais p elas fo rm u la çõ e s da psicopa-
c o lo ca m u ito s pro b lem as: re m e íe a u m a tologia do trabalho. N ã o existem á reas
form a u n iv ersal e h istó ric a d e opressão, se p a ra d a s in stitu c io n a lm e n te d a v id a social
com fo rtes m arcas biolo g izan tes ou a in d a nas q u a is as fo rm as d e c o n sciên cia se cons­
p ro d u z “ um m o d elo fem in ista d e base-su- titu e m : m en ta lid ad e s e su b je tiv id ad e s se
p e re s tru tu ra ”, u m a e stru tu ra fix a, e n q u a n ­ form am e se expressam em c ad a esfera dã
to q u e as relações e n tre h o m en s e m u lh e­ e x istê n c ia ” — in clu siv e no tra b a lh o e,
res sã o ta n to m u tá v e is q u a n to fazem p a rte inclusive, n o tra b a lh o tecnológico. 25
d e h e ra n ç a s c u ltu ra is e in stitu c io n a is, im ­ V ários c am in h o s a p o n ta m p a ra as fo r­
p licam re cip ro c id a d e s ta n to q u a n to a n ta ­ m as h istó ricas e c u ltu ra is d a s relaçõ es de
gonism os. 23 tra b a lh o , e m ais a in d a p a ra a relação de
C om o co n ce ito p e rtin e n te p a ra p e n sa r tra b a lh o com o in te raç ã o q u e en v o lv e su b ­
as re la çõ e s no tra b a lh o — q u e são um jetiv id a d es. O gênero é u m a das d im e n ­
a sp ecto das relações sociais e n tre hom ens sões d e stas su b je tiv id ad e s. Q u a n d o a re la ­
e m u lh eres, a divisão sexual do tra b a lh o ção d e tra b a lh o se c rista liz a ou se u n iv e r­
n ã o esgota a p ro b lem ática destas relaçõ es, saliza — a s e stratég ia s e m p re sa ria is e as
n a m ed id a em q u e elas co m p o rtam cons­ p rá tic a s d e tra b a lh o tornam -se efeito s de
truções c u ltu rais e histó ricas, in te rd e p e n ­ lógicas a b stra ta s a p e n a s a d je tiv a d a s pela
d entes e c o m p le m e n ta re s. A s relações e n tre v id a q u o tid ia n a .
h o m en s e m u lh e res sã o v iv id as e p en sad as M as se o tra b a lh o d e ix a d e ser um a o p e ­
e n q u a n to relações e n tre o q u e é d e fin id o ra çã o física q u e en v o lv e u m a “ fo rç a de
com o m ascu lin o e fem in in o — os gêneros. tra b a lh o e se to rn a u m a p rá tic a c o m u n i­
N este sen tid o a d iv isão sexual do tra b a lh o c ativ a, nem os gestos, nem a linguagem da
é u m dos m u ito s Iocus d a s relações d e gê­ gestão e d as(o s) trab a lh a d o ra s(es) p o d e ser
n ero. P o r q u e o uso do g ênero com o c a te ­ g en eralizad a. E a gesíão m esm o c o m p re en ­
goria a n a lític a ? P o rq u e ju stam e n te cons­ d e isto q u a n d o tra b a lh a c ad a vez m ais com
trói a o m esm o tem p o u m a re la çã o s o c ia l/ linguagens in d iv id u a liz ad a s, q u a n d o apela
sim b ó lica sem estab e le c er u m a m ecânica de à p a rtic ip a ç ã o ” . O g ênero a p o n ta então
d e te rm in a ç ã o .24 p a ra esta no v a q u e stã o q u e persegue a
D e fato, a p ro b lem ática d a D ivisão S e­ sociologia do tra b a lh o ; a re d e fin iç ã o da
xual do T ra b a lh o se a rticu la com a c ate ­ p ró p ria relação (ou m elh o r, in teração ) do
go ria g ê n ero e a b re e sp a ço p a ra se p en sar tr a b a lh o .20
as n o v as q u estõ es q u e p re o cu p a m a socio­ A qui se colocam v á ria s q u estõ es re la ­
logia d o trabalho: as “m e ta m o rfo se s” do tivas à fo rm a çã o d e coletivos e à possi­
tra b a lh o e o seu q u e stio n a m en to , a su b ­ b ilid a d e d e p rá tica s coletivas. T ra d ic io n a l­
jetiv id a d e no trab a lh o , e as id e n tid a d e s no m en te se a p o n ta m as d ific u ld ad e s d e ações
tra b a lh o , o p ro b lem a d e ig u ald a d e e d ife ­ coletivas e n tre as tra b a lh a d o ra s — seja
renças e as fo rm as c o n te m p o râ n e as da n o s estu d o s de greves, seja nos estu d o s
gestão e d e p o lítica s sociais. d e caso. A s p rá tic a s coletivas são pois
m esm o q u e in v o lu n ta ria m e n te sexualizadas.
c) O s T ra b a lh o s do G ênero na Sociologia assim com o as relações com a tecnologia
d o T rabalho ou com a fo rm aç ão pro fissio n al ou com
as carreiras.
A c ateg o ria n ã o é p ró p ria da sociologia A q u i, n o v a m e n te, m ais além d a descri­
do tra b a lh o . P a ra ch eg a r a e la, seja-m e per­ ção em p írica d a s diferen ças, abre-se o ca­
m itid o p e rc o rre r um cam in h o d u p lam e n te m in h o p a ra u m a p ro b lem atiza ç ão de d ife ­
h e tero d o x o — ao cam p o d a sociologia do re n ça s e iguald ad es.
tra b a lh o e a um c o n ju n to d e conceitos. Se as relações com o tra b a lh o e com o
P o r um lad o o conceito re m e te à cons­ em prego são d ifere n te s e n tre h o m en s e
tru çã o de significados c u ltu rais. N o cam po m u lh e res, isto significa q u e se devem cris­
específico d a s relações d e tra b a lh o , estes ta liz a r c a rre ira s d ifere n te s, m esm o que
sig n ificad o s fo ram c o n stru íd o s na m u ltip li­ p a ralela s em term o s d e q u alificaçõ es, pos­
cação dos estu d o s d a h istó ria social e dos tos, sa lário s, pro m o çõ es? O s e stu d o s de
e stu d o s d e c u ltu ra . F o ram estes estudos caso a p o n ta m e sta com o a so lu ção m ais
q u e g eraram u m a n o v a linguagem para fr e q ü e n te .27 P o r o u tro lad o , n o co n tex to
fa la r d a su b je tiv id ad e n o tra b a lh o , a p o n ta b ra sile iro , a p ro b le m á tic a d a igualdade,

11
d ife re n ç a n o tra b a lh o , é a in d a q u a se um a p resen tes n o m u n d o do tra b a lh o . M as, o b ­
re fe rê n cia te ó ric a , a tu a liz ad a a p en as no se rv a B ianca B ecalli: “ a idéia d e q u e a
tem a d a d ifere n cia çã o pela legislação do id en tid ad e co letiv a fem in in a p ossa se r um
tra b a lh o so b re a m a te rn id a d e e so b re a a sp ecto sig n ificativ o da id e n tid a d e d e clas­
a p o se n ta d o ria . Q u a n d o é n ecessário con­ se p e rm a n ec e em g e ral a u se n te do d e b ate
te m p la r d ifere n ça s e n tre tra b a lh a d o re s e p o lítico o u d a in vestigação dos e stu d io so s”.
tra b a lh a d o ra s, q u a n d o é necessário e v ita r C y n th ia C o k b u rn , p o r su a vez, a v a n ç a a
crista liz aç ão d e d iferen ças que criem situ a ­ h ip ó te se d e q u e “ a lu ta em q u e m uitas
ções d e d e sig u a ld a d e ? A ten d ên cia de um a m u lh eres e stão h o je engajadas b u scando
legislação p ro te to ra das m u lh e res tra b a lh a ­ o b te r c o m p etên cia téc n ica n a ciên cia, na
do ras, e sp e cialm en te no q u e d iz respeito e n g en h a ria , n a s salas d e a u la o u n o s locais
à m a te rn id a d e é e n ra iz a d a na legislação d e trab a lh o é u m a lu ta m u ito m ais ‘pela
tra b a lh is ta b ra sile ira e am b ig u am en te, a d e sm ascu lim z aç áo ’ d o q u e p e la q u a lifica ­
p o ssib ilid a d e d a a p o se n ta d o ria m ais cedo ç ã o ”, 28
reforça esta proteção m esm o se sob o a rg u ­ O q u e o c o rre é q u e tra b a lh a m o s ain d a,
m en to ju sto do re co n h e cim en to d a “ d u p la e especialm ente n a S ociologia d o T ra b a lh o
jo rn a d a ” das m u lh eres. b rasileira com con ceito s fu n d a d o s em re ­
O gênero fo rn ece a q u i os c ritério s p a ra lações e stru tu ra is o n d e as rep resen taçõ es
a d efinição d e p o lítica s sociais ta n to q u a n ­ sim bólicas, as linguagens são n e u tra s: as
to p a ra as e stratég ia s d e gestão e o rgani­ linguagens d e classe com o as linguagens
zaç ão do tra b a lh o m esm o se a d iferen ça d o trab a lh o .
de g ênero n ã o e stá e x p lic itad a n o s d isc u r­ M as, se chegarm os a c o n ce itu a r as lin ­
sos. Logo, a n o ç ão d e gênero re m e te ao guagens do tra b a lh o , talvez o gênero, p o r
discu rso so b re o m ascu lin o e o fem inino, defin ição , ten h a fin alm en te u m lu g a r na
n aq u ilo que p a re c ia se r ex clu siv am en te um a sociologia d a q u ilo q u e v irá a se r o tra b a ­
re la ç ã o té c n ic o /o rg a m z a tiv a . N e ste se n tid o lho n a so cied ad e b ra sile ira .
o u so do g ênero n a sociologia d o tra b a lh o
coincide com a p ro b lem atiza ç ão das sub- (R e c e b id o para publicação
jetiv id a d es e tam bém com as id en tid ad e s e m o u tu b ro d e 1990)

N otas

í. R em eto ao títu lo d o artig o d e S co tt (1988).

2. V e r B ecalli (1989).

3. Id e m , p. 187.

4 . M esm o q u e a lg u n s dos estu d o s clássicos te n h a m re la cio n a d o m ais e streitam en te in ­


d u strializa çã o e com p o sição d a fo rç a d e tra b a lh o , e p o r isso m esm o te n h a m sid o levados
a a p o n ta r a p re sen ç a d a s m u lh eres, a ssin a la n d o sua segregação no m u n d o fa b ril. V er
Sim ão (1981).

5. Blay (1978).

6. 33,7% do p ro le ta ria d o in d u stria l seg u n d o o C enso de 1920 c itad o p o r P e n a (1981:92).

7. S c o tt (1988:17).

8. Y e r tam b é m C o k b u rn (1990) e M ilk m a n (1987). O bserva-se a m esm a a b o rd ag e m —


a in d a que com im plicaçõ es d ifere n te s — em K e rg o at (1990).

9. V er os tra b a lh o s d e K erg o at (1978) e R o d rig u es (1978).

10. Q u a n d o n ã o ignora o sexo dos o p e rário s, a análise se p a ra as o p e rárias d a classe:


“ o frágif v ín cu lo q u e a m u lh e r m antém com a co n d ição o p e rá ria p ro d u z um e stad o , por
assim d izer, d e a p a tia p rofissional. Em n e n h u m m om ento d a p e sq u isa pôde-se c o n sta ta r
a p a rtic ip a ç ã o fe m in in a nos. c o n flito s tra b a lh ista s. Pelo. c o n trá rio , as o p e rárias sem pre
a p are ce m com o um gru p o à p a rte , desin teressad o e au se n te dos p ro b lem as d a classe".
(F re d eric o , 1979:58).

12
11. V e r e n tre o u tro s A n tu n e s (1988:176). A c ita çã o é d e M észáro s, I, 1973.

12. V e r em p a rtic u la r os tra b a lh o s de S a ffio tti (1976), Blay (1978), M a d e ira e Singer
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15. V e r H ira ta (1988).

16. V e r Bilac (1978).

17. V e r F e rre ira (1989). P a ra u m a p e rs p e c tiv a ,p a i s d ifere n cia d a, v e r M o n ta ü (1990:58-


69) e Silva T elles (1986: C ap. V I e C onclusão).

18. V er B ru sch in i (1988).

19. V e r S a ffio tti (1981).

20. V e r H ira ta (Í9 8 1 ), H u m p h re y (1984), A b reu (1986) e L obo e Soares (1986).

21. V er H ira ta e H u m p h re y (1988), e H ira ta (1990), S ilv a ,(1985) e N eves (1983).


K "

2 2 . V e r M ilk m a n (1987). E lida R u b in i L ied k e no se u d e ta lh a d o e ric o e stu d o re m e te


a o p a tria rc a d o n a su a d efin ição clássica d e “ e stru tu ra ç ã o d e relações sociais e n tre hom ens
e m u lh e res cujas b ases m a te ria is encontram -se n o s m o d o s co m o as sociedades h isto ric a ­
m en te d a d as o rg a n iz am suas v id a s, as form ulações id eológicas do p a tria rc a d o fazem
p a rte d a h eg em o n ia c u ltu ra l nessas so c ied a d es” (L ied k e, 1989:12).

23. V e r K erg o at (1990) e R o w b o th a n (1984:248-256).

2 4 . V e r V a rik a s (1990). E so b re os usos do gênero v e r esp e cialm en te S co tt (1988:28).


U m a te n ta tiv a de an álise nestes term o s está e m L obo e S oares (1986) e L obo (1989:275-294).

2 5 . V e r C o k b u rn (1990). A c ita çã o é d e Jo h n so n (1979). P a ra a discussão inglesa ver


S co tt (1988) e S am uel (1984). P a ra u m a sín tese de discussões n a F ra n ç a v e r D ejo u rs
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26. V e r P h ilip p e Z a rifia n (1990) e H ira ta (1990).

27. A ex istên cia d e c a rre ira s p a ralela s está a p o n ta d a n a p e sq u isa de L iedke, H ira ta e
H u m p h re y (1988) e L obo e S o ares (1986).

28. V e r B ecalli (1989:196) e C o k b u rn (1990:12).

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