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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

ESTRUTURAS DE CONCRETO II

PILARES

PROF. RONALDSON CARNEIRO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - INST. DE TECNOLOGIA - FACULDADE DE ENG. CIVIL
ESTRUTURAS DE CONCRETO II - Prof. RONALDSON CARNEIRO - versão: dez/2014

1. DEFINIÇÃO DE PILARES (NBR 6118:2014)


“Elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical,
em que as forças normais de compressão são preponderantes”. Nas
estruturas usuais, as cargas atuantes nas lajes são transmitidas para as
vigas e destas para os pilares, andar a andar, até as fundações. Os pilares
são também responsáveis pela estabilidade horizontal da estrutura,
garantida pelo contraventamento formado por pórticos (vigas e pilares)
e/ou pilares parede (pilares em que a maior dimensão supera em cinco
vezes a menor).

2. TIPOS DE SOLICITAÇÃO
2.1 Compressão centrada, simples ou axial
Quando apenas forças axiais são aplicadas no eixo do
pilar, podendo ser desprezados os momentos fletores
(pilares internos)

2.2 Flexão composta (reta ou oblíqua)


Quando, além do esforço normal, aparece(m)
momento(s) fletor(es) solicitando o pilar. Os momentos têm origens
diversas:
a. Excentricidade da carga

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b. Em razão de imperfeições geométricas

c. Como resultado da ligação viga – pilar (para pilares de extremidade


e de canto)

Os momentos e excentricidades ilustradas nos itens anteriores,


provocados por desvios da carga ou pelo carregamento, são denominados
de momentos e excentricidades de 1a ordem, ou seja, M1 e e1.

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d. Em razão da excentricidade originada com a deformação do


elemento estrutural

N N N

M2

e2

Flexão
composta
reta

Momento originado com a deformação do pilar

A excentricidade e, consequentemente, o momento fletor originados


com a deformação do elemento estrutural são denominados de efeito de 2a
ordem, culminando com e2 e M2

O valor da excentricidade de segunda ordem (e2) depende da


dimensões, da vinculação das extremidades e dos momentos atuantes no
pilar.

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3. ARMADURAS EMPREGADAS NOS PILARES (adaptado do livro


“Estruturas de Concreto Armado – João Carlos Teatini de S. Clímaco”)

armadura longitudinal: armação principal, paralelas ao eixo do pilar,


resiste às tensões de compressão, em conjunto com o concreto, e às de
tração, caso de flexão composta. A continuidade do elemento estrutural é
garantida com o prolongamento da barra acima do andar superior de um
comprimento igual ao comprimento de ancoragem (emenda por
transpasse);

estribo: armação transversal ao eixo do pilar, mantém o posicionamento e


evita a flambagem das barras longitudinais. É também ser empregado para
atender os esforços horizontais;

gancho (estribo suplementar): armação utilizada, quando necessário, a


fim de evitar a flambagem das barras longitudinais. Os ganchos devem
atravessar a seção transversal e envolver as barras longitudinais.

4. EXCENTRICIDADES NO CÁLCULO DE PILARES


4.1 Excentricidades de primeira ordem (e1)
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a. Originada com o momento fletor na ligação viga-pilar (ei)


Aquela decorrente do momento fletor originado na ligação viga –
pilar. Os momentos fletores aparecem nos pilares de extremidade e de
canto, como ilustrado anteriormente. A excentricidade equivalente,
decorrente do momento fletor é obtida por:
Mi
ei 
N
A distribuição dos momentos em cada tramo do pilar conduz a
valores de ei variável, como indica a figura a seguir

Mi N ei= Mi / N

Vigas

c. Decorrente da excentricidade das cargas


Provenientes da redução dos pilares e reações das vigas fora do eixo dos
pilares.
em planta
N

pilar viga

Flexão composta
reta

ee M = N.ee
em corte

redução do pilar excentricidade da viga


N

b. Resultante de Imperfeições geométricas locais

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Segundo a NBR 6118:2014, na verificação de um lance de pilar,


deve ser considerado o efeito do desaprumo ou falta de retilineidade do
eixo do pilar, como indica a figura a seguir.

Pilar de
contraventamento Pilar contraventado

θ1 ea
ea
Elementos de
travamento
Hi
θ1 θ1 Hi /2 θ1

elementos do pórtico falta de retilineidade desaprumo do pilar

onde:
1
θ1 =
100 H

θ1min = 1/300, para imperfeições locais;


θ1máx = 1/200;
H é a altura total da edificação, em metros;
Hi é a altura de um lance de pilar, em metros.
Admite-se que, nos casos usuais, a falta de retilineidade ao longo do
lance de pilar seja suficiente, logo

Hi
ea  1.
2

A excentricidade total de 1a ordem resulta da soma das diversas


excentricidades mostradas acima. O momento de primeira ordem, M1d, é
obtido pelo produto do esforço axial pela excentricidade total.
Segundo a NBR 6118:2014, o momento total de primeira ordem, M1d,
deve respeitar o valor mínimo dado por:
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M 1d ,mín  N d  e1mín  N d  0,015  0,03h 


 
e1 mín

onde h é a altura da seção transversal na direção considerada, ou seja, na


direção do momento fletor, em metros. A este momento devem ser
acrescidos os momentos de 2a ordem, quando for o caso.
Para pilares de seção retangular, pode-se definir uma envoltória de 1ª.
ordem, tomada a afavor da segurança, de acordo com a Figura 11.3 da
NBR 6118, mostrada a seguir.

Figura 11.3 da NBR 6118: Envoltória mínima de 1ª. ordem


Neste caso, a verificação do momento mínimo pode ser considerada
atendida quando, no dimensionamento adotado, obtém-se uma envoltória
resistente que englobe a envoltória mínima de 1ª. ordem.
Assim, de modo a atender o momento mínimo, a excentricidade total
de 1a ordem, e1, deve ser igual ou superior ao valor mínimo, e1,mín, ou seja,

e1  ei  ea  e1,mín  0,015  0,03  h , sendo h em metros.

4.2 Excentricidade de 2a ordem

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A excentricidade de 2a ordem pode ser feita por uma expressão


aproximada, supondo-se que a deformação da barra seja senoidal, dada
N
por:
le2 1
e2 
10 r
e2
onde 1/r é a curvatura da seção crítica, obtida por:

1 0,005 0,005
 
r h(  0,5) h

onde  é a força normal adimensional = Nsd / (Ac fcd) e h é a altura da


seção na direção considerada, ou seja, na direção de atuação do momento
fletor.

5. CONSIDERAÇÕES SOBRE A FLAMBAGEM EM PILARES


Segundo a NBR 6118, os efeitos de segunda ordem, provenientes da
flambagem, são aqueles que se somam aos obtidos numa análise numa
análise de primeira ordem (em que o equilíbrio da estrutura é estudado na
configuração geométrica inicial), quando a análise do equilíbrio passa a ser
efetuado considerando a configuração deformada. No estudo da
flambagem, o índice de esbeltez (λ) é o parâmetro utilizado como
referência, definido por:

le ,

sendo:
i

le é o comprimento de flambagem do pilar;

i é o raio de giração, dado por i  I A , sendo I o momento de inércia e A a

área de seção transversal.


Para seções retangulares de dimensões b x h
le le
  3,46 ou   3,46
b h 9
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O comprimento de flambagem depende da vinculação

O comprimento do pilar, l, deve ser o menor dos seguintes valores:

l0  h
l '
sendo:
l
l0 é a distância entre as faces internas dos elementos estruturais,
supostos horizontais, que vinculam o pilar;
h é a altura da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura
em estudo;
l’ é a distância entre eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar
está vinculado. andar superior

h
l0 + h l’
l0

andar
inferior

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De acordo com o índice de esbeltez (λ), os pilares podem ser


classificados em:
 λ  λ1 pilares pouco esbeltos (curtos)
 λ1 < λ  90 pilares medianamente esbeltos (médios)
 90 < λ  140 pilares esbeltos
 140 < λ  200 pilares excessivamente esbeltos

λ1 é a esbeltez limite, função da excentricidade de 1ª ordem, das


dimensões, da vinculação e dos momentos atuantes no pilar.

A esbeltez limite (λ1) corresponde ao valor da esbeltez a partir do


qual o efeito de 2a ordem a ter participação significativa na capacidade
resistente dos pilares. Segundo a NBR 6118, os efeitos locais de 2a ordem
podem ser desprezados quando o índice de esbeltez (λ) for menor que o
valor limite (λ1), que pode ser calculado por:

25  12,5e1 / h (35  1  90 )
1 
b
sendo:

e1 a excentricidade de 1a ordem, h a dimensão do pilar na direção


considerada e  1 o parâmetro que considera a influencia dos momentos
atuantes no pilar.

O parâmetro  b é definido como segue:

a. Para pilares biapoiados sem cargas transversais:

MB
 b  0,6  0,4 (0,4 ≤  b ≤ 1)
MA
onde MA é o maior momento de 1a ordem, em valor absoluto, ao longo do
pilar e MB o momento na outra extremidade, de sinal positivo se tracionar a
mesma face de MA e negativo em caso contrário.
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b. Para pilares biapoiados com cargas transversais significativas ao longo


da altura

b  1

c. Para pilares em balanço


MC
 b  0,8  0,2 (0,85 ≤  b ≤ 1)
MA
onde MA é o momento de 1a ordem no engaste e MC o momento de 1a
ordem no meio do pilar em balanço.

d. Para pilares biapoiados com momentos menores que o momento


mínimo de 1a ordem .

b  1
onde h é a dimensão do pilar na direção da excentricidade e1 da carga
normal, em metros.

Observações:
 Nas estruturas usuais, os pilares são normalmente medianamente
esbeltos (λ1 < λ  90);

 Nos pilares curtos ( λ  λ1 ) pode-se desprezar os efeitos locais de 2a


ordem;

 Nos pilares esbeltos (λ > 90) é obrigatória a consideração da


excentricidade adicional por fluência do concreto (ecc) descrita no
item 15.8.4 da NBR 6118/2014, dada por;

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Itens citados da NBR 6118/2014.


 Para pilares com índice de esbeltez superior a 140, na análise dos
efeitos locais de 2ª. ordem, devem-se multiplicar os esforços solicitantes
finais de cálculo por um coeficiente adicional

 n1  1  0,01   140 / 1,4

 O índice de esbeltez nos pilares não pode ser superior a 200.


Apenas no caso de elementos pouco comprimidos com força normal
menor que 0,1 fcd Ac, o índice de esbeltez pode ser maior que 200.

6. MÉTODOS DE CÁLCULO
A NBR 6118 apresenta diversos métodos de cálculo de pilares:
a) Método geral, b) Método do pilar padrão com curvatura
aproximada, c) Método do pilar padrão com rigidez aproximada, d)
Método do pilar padrão acoplado a diagramas M, N e 1/r, e e) Método
do pilar padrão para pilares de seção retangular submetidos à flexão
composta oblíqua.
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O Método geral consiste na análise não linear de 2ª. ordem efetuada com
discretização adequada da barra, considerando a relação momento-
curvatura real em cada seção e não linearidade geométrica de maneira
aproximada. É um processo interativo bastante trabalhoso que se justifica
pela precisão dos resultados, de uso obrigatório para pilares com λ > 140.
O Método do pilar padrão é utilizado em pilares com λ  90, de
seção retangular constante e armação simétrica e constante ao longo de
seu eixo. A não-linearidade geométrica é considerada de forma
aproximada, supondo-se que a deformação da barra seja senoidal. No
Método com curvatura aproximada, a não-linearidade física é
considerada por meio de uma expressão aproximada da curvatura na
seção crítica, enquanto no Método da rigidez aproximada é utilizada uma
expressão aproximada da rigidez.
No Método do pilar padrão acoplado a diagramas M, N, 1/r, a
determinação dos esforços locais de 2ª. ordem em pilares com λ  140
pode ser feita pelo Método do Pilar Padrão, utilizando-se para a curvatura
da seção crítica os valores obtidos de diagramas M, N, 1/r específicos para
cada caso.
No Método do pilar padrão para pilares de seção retangular
submetidos à flexão composta oblíqua, quando a esbeltez de um pilar
de seção retangular submetido à flexão composta oblíqua for menor ou
igual a 90 nas duas direções principais, podem ser aplicados os processos
aproximados descritos para o pilar padrão (com curvatura aproximada,
com rigidez aproximada e acoplado a diagramas M, N, 1/r),
simultaneamente, em cada uma das direções.
A seguir são expostos alguns processos aproximados de cálculo.

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6.1 MÉTODO DO PILAR PADRÃO COM CURVATURA APROXIMADA

Segundo a NBR 6118:2003, esse método pode ser empregado


apenas no cálculo de pilares com λ  90, seção constante e armadura
simétrica e constante ao longo de seu eixo. A não-linearidade geométrica é
considerada de forma aproximada, supondo-se que a deformação da barra
seja senoidal. A não-linearidade física é considerada por meio de uma
expressão aproximada da curvatura na seção crítica.

O momento total máximo no pilar deve ser calculado pela expressão:

M d ,tot   b M 1d , A  N d e2  M 1d , A

sendo:
le2 1
e2   excentricidade de 2a ordem;
10 r
1 0,005 0,005
   curvatura na seção crítica;
r h(  0,5) h

le  comprimento de flambagem do pilar;

h  altura da seção na direção considerada;


Nd
  força normal adimensional;
Ac f cd

O momento M1d,A é o valor de cálculo de maior valor absoluto ao


longo do pilar e  b é o parâmetro que depende da distribuição dos
momentos no pilar, conforme definido anteriormente. O valor de M1d,A de
ser maior ou igual ao valor de cálculo do momento mínimo (M1d,A ≥ M1d,min).

6.1 MÉTODO DO PILAR PADRÃO COM RIGIDEZ k APROXIMADA


Pode ser empregado apenas no cálculo de pilares com λ  90, seção
retangular constante e armadura simétrica e constante ao longo de seu
eixo. A não-linearidade geométrica é considerada de forma aproximada,
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supondo-se que a deformação da barra seja senoidal. A não-linearidade


física é considerada por meio de uma expressão aproximada da rigidez.

6.0 DIMENSIONAMENTO DE PILARES


6.1 Dimensionamento de pilares submetidos à compressão centrada

Nesse cálculo, para um pilar de área Ac e armação As , o valor de


cálculo da carga centrada Nsd deve ser menor ou igual ao valor da carga
resistente de cálculo, NRd, ou seja,

N Sd  N Rd  0,85 f cd  Ac   sd ( 0, 2%)  As
onde:
f ck
f cd 
1,4 = resistência de cálculo do concreto na deformação de 2 ‰;

Ac = área de seção transversal de concreto;

As = armadura longitudinal no pilar;

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 Sd ( 0, 2%) = tensão no aço correspondente à deformação de 2 ‰ (limite de


deformação no concreto), para concretos com fck ≤ 50 MPa. Para aço CA
50 pode-se empregar o valor  Sd ( 0 , 2%) = 420 MPa.

Da expressão anterior resulta

N Sd  0,85 f cd  Ac
As 
 Sd ( 0, 2%)

6.2 Dimensionamento de pilares submetidos à flexão composta


normal (reta) ou oblíqua com o uso de tabelas e ábacos
O dimensionamento à flexão composta é bastante trabalhoso, de
modo que, para seções transversais usuais, foram elaboradas tabelas e
ábacos que fornecem a armadura destas seções submetidas à flexão
composta normal (reta) ou oblíqua. Os ábacos / tabelas têm origem na
chamada superfície de interação, onde cada ponto corresponde aos
valores de carga axial e momentos fletores que levariam a peça à ruína.

A partir dos valores dos coeficientes adimensionais  e ,


relacionados à carga axial e momento fletor solicitante, pode-se chegar à
armação do pilar.
MSd

N Sd
e 
Ábaco ou  
Ac f cd
=
M Sd e Tabela
As NSd NSd  
Ac h f cd h 
Ac f cd
h As   
f yd

h é a dimensão paralela ao plano do momento fletor.

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A Figura a seguir exemplifica a obtenção do ω no ábaco para o pilar com


os parâmetros e distribuição de armadura mostrados.

ν
ω

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7.0 DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS


7.1 (Item 13.2.3 da NBR 6118:2014)

14 cm,

7.2 (Item 7.4 da NBR 6118:2014)

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7.3 (Item 18.4.2.1 da NBR 6118:2014 – sem alteração)

7.4 (Item 17.3.5.3 da NBR 6118:2014 – sem alteração)

7.5

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7.6 (Item 18.4.2.2 da NBR 6118:2014)

7.7 (Item 18.4.3 da NBR 6118:2014)

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7.8 (Item 18.4.3 da NBR 6118:2014)

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7.9 (Item 18.2.4 da NBR 6118:2014)

O gancho deve envolver a barra longitudinal

7.10 Comprimento de ancoragem (traspasse ou emenda)

O comprimento de ancoragem básico previsto no item 9.4.2.4 da


NBR 6118, necessário para ancorar a força limite na armadura passiva,
admitindo resistência de aderência uniforme e igual a f bd , é obtido por:

 f yd
lb  
4 f bd
sendo:
f bd  0,42  3 f cd
2
(MPa), para barras nervuradas do aço CA 50, em condições
de boa aderência e diâmetro até 32 mm

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O comprimento de ancoragem em pilares (reto – sem gancho) pode ainda


ser reduzido em função do emprego de área de armação superior à
necessária, em razão da utilização de bitolas comerciais, passando dessa
forma denominação de comprimento necessário de ancoragem, lb ,nec , dado
por:

0,3  lb
As ,calc 
lb,nec  lb   lb,min 10
As ,ef 100 mm

Para barras nervuradas do aço CA50, até 32 mm de diâmetro, em


condições de boa aderência, o comprimento de ancoragem será:

fck (MPa) lb
20 44Ø
25 38Ø
30 34Ø
35 30Ø
40 28Ø

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8. APLICAÇÃO
8.1 Dimensionar o pilar de extremidade mostrado na figura, sujeito a flexão
composta reta, pelo método da curvatura aproximada

Dados:
20 cm
Concreto: C25
50 Aço: CA 50 / CA 60
cm
Cobrimento: 2,5 cm
(controle rigoroso)
Nk = 1.180 kN

15,3 kN.m Seção transversal: 20x50 cm


50 cm
Pé direito: 290 cm
Momentos Do pórtico vigas-pilares:
no pilar
290 cm Mk = 15,3 kN.m

15,3 kN.m

a. Cálculo da excentricidade de 1a ordem, e1


Mk 15,3
e1  ei  ea , sendo: ei    0,013 m (excentricidade real)
N k 1.180

Hi 1 2,9
ea  1     0,007 m (imperfeições geométricas)
2 200 2
O valor utilizado para  1 é o máximo previsto na NBR 6118 e H i é a altura de um
lance de pilar.
Assim,
e1  0,013  0,007  0,02 m (excentricidade total de 1a ordem)

b. Cálculo da excentricidade mínima, e1,mín

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e1,mín  0,015  0,03  h , sendo h a altura da seção na direção do momento

fletor
e1,mín  0,015  0,03  0,2  0,021 m

como o valor da excentricidade da 1a ordem é inferior ao mínimo, deve-se adotar


o valor mínimo.

c. Cálculo do momento fletor de cálculo total de 1a ordem

M 1d  N Sd  e1,mín  1,4  1.180  0,021 M 1d  34,7 kN.m

d. Verificação da dispensa dos efeitos de 2a ordem ( λ  λ1)


240  20  260 cm
- Comprimento de flambagem do pilar le  le = 260 cm
240  25  25  290 cm

le 260
- Índice de esbeltez   3,46 = 3,46   45 λ = 45
h 20
- Esbeltez limite (λ1)
e1 25  12,5  0,021
25  12,5 
h = 0,2
1   26,3  1,mín  35 , logo λ1 = 35
b 1

onde: e1  0,021 m
h = 0,2 m
 b  1 (item 15.8.2.d da NBR 6118:2003)

Como λ = 45 > λ1 = 35, devem ser considerados os efeitos de 2a ordem

e. Cálculo do momento fletor de cálculo pelo Método da Curvatura


Aproximada
O momento total máximo no pilar deve ser calculado pela expressão :

M d ,tot   b M 1d , A  N d e2  M 1d , A

sendo:

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2
l 1
e2  e  excentricidade de 2a ordem;
10 r
1 0,005 0,005
   curvatura na seção crítica;
r h(  0,5) h
le  comprimento de flambagem do pilar;
h  altura da seção na direção do plano do momento fletor;
N Sd f
  força normal adimensional, sendo f cd  ck
Ac f cd c
fck = 25 MPa = 25.103 kN/m2
N Sd 1,4  1.180
   0,925    0,925
Ac f cd 25
0,2  0,5   10 3

1,4
1 0,005 0,005 0,005 0,005
   0,0175 <   0,025 ok!
r h(  0,5) 0,2  (0,925  0,5) h 0,2
2
l e 1 2,6 2
e2     0,0175  0,0118 m
10 r 10
Assim,
N Sd  1,4  1.180  1.652 kN N Sd  1.652 kN

M d ,tot  1  34,7  1.652  0,0118  54,2 kN.m Md,tot = 54,2 kN.m

f. Dimensionamento do pilar com o uso de ábacos

- d’= 4 cm
- h = 20 cm
Øt /2 ~ 1 cm
d’ ~ 4 cm Øt = 0,5 cm
C = 2,5 cm
Parâmetros de entrada na tabela:
d' 4
-=   0,2
h 20
N sd 1.652
-    0,925   0,925
b h f cd 25
0,2  0,5   10 3

1,4

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M d ,tot 54,2
-  2
  0,152 µ = 0,152
b h f cd 25
0,5  0,2 2   10 3
1,4

b h f cd
- As    , sendo  obtido em ábacos apropriadas em função de  ,  e  .
f yd
Md
Assim,   0,58, logo
b = 50 cm
f yk 500 e
f yd   MPa
s 1,15 =
As Nd Nd
25
50  20 
1,4
As  0,58   23,8 cm 2
500 h = 20 cm
1,15
12 Ø 16.0 ou 8 Ø 20.0

8.2 Prescrições normativas – Detalhamento


O detalhamento deve atender a todas as prescrições mostradas no item 8.
8.1 Dimensões mínimas – atende!;
8.2 Cobrimento: Classe I - 25 mm (controle rigoroso);
8.3 Diâmetro: 10 mm  l  16 mm  b 8  200 8  25 mm , atende!;

8.4 Armadura longitudinal; As  24 cm 2 (12  16 mm) - curvatura aproximada


Nd 1,4  1.180
a. Mínima: As ,min  0,15   0,15   5,7 cm 2  0,004  Ac  4 cm 2 , atende!
f yd 43,5

b. Máxima: As ,máx  8 %  Ac  80 cm 2 , atende!

8.5 Número mínimo de barras: 4 , atende!


8.6 Espaçamento das barras longitudinais:
a. Mínimo: 20 mm,  l = 16 mm e 1,2dmáx , atende!;
b. Máximo: 2b = 40 cm, 40 cm
l 16
8.7 Estribo: diâmetro mínimo: 5 mm ou   4mm , t  5 mm
4 4
8.8 Espaçamento máximo: 20 cm, menor dimensão do pilar = 20 cm, 12l  19,2 cm ,
logo s = 19 cm. O gancho deve ser o maior valor entre 10  t ou 7 cm
8.9 Estribos suplementares (ganchos): sim, pois barras ficam fora do trecho
correspondente a 20  t = 10 cm;

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8.10 Comprimento de ancoragem (traspasse):


Para CA50 e fck = 25 MPa - lb = 38  l = 38x1,6 = 60,8 cm

0,3  l b  18,2 cm
As ,cal 23,8 
l b,nec  l b   60,8   60 cm  10  l  16 cm , logo comprimento de
As ,nec 24 10 cm

ancoragem deve ser de 60 cm.

8.3 Detalhamento do Pilar: Pxx

50 cm

N1

12 N1 Ø 16.0 - 350
2 x 16 N3 Ø 5.0 c19 - 31
16 N2 Ø 5.0 c19 - 134
290 cm

20 cm

5
3
2xN3 15

N2
45

15

29

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