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Propriedades Geométricas
A geometria da treliça calculada é apresentada na Figura 1. É uma treliça triangular que vence
um vão de 12 metros e possui altura máxima de 1,8m na cumeeira.
Figura 1 – Esquema geométrico da Treliça
2. Carregamentos
Permanentes (g):
• VP – Sobrecarga
𝐹𝑑,1 = 1,25 ∗ (72 + 45 + 35) + 1,5 ∗ 250 + 1,4 ∗ 0,6 ∗ 200 = 733 𝑁/𝑚²
• VP – Vento
𝐹𝑑,2 = 1,25 ∗ (72 + 45 + 35) + 1,4 ∗ 200 + 1,5 ∗ 0,8 ∗ 250 = 770 𝑁/𝑚²
• Utilizada:
𝑘𝑚𝑜𝑑3 leva em conta a presença de defeitos na madeira, cujo texto da norma informa que:
O coeficiente parcial de modificação kmod,3 leva em conta se a
madeira é de primeira ou segunda categoria. No caso de madeira de
segunda categoria, admite-se kmod,3 = 0,8, e no caso de primeira
categoria, kmod,3 = 1,0.
(ABNT, 1997, p. 17)
Sendo assim, temos:
𝑘𝑚𝑜𝑑 = 0,6 ∗ 0,8 ∗ 1,0 = 0,48
Calculando a resistência de cálculo à compressão, temos que:
𝑓𝑐0,𝑑 82,9
𝑓𝑐0,𝑑 = 𝑘𝑚𝑜𝑑 ∗ = 0,48 ∗ = 28,42 𝑀𝑃𝑎
𝛾𝑤 1,4
As barras do banzo superior estão todas comprimidas e o esforço máximo encontrado é de
18,4 kN. A forma de cálculo varia conforme a esbeltez da peça, que precisa ser calculada
inicialmente e é dada por:
𝐿0
𝜆=
𝑟𝑚𝑖𝑛
A esbeltez máxima prevista pela norma é de 140.
Onde 𝐿0 é o comprimento de flambagem da peça, que no caso de peças sem extremidades
livres é igual ao comprimento efetivo da barra, e 𝑟𝑚𝑖𝑛 é o raio de giração mínimo da seção. Para
o cálculo do raio de giração mínimo faz-se necessário identificar quais as dimensões da peça, para
tanto é preciso escolher uma seção e verificar se ela passa ou não no dimensionamento. As
dimensões mais comuns de peças encontradas no mercado podem ser vistas no Anexo A, retirado
de Pfeil e Pfeil (2003).
Para peças curtas (𝜆 ≤ 40) o rompimento se dá por esmagamento, sendo a forma de cálculo
mais simples. Faz-se necessário apenas verificar a resistência à compressão na direção das fibras
pela equação seguinte:
𝑁𝑑
𝜎𝑐0,𝑑 = ≤ 𝑓𝑐0,𝑑
𝐴𝑤
Onde 𝜎𝑐0,𝑑 é a tensão de cálculo devido ao esforço, 𝑁𝑑 é o esforço solicitante de cálculo e 𝐴𝑤
a área da seção.
Para peças semi-esbeltas (40 < 𝜆 ≤ 80) a verificação é um pouco mais complexa, pois o
processo de ruptura envolve por esmagamento ou por flexão devido a perda da estabilidade. A
condição para estabilidade no estado limite último deve atender a seguinte equação:
𝜎𝑁𝑑 𝜎𝑀𝑑
+ ≤1
𝑓𝑐0,𝑑 𝑓𝑐0,𝑑
Onde 𝜎𝑁𝑑 é a tensão de compressão devido à força normal de compressão e 𝜎𝑀𝑑 o valor de
cálculo da tensão devido ao momento fletor na peça. Cada termo da equação deve ser calculado
isoladamente para verificação da estabilidade. A tensão de compressão é dada por:
𝑁𝑑
𝜎𝑁𝑑 =
𝐴𝑤
Já a tensão devido ao momento fletor é dada por:
𝑀𝑑 𝐼𝑚𝑖𝑛
𝜎𝑀𝑑 = 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑊=
𝑊 𝑑𝑚𝑖𝑛
Sendo 𝐼𝑚𝑖𝑛 o momento de inércia mínimo da seção e 𝑑𝑚𝑖𝑛 a excentricidade máxima possível
de se alcançar para o momento de inércia mínimo. O momento 𝑀𝑑 é calculado a partir a
excentricidade acidental ocasionada pela flexão e é dado pela formula:
𝑁𝑐𝑟
𝑀𝑑 = 𝑁𝑑 ∗ 𝑒𝑑 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑒𝑑 = 𝑒𝑎 ( )
𝑁𝑐𝑟 − 𝑁𝑑
Os termos apresentados na formula da excentricidade são calculados por:
𝐿0 ℎ
𝑒𝑎 = ≥
300 30
Onde 𝐿0 é o comprimento de flambagem da peça, e
𝜋 2 𝐸𝑐0,𝑒𝑓 𝐼
𝑁𝑐𝑟 =
𝐿20
𝐸𝑐0,𝑒𝑓 = 𝑘𝑚𝑜𝑑 ∗ 𝐸𝑐
Onde 𝐸𝑐 é o módulo de elasticidade da madeira na compressão.
Para peças esbeltas ( 𝜆 > 80) a verificação é semelhante à anterior, entretanto faz-se
necessário acrescentar uma excentricidade acidental devido à fluência da madeira. A verificação
da estabilidade é a mesma da peça semi-esbelta, entretanto, o cálculo do momento 𝑀𝑑 é feito com
a seguinte equação:
𝑁𝑐𝑟
𝑀𝑑 = 𝑁𝑑 ∗ 𝑒1,𝑒𝑓 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑒1,𝑒𝑓 = (𝑒𝑎 + 𝑒𝑐 ) ( )
𝑁𝑐𝑟 − 𝑁𝑑
Em que 𝑒𝑐 é a excentricidade complementar calculada por:
𝜙𝑁𝑔∗
𝑁𝑐𝑟 −𝑁𝑔∗
𝑒𝑐 = 𝑒𝑎 (𝑒 − 1) 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑁𝑔∗ = 𝑁𝑔 + (𝜓1 + 𝜓2 )𝑁𝑞
Um exemplo de dimensionamento para cada uma das três situações de esbeltez é apresentado
no apêndice A.
Para a situação da treliça estudada, temos a verificação da seguinte forma:
Até agora não foi definida nenhuma seção para as peças, portanto será verificada uma peça
com seção 10 cm x 20 cm (Serrando a peça de 20x20 cm ao meio). Sendo assim, temos:
𝐼 1666,67
Raio de giração mínimo: 𝑖𝑚𝑖𝑛 = √ = √ = 2,89𝑐𝑚
𝐴 200
𝐿 313
Esbeltez: 𝜆 = 𝑖 0 = 2,89 = 108,30 (𝑝𝑒ç𝑎 𝑒𝑠𝑏𝑒𝑙𝑡𝑎)
m
Sabe-se a proporção de cada tipo de carga no esforço total, sendo assim é possível
desmembrar o esforço na barra utilizando regra de três.
190
𝑁𝑔 = ∗ 18,4 = 4.54 𝑘𝑁
770
580
𝑁𝑞 = ∗ 18,4 = 13.85 𝑘𝑁
770
Com isso, temos que:
𝑁𝑔∗ = 𝑁𝑔 + (𝜓1 + 𝜓2 )𝑁𝑞 = 4,54 + (0,2 + 0,0) ∗ 13,85 = 7,31 𝑘𝑁
𝜙𝑁𝑔∗ 2,0∗7,31
𝑁𝑐𝑟 −𝑁𝑔∗
𝑒𝑐 = 𝑒𝑎 (𝑒 − 1) = 1,04 (𝑒 183,20−7,31 − 1) = 0,09
𝑁𝑐𝑟 183,20
𝑒1,𝑒𝑓 = (𝑒𝑎 + 𝑒𝑐 ) ( ) = (1,04 + 0,09) ( ) = 1,26 𝑐𝑚
𝑁𝑐𝑟 − 𝑁𝑑 183,20 − 18,4
𝑀𝑑 = 𝑁𝑑 ∗ 𝑒1,𝑒𝑓 = 18,4 ∗ 1,26 = 23,11 𝑘𝑁 ∗ 𝑐𝑚
𝑀𝑑 23,11
𝜎𝑀𝑑 = = = 0,069 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝑊 333,33
Logo:
𝜎𝑁𝑑 𝜎𝑀𝑑 0,092 0,069
+ ≤1 + = 0,057 < 1 (𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒 𝑎𝑜 𝑒𝑠𝑓𝑜𝑟ç𝑜)
𝑓𝑐0,𝑑 𝑓𝑐0,𝑑 2,84 2,84
Inicialmente é necessário definir a seção a ser testada. O esforço de tração máximo no banzo
inferior é de 17,6 kN. Para acompanhar uma das dimensões do elemento do banzo inferior e
facilitar a ligação será escolhida uma peça de 10 cm x 10 cm, que terá as seguintes características
geométricas:
Área: 𝐴 = 10 ∗ 10 = 100 𝑐𝑚²
10∗103
Momento de inércia mínimo: 𝐼𝑚𝑖𝑛 = 12
= 833,33 𝑐𝑚4
𝐼 833,33
Raio de giração mínimo: 𝑖𝑚𝑖𝑛 = √𝐴 = √ 100
= 2,89𝑐𝑚
𝐿 600
Esbeltez: 𝜆 = 𝑖 0 = 2,89 = 207,6 (𝑒𝑥𝑐𝑒𝑑𝑒 𝑜 𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑏𝑒𝑙𝑡𝑒𝑧)
m
O vão é muito grande, e faz com que as peças sejam muito longas muito esbeltas. A solução
aqui será aumentar a seção até que a esbeltez seja atendida. Vale destacar que as peças do banzo
inferior estão sujeitas à flexão, mas que tal esforço não será tratado no dimensionamento.
Adotando seção de 15 cm x 15 cm temos:
Área: 𝐴 = 15 ∗ 15 = 225 𝑐𝑚²
15∗153
Momento de inércia mínimo: 𝐼𝑚𝑖𝑛 = 12
= 4218,75 𝑐𝑚4
𝐼 4218,75
Raio de giração mínimo: 𝑖𝑚𝑖𝑛 = √𝐴 = √ 225
= 4,33 𝑐𝑚
𝐿 600
Esbeltez: 𝜆 = 𝑖 0 = 4,33 = 138,57 (𝑜𝑘!)
m
8. Diagonais e Montantes
O cálculo das diagonais e montantes segue a mesma formulação apresentada até então para
verificação de peças tracionadas e comprimidas.
Apêndice A – Exemplo de dimensionamento
Verificar se a barra do banzo da treliça abaixo, construída em local de classe de umidade 3,
com comprimento de flambagem de 59 cm, seção transversal de 6 cm x 16 cm é suficiente para
resistir a um carregamento com os seguintes esforços:
Carga permanente: 16,5 kN
Carga Variável (Vento): 12,1 kN
Considerar madeira dicotiledônea ipê
𝐼 288
Raio de giração mínimo: 𝑖𝑚𝑖𝑛 = √𝐴 = √ 96 = 1,73 𝑐𝑚
𝐿 59
Esbeltez: 𝜆 = 𝑖 0 = 1,73 = 34,1 (𝑝𝑒ç𝑎 𝑐𝑢𝑟𝑡𝑎)
m
Alterando a peça para uma de maior seção, com 10 cm x 20 cm (Serrando a peça de 20x20
cm ao meio), temos as seguintes propriedades geométricas:
Área: 𝐴 = 10 ∗ 20 = 200 𝑐𝑚²
20∗103
Momento de inércia mínimo: 𝐼𝑚𝑖𝑛 = 12
= 1666,67 𝑐𝑚4
𝐼 1666,67
Raio de giração mínimo: 𝑖𝑚𝑖𝑛 = √𝐴 = √ 200
= 2,87𝑐𝑚
𝐿 400
Esbeltez: 𝜆 = 𝑖 0 = 2,87 = 139,4 (𝑝𝑒ç𝑎 𝑒𝑠𝑏𝑒𝑙𝑡𝑎)
m
𝑁𝑐𝑟 87,03
𝑒1,𝑒𝑓 = (𝑒𝑎 + 𝑒𝑐 ) ( ) = (1,33 + 0,99) ( ) = 3,46 𝑐𝑚
𝑁𝑐𝑟 − 𝑁𝑑 87,03 − (16,5 + 12,1)
𝑀𝑑 = 𝑁𝑑 ∗ 𝑒1,𝑒𝑓 = (16,5 + 12,1) ∗ 3,46 = 98,96 𝑘𝑁 ∗ 𝑐𝑚
𝑀𝑑 98,96
𝜎𝑀𝑑 = = = 0,297 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝑊 333,33
Logo:
𝜎𝑁𝑑 𝜎𝑀𝑑 0,143 0,297
+ ≤1 + = 0,169 < 1 (𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒 𝑎𝑜 𝑒𝑠𝑓𝑜𝑟ç𝑜)
𝑓𝑐0,𝑑 𝑓𝑐0,𝑑 2,61 2,61
Referências
PFEIL, W; PFEIL, M. Estruturas de Madeira, 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7190: Projeto de
Estruturas de Madeira. Rio de Janeiro. 1997. Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Anexo A – Dimensões de Peças de madeira serrada (PFEIL; PFEIL, 2003)
Anexo B – Propriedades das madeiras dicotiledôneas (PFEIL; PFEIL, 2003)