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Estudo das estruturas hiperestáticas


Método das Forças
PROBLEMA: Cálculo de esforços seccionais em estruturas hiperestáticas

1- Grau de hiperestaticidade

a) Estrutura isostática:

- incógnitas → VA, VB, HA, HB 4


R
∑V = 0
- equações:
∑H = 0 4
∑M = 0
MR =0

HA HB - Podemos calcular as reações nos apoios.


A B
- De posse das reações, podemos calcular os
esforços (M, N , Q) em qualquer seção da
VA VB estrutura.

b) Estrutura hiperestática:

Estrutura com hiperestaticidade externa

- incógnitas → VA, VB, HA, HB, MA 5


R

∑V = 0
- equações:
∑H = 0 4
HA MA ∑M = 0
MR =0
A HB
B - Não podemos calcular as reações nos apoios

- Se pudéssemos conhecer as reações,


VA VB poderíamos calcular os esforços em qualquer
seção.

- A estrutura da figura possui grau de


hiperestaticidade externa igual a 1 (para
resolvê-la, é necessária 1 equação adicional).
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Estrutura com hiperestaticidade interna

- incógnitas → VA, VB, HA 3

∑V = 0
3
- equações: ∑H = 0
∑M = 0
A B - Podemos calcular as reações nos apoios.
HA
- De posse das reações não podemos calcular
os esforços (M, N, Q) nas seções pois a
VA VB
estrutura é “fechada” e não sabemos quais as
forças da esquerda e da direita da seção em
estudo.

- Se conhecessemos os esforços simples (M, N,


Q) numa seção, poderíamos “abrir” a
estrutura, rompendo-lhe uma seção e
aplicando esses esforços como carregamento
na seção rompida, de forma a preservar a
identidade estática entre a nova estrutura
“aberta” e a estrutura original. Com isso seria
possível, então, calcular os esforços em todas
as demais seções da estrutura.

- A estrutura da figura possui grau de


hiperestaticidade igual a 3 (são necessários 3
vínculos rompidos para “abri-la”).

c) Conceitos:

- Grau de hiperestaticidade externa (ge) → número de equações suplementares


necessárias ao cálculo das reações de apoio de uma estrutura.
- Grau de hiperestaticidade interna (gi) → número de esforços simples que é
necessário conhecer, de forma a permitir o traçado dos diagramas de esforços
seccionais, conhecidas as reações de apoio.
- Hiperestaticidade total → é a soma de gi e ge, uma vez que “resolver” uma
estrutura consiste em determinar suas reações de apoio e os esforços simples
em todas as suas seções transversais.

g = gi + ge

d) Exemplos:
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g = ge + gi = 2+0 = 2

g = ge + gi = 2+0 = 2

g = ge + gi = 1+6 = 7

tirante

g = ge + gi = 0+3 =3
g = ge + gi = 6+18 = 24

g = ge + gi = 1+0 = 1

g = ge + gi = 3+14 =17
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tirante

g = ge + gi = 1+1 = 2
g = ge + gi = 2+3 = 5

g = ge + gi = 3+9 = 12

2- Método das Forças

Suponhamos a estrutura hiperestática abaixo:

- incógnitas → R1, R2, R3, R4

∑V = 0
- equações: ∑H = 0
∑M = 0

- grau de hiperestaticidade: g = ge = 1
R1 R4
R2 R3

Se conhecêssemos uma das reações de apoio poderíamos calcular as demais e,


com isso, determinar os esforços simples na estrutura.
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2.1- Sistema Principal

É a estrutura isostática resultante da eliminação de tantos vínculos na estrutura


original quantos forem os graus de hiperestaticidade da mesma.

Para que o sistema principal seja estaticamente equivalente ao sistema original,


devemos aplicar, a cada vínculo rompido, a reação ou esforço eliminados com essa
ruptura.

Para a estrutura do exemplo:

SISTEMA ORIGINAL

R1 R4
R2 R3

SISTEMA PRINCIPAL

Xi=R1 R4
R2 R3

Precisamos conhecer Xi (hiperestático). Para tal, é necessário criar mais uma


equação para sua determinação. Com a ruptura do vínculo da figura, liberamos o
deslocamento horizontal do apoio da esquerda, que sabemos ser nulo na estrutura
original. Logo, Xi deve ser tal que impeça o deslocamento horizontal desse apoio.
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≡ ≡ +
Xi
Xi
δ io ∆ ii

δ i 0 + ∆ii = 0

Se em lugar de Xi, for aplicado um carregamento unitário em sua direção:

∆ii = δ ii X i

δ i 0 + δ ii X i = 0 Condição de compatibilidade

Onde:
δi 0 → deslocamento na direção do hiperestático Xi, devido à aplicação do
carregamento externo no sistema principal.
δii → deslocamento na direção do hiperestático Xi, devido à aplicação de uma
carga unitária no sistema principal, na direção de Xi.

2.2 – Cálculo de δi 0

P =1

Estado de deformação Estado de carregamento

EJ C ×δi 0 → Resultado da integração dos dois diagramas de momentos fletores


obtidos (usando l’ das barras)

2.3 - Cálculo de δii


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X i =1 P =1

Estado de deformação Estado de carregamento

EJ C ×δii → Resultado da integração dos dois diagramas de momentos fletores


obtidos (usando l’ das barras)

2.4 – Condição de compatibilidade das deformações:

δ i 0 + δ ii X i = 0 ou EJ C × δ i 0 + EJ C × δ ii X i = 0

3- Método das Forças → Conceito generalizado para diferentes graus de


hiperestaticidade

Suponhamos agora a estrutura abaixo, com g = 3:

≡ ≡
X2 X3

X1

X1 X2 X3
× × ×

≡ δ 20 δ 30 δ 21 δ 31 δ 22 δ 32 δ 23 δ 33

X2=1 X3=1

X1=1
δ 10 δ 11 δ 12 δ 13

3.1- Condições de compatibilidade das deformações

a) deslocamento na direção de X 1 = 0 ⇒ δ10 + δ11 X 1 + δ12 X 2 + δ13 X 3 = 0


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b) deslocamento na direção de X 2 = 0 ⇒ δ 20 + δ 21 X 1 + δ 22 X 2 + δ 23 X 3 = 0

c) deslocamento na direção de X 3 = 0 ⇒ δ 30 + δ 31 X 1 + δ 32 X 2 + δ 33 X 3 = 0

n
EJ C {δ i 0 + ∑δ ij X j } = 0
j =1

Observação: utilizar sempre l’ no cálculo de δi 0 e δij

3.2- Forma Matricial para as condições de compatibilidade

δ 10 δ 11 δ 12 • • • δ 1j • • • δ 1n X1 0
δ 20 δ 21 δ 22 • • • δ 2j • • • δ 2n X2 0
• • • • • • •
• • • • • • •
• • • • • • •
+ Xj
= 0
δ i0 δ i1 δ i2 • • • δ ij • • • δ in
• • • • • • •
• • • • • • •
• • • • • • •
δ n0 δ n1 δ n2 • • • δ nj • • • δ nn
Xn 0

{δ i 0 } + [δ ij ]{ X j } = { 0}

{ X } = −[δ ] {δ }
j ij
−1
i0

onde:

[δ ] → Matriz de Flexibilidade
ij

[δ ]
ij
−1
→ Matriz de Rigidez

4- Cálculo dos efeitos finais

n
E = E0 + ∑ Ei X i
i =1
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onde:

E → efeito na estrutura hiperestática sujeita ao carregamento externo, que pode ser


um esforço seccional, uma reação de apoio etc.

E0 → efeito no sistema principal sujeito ao carregamento externo.

Ei → efeito no sistema principal sujeito ao hiperestático Xi, feito igual a 1.

Xi → valor calculado para o hiperestático Xi pelo método das forças

5- Roteiro para cálculo de estruturas hiperestáticas pelo Método das Forças:

a) Escolha do sistema principal e hiperestáticos;


b) Traçado dos diagramas no sistema principal (desprezar esforço cortante);
c) Cálculo dos deslocamentos (EJ× δ i0 , EJ× δ ij);
d) Montagem do sistema de equações de compatibilidade elástica;
e) Cálculo dos hiperestáticos;
n
f) Cálculo dos esforços e reações finais ( E = E0 + ∑ Ei X i ).
i =1

Exemplos:

I- Calcular os diagramas de momento fletor, esforço normal e esforço cortante para a


estrutura abaixo:

P = 100 kN
55

5.0 m

5.0 m
56

II- Calcular os diagramas de momento fletor e esforço cortante da viga dada:

q = 20 kN/m

8.0 m 8.0 m
57

III- Calcular os diagramas de momento fletor (DMF), esforço normal (DEN) e esforço
cortante (DEC):
q = 20 kN/m

Pilares 1 e 3 :

EJ=105 kN.m2
2

5.0 m Viga 2 :
1 3
EJ= 2 × 105 kN.m2

10.0 m
58

IV- Calcular DMF e DMT na estrutura dada, para o seguinte carregamento:

EJ = GJT = 105 kN.m2

q = 20 kN/m

5.0 m

5.0 m

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