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CAPÍTULO I

REVISÃO DE MECÂNICA GERAL

CONCEITOS BÁSICOS

I . FORÇA

A. Conceito:

Força é toda a grandeza capaz de provocar movimento, alterar o estado de movimento ou provocar
deformação em um corpo. É uma grandeza vetorial cuja intensidade pode ser obtida pela expressão da
física:

F= m.a

onde:
F = força
m = massa do corpo
a = aceleração provocada

Sendo força um elemento vetorial se caracteriza por:


direção
sentido
módulo ou intensidade
ponto de aplicação

Exemplo 1 :

efeito: movimento

Exemplo 2 : PESO DOS CORPOS

P=m.g

O peso é uma força oriunda da ação da aceleração da gravidade, tendo características definidas:
direção - vertical
sentido - de cima para baixo
módulo - P = m.g (onde g representa a aceleração da gravidade)
ponto de aplicação - centro de gravidade do corpo

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Na maioria das estruturas serão com cargas peso que trabalharemos.

B. UNIDADES

N - Newton kN - kiloNewton kgf - kilograma força

1 kgf = 10 N 1 kN = 103 N 1 kN = 102 kgf

1 kN = 103 N = 102 kgf

C. PRINCÍPIO DA AÇÃO E REAÇÃO

A toda a ação corresponde uma reação igual e contrária (3ª lei de Newton).

Podemos observar que estas duas forças tem pontos de aplicação diferentes e portanto causam efeitos
diferentes, cada uma atuando no seu ponto de aplicação.

D. CLASSIFICAÇÃO DAS FORÇAS

As forças são classificadas em forças de contato (ex: locomotivas, musculares, etc..) e de ação à
distância (ex: elétricas, gravitacionais, magnéticas, etc...)

Em análise estrutural as forças são divididas conforme esquema abaixo:

FORÇAS EXTERNAS: atuam externamente em uma estrutura e podem ser:

ações : São forças independentes que podem atuar em qualquer ponto de uma estrutura . Correspondem
às cargas as quais estaremos submetendo a estrutura, normalmente conhecidas ou avaliadas. Ex: peso
do pedestre em uma passarela, peso próprio das estruturas, etc...

reações : São forças que surgem em determinados pontos de uma estrutura (vínculos ou apoios), sendo
consequência das ações portanto não são independentes, devendo ser calculadas para se equivalerem as
ações.

FORÇAS INTERNAS : são aquelas que mantém unidos os pontos materiais que formam o corpo
rígido (solicitações internas). Se o corpo rígido é estruturalmente composto de diversas partes, as forças
que mantém estas partes unidas também são chamadas de forças internas (forças desenvolvidas em
rótulas).

E. DECOMPOSIÇÃO DE FORÇAS

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Qualquer força no espaço pode ser decomposta segundo três direções . Normalmente usamos como
referência três direções ortogonais entre si, escolhidas de acordo com o problema.

Qualquer força em um plano pode ser decomposta segundo duas direções. Normalmente nos interessam
duas direções perpendiculares entre si,também escolhidas de acordo com o problema.

Vamos nos ater ao caso plano que é o mais usual

Exemplo:
F - força a ser decomposta

x,y - direções ortogonais escolhidas como referência

- ângulo formado por F em relação a x

Fx , Fy- componentes da força nas direções x e y

por trigonometria

Fx = F . cos Fy = F . sen Fy/ Fx = tg

A força F decomposta também pode ser chamada de resultante da soma vetorial de suas componentes
Fx e Fy . Observe que soma vetorial ou geométrica não correspode a soma algébrica.

II . MOMENTO DE UMA FORÇA

A. DEFINIÇÕES:

1.MOMENTO POLAR (momento de uma força em relação à um ponto)

DEFINIÇÃO : Chama-se momento de uma força F em relação à um ponto "0", o produto vetorial do
vetor OA pela força F ,sendo "A" um ponto qualquer situado sobre a reta suporte da força F . Logo
também é um vetor, e para a sua caracterização precisamos determinar o seu módulo,direção e sentido.

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Mo = F ∧ OA

O efeito do vetor momento é o de provocar um giro com determinado sentido em relação ao ponto
considerado. O vetor momento apresenta as seguintes características:

direção : perpendicular ao plano formado pela força e pelo vetor OA


sentido : regra da mão direita
módulo: produto do módulo da força F pela menor distancia do ponto "0" a reta suporte da força.
ponto de aplicação : ponto "O" em relação ao qual se calculou o momento.

Mo = F . OA .sen α ou Mo = F . d

Regra da mão direita:

OBS 1 : posiciona-se os dedos da mão direita no sentido da rotação da força em torno do ponto O e o
polegar indica o sentido do momento.

OBS 2:. a distância d que representa o módulo do vetor OA é também chamada de braço de alavanca.
Ela é a menor distância entre a reta suporte da força e o ponto em relação ao qual se calcula o
momento , isto é, pode ser obtida pela perpendicular à reta que passa pelo ponto.

OBS 3 : Podemos representar o sentido do momento no plano usando convenções simples

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Podemos também convencionar sinais + ou - para cada um dos sentidos, de acordo com a nossa
escolha.

Exemplo 1 : Determine o peso que devemos colocar na extremidade direita da gangorra a fim de que
ela permaneça em equilíbrio estático.

P1 = 30 kN
a= 2m
b= 4m

P= ?

Exemplo 2 : Determine a força desenvolvida no tirante da estrutura, a fim de que ela permaneça em
equilíbrio, sabendo-se que a barra pesa 5 kN. A barra é presa a uma parede por meio de um pino O.

G = 10 kN

L=3m

= 15º

T= ?

B. MOMENTO AXIAL ( momento de uma força em relação a um eixo)

DEFINIÇÃO:

- É o valor algébrico da projeção ortogonal sobre o eixo do momento polar produzido pela força em
relação a um ponto qualquer do eixo. Pode ser representado por uma grandeza escalar quando se adota
uma convenção para a orientação do eixo.

- É o momento polar produzido pela projeção ortogonal da força sobre uma reta perpendicular ao plano
do eixo, em relação a este eixo

Exemplo 1: Força perpendicular ao plano do eixo

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Mx = F . d

Exemplo 2 : Força inclinada em relação ao plano do eixo

Mx = Fz . d

Fz = F . sen

Exemplo 3 : Força no espaço (direção qualquer)

F=F1+F2+F3
Mx = 0
F1 My =.0
Mz = -4 . F 1

Mx = 0
F2 My=0
Mz = - 1 . F 2

Mx = + 4 . F 3
F3 My = - 1 . F 3
Mz = 0

OBSERVAÇÃO:

O momento de uma força em relação à um eixo é nulo sempre que a força e o eixo forem coplanares
(concorrentes ou paralelos).

C. UNIDADE DE MOMENTO

Sendo o momento produto de uma força por uma distancia,a unidade desta grandeza é o produto de
uma unidade de força por uma unidade de distancia.
Exemplos: kgf.m , kN.m , N.m , kN.cm , etc
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III . SISTEMA DE FORÇAS

A. DEFINIÇÃO :
É o conjunto de forças que atuam simultaneamente em um corpo rígido ou em um ponto material.

B. PRINCÍPIO DA TRANSMISSIBILIDADE OU FORÇAS EQUIVALENTES:

Este princípio estabelece que as condições de equilíbrio ou de movimento de um corpo rígido


permanecem inalteradas se uma força F, que atua em um dado ponto do corpo rígido é substituida por
uma força F' de mesmo módulo, direção e sentido, mas que atua em um ponto diferente, desde que as
duas tenham a mesma linha de ação (mesma reta suporte). As forças citadas tem o mesmo efeito sobre
o corpo e são chamadas de equivalentes.

Exemplo:

C. RESULTANTE DE VÁRIAS FORÇAS CONCORRENTES:

A resultante de várias forças que concorrem em um ponto é a soma geométrica à partir


do ponto de forças equipolentes as que constituem o sistema, formando um polígono.

Obs: Forças equipolentes são aquelas que tem mesmo módulo, mesma direção e mesmo sentido.

RESULTANTE:
Origem no ponto escolhido como referência e extremidade com a última força.

Lembrando que uma força pode ser decomposta segundo eixos de referência, podemos determinar a
resultante de uma forma mais simples,obtendo-se cada componente pela soma algébrica das projeções
de todas as forças sobre este eixo.

Exemplo 1: Soma geométrica

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R ≠ 0

Exemplo 2 :

R = 0

OBSERVAÇÃO: Se o polígono formado pelas forças for fechado a resultante é nula.

Exemplo 3 : Forças concorrentes em um ponto de um plano

A resultante de forças concorrentes em um ponto de um plano pode ser calculada atravéz da


decomposição destas forças em relação à duas direções ortogonais escolhidas.

F1x = F1 . cos

F1y = F1 . sen

F2x = F2 . cos β

F2y = F2 . sen β

Fx = F1x + F2x

Fy = F1y + F2y

R = Σ ( Fx ) 2 + Σ ( Fy ) 2

PITÁGORAS

IV . PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO DE EFEITOS

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" O efeito produzido por um conjunto de forças atuando simultaneamente em um corpo é igual a
soma do efeito produzido por cada uma das forças atuando isolada"

A partir deste princípio podemos dizer que:

- O momento polar resultante de um sistema de forças é a soma algébrica dos momentos polares,
produzidos em relação ao mesmo ponto, por cada uma das forças atuando isolada.

- O momento axial produzido por um sistema de forças atuando simultaneamente em um corpo é igual
a soma algébrica dos momentos axiais,produzidos em relação ao mesmo eixo, de cada uma das forças
atuando isolada.

V. BINÁRIO OU PAR DE FORÇAS

A. CONCEITO

Denomina-se binário a um sistema constituido por um par de forças paralelas de módulos iguais e
sentidos opostos. A resultante em termo de forças é nula, entretanto há um momento polar resultante de
módulo igual ao produto da força pela distância entre as duas direções paralelas.

Exemplo 1:

F=
a=
b=
c=
d=

MA =
MD =
ME =

CONCLUSÃO: O binário é um vetor livre pois seu efeito independe do ponto de aplicação, sendo
que para qualquer ponto do plano o binário tem o mesmo valor.

B . SITUAÇÕES REPRESENTATIVAS

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C. EQUIVALENCIA DE BINÁRIOS

Dois binários são equivalentes quando tem o mesmo momento polar resultante

Exemplo 1: convenção (sentido antihorário positivo)

M1 = 60 kN . 2m = 120 kN.m

M2 = 30 kN . 4m = 120 kN.m

Superposição de efeitos:

Se quizermos o efeito de dois binários atuando simultaneamente:

M = M1 + M2 = 240 kN.m

MA =

MB =

Obs: Veja que podemos transformar a soma vetorial de binários em uma soma algébrica a partir da
adoção de uma convenção.

Exemplo2: (adote convenção anterior)

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Supomos

M1 = - 60 kN . 2m = - 120 kN.m

M2 = + 30 kN . 4m = + 120 kN.m

M = M 1 + M2 = 0

CONCLUSÃO : Os dois binários não são equivalentes pois tem sentidos contrários . Observe-se
que em qualquer ponto do plano a superposição dos binários deve ser nula.
MA = 0 MB = 0

VI . TRANSLAÇÃO DE FORÇAS

Transladar uma força (como artifício de cálculo) é transportá-la de sua direção para outra direção
paralela. Isto implica no acréscimo de um momento devido à translação, cujo módulo é igual ao
produto da força pela distância de translação.

VII . REDUÇÃO DE UM SISTEMA DE FORÇAS À UM PONTO

Qualquer sistema de forças pode ser reduzido à um sistema vetor-par , onde o vetor é a resultante das
forças , localizada à partir de um ponto arbitrariamente escolhido e o par é o momento polar resultante
do sistema em relação ao mesmo ponto.

Exemplo 1: Reduzir o sistema de forças da figura ao ponto B indicado.

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Exemplo 2 : Reduzir o sistema acima ao ponto A.
R:

VII . EQUIVALÊNCIA DE UM SISTEMA DE FORÇAS

Dois sistemas de forças são equivalentes quando tem resultantes iguais e momentos polares em relação
ao mesmo ponto também iguais.
Exemplo:

F=

Fx =

Fy =

a=
α=
b=

F - sistema inicial
Fx , Fy - sistema equivalente
MA (sistema inicial) =
MA (sistema equivalente) =

OBS: O uso de sistemas equivalentes é um artifício de cálculo muito útil

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VIII . EQUILÍBRIO ESTÁTICO DOS CORPOS RÍGIDOS

Existem diversas possibilidades de movimento em um corpo livre no espaço.

Se tomarmos 3 eixos ortogonais como referencia de espaço, e isto se faz necessário por uma questão de
classificação e organização de método, podemos dizer que um corpo no espaço tem 6 possibilidades de
movimento:
- translação segundo as tres direções de referência
- rotação em torno das tres direcões de referência

Dizemos que um corpo está em equilíbrio estático quando as forças atuantes formam entre si um
sistema equivalente a zero, isto é, sua resultante e o seu momento polar em relação a qualquer ponto é
nulo.

R =0 Mp = 0

Como costuma-se traballhar com as forças e momentos referenciadas a um sistema tri-ortogonal de


eixos, desta maneira o equilíbrio se verifica se as 6 equações abaixo são satisfeitas:

Fx = 0 Mx = 0

Fy = 0 My = 0

Fz = 0 Mz = 0

EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS DA ESTÁTICA


___________________________________________________________________________________

EXERCÍCIOS:
1. Suponha um plano formado pelos eixos x e y, conforme desenho, onde atuam as cargas F1 e F2.
Calcule:
a. Momentos desenvolvidos por F1 em relação aos pontos A , B e C.
b. Momentos desenvolvidos por F2 em relação aos pontos A , B e C.
c. Momentoda resultante do sistema em relação aos pontos A , B e C .
d. Resultante do sistema na direção x
e. Resultante do sistema na dieção y
Convencione o giro no sentido horário positivo.

F1 = 20 kN

F2 = 30 kN

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R: a) M1A = 0 M1B = 69,28 kN.m M1C = 109,28 kN.m
b) M2A = 120 kN.m M2B= 120 kN.m M2C = 0
c) MA = 120 kN.m MB = 189,28 kN.m MC = 109,28 kN.m
d) Fx = + 17,32 kN e) Fy = - 20 kN
2. Suponha no espaço as forças F1 e F2. Calcule:
a. Momentos da força F1 em relação aos eixos x,y,e,z,.
b. Momento da força F2 em relação aos eixos x,y e z .
c. Momento da resultante em relação aos eixos x , y, e z .

F1 = 10 kN

F2 = 15 kN

R: a) Mx1 = 0 My1 = 0 Mz1 = 20 kN.m


b) Mx2 = 31,5 kN.m My2 = 31,5 kN.m Mz2 = 21 kN.m

3. Suponha as forças indicadas no desenho atuando perpendicularmente ao eixo x.O sistema 1


representa
um binário e o sistema 2 representa outro. Convencione anti horário positivo.
a. Quanto vale o binário 1
b. Quanto vale o binário 2
c. São equivalentes? Porque?
d. Quanto vale o momento polar do sistema 1 em relação aos pontos A , C e E.
e. uanto vale o momento polar do sistema 2 em relação aos pontos B , D e E.
f. Quanto vale o momento polar resultante destes dois sistemas em relação aos pontos A,B,C D e E.

R: a) + 20 kn.m
b) + 20 kN.m
c)sim
d) M1A = M1B=M1E = + 20 kN.m
e) M2B=M2D=M2E = + 20 kN.m
f) MA = MB = .....=ME = + 40 kN.m

4. Suponha forças como as do exercício 3 perpendiculares ao eixo formando 2 binários. Responda as


perguntas do exercício 3 usando a mesma convenção.

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R: a)- 60 kN.m b) + 60 kN.m
c) não
d) M1A=M1C=M1E = - 60 kN.m
e) M2B=M2D=M2E = + 60 kN.m
f) MA =MB = .....= ME = 0

5. Suponha as hastes do desenho em um plano e as cargas perpendculares à este plano.


a. Translade a força de 10 kN para os pontos C ,B A.

R: ponto C ponto B ponto A


Fy = 10 kN Fy = 10 kN Fy = 10 kN
Mz = 20 kN.m Mz = 20 kN.m Mz = 50 kN.m
Mx = 20 kN.m Mx = 20 kN.m

b. Translade as forças indicadas para os pontos B e D.

R: ponto B : Fy = 20 kN
Mz = - 20 kN.m

ponto D : Fy = 20 kN
Mz = - 20 kN.m
Mx = + 80 kN.m

6. Qual a força horizontal que atua nos parafusos 1 e 2 da ligação abaixo, considerando o momento
provocado pelo peso na ponta da haste

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R : P1 = 100 kgf P2 = 100 kgf

7. Suponha as estruturas planas representadas abaixo. Determine,se necessário usando sistemas


equivalentes Σ Fx ,Σ Fy, ΣMA, ΣMB e ΣMC

a.
R: Σ Fx = 25,98 kN Σ Fy = 65 kN
ΣMA = 138,04 kN.m
ΣMB = 70 kN.m
ΣMC = 330 kN.m

b.

R: Σ Fx =16,64 kN ΣFy = -4,96kN


Σ MA = -36 kN.m
Σ MB = -84 kN.m
Σ MC = -98,96 kN.m

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8. Reduzir no ponto A o sistema de forças da figura:

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CAPÍTULO II

I. GRAUS DE LIBERDADE (GL)

DEFINIÇÃO: Graus de liberdade são o número de movimentos rígidos possíveis e independentes


que um corpo pode executar.

A. Caso espacial

Estruturas submetidas a forças em todas as direções do espaço. Estas forças podem ser reduzidas a
três direções ortogonais entre si (x,,y,z), escolhidas como referência. Neste caso o corpo possui 6
graus de liberdade pois pode apresentar 3 translações (na direção dos 3 eixos) e 3 rotações (em torno
dos 3 eixos).

Exemplo:

B. CASO PLANO

Estruturas submetidas a forças atuantes em um só plano, por exemplo x,y . Neste caso possuem 3
graus de liberdade pois podem apresentar 2 translações (na direção dos dois eixos) e 1 rotação(em
torno do eixo perpendicular ao plano que contém as forças externas).

Exemplo:

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II. VÍNCULOS

A. DEFINIÇÃO:

É todo o elemento de ligação entre as partes de uma estrutura ou entre a estrutura e o meio externo,
cuja finalidade é restringir um ou mais graus de liberdade de um corpo.

A fim de que um vínculo possa cumprir esta função, surgem, no mesmo, reações exclusivamente na
direção do movimento impedido.

OBS 1: Um vínculo não precisa restringir todos os graus de liberdade de uma estrutura, quem o fará
será o conjunto de vínculos.

OBS 2 : As reações desenvolvidas pelos vínculos formam o sistema de cargas externas reativas.

OBS 3 : Somente haverá reação se houver ação , sendo as cargas externas reativas dependentes das
ativas, devendo ser calculadas.

B. CLASSIFICAÇÃO

Os vínculos podem ligar elementos de uma estrutura entre si ou ligar a estrutura ao meio externo
e,portanto, se classificam em vínculos internos e externos.

B.1. VÍNCULOS EXTERNOS: São vínculos que unem os elementos de uma estrutura ao meio
externo e se classificam quanto ao número de graus de liberdade restringidos..

B.1.a. Caso plano

Nestes casos o vínculo pode restringir até 3 graus de liberdade (GL) e,portanto se classificam em 3
espécies.

1a espécie - restringe 1 translação -


2a espécie - restringe 2 translações -

3a espécie - restringe 2 translações e 1 rotação -

B.2. VÍNCULOS INTERNOS

São aqueles que unem partes componentes de uma estrutura.

III CARGAS ATUANTES NAS ESTRUTURAS

A1. CARGAS CONCENTRADAS

São aquelas que atuam em áreas muito reduzidas em relação às dimensões da estrutura. Neste caso
ela é considerada concentrada no centro de gravidade da área de atuação.

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Ex: apoio de uma viga em outra viga

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A2. CARGAS MOMENTO OU CARGAS CONJUGADAS

São momentos aplicados em determinados pontos de uma estrutura (fixos).

A3. CARGAS DISTRIBUÍDAS

São aquelas que atuam em uma área com dimensões na mesma ordem de grandeza da estrutura.

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CAPÍTULO III

EQUILÍBRIO EM DUAS DIMENSÕES


CÁLCULO DAS REAÇÕES EXTERNAS

I . GENERALIDADES

Sabemos que um corpo está em equilíbrio quando a resultante de todas as forças que nele atuam é
nula.Com isso a força resultante F e o momento resultante M devem se anular, resultando nas seguintes
equações de equilíbrio:

Fx = 0 Mx = 0

Fy = 0 My = 0

Fz = 0 Mz = 0

Para o caso de carregamento espacial e,

Fx = 0 Fy = 0 Mz = 0

para o caso de carregamento plano.

A correta aplicação das equações de equilíbrio necessita da completa especificação de todas as forças
externas atuantes sobre o corpo.

A melhor forma de considerarmos estas forças é através da construção do DIAGRAMA DE CORPO


LIVRE.

O DIAGRAMA DE CORPO LIVRE é um desenho esquemático da forma do corpo representado


isoladamente ou livre dos elementos presentes em sua vizinhança.

Reações externas ou vinculares são os esforços que os vínculos devem desenvolver para manter em
equilíbrio estático uma estrutura.

Os vínculos são classificados de acordo com o número de graus de liberdade restringidos e só podemos
restringir 1 GL mediante a aplicação de um esfôrço (força ou momento) na direção deste movimento.

A determinação das reações de apoio de uma estrutura é feita por intermédio de um sistema de equações
algébricas, que estabelece as condições de equilíbrio da estrutura, supondo-se rígidas todas as barras.

No caso espacial (cargas em todas as direções) a estrutura possui 6 GL (translação na direção dos 3 eixos e
rotação em torno dos 3 eixos) e portanto para que ela esteja em equilíbrio devemos satisfazer 6 equações:
Fx = 0 Mx = 0

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Fy = 0 My = 0

Fz = 0 Mz = 0

No caso plano (cargas atuantes em 1 único plano, por exemplo x,y) a estrutura possui 3 GL ( translação nas
direções x e y e rotação em torno do eixo z), portanto o número de equações a serem satisfeitas são 3:
Fx = 0 Fy = 0 Mz = 0

Convém salientar que vamos nos ater ao caso mais comum (carregamento plano) onde os vínculos podem
ser de 3 espécies:

1a espécie - restringe 1 translação -


2a espécie - restringe 2 translações -

3a espécie - restringe 2 translações e 1 rotação -

II. CÁLCULO DAS REAÇÕES EXTERNAS

A fim de se determinar o valor das reações externas procede-se da seguinte forma:

Transforma-se a estrutura dada num corpo livre , substituindo-se todos os vínculos externos pelas reações
vinculares que o mesmo pode desenvolver, arbitrando-se um sentido para cada esforço.

Para que o corpo mantenha-se em equilíbrio estático é necessário que as 3 equações da estática sejam
satisfeitas.

Σ Fx = 0 Σ Fy = 0 ΣMz = 0

OBS 1 : As cargas distribuidas devem ser substituidas por suas respectivas resultantes (este artifício é
válido sómente para o cálculo das reações externas).

OBS 2 : Como escolhemos direções de referência (x e y) as cargas que não estiverem nestas direções
devem ser decompostas nestas direções, ou seja, substituidas por um sistema equivalente.

OBS 3 : Resolvido o sistema de equações, as reações que resultarem negativas devem ter o seu sentido
invertido.

Exemplo 1 :

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CAPÍTULO IV

EQUILÍBRIO EM DUAS DIMENSÕES


SOLICITAÇÕES INTERNAS EM ESTRUTURAS DE BARRA

I. INTRODUÇÃO

Vimos até aqui que quando existe um sistema de cargas ativas atuando em um corpo são desenvolvidas
cargas externas reativas, capazes de manter o equilíbrio do corpo, que calculamos com a aplicação das
equações fundamentais da estática.

Se estivermos diante de uma estrutura com carregamento plano:

ΣFx = 0 ΣFy = 0 Σ Mz = 0

De uma maneira geral podemos dizer que:

1. O equilíbrio não leva em conta o modo como o corpo transmite as cargas para os apoios.

2. O corpo quando recebe carregamento vai gradativamente deformando-se até atingir o equilíbrio ,
onde as deformações param de aumentar(são impedidas internamente), gerando solicitações internas.

3. O equilíbrio ocorre na configuração deformada, que admitimos ser bem próxima da inicial (campo
das pequenas deformações).

Pretendemos analisar quais os efeito que a transmissão deste sistema de cargas externas aos apoios
provoca nas diversas seções que constituem o corpo em equilíbrio.

Para tanto, suponhamos o corpo em equilíbrio, sob efeito de um carregamento qualquer. Se cortarmos
este corpo por um plano qualquer (π), rompemos o equilíbrio pois destruimos sua cadeia molecular, na
seção "S" de interseção do plano com o corpo.

Para que as partes isoladas pelo corte permaneçam em equilíbrio, deve-se aplicar , por exemplo, sobre a
parte da esquerda, a ação que a parte da direita exercia sobre ela ou seja, resultante de força ( R ) e

Resistência dos Materiais E – DECivil . PUCRS- Profas: Sílvia Baptista Kalil / Maria Regina Leggerini
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resultante de momento ( M ). O mesmo deve ser feito com a parte da esquerda cujas resultantes estão
também representadas.

R - Resultante de forças da parte retirada


M - Resultante de momentos da parte retirada

As resultantes nas seções de corte de ambos os lados devem ser tais que reproduzam a situação original
quando as duas partes forem ligadas novamente, ou seja, pelo princípio da ação e reação devem ser ser
de mesmo módulo, mesma direção e sentidos opostos.

R e M são as resultantes das solicitações internas referidas ao centro de gravidade da seção de corte da
barra.

Determinação dos esforços em uma seção:

Quando queremos saber o que acontece em uma seção S de uma peça, devemos cortar a peça na
seção desejada, isolar um dos lados do corte (qualquer um ) e podemos dizer que no centro de
gravidade esta seção devem aparecer esforços internos (resultante de força e de momento) que
mantém o corpo isolado em equilíbrio.
Estes esforços representam a ação da parte retirada do corpo. Em isostática a seção de referência
adotada será a seção transversal das peças em estudo.

II. CLASSIFICAÇÃO DAS SOLICITAÇÕES

Os esforços estão associados às deformações que provocam e se classificam de acordo com elas.

Sabemos também que um vetor no espaço pode ser decomposto segundo 3 direções que escolhermos e
adotaremos 3 direções perpendiculares entre si no espaço (x,y,z).

Vamos decompor os vetores resultantes R e M segundo estas tres direções escolhidas e teremos:

Resistência dos Materiais E – DECivil . PUCRS- Profas: Sílvia Baptista Kalil / Maria Regina Leggerini
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Observe que escolhemos 3 direções perpendiculares entre si com a seguinte característica: 2 direções
contidas pela seção de corte e a terceira perpendicular à seção de corte.

Denominamos as componentes da seguinte maneira:

N - Esforço Normal
Q - Esforço Cortante
M - Momento Fletor
Mt - Momento Torsor

Cada solicitação conforme já vimos tem associada à si uma deformação:


Esforço Normal (N) :

Podemos definir esforço normal em uma seção de corte como sendo a soma algébrica das componentes
de todas as forças externas na direção perpendicular à referida seção (seção transversal),ou seja, todas
as forças de um dos lados isolado pelo corte na direção do eixo x.

N = Σ Fx ext .

Representando duas seções infinitamente próximas entre si, o efeito do esforço normal será de
provocar uma variação da distancia que separa as seções, que permanecem planas e paralelas.

As fibras longitudinais que constituem estas seções também permanecem paralelas entre si, porém com
seus comprimentos alterados (sofrem alongamentos ou encurtamentos)

Resistência dos Materiais E – DECivil . PUCRS- Profas: Sílvia Baptista Kalil / Maria Regina Leggerini
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O esforço normal será considerado positivo quando alonga a fibra longitdinal e negativo no caso de
encurtamento.

Esforço Cortante (Q) :

Podemos definir esforço cortante em uma seção de referência como a soma vetorial das componentes
do sistema de forças de um dos lados do corte (referência), sobre o plano da seção considerada.

Não é usual entretanto, trabalharmos com a soma vetorial e sim com suas componentes segundo dois
eixos de referência contidos pela seção, podendo resultar em 2 esforços (Qy e Qz) obtidos pela soma
algébrica das componentes das forças do sistema nestas direções.

Qy = Σ Fyext Qz = ΣFzext

O efeito do esforço cortante é o de provocar o deslizamento no sentido do esforço de uma secão


sobre a outra infinitamente próxima acarretando o corte ou cisalhamento da mesma.

Os esforços cortantes (Qy,Qz) serão positivos, quando calculados pelo somatório das forças situadas à
esquerda seguem o sentido arbitrado para os eixos e quando calculados pelo somatório das forças à
direita forem contrários aos eixos.

Momento Fletor (M) :

Podemos definir momento fletor em uma seção de referência como a soma vetorial dos momentos
provocados pelas forças externas de um dos lados da referência em relação aos eixos contidos pela
seção de referência (eixos y e z).

Não é usual entretanto trabalharmos com a soma vetorial optando-se pelo cálculo separado dos
momentos em relação aos eixos y e z, tranformando a soma em algébrica.

My = Σmyext Mz = Σ mzext

O efeito do momento fletor é provocar o giro a seção tranversal em torno de um eixo contido pela
própria seção.

As fibras de uma extremidade são tracionadas enquanto que na outra são comprimidas (as seções giram
em torno do eixo na qual se desenvolve o momento, mas permanecem planas).

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28

O momento fletor Mz é considerado positivo quando traciona as fibras de baixo da estrutura e My é


positivo quando traciona as fibras internas (no caso da esquerda) da estrutura.

Momento Torsor :

Podemos definir momento torsor em uma seção de referência como a soma algébrica das componentes
dos momentos das forças externas de um dos lados da referência em relação ao eixo longitudinal da
peça (eixo x).

Mt = Σ mxext

O efeito do momento torsor é o de provocar o giro da seção em torno do eixo longitudinal da


peça, torcendo-a ou deslocando-a angularmente em relação à seção visinha.

A convenção de sinais adotadas para o momento torsor é análoga à do esforço normal, ou seja, o
momento torsor é considerado positivo quando sua seta representativa está saindo da seção de
referência (regra da mão direita).

III. SOLICITAÇÕES EM ESTRUTURAS

Cargas contidas em um único plano, por ex: plano x , y (caso mais comum)

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29

Esforços desenvolvidos:

IV. CÁLCULO DAS SOLICITAÇÕES INTERNAS

A. CONVENÇÕES:

Conforme já vimos, se cortarmos uma estrutura por uma seção, nesta seção devem aparecer esforços
que equilibrem o sistema isolado (solicitações internas).

Vamos tratar de estruturas sujeitas à carregamento plano onde os esforços desenvolvidos são o esforço
normal N (ΣFx), o esforço cortante Qy (ΣFy) ou simplesmente Q e o momento fletor Mz ou
simplesmente M. Com o fim de uniformizarmos a nossa representação vamos representar graficamene
as convenções para o sentido positivo destas solicitações.

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30

B. CÁLCULO DAS SOLICITAÇÕES EM UMA SEÇÃO ARBITRÁRIA

Se desejarmos calcular a solicitação desenvolvida em uma seção qualquer de uma peça carregada,
usamos o método das seções:

Cortamos a peça na seção desejada e isolamos um dos lados do corte (qualquer um).

Na seção cortada devems ser desenvolvidas solicitações que mantém o sistema isolado em equilíbrio.

Exemplo:
Calcule as solicitações desenvolvidas na seção intermediária da viga abaixo.

q. l
VA = VB =
2
Cortando e isolando um dos lados do corte:

Aplicando as equações de equilíbrio, teremos:


Σ Fx = 0 ∴ N=0

q. l q. l
Σ Fy = 0 ∴ Q− + =0 ∴ Q=0
2 2
q. l l q. l l
Σ MS = 0 ∴ M+ . − . =0
2 4 2 2
q. l 2
Ms =
8

Supondo que quisessemos as solicitações desenvolvidas em diversas seções da viga, repetiriamos o


procedimento acima exemplificado, em quantas seções quantas pretendidas.

Ao efetuarmos esta sucessão de cortes, observamos que as equações de equilíbrio formadas são as
mesmas, com mudança apenas na distancia da seção cortada a referência.

Poderíamos generalizar este procedimento,criando uma variável, por exemplo "x", que representasse
esta distancia de uma forma genérica.

onde 0 ≤ x ≤ l

marcando os limites de validade da variável x.

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31

Então:
Σ Fx = 0 N=0
q. l q. l
Σ Fy = 0 Q− + q. x = 0 ∴ Q = − q. x +
2 2
x q. l q. l q. x 2
Σ MS = 0 M + q. x . − .x M= .x − x
2 2 2 2

Esta representação se contitui o que se chama de método das equações

C. PONTOS DE TRANSIÇÃO

Vamos iniciar com um exemplo, calculando as solicitações desenvolvidas nas seções S1 e S2 da viga
abaixo:

VA = Pb/l VB = Pa/l

S1: 0 ≤ x1 ≤ a

Σ Fx = 0 N=0

Σ Fy = 0 Q-Pb/l = 0 Q = Pb/l

ΣM=0 M - Pb/l .x1 = 0 M = Pb/l . x1

S2 : a ≤ x2 ≤ l

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32

Σ Fx = 0 N=0
Σ Fy = 0 Q + P - Pb/l = 0 Q = Pb/l - P

ΣM=0 M + P (x2 - a) - Pb/l . x2= 0

M = Pb/l . x2 - P(x2 - a)

Constatamos que x1e x2 nunca podem se sobrepor, pois dão origem a equações diferentes (na 2ª não
entra a carga P) e então podemos chama-los genericamente de x e distinguir os trechos de validade dos
mesmos.

1o trecho 2o trecho
0≤x≤a a≤x≤l

equações válidas para o primeiro trecho equações válidas para o segundo trecho
Q(x) = Pb/l Q(x) = Pb/l - P = -Pa/l
M(x) = Pb/l.x M(x) = Pb/l.x - P(x-a)

No exemplo acima intuitivamente nós identificamos um ponto de transição, que seria o ponto de
aplicação da carga P, a partir do qual há a mudança na equação.

Conforme foi visto há a necessidade de analizarmos um trecho antes e outro depois deste ponto
de transição.

Podemos generalizar o acima dizemos que sempre que houver um ponto de transição devemos proceder
desta maneira.

Podemos definir ponto de transição, de maneira análoga, como todo o ponto em que há alteração no
carregamento:

-Ponto de força aplicada

- Ponto de momento aplicado

- Ponto de troca da taxa de carregamento(descontínua)

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33

De acôrdo com o que foi visto, podemos calcular as solicitações como funções da variável x, com
trecho de validade pré-estabelecido, obtendo assim equações gerais para as mesmas, com validade nos
diversos trechos vistos.

Quando quisermos o valor da solicitação em uma seção em especial , de ordenada x conhecida, basta
substituirmos nas equações o valor de x pela ordenada numérica desejada.

Em geral nos interessa o valor das solicitações em toda a estrutura e não apenas em pontos específicos
da mesma, e estas são representadas por suas equações.

Este procedimento de cálculo poderia ser sintetizado em um roteiro simples. Dado o esquema estrutural
da peça (vínculos,cargas ativas e vãos):

1. Cálculo das reações externas

2. Identificação dos pontos de transição criando trechos pré-estabelecidos

3. Usar o método de corte de seções em cada um destes trechos, adotando como posição genérica desta
seção a variável x, que valerá dentro dos limites dos trechos.

4. Supomos em cada seção cortada o aparecimento das solicitações previstas, que devem ser arbitradas
com o sentido convencionado positivo.

5. Aplicam-se as equações de equilíbrio estático em cada um dos cortes, obtendo-se então as equações
desejadas.

6. Representação destas equações sob a forma de um diagrama, conforme convenção abaixo:

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34

OBS: As cargas distribuidas não mais podem ser substituidas por suas resultantes totais, mas sim por
resultantes parciais nos trechos considerados.

D. RELAÇÕES DIFERENCIAIS

Suponhamos uma estrutura sujeita à um carregamento que varia com a função q(x) e consideremos
duas seções infinitamente próximas (S1 e S2)

Cortamos a estrutura nestas seções e isolamos o trecho entre elas.

Em cada uma das seções estarão representados os efeitos da parte da estrutura retirada.

O cortante Q em S1 será a soma de todas as forças verticais até a seção, e na seção S2 será Q+dQ pois
dQ representa o acréscimo de cargas verticais que atuam em dx.

O mesmo se dará com as outras solicitações.

Q + dQ = Q - q(x).dx ou dQ = -q(x).dx ou ainda

dQ
-q(x) =
dx

Analogamente:

M + dM = M- q(x).dx dx/2 + Q dx ou dM = Q.dx - q(x). dx2/2


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35

q(x).dx2/2 é um infinitézimo de 2ª ordem e será despresado

Daí resulta:

dM = Q.dx ou ainda

dM
Q=
dx

Percorrendo o caminho inverso:

Q(x) = − q( x ). dx

M(x) = Q( x ). dx = − q( x ). dx

OBS:Estas relações foram deduzidas para x variando da esquerda para a direita,portanto


quando x variar da direita para esquerda as relações trocam de sinal.

QUADRO RESUMIDO

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36

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37

CAPÍTULO V

I. INTRODUÇÃO

Em um corpo que está submetido a um sistema de forças ativas e reativas ,


isto é, que está em equilíbrio ocorre:

1. Um fenômeno geométrico que é a mudança da sua forma original: Isto é


deformação.

2. Um fenômeno mecânico que é a difusão dos esforços para as diversas partes do


corpo: Isto é tensão.

É claro que podemos entender que a capacidade que um material tem de resistir
as solicitações que lhe são impostas é limitada, isto é, pode ocorrer a ruptura do
corpo quando o carregamento for excessivo, portanto é necessário conhecer esta
capacidade para que possamos projetar com segurança.

II. TENSÕES

Suponhamos um corpo carregado e em equilíbrio estático. Se cortarmos este


corpo por uma seção qualquer "S" ao separarmos as partes cortadas podemos
observar as forças distribuídas que atuam na seção do corte e equilibram cada uma
das partes da barra. Estas forças distribuídas são as tensões. Os esforços
solicitantes são obtidos pela redução das tensões no centro de gravidade da seção
transversal onde atuam .

Sejam:∆ A → elemento de área ∆ F → elemento de força


ρ = tensão atuante em um ponto ou tensão resultante em um ponto
∆F dF
ρ = lim =
∆A → 0 ∆A dA

ou graficamente:

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38

Como a tensão é um elemento vetorial ela pode, como qualquer vetor, ser
decomposta no espaço segundo 3 direções ortogonais que queiramos, e, portanto
escolheremos como referência de costume 2 direções contidas pelo plano da seção
de referência "S" (x,y) e a terceira perpendicular à este plano (n).

Isto nos permite dividir as componentes da tensão do ponto em duas


categorias:

- Tensões Tangenciais ou de Cisalhamento (ττ) - contidas pela


seção de referência
- Tensão Normal (σσ) - perpendicular à seção de referência

III. TRAÇÃO OU COMPRESSÃO AXIAL- TENSÃO NORMAL

Seja uma barra prismática de eixo longitudinal reto e seção transversal


constante de área A. Quando sob ação de duas forças iguais e opostas,
coincidentes com o seu eixo (lugar geométrico de todas as seções transversais)
originam-se esforços no seu interior. Neste caso, apenas a solicitação de esforço
normal N, atuando no centro de gravidade da seção de corte é necessária para
manter o equilíbrio.Por meio deste artifício (corte) os esforços internos
transformaram-se em externos e o seu cálculo se fez aplicando-se uma equação
de equilíbrio.
Admite-se que este esforço normal se distribui uniformemente na área em que
atua(A), ficando a tensão definida pela expressão:
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39

sendo:
N N → Esforço Normal desenvolvido
σ =
A A→ Área da seção transversal

Na prática, vistas isométricas do corpo são raramente empregadas, sendo a


visualização simplificada como:

ΣFy = 0 ∴ Q=0
Σ Ms = 0 ∴ M=0
Σ Fx = 0 ∴ N-F=0

N=F
Deformação específica longitudinal (εε)

Costuma-se medir a deformação de peças sujeitas a tensão normal pela


deformação específica longitudinal que é a relação que existe entre a deformação
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40

medida em um corpo e o seu comprimento inicial, sendo as medidas feitas na


direção da tensão.

Seja:
li → comprimento inicial da barra
lf → comprimento final da barra
∆l →deformação total
∆l = l f - l i
∆l
ε =
li

Observe que no exemplo dado ∆ l > 0 portanto ε > 0 (alongamento)


Poderíamos mostrar um outro exemplo onde ∆ l < 0 conseqüentemente ε < 0
(encurtamento)

Neste exemplo ∆ l 0

portanto ε 0

b. sinal:
(+) - alongamento→ Corresponde à uma tensão de tração que também será positiva
(-) - encurtamento → Corresponde à uma tensão de compressão que também será
negativa

c. Unidade:
- adimensional quando tomarmos para ∆l a mesma unidade que para li
-Taxa milésima (o/oo) - Nestes casos medimos ∆l em mm e li em m(metros).

IV. CISALHAMENTO CONVENCIONAL - TENSÕES TANGENCIAIS ( τ)


Consideremos inicialmente um sistema formado por duas chapas de
espessura "t" ligadas entre si por um pino de diametro "d", conforme esquematizado
abaixo.A largura destas chapas é representada por "l" e a ligação está sujeita à uma
carga de tração "P".

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41

Considerando-se o método das seções, se cortarmos a estrutura por uma


seção "S", perpendicular ao eixo do pino e justamente no encontro das duas chapas,
nesta seção de pino cortada devem ser desenvolvidos esforços que equilibrem o
sistema isolado pelo corte. Então:

Isolando:
Aplicando as equações de equilíbrio:

Σ Fx = 0

Q-P=0 ∴ Q=P

Σ MS = 0

t
M - P.t/2 =0 ∴ M = P.
2

Vimos então que as solicitações que se desenvolvem na seção de corte do


pino são de Momento Fletor e Esforço Cortante, com os valores acima calculados.
Podemos, nestes casos, fazer uma aproximação, desprezando o efeito do
momento fletor em presença do efeito do esforço cortante.
Isto facilitaria o desenvolvimento matemático do problema, mas teóricamente
não é exato pois sabemos que momento e cortante são grandezas interligadas:
dM
Q=
dx
Em casos de ligações de peças de pequena espessura, como normalmente
aparecem em ligações rebitadas, soldadas, parafusadas, pregadas e cavilhas, esta
solução simplificada nos leva a resultados práticos bastante bons, e então
adotaremos nestes casos, o cisalhamento aproximado, também chamado de
cisalhamento convencional.
Conceito: O cisalhamento convencional é uma aproximação do cisalhamento real,
onde o efeito do momento é desprezado.

Como teríamos apenas uma área sujeita à uma força contida em seu plano e
passando pelo seu centro de gravidade, para o cálculo das tensões desenvolvidas
adotaríamos a da distribuição uniforme, dividindo o valor da força atuante pela área
de atuação da mesma, área esta denominada de ÁREA RESISTENTE, que deveria
então ser o objeto da nossa análise.
A distribuição uniforme nos diz que em cada ponto desta área a tensão
tangencial teria o mesmo valor dada por:

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42

Q
τ =
Aresist

A lei exata da distribuição de tensões deve ser posteriormente estudada para


os outros casos em que o cisalhamento convencional não é adotado.

Distorção Específica ( γ )
Medida de deformação de corpos submetidos a tensões tangenciais.
Vamos supor um bloco com arestas A, B, C e D, submetido a tensões
tangenciais em suas faces. Para melhor visualizarmos a deformação vamos
considerar fixa a face compreendida pelas arestas A e B.

CC' DD'
tg γ = =
CA DB

Como em estruturas trabalharemos sempre no campo das pequenas


deformações e então γ <<< 1 rad, então arco e tangente se confundem :

CC' DD'
γ ≅ =
CA DB

a. Conceito:
Distorção específica é a relação entre o deslocamento observado e a
distância respectiva, medida perpendicular ao deslocamento. Representa
fisicamente a variação que sofre o ângulo reto de um corpo submetido a tensões de
cisalhamento.
b. Unidade:
As observações quanto a unidade da distorção seguem as da deformação específica
longitudinal: adimensional ou taxa milésima, ressalvando-se que quando
adimensional representa um arco expresso em radianos.

IV. LEI DE HOOKE

Robert Hooke em 1678 enunciou a lei que leva o seu nome e que é a base de
funcionamento dos corpos em regime elástico.
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43

"As tensões desenvolvidas e suas deformações específicas conseqüentes são


proporcionais enquanto não se ultrapassa o limite elástico do material."

Expressões analíticas:
σ
= E(mod. de elasticidade longitudinal)
ε
τ
= G( mod. de elasticidade transversal)
γ
Estes módulos de elasticidade são constantes elásticas de um material, e são
determinados experimentalmente.

VI.LEI DE POISSON ( DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA TRANSVERSAL)-εt

Poisson determinou experimentalmente a deformação que as peças sofrem


nas direções perpendiculares a da aplicação da tensão normal.

Conceito:
Deformação específica transversal é a relação entre a deformação
apresentada e o seu comprimento respectivo, ambos medidos em direção
perpendicular à da tensão.

∆D
εt =
D
Os estudos de Poisson sobre a deformação transversal nos levam as
seguintes conclusões:
1. ε e εt tem sempre sinais contrários
2. As deformações específicas longitudinais e transversais são proporcionais em
um mesmo material
εt
= −µ
ε
O coeficiente de Poisson é a terceira constante elástica de um material, também
determinada experimentalmente.

3. Em uma mesma seção a deformação específica transversal é constante para


qualquer direção perpendicular ao eixo.

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44

∆ a ∆b
= = ε t = cons tan te
a b

4. As constantes elásticas de um mesmo material se relacionam pela expressão:

E
G=
2( 1 + µ )

VII. PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS

Para serem determinadas as características mecânicas dos materiais são


realizados em laboratório ensaios com amostras do material, que são chamadas de
corpos de prova.O ensaio de tração axial é o que discreveremos a seguir.Ele
consiste em submeter-se uma barra de aço a duas forças axiais iguais e opostas
nas extremidades da barra Com a realização destes ensaios podemos separar os
materiais em dois grupos
Materiais dúcteis : são aqueles que sofrem grandes deformações antes da
ruptura.
Materiais Frágeis: são materiais que se caracterizam por pequenas
deformações anteriores a ruptura.

1. Dúctil com escoamento real:

Num ensaio de tração axial simples costuma-se demonstrar os resultados


através de um diagrama tensão x deformação específica (σ x ε ).
No caso de material dúctil com escoamento real a forma deste diagrama
segue o seguinte modelo:

reta AB - Indica a
proporcionalidade entre
σ x ε , portanto o período em
que o material trabalha em
regime elástico (lei de
Hooke). Deformações
reversíveis.

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45

σp - Tensão de proporcionalidade
Representa o limite do regime elástico.

curva BC - A curvatura indica o fim da proporcionalidade, caracterizando o regime


plástico do material. Podemos notar que as deformações crescem mais rapidamente
do que as tensões e cessado o ensaio já aparecem as deformações residuais, que
graficamente podemos calcular traçando pelo ponto de interesse uma reta paralela à
do regime elástico. Notamos que neste trecho as deformações residuais são ainda
pequenas mas irreversíveis.

σe - Tensão de escoamento
Quando é atingida a tensão de escoamento o material se desorganiza internamente
(a nível molecular) e sem que se aumente a tensão ao qual ele é submetido,
aumenta grandemente a deformação que ele apresenta.

trecho CD - Chamado de patamar de escoamento. Durante este período começam a


aparecer falhas no material , ficando o mesmo invalidado para a função resistente.

curva DE - Após uma reorganização interna o material continua a resistir a tensão


em regime plástico, porém agora com grandes e visíveis deformações residuais.
σR - Tensão de ruptura

2. Dúctil com escoamento convencional

Se comporta de maneira semelhante ao anterior, mas não apresenta patamar


de escoamento. Como em estruturas não se admitem grandes deformações
residuais se convenciona em 2 o/oo este limite, ficando a tensão correspondente
convencionada como TENSÃO DE ESCOAMENTO.

B. MATERIAIS FRÁGEIS

São materiais que se caracterizam por pequenas deformações anteriores a


ruptura. O diagrama σ x ε é quase linear sendo quase global a aplicação da lei de
Hooke.
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46

σT = Limite de ruptura a tração


σC = Limite ruptura a compressão

Em geral estes materiais resistem melhor a


compressão do que a tração.

VIII. ANÁLISE PLÁSTICA E ANÁLISE ELÁSTICA

O dimensionamento das estruturas pode ser realizado no domínio elástico do


material ou no domínio plástico. Atualmente a maioria das normas construtivas
permitem que os elementos estruturais sofram deformações plásticas objetivando
economia de material.
Por outro lado, até não muito tempo atrás, todas as normas construtivas
trabalhavam com os materiais no domínio elástico.A análise elástica é ainda usada
para uma aproximação inicial das dimensões necessárias as estruturas. Na análise
elástica, as propriedades mecânicas relativas a resistência, permitem que se fixe
uma tensão admissível do material, que nada mais são do que as tensões de
escoamento dividida por um coeficiente se segurança nos materiais dúcteis e a
tensão de ruptura dividida por um coeficiente de seguranças nos materiais frágeis.

EXERCÍCIOS :

1. Uma barra de latão de seção circular de diâmetro 3 cm está tracionada com uma
força axial de 50 kN. Determinar a diminuição de seu diâmetro. São dados do
material o módulo de elasticidade longitudinal de 1,08 . 104 kN/cm2 e o seu
coeficiente de Poisson 0,3.

R: 5,89 . 10-4 cm

2. Uma barra de aço de 25 cm de comprimento e seção quadrada de lado 5 cm


suporta uma força axial de tração de 200 kN. Sendo E = 2,4 . 104 kN/cm2 e ν =
0,3 , qual a variação unitária do seu volume ?

R: 0,000133

3. Suponha a barra do problema anterior submetida à uma força axial de tração.


Experimentalmente determinou-se o módulo de sua deformação específica
longitudinal 0,001. Sabendo-se que o seu coeficiente de Poisson é de 0,33,
pergunta-se qual o volume final desta barra?

R: 625,212 cm3

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47

4. Uma barra de alumínio de seção circular de diâmetro 1. 1/4" está sujeita à uma
força de tração de 5.000 kgf. Determine:
a. Tensão normal (a) 651,89 kgf/cm2
b. Deformação específica longitudinal (b) 0,000815
c. Alongamento em 8" (c) 0,163 mm
d. Variação do diâmetro (d) - 0,006 mm
e. Variação da área da seção (e) ≅ -0,3 mm2
f. Variação de volume em um comprimento de 200 mm (f)≅ 65 mm3

Admita-se E = 0,8 . 106 kgf/cm2 ν = 0,25 1" = 25 mm

5. Considere um ensaio cuidadosamente conduzido no qual uma barra de alumínio


de 50 mm de diâmetro é solicitada em uma máquina de ensaio. Em certo instante
a força aplicada é de 100 kN e o alongamento medido na direção do eixo da
barra 0,219 mm em uma distancia padrão de 300 mm.O diâmetro sofreu uma
diminuição de 0,0125 mm. Calcule o coeficiente de Poisson do material e o seu
módulo de elasticidade longitudinal.

R: ν = 0,33 E =0,7 . 104 kN/cm2

6. Uma barra de aço e outra de alumínio tem as dimensões indicadas na


figura.Determine a carga "P" que provocará um encurtamento total de 0,25 mm
no comprimento do sistema. Admitimos que as barras são impedidas de flambar
lateralmente, e despresa-se o peso próprio das barras.
Dados: Eaço = 2 . 104 kN/cm2 EAl = 0,7 . 104 kN/cm2
OBS : medidas em cm

R : P ≅ 1.900 kN

7. A carga P aplicada à um pino de aço é transmitida por um suporte de madeira


por intermédio de uma arruela de diâmetro interno 25 mm e de diâmetro externo
"d". Sabendo-se que a tensão normal axial no pino de aço não deve ultrapassar 35

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48

MPa e que a tensão de esmagamento média entre a peça de madeira e a arruela


não deve exceder 5MPa, calcule o diâmetro "d" necessário para a arruela.

R: 6,32 cm

8. Aplica-se à extremidade C da barra de aço ABC uma carga de 66,7 kN. Sabe-se
que Eaço é de 2,1.104 kN/cm2. Determinar o diâmetro "d" da parte BC para a
qual o deslocamento do ponto C seja de 1,3 mm.

R: 21,8 mm

9. Usando o desenho do problema anterior, suponha as duas partes da barra de


alumínio com módulo de elasticidade longitudinal de 0,7 . 104kN/cm2. O diâmetro
da parte BC é de 28 mm. Determinar a máxima força que pode ser aplicada na
extremidade C sabendo-se que o seu deslocamento não pode ultrapassar 3,8
mm. Sabe-se que a tensão de escoamento admissível para o alumínio é de 16,5
kN/cm2.

R: P ≅ 84 kN

10. O fio de aço CD de 2 mm de diâmetro tem seu comprimento ajustado para que
sem nenhum carregamento exista uma distancia média de 1,5 mm entre a
extremidade B da viga rígida ABC e o ponto de contato E. Pede-se determinar
em que ponto deve ser colocado o bloco de 20 kgf sobre a viga de modo a
causar contato entre B e E.
Dados do aço: E = 2 . 104 kN/cm2.

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49

R: x = 10 cm

11. Uma barra de aço tem seção transversal de 10 cm2 e está solicitada pelas
forças axiais indicadas. Determinar as tensões desenvolvidas nos diversos
trechos da barra.

R: trecho 1 : 1.000 kgf/cm2


trecho 2 : 700 kgf/cm2
trecho 3 : 900 kgf/cm2

12. Uma barra de aço colocada na horizontal mede 5 m. Calcular o seu alongamento
quando suspensa verticalmente por uma extremidade. Dados do aço:
E = 2,1 . 104 kN/cm2 γ = 80 kN/m3

R: 0,004763 mm

13.Uma guilhotina para cortes de chapas tem mesa com 2 metros de largura de
corte e 450 kN de capacidade. Determinar as espessuras máximas de corte em toda
a largura para as chapas :
a. Aço ( τ = 220 MPa ) R: (a) 0.10 cm
b. Cobre ( τ = 130 MPa ) (b) 0.17 cm
c. Alumínio ( τ = 70 MPa ) (c) 0.32 cm

14.As chapas soldadas abaixo na figura tem espessura de 5/8". Qual o valor de 'P'
se na solda usada a tensão admissível ao cisalhamento é de 8 kN/cm2. Determine
também o menor trespasse possível adotando-se todas as possibilidades de solda.
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50

R: P ≤ 356.16 kN
g ≥ 14 cm

15.Considere-se o pino de 12.5 mm de diametro da junta da figura. A força "P"


igual à 37.50 kN. Admita a distribuição de tensões de cisalhamento uniforme.
Qual o valor destas tensões nos planos a-a' e b-b'.

R: 1.528 Kgf/cm2

16.De acôrdo com a figura, a força P tende a fazer com que a peça superior (1)
deslize sobre a inferior (2). Sendo P = 4.000 Kgf, qual a tensão desenvolvida no
plano de contato entre as duas peças?

R: 4,71 kN/cm2

1. O aço de baixo teor de carbono usado


em estruturas tem limite de resistência ao cisalhamento de 31 kN/cm2 . Pede-se
a força P necessária para se fazer um furo de 2.5 cm de diametro, em uma
chapa deste aço com 3/8" de espessura.

R: 231,91 kN

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51

17.Considere-se o corpo de prova da figura, de seção transversal retangular 2.5 x 5


cm, usado para testar a resistência a tração da madeira. Sendo para a peroba de 1,3
kN/cm2 a tensão de ruptura ao cisalhamento, pede-se determinar comprimento
mínimo "a" indicado, para que a ruptura se de por tração e não por cisalhamento nos
encaixes do corpo de prova. Sabe-se que a carga de ruptura do corpo por tração é
de 10,4 kN.

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52

CAPÍTULO VI
MOMENTOS ESTÁTICOS, BARICENTROS E MOMENTOS DE INÉRCIA

I.MOMENTOS ESTÁTICOS

Momento Estático de um elemento de superfície, em relação a um eixo,


situado no mesmo plano que a superfície considerada, é o produto da área do
elemento pela sua distância ao eixo considerado.
Sejam:
dA - elemento de área componente da superfície
x e y - coordenadas deste elemento em relação ao sistema de eixos

sx = y. dA sy = x. dA

Momento Estático de uma superfície, em relação a um eixo, situado no mesmo


plano que a superfície considerada, é a integral dos momentos estáticos de todos os
elementos de superfície, contidos na superfície finita.

Sx = y. dA Sy = x. dA
A A

II. DETERMINAÇÃO DO BARICENTRO DE SUPERFÍCIE

A utilização dos conceitos de momento estático se dá no cálculo da posição


do centro de gravidade de figuras planas.

Seja:
G - baricentro da superfície com coordenadas à determinar (xG; yG)

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53

por definição:

Sx = y. dA
A

se o baricentro da superfície fosse conhecido


poderíamos calcular o momento estático desta
superfície pela definição:

Sx
Sx = yG . A ∴ yG = ou
A

como A (área total) pode ser calculado pela soma dos elementos de área que a
constituem:

A = dA então :
A

y. dA
yG = A

dA
A

analogamente:

x. dA
xG = A

dA
A

O centro de gravidade de uma superfície é o ponto por onde passam todas as


retas do plano da superfície, em relação as quais é nulo o momento estático.
Para algumas figuras é obvia a posição do centro de gravidade; assim, se a
figura é simétrica, o centro de gravidade coincide com o centro geométrico da figura.
Nos casos mais comuns, quando a superfície em estudo for a seção
transversal de um elemento estrutural, normalmente seções constituidas por
elementos de área conhecidos (perfilados), podemos substituir nas equações a
integral por seu similar que é o somatório, e as expressões ficam:
n n
Ai . yi Ai . xi
yG = 1
n ou xG = 1
n
Ai Ai
1 1

III. MOMENTO DE INÉRCIA

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54

Momento de inércia de um elemento de superfície, em relação a um eixo de


seu plano, é o produto da área deste elemento pelo quadrado de sua distância ao
eixo considerado.

jx = y2 . dA jy = x2 . dA
Momento de inércia de uma superfície em relação a um eixo é a soma dos
momentos de inércia em relação ao mesmo eixo dos elementos de área que a
constituem.

2
y . dA
2
Jx = ou Jy = x . dA
A A

IV. TRANSLAÇÃO DE EIXOS (TEOREMA DE STEINER)

Este teorema nos permite relacionar momentos de inércia em relação a eixos


quaisquer com momentos de inércia relativos a eixos baricêntricos, desde que eles
sejam paralelos.

Jx = JxG + A.dy2
Jy = JyG + A.dx2
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55

V. DECOMPOSIÇÃO DE SUPERFÍCIES

O momento de inércia de uma superfície é a soma dos momentos de inércia


das diversas superfícies nas quais ela pode ser decomposta.Isto evita, muitas vezes,
a necessidade de integrações,desde que se decomponha a superfície dada em
figuras geométricas básicas tais como retângulos, círculos, etc, para os quais já se
conhecem previamente o valor dos momentos de inércia.

VI.RAIO DE GIRAÇÃO

Sendo J o momento de inércia de uma superfície, de área A, em relação a um


eixo, então:

i= J/A

é, por definição, o raio de giração, relativamente a este eixo.

VII. EIXOS E MOMENTOS PRINCIPAIS CENTRAIS DE INÉRCIA

Vimos que o Momento de Inércia de uma área A muda com a mudança do


eixo em que o mesmo é calculado.Denomina-se EIXOS PRINCIPAIS CENTRAIS DE
INÉRCIA os eixos que passam pelo baricentro da área A e em relação aos quais o
Momento de Inércia admite valores extremos (máximo e mínimo).
Com o objetivo de projetar de forma mais racional possível, nos interessa
conhecer os eixos em relação aos quais a peça estrutural apresenta maior e menor
Momento de Inércia, assim como o valor destes Momentos de Inércia.
O estudo da variação desta grandeza nos permite demonstrar e concluir que:
-Os EIXOS PRINCIPAIS CENTRAIS DE INÉRCIA são ortogonais.

-Se a área A apresentar 2 (dois) eixos de simetria os eixos baricêntricos


horizontal e vertical serão os EIXOS PRINCIPAIS CENTRAIS DE INÉRCIA.

-Se a área A apresentar somente 1(um) eixo de simetria este eixo é um EIXO
PRINCIPAL CENTAL DE INÉRCIA o outro eixo é perpendicular a ele passando pelo
baricentro.

EXERCÍCIOS:
1. Determinar a posição do centro de gravidade das figuras abaixo (medidas em
cm):
a. b.

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56

R: XG = 5,00 R: XG = 6,00
YG = 9,66 YG = 9,17
c. d.

R: YG = 2,60 R: YG = 27
XG = 6,57 XG = 25

2. Determinar o momento de inércia das figuras em relação aos eixos baricêntricos


horizontal e vertical.
(medidas em cm)
a. b.

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57

R: Jx = 3.541,33 cm4 R: Jx = 553 cm4


Jy= 1.691,33 cm4 Jy = 279,08 cm4

c. d.

R: Jx = 687,65 cm4 R: Jx = 1.372,29 cm4


Jy= 207,33 cm4 Jy= 1.050,27 cm4

TABELAS:

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58

b. h 3 h. b 3
Jx = Jy =
3 3

b. h 3 h. b 3
J xG = JyG =
12 12

b. h 3 h. b 3
Jx = Jy =
12 12

b. h 3 h. b 3
J xG = JyG =
36 36

b. h 3
Jx =
12

b. h 3 h. b 3
J xG = JyG =
36 48

π. R 4
Jx = Jy =
4

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59

CAPÍTULO VII

FLEXÃO PURA

I . ELEMENTOS DE VIGA

São elementos lineares, isto é, que apresentam uma das dimensões


(comprimento) muito maior do que as outras duas (dimensões da seção
transversal) e que está submetido a cargas perpendiculares ao seu eixo
longitudinal.Nesses elementos, desenvolvem-se em suas seções transversais
solicitações de Momento Fletor (M) e Esforço Cortante (Q) , sendo o Fletor
responsável pela flexão e o Esforço Cortante responsável pelo cisalhamento da
viga.
O Esforço Cortante tem muitas vezes uma influência desprezível no
comportamento da peça e podemos, com a finalidade acadêmica, despreza-lo,
estudando o efeito da flexão isolada.
Note-se que estamos cometendo uma aproximação ao estudarmos a flexão
isolada. Na prática, temos a obrigação de pelo menos verificar o efeito do
esforço cortante.
Feitas estas considerações, podemos iniciar classificando a flexão em:

FLEXÃO PURA - Desprezado o efeito do Esforço Cortante


FLEXÃO SIMPLES - Momento Fletor e Esforço Cortante considerados.

Sabemos também que a posição do carregamento em relação à posição


da seção transversal da peça deve ser analisada.

Convencionando por x e y os eixos principais centrais de inércia da seção


transversal da viga (temos condições de determinar estes eixos e também os
momentos de inércia que à eles correspondem).
Vamos chamar de Plano de Solicitações (PS) ao plano onde se
desenvolvem as solicitações, que corresponde ao plano do carregamento.
A posição deste plano pode ser a mais diversa possível, e devemos
comparar esta posição com a posição dos eixos principais centrais de inércia da
seção transversal.

Podemos obter as seguintes situações:

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60

PS contém eixo y PS contém eixo x

PS não contém nenhum eixo principal central de inércia da seção

De acordo com estas observações podemos classificar a flexão em:

RETA - Ocorre quando o Plano de Solicitações contém um dos eixos principais


centrais de inércia da seção (x ou y), que está representada nos dois primeiros
exemplos.

OBLÍQUA - Ocorre quando o Plano de Solicitações é desviado em relação aos


eixos principais centrais de inércia da seção, representada no terceiro exemplo.

A classificação definitiva para a flexão ficaria:

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61

II. FLEXÃO PURA RETA

É o caso mais simples e o mais comum de flexão. Podemos ainda dizer que
na flexão o natural é o Plano de Solicitações vertical pois é o plano que contém as
cargas peso.
Vamos iniciar o nosso estudo por um caso simples de uma viga de seção
transversal retangular, e sujeita a cargas peso, conf. abaixo:

x,y - eixos principais centrais de


inércia da seção retangular
z - eixo longitudinal da peça.

Isolando o trecho compreendido


entre as seções S1 e S2 podemos
com a observação tirar diversas
conclusões que nos levam a
conhecer o funcionamento de uma
peça sujeita à flexão.

Conclusões:

1. No exemplo citado as fibras de baixo se


alongaram, e isso nos diz que deve haver uma
tensão normal de tração capaz de provocar este
alongamento.

2. As fibras de cima se encurtaram e o fizeram


porque houve uma tensão normal de
compressão que as encurtou.

3. Existe uma linha na seção transversal na altura do eixo longitudinal constituída


por fibras que não alongaram e nem encurtaram, nos fazendo concluir que nesta

Mecânica dos Sólidos E- Notas de aula – Profas Silvia Kalil / Maria Regina Leggerini
62

linha não existe tensão normal. Chamamos esta linha de LINHA NEUTRA (LN) e
neste exemplo ela coincide com o eixo x , que é principal central de inércia da
seção transversal retangular.

Numa flexão reta a LN é sempre um dos eixos principais centrais de inércia


da seção:

PS contendo eixo y → LN coincide com o eixo x


PS contendo eixo x → LN coincide com o eixo y

Numa flexão reta LN e PS são sempre perpendiculares entre si.

OBS: A Linha Neutra (LN) representa fisicamente o eixo em torno do qual a


seção gira.

4. Quanto mais afastada for a fibra da LN maior será a sua deformação e


conseqüentemente maior será a tensão que lhe corresponde (lei de Hooke).

A. TENSÕES NORMAIS DESENVOLVIDAS

Vamos adotar para a formação da expressão que nos permite calcular as


tensões normais desenvolvidas em uma seção transversal, o seguinte exemplo:
- Viga de seção retangular (bxh) , onde os eixos principais centrais de inércia
são os eixos de simetria (x,y).
- Plano de Solicitações verticais (cargas peso).

notações e convenções:
σ - Tensões Normais : (+) tração (-) compressão

Jx - Momento de inércia da seção em relação ao eixo x, principal central de inércia


(pci).

Mx - Momento Fletor atuante na seção transversal devido à ação das cargas


(+) traciona as fibras da parte de baixo da seção transversal
(-) traciona as fibras de cima

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63

Eixos Principais Centrais de Inércia:


O sentido convencionado para estes eixos será contrário ao
dos eixos coordenados:

y - ordenada genérica da fibra considerada, ou seja, da fibra para a


qual se quer calcular as tensões normais.
sinal: (+) ou (-) , de acordo com a orientação convencionada para o eixo y.

Conhecido o funcionamento da peça e as grandezas que influem em seu


funcionamento à flexão podemos simplesmente montar uma equação que nos
permita calcular a tensão normal desenvolvida nos diversos pontos que
constituem a seção em estudo:

Mx
σy = .y
Jx
Observando esta expressão, podemos notar que a tensão desenvolvida
depende diretamente do momento fletor que atua na seção (responsável pela
tendência de giro), e é inversamente proporcional ao momento de inércia da
seção, o que se explica, pois o momento de inércia representa fisicamente
resistência ao giro.
A tensão também é diretamente proporcional a ordenada y, que representa
a distância da fibra em que se deseja calcular a tensão até a linha neutra, ficando
de acordo com a lei de Hooke (proporcionalidade entre tensão e deformação), pois
as deformações crescem com a distancia à Linha Neutra .

OBS:
1. Esta expressão nos permite calcular a tensão normal desenvolvida devido ao
momento fletor em qualquer ponto de qualquer seção da viga considerada.

2. Se tivéssemos exemplificado com o Plano de Solicitações horizontal, as


seções girariam em tôrno do eixo y e a expressão ficaria:
My
σx = .x
Jy
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64

B. TENSÕES NORMAIS EXTREMAS (MÁX. E MÍN)

As máximas tensões de tração e de compressão ocorrem nos pontos mais


afastados da Linha Neutra, porque são nestes pontos que a deformações são
máximas(lei de Hooke).
Para facilitarmos o cálculo das tensões normais máximas, vamos dividir a
nossa peça em duas categorias:

1. Peças Simétricas em relação ao eixo x:

Ex: Seção Retangular

Observe que em peças


simétricas a distancia da fibra
mais tracionada e da fibra
mais comprimida até a Linha
Neutra é igual à metade da
altura total da peça (h/2)

Mx Mx
σmáxT = . ymáxT σmáxC = . ymáxC
Jx Jx

ymáxT = |ymáxC | = h/2 então:

σmáxT = |σmáxC|

2. Seções não simétricas em relação ao eixo x:

Ex: Seção "T"

Nestes casos

|ymáxc | ≠ ymáxt

então:

σmáxT ≠ |σmáxC|

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65

OBS: Nas seções não simétricas as convenções devem ser observadas com
cuidado pois a simples inversão de qualquer sentido ou sinal torna os
resultados diferentes dos observados na prática.

C. MÓDULO DE RESISTÊNCIA À FLEXÃO (W)

Por definição, módulo de resistência à flexão é a relação entre o momento


de inércia da seção em relação à um eixo e a distância do ponto mais afastado da
seção àquele eixo.
Como estamos exemplificando o caso de cargas verticais em que o eixo de
rotação (LN) é x, teríamos:

Jx
Wx =
ymáx

Podemos substituir este conceito na expressão que nos dá a tensão


máxima e teríamos:
Mx
σ máx = . ymáx ou
Jx

Mx
σ máx =
Wx

Note-se que não se faz distinção entre ymáxt e ymáxc , portanto a


utilização prática desta constante se dá no cálculo da tensão máxima em peças
simétricas, onde eles são iguais.
Muitas vezes, em peças comerciais , o valor do módulo de resistência à
flexão é tabelado.
Se estivéssemos tratando do caso de Momento Fletor em torno do eixo y
(rotação em torno de y), a expressão ficaria:
Jy My
Wy = σmáx = ]
xmáx Wy

D. SEÇÕES E POSIÇÕES MAIS CONVENIENTES

A melhor forma para a seção transversal de uma viga sujeita à flexão é


aquela que tem grande parte de sua área em regiões o mais afastadas possíveis
de sua LN.
Ex:

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66

Para uma mesma seção, ou seja, para um mesmo material


empregado, nós podemos aproveita-lo da melhor forma
possível, ou na melhor posição possível, fazendo uma simples
análise do seu módulo de resistência à flexão.

Ex 1: Qual a forma mais conveniente para ser utilizada em uma viga sujeita à
flexão, optando-se entre uma seção quadrada e outra circular, ambas de mesma
área?

Ex 2: Qual a posição mais conveniente de uma seção retangular b x B , para servir


como seção transversal de uma viga, sujeita à flexão (PS vertical)

EXERCÍCIOS:

1. Uma viga de seção retangular 20 x 30 cm suporta um momento fletor positivo


de 20 kN.m. A peça é construida com material que apresenta σT = 18 MPa e
σC = 32 MPa. Determine o coeficiente de segurança desta viga.

2. Projetar uma peça com seção retangular com altura igual ao dobro da base
para servir como viga conforme a figura abaixo.. A viga será construída com
material dúctil que apresenta tensão de escoamento de 400 MPa. Despreze o
esforço cortante e adote segurança 2,5.

Mecânica dos Sólidos E- Notas de aula – Profas Silvia Kalil / Maria Regina Leggerini
67
20kN/m

20kN/m

3. Determine a medida "b" da seção transversal da viga da figura abaixo. A viga


deve resistir ao carregamento indicado com segurança 5. O material
apresenta :
σT = 8 kN/cm2 σC  = 16 kN/cm2

4. Calcular o coeficiente de segurança para a viga abaixo. O material é frágil e


apresenta:
σT = 200 MPa | σC | = 300 MPa

5. A viga da figura deve ser construída com material dúctil que apresenta tensão
de escoamento de 300 MPa. A seção transversal deve ser uma coroa circular
de Re = 2.Ri. Dimensione-a com segurança 3.

Mecânica dos Sólidos E- Notas de aula – Profas Silvia Kalil / Maria Regina Leggerini
68

6. Determinar o máximo valor possível para a carga "q" à fim de que a peça
abaixo de seção retangular 20 x 40 cm resista ao carregamento indicado com
segurança 3.
Dados: σT = 30 MPa | σC | = 120 MPa s=3

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CAPÍTULO III

TORÇÃO SIMPLES

I.INTRODUÇÂO

Uma peça estará sujeita ao esforço de torção simples quando a mesma


estiver submetida somente a um momento de torção. Observe-se que trata-se
de uma simplificação, pois no caso mais simples sempre teremos o peso
próprio da estrutura atuando.
Neste capítulo, estudaremos somente peças com seção transversal
circular ou tubular. Na prática, os elementos que transmitem torção, como, por
exemplo, eixos de motores, tubos de torção de equipamentos de potência, etc.,
são predominantemente de seção circular ou tubular
Dada uma peça submetida somente a um momento de torção e em
equilíbrio pode-se observar que os efeitos da torção são:

1- Produzir um deslocamento angular de uma seção transversal


em relação à outra;
2- Dar origem à tensões de cisalhamento nas seções
transversais da barra.

II. HIPÓTESES

a)As seções transversais permanecem planas e perpendiculares ao eixo após


à deformação. Este princípio é válido para peças que apresentam simetria
polar.

b)Se em uma face da peça existir uma tensão tangencial, então, na face
perpendicular à ela, também existirá uma tensão de mesmo módulo e sentido
oposto a primeira.

c)Validade da Lei de Hooke:

σ
= E (mod . de elasticidade longitudinal)
ε
τ
= G (mod .de elasticidade transversal)
γ

d)O eixo da peça permanece retilíneo durante a deformação.

III. TENSÕES E DEFORMAÇÕES

Seja uma peça de seção transversal circular ou tubular, em equilíbrio,


submetida somente a um momento de torção e válidas as hipóteses
estabelecidas anteriormente, conforme figura:

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


A geratriz O1A, passa, depois da deformação para O1B.
A distorção específica ( ) é:

=tag.

Como é muito pequeno:

= = AB / L = r / L

Para a distância genérica, , a distorção específica pode ser escrita:

= /L

Assim, observa-se que as distorções variam linearmente em função do raio,


admitindo a validade da Lei de Hooke, as tensões tangenciais também variam
linearmente com o raio, anulando-se no centro da seção transversal ( =0).

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


A soma dos momentos internos que atuam na seção deve ser igual ao
momento Mt , assim:

r r
Mt = τ .ρ. dS = ρ.ρ.dS
0 0

Observe que a é a constante de proporcionalidade entre a tensão tangencial e


:

τ = a.ρ

Mas:
r
Jt = ρ 2 .dS
0

Assim:

Mt
a=
Jt

Mt
τ= .ρ
Jt
Para uma peça de seção circular teremos:

Mt
τ= .r
Jt

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


como r é uma distância genérica que varia 0 ≤ r ≤ R podemos calcular os
valores limites para a tensão na seção circular:

r = 0 (centro da circunferência) τ =0

Mt
τmáx = .R Jt =
π
R4
r = R(contorno da seção Jt 2

Para seções tubulares teremos:

Mt
τmáx = . Re
Jt

π
Jt =
2
(R e
4
- Ri 4 )

O deslocamento angular ( ) , de um eixo circular, em função do momento de


torção pode ser obtido lembrando que:

r.θ M t. .r τ M t r / Jt M t l
γ = τ= G= = . = ..
l Jt γ r.θ / l Jt θ

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


Donde:

M t. l
θ= .
G Jt

EXERCÌCIOS:

1. Determinar o momento de torção em função da potência transmitida por um


eixo e de sua velocidade angular, suposta constante e igual a n revoluções por
minuto.

R:
N - potência do motor em CV
n - frequência do motor em r.p.m

A relação entre estas grandezas e o momento de torção transmitido é:

N
Mt = 716, 2
n

2.Calcular a máxima tensão tangencial em uma barra de seção circular com 20


cm de diâmetro, quando submetida a um par de torção de 40 kN.m. Determine
também o ângulo total de torção, sendo o comprimento da peça 3 m e o
módulo de elasticidade transversal do material igual a 8.104 MPa.

R: τmáx = 2,55 kN/cm2


H = 96 . 10-4 rad

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


3.Qual a máxima potência que se pode desenvolver em um eixo de 8 cm de
diâmetro que gira à 400 rpm. O eixo é construido com material que apresenta
tensão de cisalhamento admissível de 15 kN/cm2 .

R: 842,2 CV

4.Um par de torção de 30 kN.m é aplicado em uma seção tubular de 20 cm de


diametro externo. Determine o maior diametro interno possível a fim de que a
tensão de cisalhamento não ultrapasse 6 kN/cm2 .
R: ≅ 18 cm
5.Deseja-se substituir um eixo de seção circular de raio 10 cm por outro de
seção coroa circular, do mesmo material, com Re = 2.Ri , capaz de suportar o
mesmo torsor, com a mesma segurança. Quais seriam as dimensões do eixo
oco? Qual a economia de material que se obtém ao realizar a substituição?

R: De = 20,4 cm Di = 10,2 cm economia ≅ 22%


6.A junta representada na figura é frequentemente usada para unir as
extremidades de dois eixos. As duas partes são solidárias por meio de 6 rebites
de diâmetro 3/4". Se o eixo transmite 65 CV com 250 rpm, qual a tensão de
cisalhamento nos rebites?

R: 2,14 kN/cm2

7.O eixo de seção variável, como se indica na figura, é de aço com módulo de
elasticidade transversal 0,84 . 104 kN/cm2 . Na extremidade inferior do eixo é
aplicado um torsor de 6 kN.m e na seção B um torsor de 9 kN.m, com os
sentidos indicados. Determine a tensão de cisalhamento máxima nos dois
trechos de seção constante e o deslocamento angular de B e C.

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


R: τAB = 1,46 kN/cm2
τBC = 6,91 kN/cm2
HB = 0,0034 rad
HC = 0,0117 rad

4.
8. Considere dois eixos maciços ligados por duas engrenagens de 10" e 2", tal
como se indica. Os eixos são apoiados por mancais de forma que não sofrem
flexão. Determine o deslocamento angular de D em relação a A, produzido pelo
torsor de 30 Kgf.m aplicado em D. O eixo da esquerda é de aço (G = 0,84 . 104
kN/cm2) e o da direita de latão (G = 0,35 . 104 kN/cm2 ).

R : 0,1584 rad

9.O eixo da figura compõe-se de um trecho de latão e outro de alumínio, com


60 cm de comprimento cada. O diâmetro do eixo é constante de 6 cm; o limite
ao cisalhamento do latão é de 10 kN/cm2 e o do alumínio 15,5 kN/cm2.
Adotando um coeficiente de segurança 2 e limitando o ângulo de torção na
extremidade livre em 1º, qual o torsor máximo que se pode aplicar a este eixo.
Dados;
Glatão = 0,35 . 104 kN/cm2 G Alumínio = 0,28 . 104 kN/cm2
1º = 0,01745 rad

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


R: 57,57 kN.cm

10.Considere um eixo formado por um núcleo cilíndrico de alumínio com 5 cm de


diametro envolto por uma coroa de aço com 6 cm de diâmetro externo. Sendo
rígida a ligação entre os dois metais e estando o eixo solicitado por um torsor de
15 tf.cm, pedem-se as tensões de cisalhamento máximas nos dois metais.
Dados: GAl = 0,28 . 104 kN/cm2 Gaço = 0,84 . 104 kN/cm2

R: τmáx Al = 1,46 kN/cm2


τmáx aço = 5,21 kN/cm2

11. Um eixo maciço de aço com seção circular é envolvido por um tubo de cobre,
rigidamente ligado ao aço. O conjunto está solicitado a torção. Sabendo-se que
o cobre absorve 1,5 vezes o torsor do aço, pede-se determinar a relação entre
os diâmetros interno e externo do tubo de cobre. Dados:
Gaço = 0,84 . 104 kN/cm2 GCu = 0,42 . 104 kN/cm2

R: De = 2 . Di

12. .Admite-se no problema anterior que a barra de aço tem diâmetro de 6 cm e


que as tensões de cisalhamento admissíveis no cobre e no aço sejam
respectivamente 6 e 8 kN/cm2 . Qual o momento de torção máximo que se
pode aplicar ao eixo.
R: 8,48 kN.m

13. Um momento de torção de 3 kN.m é aplicado ao cilindro maciço de bronze


indicado. Determinar:
a. Máxima tensão de cisalhamento
Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil
b. A tensão de cisalhamento no ponto B com 15 mm de raio.
c. A parcela do momento resistida pelo cilindro interior aos 15 mm de raio

R: a. 70,7 MPa
b. 35,4 MPa
c. 6,25 %

14. Os momentos de torção indicados atuam nas polias A B C e D. Sabendo-se


que os eixos são maciços determinar a tensão máxima de cisalhamento:
a. do eixo BC
b. do eixo CD

R: a. 8,34
kN/cm2
b. 8,15 kN/cm2

15. Dois eixos maciços são ligados por engrenagens como mostra a figura. Sabe-
se que o material de cada eixo tem G = 0,8.104 kN/cm2 e tensão de
cisalhamento admissível de 55 MPa. Determine:
a. Maior torque To que se pode aplicar a extremidade A do eixo.
b. Ângulo de rotação da extremidade A correspondente a To..
c. Ângulo de rotação da extremidade B.

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


R: a.
53,3 N.m
b.
10,86º
c.
8,26º

16. O sistema de engrenagens da figura utiliza eixos de aço com o mesmo


diâmetro para AB e CD. A tensão admisível ao cisalhamento do aço
especificado é de 60 MPa e o ângulo de torção do ponto D não deve exceder
1,5º. Considerando apenas tensões provenientes dos efeitos da torção,
determine o mínimo diâmetro que pode ser usado para os eixos
(G = 0,8.104 kN/cm2 ).

R: 62,3 mm

17. A barra circular maciça BC de aço é presa à haste rígida AB e engastada ao


suporte rígido C. Sabendo-se que G = 0,75.104 kN/cm2 , determinar o diâmetro
da barra de modo que para um P de 450 N a deflexão do ponto A não
ultrapasse 2 mm e que a máxima tensão de cisalhamento não exceda 100
MPa.

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R: 40,5 mm

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1

MECÂNICA DOS SÓLIDOS


LISTA DE EXERCÍCIOS - CÁLCULO DE REAÇÕES EXTERNAS
1.

R: VA = VB 27,5 KN
HA = 25,98 KN

2.

R: VA = - 5 kN
VB = 95 kN
HA = 0

3.

R: VA = 0,59 kN
VB = 51,05 kN
HB = 14 kN (← )

4.

R: VA = 98,4 kN
VB = 16,6 kN
HA = 0

5.

Estruturas Isostáticas – DECivil . PUCRS- Profas: Maria Regina Costa Leggerini / Sílvia Baptista Kalil
2

R: VA = - 8,75 kN
VB = 8,75 kN
HA = 0

6.

R: VA = 60 kN
VB = 0
HA = 0

7.

R: VA = 27,5 kN
VB = 62,5 kN
HB = 0

8.

R : VA = 40 kM
HA = 0
MA = 75 kN.M (anti horário)

9.

R: VA = 70 kN
HA = 0
MA = 140 kN.m (anti hor)

10.

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3

R: VA = 73,4 kN
HA = 25 kN (←)
MA = 68,3 kN (anti hor)

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