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1ª RODADA
CEI - MPF
PREPARATÓRIO PARA O
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
24/07/2014
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CORPO DOCENTE
Renan Paes – mediador das matérias Direito Constitucional e Metodologia Jurídica e Direito Penal.
Procurador da República em Monteiro/PB (aprovado em 2° lugar no 26° CPR). Especialista em Direito Constitucional. Juiz de
Direito do Estado de São Paulo (2012/2013). Analista Processual do Ministério Público Federal, com lotação na Procuradoria
Geral da República (2008/2012). Técnico Administrativo do Ministério Público Federal (2007/2008). Bolsista do Instituto Inte-
ramericano de Direitos Humanos (2008). Graduado em Direito pela Universidade Federal da Paraíba (2007). Aprovado nos
concursos de Juiz de Direito do Estado de São Paulo, Promotor de Justiça do Estado da Paraíba, Procurador do Estado de
Pernambuco, dentre outros das carreiras de analista, técnico e procurador municipal.
Aldo Costa – mediador das matérias Direitos Humanos, Direito Internacional Público e Privado.
Procurador da República (27° CPR). Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo (1999), com habilitação em Direito
Penal e Criminologia. Pós-graduado pelas Universidades de Buenos Aires (2004) e Valência (2007). Foi professor substituto da
Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (2002-2006), docente da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação
Getúlio Vargas (2009), pesquisador visitante no Max-Planck-Institut für ausländisches und internationales Strafrecht (2007) e ad-
vogado (2000-2010). Exerceu os cargos de conselheiro da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (2002), assessor especial
do Ministro da Justiça (2010-2011) e de assessor de ministro do Supremo Tribunal Federal (2013-2014).
Paulo Santiago – mediador das matérias Direito Eleitoral, Direito Administrativo e Direito Ambiental.
Procurador da República (27° CPR).Procurador Regional Eleitoral no Amapá. Representante da 5ª Câmara de Coordenação
e Revisão do Ministério Público Federal no Estado do Amapá. Mestre em Direito Público, Especialista em Direito do Estado e
Bacharel em Direito pela Universidade Federal da Bahia. Ex-Professor de Direito Administrativo da Universidade Federal da Ba-
hia. Ex-Procurador do Estado de Pernambuco. Aprovado em diversos concursos e seleções: Ministério Público Federal (2013),
Advocacia Geral da União (2013), Defensoria Pública do Estado da Bahia (2010), Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco
(2009), Advocacia da Petrobras (2012), do Banco do Nordeste (2011) e da EMBASA (2009).
Bruno Barros – mediador das matérias Direito Tributário, Direito Financeiro e Processo Penal.
Procurador da República em Campina Grande/PB. Procurador do Município de Recife (2009 a 2012). Pós-Graduado em Direito
Público. Aprovado nos concursos de Procurador do Município de Recife (1°lugar), Procurador do Estado de Alagoas (3º lugar),
Advogado da União e Procurador da República (6º Lugar no 25°CPR). Editor do http://blogdobrunobarros.blogspot.com.
João Paulo Lordelo – mediador das matérias Direito Econômico, Direito do Consumidor, Direito Civil e Processo Civil.
Procurador da República (aprovado em 1° lugar no 27°CPR). Ex-Defensor Público Federal. Aprovado em diversos concursos e
seleções: Técnico Administrativo da Universidade Federal da Bahia, Técnico Administrativo do Ministério Público do Estado da
Bahia, Técnico Administrativo e Analista Judicial do Tribunal Regional Eleitoral do Estado da Bahia, Procurador do Estado de
Pernambuco, Defensor Público Federal (7ª colocação final, tendo obtido a 1ª colocação na primeira fase), Mestrado em Direito
Público – Área de Concentração: Teoria do Processo e Tutela de Direitos (1ª colocação), Juiz de Direito do Estado da Bahia (1ª
colocação na primeira fase), Procurador da República (1ª colocação na classificação geral). É graduado e mestre em Direito
Público pela Universidade Federal da Bahia e especialista em Direito do Estado. Editor do website: http://www.joaolordelo.com.
COORDENADOR-GERAL DO CEI
CAIO PAIVA - caio.paiva@cursocei.com
Defensor Público Federal, titular do 2º Ofício Criminal da DPU/Manaus, unidade em que é Chefe-Substituto. Membro do GT
– Grupo de Trabalho da DPU sobre presos. Especialista em Ciências Criminais. Exerceu o cargo de assessor de juiz de direito
(2010-2013). Fundador do CEI. Editor do site www.oprocesso.com.
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INSTRUÇÕES GERAIS
1. O objetivo principal do CEI é promover uma simulação máxima da “prova real”, mas, para que isso aconteça,
precisamos da colaboração de vocês. A principal instrução, aqui, é para que quando forem redigir as respostas das
questões dissertativas ou elaborar a peça judicial, fiquem à vontade para pesquisar o quanto puderem/quiserem
sobre os temas tratados. Porém, no momento de redigir a resposta/peça, estejam a sós com a legislação seca. Por
essa razão, evitem citar número de decisões, transcrever trecho de doutrina etc.
2. Todos os alunos do Curso recebem o “Espelho de Correção” (material que contém o gabarito comentado das
questões dissertativas e da peça judicial + as melhores respostas/peças dos alunos), inclusive aqueles que optarem
por não participarem ativamente submetendo suas respostas/peças para correção individualizada.
3. Para que o Curso seja dinâmico e possamos, todos, nos organizar, não iremos tolerar (salvo casos excepcionais)
atraso no envio das respostas/peças para correção individualizada. Atentem-se para identificar perfeitamente qual
o e-mail do mediador responsável pelo questionamento!
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GRUPO I
d) A CPI possui legitimidade, no decorrer das investigações, para decretar quebra de sigilo
bancário, fiscal e telefônico de pessoas investigadas. No entanto, além da aprovação da que-
bra pelo voto dos membros da comissão, há necessidade de fundamentação concreta para a
restrição ao direito de intimidade.
b) A Constituição Federal atual, que foi promulgada em 5 de outubro de 1988, revogou por
completo a Constituição anterior, não excepcionando a vigência temporária de qualquer dis-
positivo da Lei Maior de 1967/69.
c) Segundo o STF, não se pode invocar direitos adquiridos contra a Constituição. Isso porque
o poder constituinte tem a prerrogativa de atingir efeitos futuros de fatos passados, que é o
que se chama de retroatividade mínima.
d) A proibição de alterar o art. 60, § 4º da Constituição Federal, que enumera as cláusulas pé-
treas, limitações materiais ao poder constituinte reformador, pode ser entendida como uma
cláusula pétrea implícita.
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a) A tópica desenvolvida por Theodor Viehweg se caracterizou como uma técnica de pensar o
problema e através de debates e descoberta de argumentos relevantes e persuasivos, contri-
buir para solucioná-lo satisfatoriamente. Daí a sua função precipuamente instrumental.
c) De acordo com Müller, o direito e a realidade são esferas incomunicáveis entre si. Assim não
é necessário observar a praxis jurídica para elaborar o processo estruturado de interpretação.
b) a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos não prevê nenhuma derrogação das
obrigações legais.
5. A teoria da proteção indireta (“indirect protection”) ou da proteção por ricochete (“par rico-
chete”:
DIREITO ELEITORAL
I – Pode ser interposto no prazo de 15 (quinze) dias contados da diplomação, nos casos de
inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegi-
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bilidade.
II – Deverá ser interposto, nas eleições gerais, perante o Tribunal Superior Eleitoral.
IV – Não tem efeito suspensivo, mas o candidato diplomado poderá exercer o mandato em
toda sua plenitude até decisão do Tribunal Superior.
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e IV.
d) III e IV.
a) Desde que assegurada reciprocidade, aos cidadãos portugueses com residência perman-
ente no Brasil é assegurado o gozo dos mesmos direitos políticos dos brasileiros naturaliza-
dos; desse modo, é possível a um cidadão português o registro de candidatura para o cargo
de governador de estado.
c) O conceito de domicílio eleitoral é mais amplo que o de domicílio civil; em virtude disso,
o funcionário público poderá manter seu domicílio eleitoral sem que se configure fraude,
mesmo tendo domicílio necessário no município de exercício.
d) A filiação partidária pode ser comprovada por outros meios idôneos, ainda que o nome
do filiado não conste na lista encaminhada pelo partido à Justiça Eleitoral e que, em virtude
dessa omissão, a filiação não esteja registrada no sistema eletrônico do TSE.
c) Não é cabível a iniciativa popular de projeto de Lei que trate de matéria reservada à Lei Com-
plementar, ressalvada a possibilidade de sua subscrição por membro do Congresso Nacional.
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d) A ação popular somente pode ser ajuizada por cidadão brasileiro, assim entendido como o
nacional em pleno gozo dos direitos políticos.
GRUPO II
b) Impõe forma escrita, sendo sempre vedada a celebração de contratos verbal com a Admin-
istração.
d) Os faz dotados de cláusulas exorbitantes, por meio das quais se garante à Administração
a prerrogativa de negociar com o vencedor do certame a definição do objeto e regime de
execução.
II. A servidão ambiental não poderá incidir sobre a área de reserva legal mínima exigida e
implicará restrição equivalente ou superior àquela que lhe for imposta.
dispositivo da Lei nº 12.651/12 (Novo Código Florestal) que admitiu o cômputo das Áreas de
Preservação Permanente na área de servidão ambiental.
IV. A área de servidão ambiental pode ser convertida em Cota de Reserva Ambiental – CRA,
servindo como título que pode ser transferido, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou
a pessoa jurídica de direito público ou privado para fins de compensação de Reserva Legal de
imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado.
a) I e II.
b) II e III.
c) II e IV.
d) III e IV.
c) A obrigaçao tributária principal decorre da lei em sentido estrito, enquanto que a obriga-
ção acessória decorre da legislação tributária.
d) Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica, de direito público ou privado, titular da com-
petência para exigir o seu cumprimento.
b) A sua instituição compete a qualquer um dos entes federativos, mediante lei complementar.
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c) Além das hipóteses previstas na Constituição Federal, segundo a doutrina, ainda está vi-
gente o empréstimo compulsório citado no art. 15, III, CTN.
c) traz, de forma direta ou indireta, as regras referentes aos meios de combate: proporciona-
lidade, distinção e necessidade militar.
17. De acordo com a corte internacional de justiça no julgamento de 27 de janeiro de 2014 no caso
“Disputa Marítima“ (Peru v. Chile) é incorreto afirmar:
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d) a delimitação da zona econômica exclusiva entre Estados com costas adjacentes, prevista
no art. 74, parágrafo 1 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM),
reflete uma norma de direito consuetudinário internacional.
18. O decreto nº 7.606, que regulamento no ordenamento jurídico brasileiro a resolução nº 1.989,
de 17 de junho de 2013, do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU):
b) estabelece que o Estado-membro que vier a propor uma inclusão na lista de indivíduos
e organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo deverá tornar
pública a condição de propositor.
GRUPO III
c) Os bens jurídicos tutelados pela Lei n. 12.529/2011 são titularizados apenas por agentes
econômicos.
d) Também oficia junto ao CADE, além do Ministério Público, uma Procuradoria Federal es-
pecializada, responsável por prestar assessoramento e consultoria, sendo-lhe vedada a repre-
sentação judicial do órgão.
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a) O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem jurisprudência consolidada adotando a teoria fi-
nalista ou subjetiva. Assim, para o STJ, o conceito de consumidor não se aplica, em nenhuma
hipótese, no caso em que o produto ou serviço é contratado para implementação de ativi-
dade econômica, já que não estaria configurado o destinatário final da relação de consumo.
b) A jurisprudência do STJ tem mitigado a teoria finalista nos casos em que ficar comprovada
a condição de hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica da pessoa jurídica.
DIREITO CIVIL
c) Posse violenta é a que se adquire por ato de força (moral ou física). Posse clandestina, por
seu turno, é a posse que se adquire através às ocultas em relação ao seu legítimo titular.
d) Segundo entendimento majoritário, foi adotada no Brasil a teoria objetiva de Jhering. Con-
tudo, há algumas concessões para a teoria subjetiva.
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a) O oferecimento de bens à penhora, ainda que de depósito de dinheiro, não impede a apli-
cação da multa de 10% do art. 475-J do CPC.
c) A penhora de dinheiro e a fiança bancária não possuem o mesmo status, de modo que a
constrição sobre o primeiro não pode ser livremente substituída pela garantia fidejussória.
GRUPO IV
DIREITO PENAL
25. Acerca do crime de lavagem de dinheiro, julgue as alternativas e aponte a alternativa incor-
reta:
a) De acordo com a política de compliance estabelecida pela redação atual da lei de combate
à lavagem de dinheiro, as pessoas físicas e jurídicas indicadas na legislação devem adotar
políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu porte e volume de opera-
ções, que lhes permitam atender as determinações dos órgãos de controle.
d) Os cadastros e registros mantidos pelas instituições obrigadas pela lei de combate à lava-
gem de ativos deverão ser conservados durante o período máximo de cinco anos a partir do
encerramento da conta ou da conclusão da transação.
entre as quais se incluem aquelas relativas às medidas de segurança, que integram a seara do
direito penal material.
b) Para a orientação atual do STJ, no delito de tráfico ilícito de entorpecentes, é possível re-
alizar a combinação entre a lei nova (causa de diminuição) e a lei antiga (pena-base menor) a
fim de encontrar a situação mais favorável ao réu.
27. Acerca dos crimes contra a saúde pública e os relacionados à remoção e transplante de órgãos,
assinale a alternativa correta:
b) Nos crimes relacionados à remoção e transplante de órgãos não há tipo penal de menor
potencial ofensivo.
a) O prazo para conclusão de Inquérito Policial que apure crime federal será de 15 dias pror-
rogáveis por mais 15 dias, por decisão fundamentada do Juiz, em caso de investigado preso.
b) Entendendo pela incompetência absoluta do Juízo perante o qual oficia, o Procurador de-
verá manifestar-se pela remessa do Inquérito ao Juízo competente, tendo esta manifestação
sido denominada pela doutrina de arquivamento indireto.
c) Considere que o funcionário público ofendido em sua honra, em razão de acusações atrela-
das ao exercício de sua função, representou ao Ministério Público para apuração do caso. Se
o MP promover o arquivamento, ele poderá ajuizar a Queixa-crime, desde que já não tenha
sido extinta a punibilidade.
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a) Havendo a expansão da Justiça Federal, com a criação de uma nova Vara Federal no interior
do Estado, deverão ser remetidos a ela todos os processos penais referentes aos Municípios
de sua área de abrangência, não se aplicando a perpetuatio jurisdicionis.
b) Havendo a criação de uma Vara Especializada, deverão ser remetidos a ela todos os pro-
cessos penais referentes à sua matéria exclusiva, não se aplicando a perpetuatio jurisdicionis.
d) A jurisprudência atual do STF e do STJ entende ser nulo o julgamento proferido por Turma
de Tribunal composta, majoritariamente, por Juízes convocados.
30. A Transação Penal é um instituto despenalizador previsto na Lei n. 9.099/95. Acerca desse
tema, assinale o item correto:
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GRUPO I
d) A CPI possui legitimidade, no decorrer das investigações, para decretar quebra de sigilo
bancário, fiscal e telefônico de pessoas investigadas. No entanto, além da aprovação da que-
bra pelo voto dos membros da comissão, há necessidade de fundamentação concreta para a
restrição ao direito de intimidade.
COMENTÁRIO
Nas questões de Direito Constitucional sempre haverá cobrança de jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal. Por isso, além da regular leitura dos Informativos, é importante ter sempre em mãos a excelente
compilação “A Constituição e o Supremo”, organizada pelo STF, onde se mescla o texto da Constituição
Federal e a principal jurisprudência da Suprema Corte. A leitura, ainda que pontual, é essencial,
principalmente na parte de direitos e garantias fundamentais e processo constitucional. Sugiro, outrossim,
dar um “ctrl + f” na palavra-chave “NOVO”. Assim, o estudante poderá identificar sempre as novidades
inseridas recentemente na compilação.
Link: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/publicacaoPublicacaoTematica/anexo/constituicao.zip
A alternativa “a” está correta, de acordo com o julgamento da ADI 331. O relator, Min. Gilmar Mendes,
exalta, em seu voto, o “laboratório” que pode se tornar o poder constituinte estadual, trazendo experiências
que, desde dentro dos parâmetros da Constituição Federal (princípio da simetria), podem ser proveitosas
para a democracia. Seguem os excertos do voto e a ementa:
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“(...) o requerente alega que o art. 49, I, da CF, ao prever competência exclusiva
do Congresso Nacional, restringe-se ao poder de resolver acordos ou tratados
internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio
nacional. Por outro lado, o dispositivo estadual vai além, prevendo o poder de
autorizar e resolver empréstimos, acordos e convênios que acarretem encargos
ou compromissos gravosos ao patrimônio estadual. (...) no caso em análise, não
verifico inobservância local, pois a Constituição estadual apenas complementou o
Texto Federal. Nesse sistema de complementariedade, tenho que o Texto Federal
pode até́ mesmo ser influenciado, em possível poder constituinte reformador,
pelas experiências das Constituições estaduais. É preciso dar espaço a oficinas e
experimentos no âmbito do poder constituinte estadual. (...) No caso, a inovação
da Constituição paraibana não atenta contra os marcos fundamentais da Carta
Magna, mas, antes, procura tornar ainda mais efetivos os comandos constitucionais
do equilíbrio entre os poderes e do controle republicano dos compromissos públicos.”
(ADI 331, voto do rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 3-4-2014, Plenário, DJE
de 2-5-2014.).
A assertiva “b” também está correta. É que, de acordo com o princípio da simetria, até é possível que a
norma estadual estabeleça a exigência de autorização do legislativo estadual para o chefe do Executivo
sair do país. No entanto, há que se observar a limitação da Constituição Federal quanto ao prazo, que
é superior a 15 dias (Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença
do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do
cargo). Segue trecho do respectivo voto:
A alternativa “c” está incorreta. A imunidade do parlamentar no sentido material, que engloba suas opiniões,
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palavras e votos, afasta a tipicidade penal desde que proferidas em contexto que seja relacionado ao
exercício do mandato, ainda que fora do recinto da casa legislativa. Segue abaixo trecho de inconfundível
voto do Min. Celso de Mello:
A assertiva “d” está correta. É preciso atentar para o fato de que a CPI, por ser revestida de poderes de certo
modo equivalentes aos de uma autoridade judiciária, deve suportar os mesmos ônus, principalmente o da
argumentação e fundamentação. Assim, não basta que a CPI aprove, por maioria de votos, o pedido de
quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico. É preciso que tal decisão seja concretamente fundamentada,
sob pena ser anulada judicialmente:
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b) A Constituição Federal atual, que foi promulgada em 5 de outubro de 1988, revogou por
completo a Constituição anterior, não excepcionando a vigência temporária de qualquer dis-
positivo da Lei Maior de 1967/69.
c) Segundo o STF, não se pode invocar direitos adquiridos contra a Constituição. Isso porque
o poder constituinte tem a prerrogativa de atingir efeitos futuros de fatos passados, que é o
que se chama de retroatividade mínima.
d) A proibição de alterar o art. 60, § 4º da Constituição Federal, que enumera as cláusulas pé-
treas, limitações materiais ao poder constituinte reformador, pode ser entendida como uma
cláusula pétrea implícita.
COMENTÁRIO
A assertiva “a” é a alternativa correta.
A assertiva “b” está incorreta, uma vez que há uma exceção. No art. 34 do ADCT da CF/88 restou
estabelecido que: “O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês
seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com a
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redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores”. Assim, a CF/88 conviveu, por curto período,
com a vigência temporária de dispositivos da Constituição anterior relacionados ao sistema tributário.
A assertiva “c” está correta. Os direitos adquiridos não são oponíveis à Constituição principalmente pelo
fato de o Poder Constituinte ser inicial, juridicamente ilimitado e incondicionado. Nesse sentido, assim se
manifesta a doutrina quanto ao tema:
“Reconhece-se como típico das normas do poder constituinte originário serem elas
dotadas de eficácia retroativa mínima, já que se entende como próprio dessas normas
atingir efeitos futuros de fatos passados. As normas do poder constituinte originário
podem, excepcionalmente, ter eficácia retroativa média (alcançar prestações
vencidas anteriormente a essas normas e não pagas) ou máxima (alcançar fatos
consumados no passado), mas para que opere com a retroatividade média ou
máxima, o propósito do constituinte deve ser expresso. É nesse sentido que se diz,
hoje, que não há direito adquirido contra a Constituição.” (MENDES, Gilmar Ferreira.
et al. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 211).
A assertiva “d” está correta. Ora, se o art. 60, §4º da CF/88 estabelece as limitações materiais ao poder
constituinte reformador, é imperativo lógico que a redação de tal dispositivo não pode ser alterada e nem
suprimida. Em razão disso, temos uma cláusula pétrea implícita no texto constitucional.
a) A tópica desenvolvida por Theodor Viehweg se caracterizou como uma técnica de pensar o
problema e através de debates e descoberta de argumentos relevantes e persuasivos, contri-
buir para solucioná-lo satisfatoriamente. Daí a sua função precipuamente instrumental.
c) De acordo com Müller, o direito e a realidade são esferas incomunicáveis entre si. Assim não
é necessário observar a praxis jurídica para elaborar o processo estruturado de interpretação.
COMENTÁRIO
A alternativa “a” está correta. É exatamente esse o núcleo essencial do pensamento de Viehweg. A assertiva
“b” está incorreta na medida em que atribui a Peter Häberle a afirmação de ser possível estabelecer
limitação de intérpretes constitucionais. O pensamento do jurista é exatamente o oposto, no sentido
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de que todos os grupos (cidadãos, órgãos estatais, entes privados) estão autorizados a participar da
“sociedade aberta de intérpretes da Constituição”.
A alternativa “c” está incorreta. Müller entendia que se deve compreender a concretização da norma
como um “processo estruturado”. Para ele, “o texto de uma prescrição jurídica é tão somente a cabeça
do iceberg. No seio da montanha de gelo, na parte mais baixa, recôndita e profunda, porém invisível, é
que se deve procurar a essência da normalidade, feita dos fatos e relações de natureza estatal e social.”
(BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 504). Por isso, para
o autor alemão, “o Direito e a realidade não são esferas incomunicáveis nem categorias autônomas
subsistentes por si mesmas. O âmbito da norma é fator que fundamenta a normatividade. Não é simples
soma de fatos, mas conjunto de elementos estruturais retirados da realidade social.” (BONAVIDES, Paulo.
Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 506).
A alternativa “d” está errada pois, embora a descrição esteja adequada ao método científico-espiritual,
Heideger e Gadamer foram expoentes do método normativo-estruturante de interpretação. O principal
jurista relacionado ao método científico-espiritual é Rudolf Smend.
b) a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos não prevê nenhuma derrogação das
obrigações legais.
COMENTÁRIO
Os Estados podem impor limitações ao gozo de alguns direitos, tais como o direito de liberdade de
expressão, associação e reunião para certos propósitos legítimos. Tais limitações são denominadas
limitações “comuns”, já que podem ser impostas permanentemente em tempos normais. As derrogações,
por outro lado, são criadas especialmente para situações críticas, que exigem a introdução de medidas
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5. A teoria da proteção indireta (“indirect protection”) ou da proteção por ricochete (“par rico-
chete”:
COMENTÁRIO
A aludida doutrina é abordada com destaque no livro da examinadora de Proteção Internacional de
Direitos Humanos do 27o CPR (Denise Neves Abade, “Direitos fundamentais na cooperação jurídica
internacional”, Saraiva, 2013, pp. 130-145). Conforme expõe, “a proteção indireta (“indirect protection”) ou
proteção por ricochete (“par ricochet” [...]) consiste na exigência de que direitos previstos na Convenção
Europeia de Direitos Humanos sejam observados pelos Estados terceiros ao receber pessoas que estavam
sob a jurisdição de algum Estado europeu contratante da Convenção”. Em síntese, “não pode o Estado
expulsar ou extraditar um ser humano sob sua jurisdição para outro Estado, no qual haja o risco fundado
de que sofra tais tratamentos odiosos” (p. 135). O Estado requerido, assim, deve “avaliar subjetivamente as
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condições de direitos humanos específicas do Estado requerente para não violar a Convenção Europeia
de Direitos Humanos” (p. 141). Correta, portanto, a assertiva contida no item (d). A formulação encontrada
no item (a) está equivocada porque basta que o Estado tenha se comprometido a cumprir a Convenção
que esta incidirá imediatamente sobre os pleitos cooperacionais [...] exigindo-se que o Estado requerente
– mesmo que não seja um Estado contratante – não viole os direitos nela previstos (p. 143). Por outro lado,
“não há vedação às decisões discricionárias do Estado em uma extradição, mas impede-se que a decisão
estatal gere a violação a outros direitos (como o de não sofrer tratamento desumano) estes sim garantidos
pela Convenção Europeia de Direitos Humanos” (pp. 130-131). Errado, portanto o que consignado no item
(b). Por fim, há equívoco no argumento do item (c), rechaçado pelo Tribunal Europeu por ocasião do
julgamento do caso Chahal v. Reino Unido. Para a Corte, o dever do Estado de zelar pela segurança de
sua sociedade não pode ser feito a qualquer custo, colocando pessoas sob o risco de tortura, tratamento
desumano, execução extrajudicial ou desaparecimento forçado.
DIREITO ELEITORAL
I – Pode ser interposto no prazo de 15 (quinze) dias contados da diplomação, nos casos de
inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegi-
bilidade.
II – Deverá ser interposto, nas eleições gerais, perante o Tribunal Superior Eleitoral.
IV – Não tem efeito suspensivo, mas o candidato diplomado poderá exercer o mandato em
toda sua plenitude até decisão do Tribunal Superior.
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e IV.
d) III e IV.
COMENTÁRIO
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I – Pode ser interposto no prazo de 15 (quinze) dias contados da diplomação, nos casos de inelegibilidade
superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegibilidade.
Falsa. O prazo para a interposição do RCED é de 3 (três) dias, contados da diplomação; é muito comum
confundir o RCED com a AIME, cujo prazo é de 15 (quinze) dias.
II – Deverá ser interposto, nas eleições gerais, perante o Tribunal Superior Eleitoral.
Falsa. Apesar de ser julgado pelo TSE, o RCED é interposto perante o presidente do TRE. É dizer, o
processamento adotado é típico de recurso ordinário (269 e seguintes do CE), embora o procedimento
judicial se inaugure com o recurso.
III – Conforme jurisprudência recentemente consolidada no Tribunal Superior Eleitoral, não é cabível nos
casos de falsidade, fraude, coação, abuso de poder, conduta ou propaganda vedada e captação ilícita de
sufrágio.
Obs1. Trata-se de declaração de inconstitucionalidade e não de “não recepção”, uma vez que, mesmo
sendo o CE anterior à CF, o dispositivo havia sido inserido por uma lei de 1999.
Obs2. A partir desse entendimento, os RCED que haviam sido interpostos com base no CE, 262, IV foram
convertidos em AIME. Isso porque o fundamento da inconstitucionalidade é exatamente que a matéria
descrita seria relativa a AIME, por disposição do art. 14, §10 da CF.
Obs3. O dispositivo foi revogado pela minirreforma eleitoral, que não vai valer para 2014 por causa da
anterioridade anual (CF, 16). Mas o entendimento já está sendo aplicado e os próprios relatores já estão
devolvendo os RCED como AIME para os TRE – tenho uma em fase de instrução aqui.
IV – Não tem efeito suspensivo, mas o candidato diplomado poderá exercer o mandato em toda sua
plenitude até decisão do Tribunal Superior.
Verdadeira. A ausência de efeito suspensivo dos recursos foi prevista pelo art. 257 do CE. Mas há uma
regra específica para o RCED, prevista no art. 216 do CE: “Enquanto o Tribunal Superior não decidir o
recurso interposto contra a expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o mandato em toda a sua
plenitude”. Desse modo, se, de um lado, é verdadeiro que o RCED não tem efeito suspensivo; de outro, os
recursos manejados em face de uma decisão do TRE serão dotados desse efeito, em virtude de expressa
a previsão de que a cassação do diploma somente terá eficácia após decisão do Tribunal Superior.
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a) Desde que assegurada reciprocidade, aos cidadãos portugueses com residência perman-
ente no Brasil é assegurado o gozo dos mesmos direitos políticos dos brasileiros naturaliza-
dos; desse modo, é possível a um cidadão português o registro de candidatura para o cargo
de governador de estado.
c) O conceito de domicílio eleitoral é mais amplo que o de domicílio civil; em virtude disso,
o funcionário público poderá manter seu domicílio eleitoral sem que se configure fraude,
mesmo tendo domicílio necessário no município de exercício.
d) A filiação partidária pode ser comprovada por outros meios idôneos, ainda que o nome
do filiado não conste na lista encaminhada pelo partido à Justiça Eleitoral e que, em virtude
dessa omissão, a filiação não esteja registrada no sistema eletrônico do TSE.
COMENTÁRIO
a) Desde que assegurada reciprocidade, aos cidadãos portugueses com residência permanente no Brasil
é assegurado o gozo dos mesmos direitos políticos dos brasileiros naturalizados; desse modo, é possível
a um cidadão português o registro de candidatura para o cargo de governador de estado.
Correta. Nos termos do art. 12, §1º da CF, “aos portugueses com residência permanente no País, se houver
reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
previstos nesta Constituição”. Desse modo, garante-se aos portugueses direitos semelhantes àqueles
garantidos aos brasileiros naturalizados. Trata-se da situação de “quase-nacionalidade”. Isso permite que
cidadãos portugueses se candidatem a cargos eletivos não privativos de brasileiro nato, como o de
governador de estado.
Errada. Nos termos do art. 14, §2º da CF, os conscritos não podem se alistar “durante o período do
serviço militar obrigatório”. Desse modo, apenas nessas hipóteses os militares estarão com o exercício dos
direitos políticos suspensos. Já os militares de carreira exercem plenamente sua capacidade eleitoral ativa
e passiva, nos termos do art. 14, §8º da CF.
c) O conceito de domicílio eleitoral é mais amplo que o de domicílio civil; em virtude disso, o funcionário
público poderá manter seu domicílio eleitoral sem que se configure fraude, mesmo tendo domicílio
necessário no município de exercício.
Correta. O conceito de domicílio eleitoral previsto no art. 42, Parágrafo único do CE é amplo: “Para o
efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter
o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas”. Em caso de mudança de domicílio,
o eleitor deve requerer sua transferência (55, CE). Entretanto, poderá o eleitor preservar seu domicílio
eleitoral quando mantiver relações sociais e comunitárias no local anterior; trata-se do domicílio afetivo,
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muito comum em casos de servidores públicos que são lotados ou removidos para município diverso.
d) A filiação partidária pode ser comprovada por outros meios idôneos, ainda que o nome do filiado não
conste na lista encaminhada pelo partido à Justiça Eleitoral e que, em virtude dessa omissão, a filiação
não esteja registrada no sistema eletrônico do TSE.
Correta. Trata-se de entendimento sumulado pelo TSE (sum. 20): A falta do nome do filiado ao partido na
lista por este encaminhada à Justiça Eleitoral, nos termos do art. 19 da Lei nº 9.096, de 19.9.95, pode ser
suprida por outros elementos de prova de oportuna filiação.
c) Não é cabível a iniciativa popular de projeto de Lei que trate de matéria reservada à Lei
Complementar, ressalvada a possibilidade de sua subscrição por membro do Congresso Na-
cional.
d) A ação popular somente pode ser ajuizada por cidadão brasileiro, assim entendido como o
nacional em pleno gozo dos direitos políticos.
COMENTÁRIO
a) A incorporação, subdivisão ou desmembramento de um estado depende da edição de Lei Complementar
com consequente aprovação, mediante referendo, da população diretamente interessada.
c) Não é cabível a iniciativa popular de projeto de Lei que trate de matéria reservada à Lei Complementar,
ressalvada a possibilidade de sua subscrição por membro do Congresso Nacional.
Errada. Não há restrição à matéria tratada no projeto de lei de iniciativa popular, que, inclusive, não poderá
ser rejeitado por vício de forma (13, §2º, 9.709/98). Discute-se na doutrina a possibilidade de Projeto de
Emenda à Constituição de iniciativa popular, sendo majoritária a corrente que não admite. Lembre-se: a
Ficha Limpa foi de iniciativa popular e é LC (135).
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d) A ação popular somente pode ser ajuizada por cidadão brasileiro, assim entendido como o nacional
em pleno gozo dos direitos políticos.
Correta. A condição de cidadão é expressamente exigida pelo art. 5º, LXIII da CF. Já a Lei de Ação
Popular define que “a prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com
documento que a ele corresponda” (1º, §3º – LAP). Desse modo, há consenso doutrinário de que somente
os cidadãos em gozo dos direitos políticos poderão ajuizar ação popular.
GRUPO II
b) Impõe forma escrita, sendo sempre vedada a celebração de contratos verbal com a Admin-
istração.
d) Os faz dotados de cláusulas exorbitantes, por meio das quais se garante à Administração
a prerrogativa de negociar com o vencedor do certame a definição do objeto e regime de
execução.
COMENTÁRIO
a) Outorga à Administração a prerrogativa de rescindi-los ou alterá-los unilateralmente, desde que se
indenize o particular para preservar o equilíbrio econômico-financeiro.
Errada. Somente a rescisão por culpa da Administração ou por interesse público implicam indenização
ao particular. Nos casos de rescisão unilateral por qualquer das formas de inadimplemento, deverá o
contratado indenizar a Administração pelos danos causados.
b) Impõe forma escrita, sendo sempre vedada a celebração de contratos verbal com a Administração.
Errada. A regra é a vedação da celebração de contratos verbais. Mas há permissão legal para que tais
ajustes sejam reconhecidos válidos quando se tratar “de pequenas compras de pronto pagamento, assim
entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso
II, alínea “a” desta Lei (limite da dispensa por valor), feitas em regime de adiantamento” (60, único –
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8.666/93).
Correta. O art. 37, XXI da CF impõe a realização de licitação para a contratação com o poder público,
ressalvadas as hipóteses especificadas na lei, a saber, dispensa ou inexigibilidade de licitação.
d) Os faz dotados de cláusulas exorbitantes, por meio das quais se garante à Administração a prerrogativa
de negociar com o vencedor do certame a definição do objeto e regime de execução.
COMENTÁRIO
a) No Brasil, adotou-se o sistema francês, em que há preponderância do controle judicial da administração,
consagrado pela Constituição na cláusula da inafastabilidade da jurisdição.
Errada. Esse é o sistema inglês ou de jurisdição única. O sistema francês ou dual é aquele que consagra
um “contencioso administrativo” com preponderância e insuscetível de revisão pelo poder judiciário, como
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Errada. Ainda quando o ato tenha sido submetido a controle judicial, poderá a Administração revê-lo,
anulando-o e reconhecendo a procedência do pedido.
Correta. O TCU pode apreciar a constitucionalidade desde que incidentalmente, a teor da súmula 347 do
STF. Não é dado à corte de contas, contudo, suspender a eficácia de ato normativo, pois se trataria de
controle abstrato, de competência exclusiva do STF.
Errada. A Controladoria-Geral da União não tem competência revisional. Seus relatórios são a base para a
revisão do ato pela autoridade competente ou superior. Ademais, as fiscalizações da CGU instrumentalizam
a responsabilização dos gestores nas esferas administrativa, penal, civil e de improbidade administrativa.
II. A servidão ambiental não poderá incidir sobre a área de reserva legal mínima exigida e
implicará restrição equivalente ou superior àquela que lhe for imposta.
IV. A área de servidão ambiental pode ser convertida em Cota de Reserva Ambiental – CRA,
servindo como título que pode ser transferido, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou
a pessoa jurídica de direito público ou privado para fins de compensação de Reserva Legal de
imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado.
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a) I e II.
b) II e III.
c) II e IV.
d) III e IV.
COMENTÁRIO
I – A servidão ambiental é um instrumento por meio do qual o proprietário institui restrição ao uso ou à
exploração da vegetação de uma área por prazo determinado de pelo menos 15 (quinze) anos.
Falsa. A servidão também poderá ser perpétua. Quando for temporária, o prazo será determinado e o
mínimo efetivamente é de 15 (quinze) anos.
II – A servidão ambiental não poderá incidir sobre a área de reserva legal mínima exigida e implicará
restrição equivalente ou superior àquela que lhe for imposta.
Verdadeira.
Falsa. A ADI nº 4901 foi ajuizada pelo PGR questionando o cômputo das APP em Reserva Legal. As APP
não são contadas nas áreas de servidão ambiental.
IV – A área de servidão ambiental pode ser convertida em Cota de Reserva Ambiental – CRA, servindo
como título que pode ser transferido, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica de
direito público ou privado para fins de compensação de Reserva Legal de imóvel rural situado no mesmo
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Verdadeira.
Art. 48. A CRA pode ser transferida, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a
pessoa jurídica de direito público ou privado, mediante termo assinado pelo titular
da CRA e pelo adquirente.
§ 2o A CRA só pode ser utilizada para compensar Reserva Legal de imóvel rural
situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado.
c) A obrigaçao tributária principal decorre da lei em sentido estrito, enquanto que a obriga-
ção acessória decorre da legislação tributária.
d) Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica, de direito público ou privado, titular da com-
petência para exigir o seu cumprimento.
COMENTÁRIO
A obrigação tributária é dividida em principal e acessória. A obrigação tributária principal diz respeito ao
pagamento da prestação pecuniária decorrente do tributo e das multas correspondentes, enquanto que
as obrigações acessórias referem-se a comportamentos positivos ou negativos em prol da arredacação e
fiscalização fazendária, a saber:
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto
o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o
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Portanto, a obrigação principal é uma obrigação de dar (=pagar), e não de fazer, o que torna falsa a
alternativa “a”.
Por outro lado, embora receba o nome de obrigação acessória, o que poderia levar à conclusão, na esteira
da lição civilista, de que “o acessório segue o principal”, tal relação não tem aplicação na seara tributária,
sendo perfeitamente possível, por exemplo, a existência da obrigação acessória sem a existência da
obrigação principal, tal como ocorre em relação às entidades sem fins lucrativos que gozam de imunidade.
Ou seja, elas não pagam impostos (obrigação principal), mas remanescem as obrigações acessórias, que
permitem, inclusive, fiscalizar se os requisitos necessários à imunidade estão sendo atendidos.
“Aqui não valem as lições dos civilistas, no sentido de que a existência da coisa
acessória pressupõe a da coisa principal. Em direito tributário, existem vários exemplos
de obrigações acessórias que independem da existência da obrigação principal.
Um excelente exemplo de tal situação é o art. 14, III, do CTN (…) As relações de
acessoriedade, em direito tributário, consiste no fato deq ue as obrigações acessórias
existem no interesse da fiscalização ou arrecadação de tributos, ou seja, são criadas
com o objetivo de facilitar o cumprimento da obrigação tributária principal, bem
como de possibilitar a comprovação deste cumprimento (fiscalização). Assim, a
declaração do imposto de renda facilita o cálculo do montante a ser recolhido e
possibilita a verificação, por parte do Fisco, da correção do procedimento adotado
pelo contribuinte.” (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 2. ed.
São Paulo: Método, 2008. p. 275).
De mais a mais, a obrigação tributária principal decorre da lei em sentido estrito, pois, em virtude do
princípio da legalidade, somente a lei pode instituir tributo. Porém, a obrigação tributária acessória
pode decorrer da legislação tributária, conforme previsto no §2º acima mencionado, ou seja, normas
administrativo-fiscais podem regulamentar o tema.
Por fim, o sujeito ativo da relação tributária é o ente federativo que tem competência para instituir o
tributo. Tratando-se de tributo, somente os entes federativos, isto é, pessoas jurídicas de direito público,
têm legitimidade para criar e instituir os tributos, inexistindo hipótese de instituição de tributo por pessoa
jurídica de direito privado, razão pela qual o item “d” é falso.
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COMENTÁRIO
Regra geral, compete à lei ordinária instituir os tributos previstos na Constituição. No entanto, há
determinadas espécies tributárias que necessariamente precisam ser instituídos mediante lei complementar,
tal como empréstimo compulsório (art. 148), impostos residuais (art. 154, I) e contribuições sociais residuais
(art. 195, §4º). Dessa forma, o item “a” está errado.
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções
internacionais e dos decretos:
Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição
de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da
base de cálculo do tributo.
Vê-se, então, no parágrafo único, que a observância das “práticas reiteradamente observadas pelas
autoridades administrativas” exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e atualização
do valor monetário da base de cálculo do tributo”, de modo que as práticas reiteradamente adotadas pela
administração têm, sim, relevância jurídica. Portanto, o item “b” está falso.
Outrossim, segundo o CTN, o fato gerador do IPTU pode ser a propriedade, o domínio útil ou a posse
do bem, senão vejamos:
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territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de
bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado
na zona urbana do Município.
Nessa linha de raciocínio, o STJ pacificou entendimento de competir à legislação municipal estabelecer,
dentro deste parâmetro, o sujeito passivo do tributo, a saber:
Por fim, conforme pontuado pelo art. 111,CTN, a interpretação das normas tributárias, em determinadas
situações, deve ser realizada de forma literal, sendo uma delas as hipóteses de isenção, a saber:
II - outorga de isenção;
Portanto, o item “d” está errado, pois a interpretação é literal, e não extensiva.
b) A sua instituição compete a qualquer um dos entes federativos, mediante lei complemen-
tar.
c) Além das hipóteses previstas na Constituição Federal, segundo a doutrina, ainda está vi-
gente o empréstimo compulsório citado no art. 15, III, CTN.
COMENTÁRIO
O art. 148, CF, dispõe sobre a figura dos empréstimos compulsórios, a saber:
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iii) Caracteriza espécie de tributo, a despeito do fato de a receita ter que ser restituída,
pois a figura do empréstimo adequa-se, com precisão, ao conceito previsto no art. 3º,
CTN, que não estabelece qualquer previsão sobre a necessidade da definitivadade
dos recursos obtidos. Além disso, a espécie restou inserida na Constituição, na seção
referente aos princípios gerais do sistema tributário nacional.
De outro giro, vale salientar que a hipótese elencada no art. 15, III, CTN, qual seja, “conjuntura que exija
a absorção temporária de poder aquisitivo”, não foi recepcionada pela Constituição Federal, só sendo
admitida a instituição de empréstimos compulsórios nas hipóteses taxativamente citadas no art. 148, CF.
A partir das informações acima enumeradas, observa-se que o item correto é a letra “d”.
c) traz, de forma direta ou indireta, as regras referentes aos meios de combate: proporciona-
lidade, distinção e necessidade militar.
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COMENTÁRIO
O Código de Lieber foi objeto de questionamento pelo examinador de direito internacional público
do 26º CPR. Na prova oral, indagou em que consistia. Pois bem. Preparadas durante a guerra civil dos
Estados Unidos por Francis Lieber, então professor do Columbia College, em Nova York, essas instruções
foram revisadas por um grupo de militares e, posteriormente, promulgadas como decreto pelo Presidente
Abraham Lincoln. Refletem, em boa parte, as leis e os costumes de guerra existentes à época. O aludido
regulamento influenciou a ulterior codificação das leis da guerra. Estimulou, ainda, a adoção, por outros
países, de regulamentos similares. Originou, por fim, o projeto de codificação internacional de leis de
guerra apresentado na Conferência de Bruxelas de 1874 e estimulou a adoção das Convenções da Haia
de 1899 e 1907 (cf. D. Schindler e J. Toman, “The Laws of Armed Conflicts”, Martinus Nihjoff Publisher,
1988, pp. 3-23). Agora que já sabemos de que trata o Código Lieber, passemos à análise das assertivas
da questão. O item (a) está duplamente errado. Em primeiro lugar, porque o Código de Lieber não foi a
base do Direito de Genebra, e sim do Direito da Haia (cf. Clarita Costa Maia, “Estados Unidos e o Direito
Internacional dos Conflitos Armados: a negação da herança de Lieber”, Meridiano 47, n. 46, 2004, pp.
2-4). Em segundo lugar, porque o Direito de Genebra diz respeito à proteção das vítimas da guerra, e
não à limitação dos meios e métodos de combate. O Direito da Haia, esse sim, refere-se à limitação dos
meios e métodos de combate. Daí também estar o item (b) errado. Errado, ainda, o item (c). As instruções
trazem, de forma direta ou indireta, os princípios de condução de hostilidades e não aqueles referentes
aos meios de combate. Os primeiros foram refinados na Declaração de São Petersburgo e consistem na
necessidade militar (os beligerantes só podem usar a quantidade de força necessária para dominar o
inimigo, não para aniquilá-lo), na humanidade (os tipos e os níveis de violência que são desnecessários
para subjugar o oponente não são permitidos) e a proporcionalidade (auto-explicativo). Esses princípios
permanecem válidos e fazem parte do direito consuetudinário. Confiram com os artigos 22 e 23 da
Convenção (IV) sobre as Leis e os Costumes da Guerra Terrestre e seu Anexo: Regulamentações sobre as
Leis e os Costumes da Guerra Terrestre, adotados na Haia, em 1907. Por fim, as normas que proíbem ou
restringem o uso de certas armas e métodos de combate são informadas, mas não se confundem com
os princípios de condução de hostilidades. Por todo o exposto, a única formulação correta é a que está
contida no item (d).
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COMENTÁRIO
Eis mais uma questão relacionada com um tema que foi objeto de indagação em provas orais do CPR,
desta vez pela examinadora de direito internacional público do 27o. Para respondê-la, é preciso saber que
o Conselho de Segurança das Nações Unidas criou, por meio da Resolução 1966 (2010), uma estrutura
denominada Mecanismo Internacional Residual (“Mecanismo”), a quem encarregou de assumir e concluir
as tarefas restantes do Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR) e do Tribunal Penal Internacional
para a ex-Iugoslávia (TPIY). Pequena e transitória, funcionará por um período inicial de quatro anos a
partir de 1o de julho de 2012 (subdivisão do TPIR, com sede em Arusha) e 1o de julho de 2013 (subdivisão
do TPIY, com sede na Haia). Para fins do concurso, é importante ter em conta que, embora o Órgão
siga desempenhando as funções do TPRIR e do TPIY durante o período de funcionamento, não está
autorizado a formalizar novas acusações, excetuadas aquelas dirigidas contra pessoas que interfiram em
sua administração, que venham a cometer desacato contra os respectivos membros ou, ainda, que nele
venham a prestar falso testemunho. Ante o exposto, a única formulação correta é a que está contida no
item (b).
17. De acordo com a corte internacional de justiça no julgamento de 27 de janeiro de 2014 no caso
“Disputa Marítima“ (Peru v. Chile), é incorreto afirmar:
d) a delimitação da zona econômica exclusiva entre Estados com costas adjacentes, prevista
no art. 74, parágrafo 1 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM),
reflete uma norma de direito consuetudinário internacional.
COMENTÁRIO
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Tendo em conta a cobrança no 25º, no 26º e no 27º CPR de casos da jurisprudência internacional, elaborei
a questão visando antecipar os aspectos jurídicos tratados neste recente e polêmico julgamento da Corte
Internacional de Justiça. A espécie revela demanda a envolver a demarcação da fronteira marítima entre
o Perú e o Chile. Na óptica peruana, os limites marítimos entre os dois países nunca foram especificados.
Para o Chile, os espaços marítimos dos países foram delimitados por meio da Declaração de Santiago,
de 1952, entre outros acordos. Instada a se manifestar, a Corte assentou constituir o acordo um tratado
internacional (par. 48), de molde a vincular as partes signatárias do documento. O fez analisando a prática
dos Estados envolvidos, isto é, “quaisquer atos ou declarações de um Estado a partir dos quais possam
ser deduzidas suas opiniões accerca do direito costumeiro” (Michael Akehurst, “Custom as a source of
International Law”, British Yearbook of International Law, 1975, n. 47, p. 10). Valeu-se, também, das regras
de interpretação previstas nos artigos 31 e 32 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, as
quais entendeu aplicáveis aos tratados internacionais anteriores àquele acordo internacional (par. 57)
Reafirmou, no pronunciamento, a metodologia que costuma utilizar (vide os casos Nicarágua v. Colômbia
e Romênia v. Ucrânia) para alcançar a solução equitativa a que se refere o art. 74(1) da Convenção de
Montego Bay de 1982. Consignou, ainda, que os conceitos de zona econômica exclusiva e de plataforma
continental eram desconhecidos do direito internacional ao tempo em que firmada a Declaração de
Santiago (par. 116), muito embora posteriormente a delimitação daqueles institutos viesse a fazer parte
do direito consuetudinário internacional (par. 179). Em resumo, no problema formalizado, somente a
afirmação contida no item (b) não pode ser considerada correta.
18. O decreto nº 7.606, que regulamento no ordenamento jurídico brasileiro a resolução nº 1.989,
de 17 de junho de 2013, do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU):
b) estabelece que o Estado-membro que vier a propor uma inclusão na lista de indivíduos
e organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo deverá tornar
pública a condição de propositor.
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COMENTÁRIO
O conteúdo do Decreto nº 7.606/2011, que dispõe sobre a execução no território nacional da Resolução
1989 (2011), do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que trata de sanções contra indivíduos,
grupos, empreendimentos e entidades da Al-Qaeda e a ela associados foi questionado pela examinadora
de direito internacional público do 27º CPR, por ocasião da prova oral. Indagou-se, em suma, se o
candidato tinha conhecimento da existência de uma lista de indivíduos e organizações sob o regime de
sanções internacionais contra o terrorismo mantida pelas Nações Unidas e qual o procedimento para
processar os pedidos de exclusão dessa relação. A resposta à primeira indagação é afirmativa: a lista em
questão foi estabelecida pelo Conselho de Segurança, por meio das Resoluções 1267 (1999) e 1333 (2000).
Já o procedimento para a exclusão de nomes da lista encontra-se descrito no Anexo II da Resolução 1989
(2011), anexada ao mencionado Decreto, cujo art. 1º obriga as autoridades brasileiras a adotar, dentre
outras providências, as seguintes: congelar fundos, ativos financeiros ou outros recursos econômicos
desses indivíduos, grupos, empreendimentos e entidades, impedir a entrada no Território Nacional ou
o trânsito através dele de tais indivíduos, e a impedir o fornecimento, venda ou transferência a tais
indivíduos, grupos, empreendimentos e entidades, de armas e materiais correlatos de todos os tipos.
A relação, por si só, indica o equívoco do que veio a ser consignado no item (a) da questão. Há erro
também na afirmação constante do item (b), pois ao proporem uma inclusão na lista de indivíduos e
organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo, os Estados-membros, podem,
ou não, tornar pública a condição de propositor, conforme dispõe o nº 14 da Resolução. A assertiva
contida no item (c) também não está certa pelo simples fato de ser trienal e não quinquenal o prazo da
revisão nela referida. Confiram com o nº 40 do documento. Correto está o que asseverado no item (d),
havendo recomendação nesse sentido no preâmbulo do mencionado Anexo II. Cumpre ressaltar que a
Ouvidoria a que alude a formulação foi criada pela Resolução 1904 (2009) do Conselho de Segurança
e tem como função receber, de uma maneira independente e imparcial, pedidos dos que desejam ser
excluídos da relação. O Órgão, ademais, está impedido de buscar ou receber instruções de qualquer
governo e deve apresentar ao Comitê estabelecido pela Resolução 1267 (1999), também do Conselho de
Segurança, observações e recomendações sobre a manutenção ou exclusão de nomes da lista.
GRUPO III
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Ministério Público Federal para emitir parecer nos processos administrativos para imposição
de sanções administrativas por infrações à ordem econômica, de ofício ou a requerimento do
Conselheiro-Relator.
c) Os bens jurídicos tutelados pela Lei n. 12.529/2011 são titularizados apenas por agentes
econômicos.
d) Também oficia junto ao CADE, além do Ministério Público, uma Procuradoria Federal es-
pecializada, responsável por prestar assessoramento e consultoria, sendo-lhe vedada a repre-
sentação judicial do órgão.
COMENTÁRIO
O ponto em comento é muito explorado em questões objetivas, exigindo do candidato, nesta fase, ao
menos, o domínio da literalidade da lei e de noções básicas sobre assunto.
(A) A Lei n. 12.529/2011 estabelece apenas medidas de repressão às infrações contra a ordem econômica,
não dispondo sobre medidas preventivas, tendo em vista o respeito à livre iniciativa, consistente em um
dos princípios gerais da atividade econômica.
Cuida-se de questão que aborda temas muito comuns em provas de Direito Econômico. A alternativa está
incorreta, por dois motivos: 1) a Lei n. 12.529/2011 também se ocupa de medidas preventivas, como dispõe
o caput do seu art. 1°; 2) nos termos do art. 170, caput, da Constituição Federal, a livre iniciativa não é
princípio geral, mas fundamento da atividade econômica. Tais informações foram recentemente cobradas
na prova oral do último concurso para Procurador da República.
(B) O Procurador-Geral da República, ouvido o Conselho Superior, designará membro do Ministério Público
Federal para emitir parecer nos processos administrativos para imposição de sanções administrativas por
infrações à ordem econômica, de ofício ou a requerimento do Conselheiro-Relator.
A alternativa está correta e reproduz a literalidade do art. 20. da Lei n. 12.529/2011, devendo ser assinalada
pelo candidato.
(C) Os bens jurídicos tutelados pela Lei n. 12.529/2011 são titularizados apenas por agentes econômicos.
A alternativa está incorreta, pois, segundo o art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 12.529/2011, os bens jurídicos
tutelados são titularizados pela coletividade.
(D) Também oficia junto ao CADE, além do Ministério Público, uma Procuradoria Federal especializada,
responsável por prestar assessoramento e consultoria, sendo-lhe vedada a representação judicial do
órgão.
A alternativa está incorreta. De acordo com o art. 15, II, cabe à Procuradoria Federal também a atividade
de representação judicial do CADE.
COMENTÁRIO
A questão em comento também já foi explorada em pergunta na prova oral do 26° concurso, sendo
bastante simples. Bastaria ao candidato a leitura do art. 5° da Lei n. 12.529/2011, sendo a alternativa C a
correta:
II - Superintendência-Geral; e
a) O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem jurisprudência consolidada adotando a teoria fi-
nalista ou subjetiva. Assim, para o STJ, o conceito de consumidor não se aplica, em nenhuma
hipótese, no caso em que o produto ou serviço é contratado para implementação de ativi-
dade econômica, já que não estaria configurado o destinatário final da relação de consumo.
b) A jurisprudência do STJ tem mitigado a teoria finalista nos casos em que ficar comprovada
a condição de hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica da pessoa jurídica.
COMENTÁRIO
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O tema em questão tem sido recorrente em questões de concursos, sendo alvo de diversos precedentes
judiciais no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ). É preciso estar atento!
O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) conceitua o consumidor em três momentos distintos:
• Art. 2°, caput (regramento geral): prevê que consumidor “é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.
O grande questionamento reside em saber o que se entende por “destinatário final”, a que alude o CDC,
em seu art. 2º, caput. Sobre esse ponto, há basicamente duas teorias.
Para a teoria finalista, subjetiva ou teleológica, consumidor é a pessoa (física ou jurídica) destinatária do
produto ou serviço, sob os aspectos fático e econômico. Ou seja, é aquele que retira definitivamente
de circulação do mercado o produto ou serviço do mercado, utilizando-o sem reintegrá-lo na cadeia
econômica. Em outras palavras, o consumidor, para a teoria subjetiva ou finalista, retira o bem de circulação
do mercado.
Por seu turno, defende a teoria maximalista ou objetiva que consumidor é a pessoa física ou jurídica que
adquire o produto como destinatário fático final, podendo empregá-lo na sua atividade econômica com
objetivo de lucro ou não, desde que não o repasse para outrem.
Com efeito, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem jurisprudência consolidada adotando a teoria finalista
ou subjetiva. Assim, para o STJ, o conceito de consumidor não se aplica no caso em que o produto ou
serviço é contratado para implementação de atividade econômica, já que não estaria configurado o
destinatário final da relação de consumo.
Mas atente: o STJ tem mitigado a teoria finalista nos casos em que ficar comprovada a condição de
hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica da pessoa jurídica. Assim, pequenos empresários e taxistas,
por exemplo, podem ser considerados consumidores num litígio contra uma grande empresa de seguros.
Confira:
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3. Esta Corte tem mitigado a aplicação da teoria finalista quando ficar comprovada
a condição de hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica da pessoa jurídica.
DIREITO CIVIL
c) Posse violenta é a que se adquire por ato de força (moral ou física). Posse clandestina, por
seu turno, é a posse que se adquire através às ocultas em relação ao seu legítimo titular.
d) Segundo entendimento majoritário, foi adotada no Brasil a teoria objetiva de Jhering. Con-
tudo, há algumas concessões para a teoria subjetiva.
COMENTÁRIO
(A) O fato de ser possuidor direto na condição de promitente-comprador de imóvel, em princípio, não
impede que este adquira a propriedade do bem por usucapião, uma vez que é possível a transformação
do caráter originário daquela posse, de não própria, para própria.
A alternativa está correta, conforme precedente clássico do STJ, decidido no ano de 2004:
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em princípio, não impede que este adquira a propriedade do bem por usucapião,
uma vez que é possível a transformação do caráter originário daquela posse, de não
própria, para própria” (REsp nº 220.200-SP). Recurso especial não conhecido.
(B) Segundo entendimento do STJ, a posse precária não pode ser convalidada.
Conforme entendimento doutrinário, precária é a posse “obtida com abuso de confiança ou de direito.
Tem forma assemelhada ao crime de estelionato ou apropriação indébita, sendo também denominada
esbulho pacífico. Ex.: locatário de um bem móvel que não devolve o veículo no final do contrato” (TARTUCE,
Flávio. Manual de Direito Civil. 2. Ed. São Paulo: Ed. Método, 2012, p. 811).
(C) Posse violenta é a que se adquire por ato de força (moral ou física). Posse clandestina, por seu turno,
é a posse que se adquire através às ocultas em relação ao seu legítimo titular.
Segundo entendimento doutrinário, a posse violenta “é a obtida por meio de esbulho, por força física
ou violência moral”, enquanto a posse clandestina “é a obtida às escondidas, de forma oculta, à surdina,
na calada da noite” (TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 2. Ed. São Paulo: Ed. Método, 2012, p. 811).
(D) Segundo entendimento majoritário, foi adotada no Brasil a teoria objetiva de Jhering. Contudo, há
algumas concessões para a teoria subjetiva.
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Segundo entendimento majoritário, “é forçoso concluir que o CC/2002, a exemplo do seu antecessor,
adotou parcialmente a teoria objetivista de Ihering, pelo que consta do seu art. 1.196” (TARTUCE, Flávio.
Manual de Direito Civil. 2. Ed. São Paulo: Ed. Método, 2012, p. 804). Confira-se:
Art. 1.196 do CC. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum
dos poderes inerentes à propriedade [Jhering].
Apesar disso, a teoria subjetiva (que exige, para a configuração da posse, o aspecto subjetivo da intenção
de ter a coisa como dano) influencia determinados pontos, a exemplo do instituto da usucapião, que
exige o animus domini.
COMENTÁRIO
(A) Não é cabível ação rescisória contra sentenças meramente terminativas.
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ensejou a dúvida: não seria cabível, nestes casos, o ajuizamento de ação rescisória?
As últimas manifestações doutrinárias são todas no sentido de ser possível rescindir
essa sentença, pois embora elas não julguem o mérito, impedem a repropositura
da ação.
Nesse sentido, a 2ª Turma do STJ decidiu, em outubro de 2012, pelo cabimento da ação rescisória para
desconstituir sentenças terminativas, o que torna a assertiva em comento incorreta.
Entende-se por sentença citra petita decisão omissa, seja porque deixa de examinar um fundamento
relevante, seja porque deixa de examinar um pedido. Quanto à sentença que deixa de examinar um
pedido, por se tratar de decisão inexistente, não cabe rescisória (não há o que ser rescindido). Quanto à
sentença que deixa de examinar um fundamento relevante, por outro lado, cabe ação rescisória, pois a
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Revelando-se a sentença “citra petita”, o vício processual vulnera os arts. 128 e 460
do CPC, tornando-a passível de desconstituição, ainda que não opostos embargos
declaratórios.
NÃO CABE rescisória das decisões proferidas em Juizados Especiais Estaduais, por
previsão do art. 59 da lei 9.099/95 (“Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas
causas sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei).
(D) Conforme entendimento do STJ, não cabe rescisória por violação de súmula.
De fato, o Superior Tribunal de Justiça possui entendimento no sentido de não ser cabível ação rescisória
por violação de súmula. É a alternativa correta, conforme precedente abaixo descrito:
Não cabe ação rescisória contra violação de súmula. Conforme o art. 485, V, do CPC
a sentença pode ser rescindida quando violar literal disposição de lei, hipótese que
não abrange a contrariedade à súmula. Assim, não há previsão legislativa para o
ajuizamento de ação rescisória sob o argumento de violação de súmula. Precedentes
citados: REsp 154.924-DF, DJ 29/10/2001, AR 2.777-SP, DJe 3/2/2010. AR 4.112-SC,
Min. Rel. Marco Aurélio Bellizze, julgada em 28/11/2012.
a) O oferecimento de bens à penhora, ainda que de depósito de dinheiro, não impede a apli-
cação da multa de 10% do art. 475-J do CPC.
c) A penhora de dinheiro e a fiança bancária não possuem o mesmo status, de modo que a
constrição sobre o primeiro não pode ser livremente substituída pela garantia fidejussória.
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COMENTÁRIO
(A) O oferecimento de bens à penhora, ainda que de depósito de dinheiro, não impede a aplicação da
multa de 10% do art. 475-J do CPC.
Conforme entendimento jurisprudencial, o único meio de afastar a multa do art. 475-J é REALIZANDO
O PAGAMENTO. Ou seja: o oferecimento de bens à penhora, ainda que de depósito de dinheiro, não
impede a aplicação da multa de 10%. Isso porque pagar é satisfazer; penhorar é garantir o juízo.
Assim sendo, a alternativa está correta. Nesse sentido, decidiu o STJ em jun/jul de 2012:
(B) Na hipótese de o executado ser representado por curador especial em virtude de citação ficta, não há
necessidade de intimação para a fluência do prazo estabelecido no art. 475-J do CPC.
Em outubro de 2011, no informativo n. 485, a terceira turma do STJ, mudando entendimento anterior,
decidiu que, na hipótese de o executado ser representado por curador especial em virtude de citação
ficta, não há necessidade de intimação para a fluência do prazo estabelecido no art. 475-J do CPC. É o
que prevalece. Assim, correta a alternativa.
(C) A penhora de dinheiro e a fiança bancária não possuem o mesmo status, de modo que a constrição
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sobre o primeiro não pode ser livremente substituída pela garantia fidejussória.
(D) Assim como ocorre na exceção de pré-executividade, a garantia do juízo não é pressuposto para o
processamento da impugnação ao cumprimento de sentença (art. 475-J, § 1º, do CPC).
Após longa discussão doutrinária, o STJ consolidou o entendimento no sentido de que, diferentemente do
que ocorre na exceção de pré-executividade, a garantia do juízo é sim pressuposto para o processamento
da impugnação ao cumprimento de sentença. Confira-se:
Cuida-se, portanto, da alternativa incorreta. Logo, deveria ser assinalada pelo candidato.
GRUPO IV
DIREITO PENAL
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25. Acerca do crime de lavagem de dinheiro, julgue as alternativas e aponte a alternativa incor-
reta:
a) De acordo com a política de compliance estabelecida pela redação atual da lei de combate
à lavagem de dinheiro, as pessoas físicas e jurídicas indicadas na legislação devem adotar
políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu porte e volume de opera-
ções, que lhes permitam atender as determinações dos órgãos de controle.
d) Os cadastros e registros mantidos pelas instituições obrigadas pela lei de combate à lava-
gem de ativos deverão ser conservados durante o período máximo de cinco anos a partir do
encerramento da conta ou da conclusão da transação.
COMENTÁRIO
Prestar bastante atenção às inovações legislativas trazidas ao tema pela Lei nº 12.683/2012, que alterou a
Lei nº 9.613/98.
A assertiva “a” está correta. Compliance é o dever de agir de acordo com uma regra ou instrução interna.
É termo amplamente utilizado no jargão financeiro e está relacionado ao dever de cooperação das
instituições para combater a lavagem de ativos. O dever indicado na alternativa está previsto no art. 10,
inciso III, da Lei nº 9.613/98.
A alternativa “c” está correta, a teor do art. 9º, parágrafo único, inciso X, da Lei nº 9.613/98.
A alternativa “d” está incorreta, pois, conforme art. 10, § 2º, da Lei nº 9.613/98, tais cadastros devem ser
mantidos pelo prazo mínimo de cinco anos.
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entre as quais se incluem aquelas relativas às medidas de segurança, que integram a seara do
direito penal material.
b) Para a orientação atual do STJ, no delito de tráfico ilícito de entorpecentes, é possível re-
alizar a combinação entre a lei nova (causa de diminuição) e a lei antiga (pena-base menor) a
fim de encontrar a situação mais favorável ao réu.
COMENTÁRIO
A assertiva “a” está correta. Nesse sentido a doutrina (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito
Penal. Volume I. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 184) e jurisprudência (STJ. HC 13.054/SP. Rel. Min. Gilson Dipp.
DJ 14.10.2002).
A assertiva “b” está errada. Súmula 501/STJ: “É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde
que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o
advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.”.
A alternativa “c” está incorreta, uma vez que o art. 3º do Código Penal prevê expressamente a ultra-
atividade das leis excepcionais ou temporárias.
A alternativa “d” está incorreta, pois é a teoria da atividade a adotada na Lei Penal (art. 4º do Código
Penal).
27. Acerca dos crimes contra a saúde pública e os relacionados à remoção e transplante de órgãos,
assinale a alternativa correta:
b) Nos crimes relacionados à remoção e transplante de órgãos não há tipo penal de menor
potencial ofensivo.
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COMENTÁRIO
A assertiva “a” está incorreta. Em verdade, o tipo penal previsto no art. 267 do Código Penal é o de
epidemia, que difere de endemia. A epidemia é uma doença que acomete, em curto espaço de tempo
e em determinado lugar, várias pessoas. A endemia, por sua vez, é uma enfermidade que existe, com
frequência, em determinado lugar, atingindo número indeterminado de pessoas (NUCCI, Guilherme de
Souza. Código Penal Comentado. São Paulo: RT, 2013. p. 1076).
A assertiva “b” está incorreta. Na Lei nº 9.434/97, que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes
do corpo humano para fins de transplante e tratamento, estão tipificados também crimes de menor
potencial ofensivo, com pena máxima de 2 anos de detenção e reclusão (arts. 17 a 20).
A assertiva “c” está incorreta. O crime de omissão de notificação de doença, previsto no art. 269 do
Código Penal, é próprio, pois demanda sujeito ativo especial, que é o médico (“Deixar o médico de
denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória”). No entanto, é delito de perigo
comum abstrato. Assim, o perigo é presumido por lei, não sendo necessário comprovar risco concreto
para a configuração do tipo.
A assertiva “d” está correta. Embora inicialmente inserido no rol de crimes hediondos, o delito tipificado
no art. 270 do Código Penal foi retirado em alteração legislativa posterior.
a) O prazo para conclusão de Inquérito Policial que apure crime federal será de 15 dias pror-
rogáveis por mais 15 dias, por decisão fundamentada do Juiz, em caso de investigado preso.
b) Entendendo pela incompetência absoluta do Juízo perante o qual oficia, o Procurador de-
verá manifestar-se pela remessa do Inquérito ao Juízo competente, tendo esta manifestação
sido denominada pela doutrina de arquivamento indireto.
c) Considere que o funcionário público ofendido em sua honra, em razão de acusações atrela-
das ao exercício de sua função, representou ao Ministério Público para apuração do caso. Se
o MP promover o arquivamento, ele poderá ajuizar a Queixa-crime, desde que já não tenha
sido extinta a punibilidade.
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COMENTÁRIO
O tema Inquérito Policial é, sem dúvidas, um dos mais cobrados nas provas objetivas do MPF, razão pela
qual merece um estudo mais cuidadoso.
Regra geral, o Inquérito tem prazo de 30 dias para conclusão, se o investigado estiver solto, e 10 dias, se
ele estiver preso. Porém, há prazos diferenciados em legislações específicas, conforme tabela abaixo:
Portanto, o item “a” está correto, pois há prazo específico para o Inquérito Policial que tramite na Justiça
Federal.
Por outro lado, ao receber os autos do Inquérito Policial, o membro do MP poderá verificar hipótese
de incompetência absoluta ou territorial. Por exemplo, o Procurador da República pode não identificar
hipótese de incidência da competência da Justiça Federal (art. 109, CF).
Em tais casos, deverá o membro do MP manifestar-se, em Juízo, pugnando pelo declínio de competência,
a fim de que os autos sejam remetidos ao Juízo competente. Se o Juízo concordar, não há maiores
problemas. Porém, se o Juízo não concordar, o que acontecerá? Ele não pode simplesmente determinar
ao membro do MP que ofereça Denúncia, afinal, a titularidade da Ação Penal é do Ministério Público.
O item “c” diz respeito à natureza da Ação Penal em casos de crimes contra a honra praticado em
desfavor de funcionário público e relacionado às suas atribuições legais. Sobre este tema, o STF editou a
Súmula n. 714, a saber:
Ocorre que, a bem da verdade, não se trata de legitimidade concorrente, no sentido de que um ou outro
(MP ou ofendido) poderia ajuizar a Ação Penal, mas sim legitimidade alternativa, isto é, ou um ou o outro,
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de forma excludente.
Nesse sentido, sinaliza Renato Brasileiro que “de acordo com o próprio Supremo, se o funcionário público
ofendido em sua honra apresenta representação ao Ministério Público, optando, pois, pela ação penal
pública condicionada à representação, estaria preclusa a instauração penal de iniciativa privada, já que,
em tal hipótese, o Ministério Público estaria definitivamente investido na legitimação para a causa” (STF,
Inq 1.939).
Em outras palavras, o funcionário público poderá optar entre ajuizar a Queixa-crime ou formular
Representação ao Ministério Público. Contudo, uma vez havendo Representação, não mais terá
legitimidade para ajuizar a Queixa-crime, ainda que o MP promova o arquivamento dos autos.
Por fim, é verdadeiro o item “d”. Com efeito, o STF já teve oportunidade de pronunciar-se sobre a não-
obrigatoriedade do investigado participar de atos de reconstituição do crime, em atenção ao princípio da
proibição da produção de provas contra si mesmo.
Ora, sabe-se que, em um sistema acusatório, há, além da divisão das atribuições de acusar, defender e
julgar, a precisa definição do comportamento de cada uma das partes na gestão da prova, ou seja, quem
tem a obrigação de provar determinado fato. Nesse passo, a partir da constatação de que o investigado é
sujeito de direitos – e não objeto de prova - cabe ao Estado-acusador providenciar as provas necessárias
ao oferecimento da Denúncia e posterior condenação, não sendo admissível compelir o investigado/réu
a produzir ou colaborar com a produção de provas em seu desfavor.
a) Havendo a expansão da Justiça Federal, com a criação de uma nova Vara Federal no interior
do Estado, deverão ser remetidos a ela todos os processos penais referentes aos Municípios
de sua área de abrangência, não se aplicando a perpetuatio jurisdicionis.
b) Havendo a criação de uma Vara Especializada, deverão ser remetidos a ela todos os pro-
cessos penais referentes à sua matéria exclusiva, não se aplicando a perpetuatio jurisdicionis.
d) A jurisprudência atual do STF e do STJ entende ser nulo o julgamento proferido por Turma
de Tribunal composta, majoritariamente, por Juízes convocados.
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COMENTÁRIO
Nos últimos anos, a Justiça Federal – e, consequentemente, o Ministério Público Federal -, passou por
um rápido e profundo processo de interiorização, a partir da criação de Varas Federais em Municípios
do interior dos Estados. Hoje, sabe-se que há Vara Federal em Municípios com população de 40, 50 mil
habitantes.
Nesse passo, surge o problema de saber o que acontece com os processos que tramitam em uma
Vara Federal da capital do Estado que dizem respeito a Município submetido à área jurisdicional da
nova Vara Federal do interior deste Estado. Devem permanecer na capital ou, pelo contrário, devem ser
encaminhados para o interior?
Vejamos:
Hipótese parecida, mas com consequências bastante distintas, é a criação de Vara Federal Especializada.
Por exemplo, há Estados que possuem Varas Especializadas em Lavagem de Dinheiro, crimes contra o
sistema financeiro etc... Assim, se uma Ação Penal referente a um crime financeiro é distribuída livremente
perante uma Vara Federal e, posteriormente, uma outra Vara torna-se exclusiva sobre aquela matéria, o
que deve acontecer? O processo permanece na Vara comum ou vai para a Vara Especializada?
O participante deve atentar-se para a circunstância de que as Varas são especializadas em razão da
matéria, e a competência em razão da matéria é de natureza absoluta. Portanto, nessas hipóteses, é de
ser afastado o art. 87, CPC, não se aplicando o princípio da perpetuatio jurisdicionis, de modo que os
autos deverão, sim, ser remetidos à Vara Especializada:
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De outro giro, em que pese entendimento doutrinário em sentido contrário, ou seja, no sentido de que a
competência penal territorial tem natureza absoluta, certo é que a jurisprudência do STJ é pacífica quanto
ao caráter relativo dessa competência, de maneira que deve ser arguida oportunamente, sob pena de
preclusão, senão vejamos:
Por derradeiro, após algumas divergências jurisprudenciais, a jurisprudência do STF e do STJ restou firmada
na vertente de que não há nulidade no fato de o julgamento ter sido proferido por uma Turma ou Câmara
de Tribunal composta, em sua maioria, por Juízes convocados, desde que convocados de acordo com os
procedimentos legais, a saber:
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30. A Transação Penal é um instituto despenalizador previsto na Lei n. 9.099/95. Acerca desse
tema, assinale o item correto:
COMENTÁRIO
A Transação Penal é um dos institutos processuais mais relevantes na prática forense penal, razão pela
qual também é alvo comum de questões de concursos públicos, sobretudo concursos para o Ministério
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Público.
A despeito de certos entendimentos doutrinários e até jurisprudenciais em sentido diverso, não há dúvidas
de que a jurisprudência amplamente majoritária defende que a Transação não é direito subjetivo do autor
do fato, mas sim poder-dever do MP, que poderá, analisando as circunstâncias do caso concreto e os
requisitos legais, formular a proposta.
Dessa forma, se o Juiz entende ser cabível a Transação, mas o membro do MP não a formula, jamais poderá
o Juiz formulá-la, devendo, na verdade, aplicar, por analogia, o art. 28, CPP, e submeter às instâncias
superiores do MP a decisão a respeito do oferecimento, ou não, da proposta.
Nesse sentido:
De outra banda, segundo a doutrina pátria, a Transação constitui exceção ao princípio da obrigatoriedade
da Ação Penal, uma vez que, ainda que presentes os elementos necessários ao oferecimento da Denúncia,
o MP poderá formular a Transação. Comumente, passou-se a falar em “obrigatoriedade mitigada”.
Prosseguindo, transcreveremos o art. 76, da Lei n. 9.099/95, com a intenção de destacar os requisitos
legais necessários ao cabimento da Transação:
(...)
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva;
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Vê-se, então, que um dos requisitos legais é que o autor do fato não tenho sido condenado definitivamente
a pena privativa de liberdade.
Daí surge a indagação: Então, mesmo depois de 10, 15 anos do cumprimento da pena ou da extinção
dos efeitos da condenação por qualquer que seja a razão, o sujeito não poderá ser beneficiado pela
Transação?
O STF entendeu que este requisito deve ser interpretado em conjunto com a regra da reincidência
penal, ou seja, se os efeitos da reincidência permanecem por apenas cinco anos (art. 64, I, CP), este
prazo também deve ser utilizado como parâmetro para permitir, ou não, a Transação com autor do fato
condenado definitivamente, a saber:
Por fim, quando há concursos de crimes, os seus efeitos sobre a sanção penal devem ser considerados
para fins de análise da extrapolação, ou não, do limite de dois anos da pena (infração de menor potencial
ofensivo):
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Assim, em caso de concurso material, devem ser somadas as penas máximas abstratamente previstas, para
verificar se extrapolam, ou não, o limite de dois anos. Nas hipóteses de concurso formal ou continuidade
delitiva, à pena máxima deve ser acrescido o percentual máximo de aumento decorrente do concurso, a
fim de realizar tal análise.
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QUESTÕES DISSERTATIVAS
PROCESSO PENAL
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bruno.barros@cursocei.com
Explique em que consiste a teoria dos efeitos. (Máximo de 35 linhas. O que ultrapassar não será
considerado).
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DISSERTAÇÃO
Sem limite de linhas.
Em sede administrativa, o MPF expediu ofício à União, para que prestasse esclarecimentos. Esta,
por intermédio da AGU, respondeu que: a) embora ciente do auto-reconhecimento da comuni-
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dade como remanescente de território quilombola perante a Fundação Palmares, não a reconhece
como tal; b) o auto-reconhecimento não é suficiente, nem o critério adequado para qualificar a
referida comunidade como remanescente de quilombo; c) existe procedimento administrativo
no INCRA, instaurado a partir de requerimento de membros da própria comunidade, datado de
2002, objetivando a titulação das terras, mas ainda em fase inicial, paralisado e sem previsão de
conclusão; d) a construção do alojamento militar atende a interesse público superior, sendo pos-
sível o realojamento da comunidade em uma outra região, caso haja interesse.
Diante das circunstâncias, elabore a peça processual adequada à tutela adequada dos interesses
da comunidade ameaçada, tocando nos seguintes pontos: a) competência da Justiça Federal; b)
regime de proteção das comunidades quilombolas, em diferenciação às comunidades indígenas;
c) validade ou não do critério de auto-reconhecimento das comunidades quilombolas; d) normas
internacionais que regulamentem o tema; e) medida a ser tomada em relação ao procedimento
administrativo em curso.
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