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A leitura em construção
Construindo saberes com a participação de jovens leitores
1. Apresentação;
2. Justificativa;
3. Objetivos:
3.2 Objetivos Didáticos;
3.2 Objetivos Específicos;
4. Proposta pedagógica:
4.1. Conceito;
4.2. A abordagem sociointeracionista do conhecimento;
4.3. Mediação;
5. Referências;
6. Situações de aprendizagem sugeridas;
7. Produto Final;
8. Recursos;
9. Avaliação;
10. Bibiografia.
1. Apresentação:
Uma das maiores preocupações no ensino brasileiro hoje é, indubitavelmente, o
grande número de educandos não proficientes na leitura de textos de complexidade
média, ou até mesmo, em muitos casos, em nível de exigência mínima de compreensão.
Inúmeros trabalhos acadêmicos, resultantes de pesquisas recentes, apontam, como um
dos principais motivos, entre outros fatores, para o fato de a prática habitual da leitura
ocupar cada vez menos os costumes familiares no dia-a-dia das famílias brasileiras.
Aquelas cenas tão comuns em que víamos os pais lendo nos fins de semana um jornal ou
uma revista próximos às crianças está cada dia mais rarefeitas. Entretidos nos seus
aparelhos celulares, consumindo informações instantâneas pelas redes sociais, nem se
dão conta de que é na infância que incentivamos nossos jovens à leitura de bons textos.
Não aludimos somente às grandes obras de literatura, não. Há, e todos nós o sabemos,
excelentes textos informativos, instrucionais, narrativos etc, em variados gêneros textuais,
que circulam entre nós diariamente sem se quer serem devidamente notados. E esse
bom hábito precisa ser resgatado, pois o papel capital da leitura assenta justa e
comprovadamente, sob todos os aspectos da vida moderna, cabal para que formemos
cidadãos cônscios de seus direitos e deveres e, dessa forma, a cidadania seja exercida de
fato. Com efeito, sem a leitura, estaríamos confinados a uma caverna escura e
dependentes das decisões do outro.
Tanto nas instituições de ensino públicas como nas privadas verifica-se, nas salas
de aula, o mesmo fenômeno de torpor, desânimo e tergiversação quando a tarefa é ler.
Isso se dá obviamente pelo fato de a tarefa de ler exigir dedicação, esforço, persistência e
uma boa dosagem de concentração. Ou seja, um tempo dedicado exclusivamente ao
deleite da prática leitora. Ressaltamos aqui, nesta proposta, que ler não se refere à mera
decodificação de letras, palavras ou frases, mas, sim, à ascensão da alfabetização ao
letramento, oriundo das práticas sociais e da interação nas diversas esferas de
comunicação. Buscamos, assim, a amplitude da compreensão da palavra escrita ao nível
em que se tangencie pontos notáveis da interpretação: deduções lógicas, conclusões de
ideias propostas, captura de implícitos, reconhecimento de intertextualidades, técnicas de
persuasão etc. São muitos os gêneros textuais (ficcionais e não-ficcionais), capazes de
oferecer um infindável leque de possibilidades de informações, através de igual número
de estratégias discursivas.
No caso dos educandos do nosso município, Nilópolis, o desafio não será menos
difícil. Os recentes resultados oficiais do IDEB, seus indicadores de aprendizado e seu fluxo
(aprovação por município), mostram-nos a necessidade de agirmos rapidamente na
direção de um plano de ação consciente, seguro e viável, na medida certa para a nossa
realidade econômica, regional e cultural, posicionando-se de frente para o problema, com
coragem, determinação, mas com muita responsabilidade e lucidez, como será proposto
mais adiante nesse trabalho. Não nos esqueçamos de que a tarefa aqui exigirá o esforço
de todos os professores envolvidos, bem como da coordenação e da direção das unidades
escolares. Deveremos começar quase do início para implementarmos nossas diretrizes em
busca da proficiência em leitura. É interessante notar que esse projeto também poderá
contribuir, com os seus resultados ao longo do processo, para as tomadas de ações nas
áreas da pedagogia e da psicologia escolar, visando intervir nos eventuais desvios
cognitivos ou psicossociais que surjam como intercorrências do processo. Os dados
obtidos pelos resultados deverão ser considerados como indicativos do desenvolvimento
do jovem no que concerne à ampliação de suas competências cognitivas e metacognitivas
para ampliação da capacidade de leitura. Isso poderá nos levar a diagnósticos mais
precisos em âmbito individual e/ou coletivo.
2. Justificativa:
O mundo em que vivemos hoje, mais do que nunca, está organizado numa cultura
predominantemente escrita, permeado por diferentes objetos escritos no papel e
principalmente nos suportes eletrônicos da realidade virtual, que exercem sobre nós uma
constante interação através da ação leitora. A todo instante, deparamo-nos com a
linguagem escrita: jornais, revistas, panfletos, cartazes, outdoors, placas de trânsito, e-
mails, blogs, sites, MSN, Facebook e Whatsapp. Um mundo escrito que se põe diante de
nossos olhos, caracterizando-nos como seres eminentemente leitores, seja de maneira
isolada, seja em grupos, interagindo a todo tempo pelas vias da Internet, ou da maneira
tradicional com o texto escrito no papel ou na telinha do aparelho celular. Com efeito,
nesses novos tempos, a escola deve reafirmar o seu papel, não só como o ambiente
oficial, mas também como a legítima provedora dessa nobre missão, a fim de garantir o os
primeiros contatos com a realidade que se nos chega pelos textos. E não nos distraiamos
para o fato de que os primeiros contatos com os livros são decisivos para uma cativa e
prazerosa vida leitora ao longo da vida.
Habilitar nossos alunos como bons leitores depende não apenas das
oportunidades de acesso que se venha a ter aos livros e textos em sua diversidade e
riqueza de quantidade, mas, isto sim, de exercer e estimular a capacidade do pensamento
reflexivo, que ultrapassa a habilidade da compreensão da palavra escrita. Isso vai além.
Passar a gostar (ou desgostar) da leitura depende decisivamente da qualidade das
interações propostas por aquele(a) que intermedeia os encontros com os textos e,
também, com as situações em que as leituras ocorrem. Assumir um papel de professor
mediador facilita e proporciona o debate e o encontro com a opinião do outro, criando
uma atmosfera sob a qual os diversos discursos, portadores de muitas vozes em alguns
casos, propiciam o respeito às ideias alheias, ao mesmo tempo que leva os discentes a
refletir sobre as suas próprias, desenvolvendo um sentimento positivo. Com efeito, esses
encontros não só ampliam a capacidade leitora mas também a competência cognitiva e
linguística.
Com o propósito de formar alunos capazes de usar adequadamente a língua
materna em suas modalidades escrita e oral, respeitando todo o seu conjunto de
saberes sociais e linguísticos, e refletir criticamente sobre o que leem e escrevem, o
projeto, pretende reunir e por em ação leituras diversificadas e significativas, a fim de
descortinar não só o belo universo que esconde o texto literário, mas também textos
não-ficcionais pertencentes a gêneros textuais variados do dia-a-dia e da realidade
social dos educandos (notícias, reportagens, entrevistas, artigos de opinião etc),
envolvendo-os numa atmosfera, em que a leitura seja encarada não como mais uma
tarefa escolar, mas um hábito cotidiano e prazeroso, que além de ter um valor técnico
para a alfabetização e o letramento, a leitura é ainda uma fonte de prazer, de satisfação
pessoal, de conquista, de realização, servindo de grande estímulo e motivação para
que o aluno jovem e o adulto permaneçam em sala de aula e deem continuidade a sua
formação.
3. Objetivos
4.1 Conceito:
A palavra pedagogia vem do grego (pais, paidós = a criança; agein = conduzir;
logos = tratado ciência). Na Grécia antiga, eram chamados de pedagogos os escravos
que acompanhavam as crianças que iam à escola. Para Libâneo (2005), o que justifica a
existência da pedagogia é o fato de esse campo ocupar-se do estudo sistemático das
práticas educativas que se realizam em sociedade como processos fundamentais da
condição humana. A pedagogia, segundo o autor, serve para investigar a natureza, as
finalidades e os processos necessários às práticas educativas com o objetivo de propor
a realização desses processos nos vários contextos em que essas práticas ocorrem. Ela
se constitui, sob esse entendimento, em um campo de conhecimento que possui
objeto, problemáticas e métodos próprios de investigação, configurando-se como
“ciência da educação”. Quando dizemos que a pedagogia investiga a natureza, as
finalidades e os processos necessários para as práticas educativas com o objetivo de
propor a realização desses processos, entende-se que é por meio de uma proposta
pedagógica que as etapas de realização desse processo são organizadas
cronologicamente. Uma proposta pedagógica para uma prática educativa, geralmente,
parte de uma situação atual que precisa ser melhorada. Ela tem como objetivo
determinar um caminho, mas nunca um fim, pois uma proposta sempre é passível de
mudanças. Podemos definir proposta pedagógica como um caminho, não como um
lugar. Uma proposta pedagógica é construída no caminho, no caminhar. Toda proposta
pedagógica tem uma história que precisa ser contada. Toda proposta possui uma
aposta. Nasce de uma realidade que pergunta e é também a busca de uma resposta.
Toda proposta é situada, traz consigo o lugar de onde fala e a gama de valores que a
constitui; traz também as dificuldades que enfrenta, os problemas que precisam ser
superados e a direção que a orienta (MOREIRA, 1999, p.169). Ainda segundo Moreira,
uma proposta pedagógica deve levar em conta uma série de fatores, como a realidade
do local onde o estudo ocorre, o ambiente, as dificuldades que se apresentam e,
principalmente, os problemas que precisam ser superados. Portanto, a partir dessas
ideias, e considerando os fatores teóricos já abordados neste capítulo, resta-nos
abordar a teoria pela qual embasaremos nosso objetivo geral que é a elaboração de
uma proposta pedagógica a partir do uso da lousa digital.
4.3 Mediação
Segundo Matui (1995), para Vygotsky, o processo de construção do
conhecimento se dá através das interações sociais. Todo objeto de conhecimento é
cultural e está presente na rede das relações sociais por mediação de símbolos e signos
(palavras). Assim, o conceito de mediação é uma contribuição fundamental da teoria
de Vygotsky e significa a ação que se interpõe entre o sujeito e o objeto de
conhecimento. É pela mediação dos recursos sociais que o indivíduo conhece o mundo
e constrói sua representação do real.
Conforme afirma Oliveira (1995), mediação é “o processo de intervenção de um
elemento intermediário numa relação; a relação deixa então de ser direta e passa a ser
mediada por esse elemento”. Entende-se por relação direta, a relação do sujeito com o
objeto real, concreto. É ela que fornece a experiência física e o próprio conhecimento
físico. E relação mediada é o conhecimento desse objeto de significação através dos
seus significantes simbólicos.
Para entendermos melhor os elementos intermediários que caracterizam a
mediação na perspectiva sociointeracionista, abordaremos os conceitos de
instrumentos e signos. Para Vygotsky (1998), a função do instrumento é servir como
um condutor da influência humana sobre o objeto da atividade; ele é orientado
externamente; deve necessariamente levar a mudanças nos objetos. Por outro lado, o
signo não modifica em nada o objeto da operação psicológica; constitui um meio da
atividade interna dirigido para o controle do próprio indivíduo; o signo é orientado
internamente.
Segundo Rego (1995, p. 50), a invenção desses elementos mediadores significou
o salto evolutivo da espécie humana. Vygotsky esclarece que o uso dos instrumentos e
dos signos, embora diferentes, estão mutuamente ligados ao longo da evolução da
espécie humana e do desenvolvimento de cada indivíduo. A utilização de instrumentos
permite a realização de atividades tipicamente humanas. O instrumento provoca
mudanças externas, pois possibilita também produzir novos instrumentos e preservá-
los.
Em nossa proposta, a lousa digital é vista como um instrumento que vem
agregar novas possibilidades, quando comparada ao quadro branco de caneta Pilot.
Com o surgimento das TDIs (Tecnologia Digital Interativa) este novo instrumento fruto
das atividades e experiências humanas, foi moldado para ser um instrumento
compatível com a nova cultura deste início de século propondo uma evolução no uso
do instrumento lousa. A lousa digital, para nossa pesquisa, assume o mesmo conceito
de instrumento utilizado por Vygotsky em suas pesquisas.
Em relação ao segundo fator que possibilita compreender a questão da
mediação, situamos os signos, como sendo instrumentos da atividade psicológica
humana. Com o auxílio dos signos, o homem consegue controlar voluntariamente sua
atividade psicológica e ampliar sua capacidade de acumular informações, sua atenção
e sua memória. À medida que o indivíduo interioriza os signos, que controlam as
atividades psicológicas, ele cria os sistemas simbólicos, que são estruturas de signos
articuladas entre si. O uso de sistemas simbólicos, como a linguagem, favorece o
desenvolvimento social, cultural e intelectual dos grupos culturais e sociais ao longo da
história.
Para Oliveira (2001), inicialmente o indivíduo realiza ações externas, que serão
interpretadas pelas pessoas do seu meio social, de acordo com os significados
culturalmente estabelecidos, e, a partir disso, é possível ao indivíduo atribuir
significados a suas próprias ações e desenvolver processos psicológicos internos que
podem ser interpretados por ele e compreendidos por meio dos códigos
compartilhados pelo grupo. Nesse caso, podemos citar a linguagem como o principal
sistema simbólico.
Para Vygotsky (1998), a palavra é o elemento mais importante do pensamento e
da cultura humana, isso porque o conceito de palavra (signo) está intimamente
associado com a ideia de mediação. Desta forma, os signos e palavras constituem para
as crianças, primeiro e acima de tudo um meio de contato social com as outras
pessoas. As funções cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se, então, a base
de uma nova forma de atividade psicológica nas crianças, distinguindo-as dos animais.
Ainda segundo Vygotsky (1998), a transição para a atividade mediada muda
fundamentalmente todas as operações psicológicas, assim com o uso de instrumentos
amplia de forma ilimitada a gama de atividades em cujo interior as novas funções
psicológicas podem operar. Aqui, podemos utilizar o termo função psicológica superior,
ou comportamento superior com referência à combinação entre o instrumento e o
signo na atividade humana. O que Vygotsky aborda é que a atividade mediada na qual
instrumentos e signos combinados atuam, atinge o desenvolvimento de funções
psicológicas mais elaboradas. O desenvolvimento, neste caso, geralmente se dá não em
círculo, mas em espiral, passando por um mesmo ponto a cada nova revolução,
enquanto avança para um nível superior.
No desenvolvimento das novas funções psicológicas superiores, ocorre um
processo de internalização de uma operação externa que consiste numa série de
transformações que segundo Vygotsky (1998, p. 75) são:
• Faça leitura diária de poemas de diferentes autores pelo professor e/ou pelo
aluno;
7º ano
• Crie um ambiente de leitura na sala de aula;
• Dialogue com os alunos sobre o repertório e o interesse pela leitura;
• Apresente aos alunos as características do gênero literário Conto;
• Selecione vários contos para que os alunos leiam;
• Leve os alunos à biblioteca da escola para conhecer o seu acervo literário;
• Proponha a reescrita de um conto com um novo enfoque;
• Organize uma coletânea de contos reescritos pelos alunos;
• Prepare uma peça teatral baseada em um conto que os alunos consideram
interessante;
• Discuta com os alunos as possibilidades de entendimento de uma palavra ou
verso;
Explore a plurissignificação da linguagem.
Escute as possibilidades de ressignificação propostas pelos alunos.
8º ano
• Crie um ambiente de leitura na sala de aula utilizando a lousa digital;
• Leve os alunos à biblioteca da escola para conhecer o seu acervo literário;
• Dialogue com os alunos sobre o repertório e o interesse pela leitura;
• Apresente aos alunos as características do gênero literário Crônica;
• Selecione livros e textos de Crônicas literárias para que vocês possam ler juntos;
• Debata e suscite temas transversais presentes;
Discuta, em mesa redonda, os argumentos encontrados e confronte-os com os
dos alunos;
• Proponha a leitura de um livro de crônicas literárias para que eles leiam em
casa;
• Incentive os alunos a escreveram crônicas sobre assuntos do seu dia-a-dia e de
seu bairro;
• Organize uma coletânea de crônicas;
• Discuta com os alunos as possibilidades de entendimento de uma palavra ou
verso;
9º ano
• Crie um ambiente de leitura na sala de aula utilizando a lousa digital;
• Dialogue com os alunos sobre o repertório e o interesse pela leitura;
• Realize pesquisas sobre a origem do cordel e dos principais cordelistas
brasileiros no Laboratório de Informática e Biblioteca;
• Apresente aos alunos as características do gênero Literatura de Cordel;
• Selecione livros de Literatura de Cordel para que os alunos leiam;
• Leve os alunos à biblioteca da escola para conhecer o seu acervo literário;
• Comente com os alunos sobre a importância de trocar indicações de leituras e
opiniões com amigos e colegas;
• Debata e suscite temas transversais presentes;
Discuta, em mesa redonda, os argumentos encontrados e confronte-os com os
dos alunos;
• Faça a reescrita dos textos de cordel;
• Organize uma coletânea dos livros escritos pelos alunos;
• Incentive os alunos a declamar os textos poéticos para a comunidade escolar.
7. Produto final
Realizar uma amostra do projeto no mês de outubro com leituras de poemas, músicas,
jogos, danças etc
8. Recursos
9. Avaliação
Considerar a participação e o interesse de cada aluno nas tarefas de leitura tanto
individuais, quanto coletivas, na clareza e organização dos textos escritos e orais e o
modo de exposição dos resultados nas apresentações das atividades propostas com
base nas noções e conceitos construídos ao longo do projeto.
10. Bibliografia:
Nova escola – Ed – Especial “Ler em todas as disciplinas” Dez/ 2009/ Jan/ 2010;
Nova escola – Ed – Especial Planejamento;
Nova escola – Ed. Especial Produção de texto;
Nova escola – Ler na escola – Ago/ 2010;
Nova escola – Gestão escolar – A escola que lê – Ago/ Set/ 2010 ;
Nova escola – Leitura – as melhores estratégias para ler por prazer, para
estudar, para se informar Ago/ 2006;
Revista Mundo Jovem – Encarte “Leitura, uma atitude inteligente – Set/ 2010.