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Qualidade de Vida Na Velhice Segundo A Percepção Do Idoso
Qualidade de Vida Na Velhice Segundo A Percepção Do Idoso
C LÁUDIA E MI Y OKOYAMA *
R ENATA S OARES D E C ARVALHO *
M ARÍLIA M ARTINS V IZZOTTO **
RESUMO
A expectativa de vida tem aumentado em todo o mundo e viver mais e com
qualidade tornou-se um grande desafio; de modo que estudar mais o assunto
torna-se assim relevante. O presente estudo teve por objetivos: a) descrever carac-
terísticas sócio-demográficas e culturais de uma população idosa freqüentadora de
um centro de referência; b) investigar a qualidade de vida destes idosos segundo
sua própria percepção; c) identificar semelhanças e diferenças entre homens e
mulheres quanto à percepção de boa e de má qualidade de vida. Investigou-se 30
idosos, por meio de um questionário adaptado a partir de uma Escala de Qua-
lidade de Vida. Os idosos, freqüentadores de um Centro de Referência do ABC
paulista, foram dez homens e 20 mulheres com idade de 60 a 82 anos. A análise
foi feita por agrupamento de dados, levantamento de categorias, e medidas as
freqüências e médias das respostas. Os resultados indicaram que os idosos va-
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ABSTRACT
Life expectancy has increased all over the world and living longer with quality has
become a great challenge, therefore, further studies on the subject are revealing
relevant. The present study had as objectives: a) to describe social-demographic and
cultural characteristics of an elderly population in a reference center for the elderly;
b) to investigate the quality of life of these elder men and women according to
their own perception; e c) to identify resemblances and differences between men and
women towards their perception of good or bad quality of life. 30 elder people
participated in this study. The quality of life was evaluated through a Quality of Life
Scale. The elderly, users of a reference center in the ABC Paulista area, were 10 men
and 20 women, aging 60 to 82 years. The analysis was made through the grouping
of data and creation of categories. The frequencies and averages of the answers were
also taken. The results indicated that the elderly valorize and attribute their good
quality of life to dimensions of the human life such as: physical health; emotional
equilibrium; keeping good affective bonds with family and friends; participating in
recreational activities; favorable financial conditions; public organs support in
providing their needs and education; and, spirituality. As for the bad quality of life,
the first two dimensions pointed out were equally referred: bad general health and
negative emotional state. Only the third dimension mentioned was different from
the previous category: financial difficulties. The remaining dimensions were the
same as the ones previously mentioned. The answers related to bad quality of life
revealed that the natural losses of the old-age appeared as a matter of concern,
however in a subjective manner. The implantation of prophylactic measures is
suggested to be based on the elderly perception.
Keywords: quality of life; old-age; elderly perception.
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Introdução
O interesse por este tema surge de uma preocupação social e ao mesmo
tempo científica, na medida em que o crescimento acentuado da população
idosa no Brasil traz consigo inúmeros problemas nos âmbitos político, eco-
nômico, comportamental e de saúde geral. O país ainda não está preparado
para abrigar uma população idosa. Conta-se 15 milhões de pessoas com 60
anos ou mais, que representam cerca de 8,6% da população brasileira (IBGE:
Censo demográfico 2000). Este mesmo censo menciona um fenômeno mun-
dial de crescimento da população idosa, pois, em 1950 havia cerca de 204
milhões de idosos no mundo, e em 1998 já se contava 579 milhões de pes-
soas, ou seja, um crescimento de quase oito milhões de pessoas idosas por
ano. Atualmente, os números mostram que um em cada dez pessoas tem 60
anos de idade ou mais, e as projeções para 2050 estimam que a relação será
de um para cinco em todo o mundo, e de um para três nos países desenvol-
vidos. Em São Paulo, o Projeto Sabe (Saúde, Bem-estar e Envelhecimento),
que faz parte de um estudo multicêntrico coordenado pela OPAS – Organi-
zação Pan-Americana de Saúde que levanta dados da América Latina e Caribe
observou, no período de outubro de 1999 a dezembro de 2000, um total de
2.143 pessoas de 60 anos e mais (LEBRÃO; DUARTE, 2003).
Sobre este crescimento, Medeiros (1989) menciona que o mesmo se
deve ao desenvolvimento científico-tecnológico, nos campos sociais e da
saúde, com novas descobertas da cura de diversas doenças e diminuição
da taxa de mortalidade. Laurenti (1992) acrescenta que a automação das
tarefas no trabalho e a melhora geral na qualidade de vida nas cidades têm
diminuído os desgastes físicos, possibilitando assim uma maior expectativa
de vida na população idosa. Já Ribeiro (1999) aponta para o fato de que
a maior longevidade se deve às grandes revoluções no campo da saúde pú-
blica – prevenção, promoção de saúde e educação sanitária que vieram se
desenvolvendo ao longo dos últimos dois séculos. Bertolini (2001) aponta
que o crescimento acentuado da população idosa levou o meio científico
a assumir estudos dos processos psicológicos dessa etapa da vida, procu-
rando entender as ansiedades e angústias dos idosos visando propiciar uma
vida melhor desta fase do desenvolvimento humano, por meio da promo-
ção da saúde e aumento da qualidade de vida, criando condições para um
envelhecimento saudável.
Embora encontremos um número substancial de estudos sobre este tema,
tal como apresentaremos no decorrer deste trabalho, ele ainda merece ser ex-
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Qualidade de vida
Hoje se tem dado grande importância à concepção de qualidade de
vida e, de certo modo, esta se associa a uma maior longevidade. Sobre
este aspecto, no Brasil, Neri (1999) aponta inúmeras variáveis relacionadas
ao grande tema, tratando-os como indicadores de bem-estar na velhice, e
considera, na longevidade, a saúde biológica, a saúde mental, a satisfação, o
controle cognitivo, a competência social, a produtividade, atividade, a eficácia
cognitiva, o status social, a renda, a continuidade de relações informais em
grupos primários e rede de amigos. A autora salienta que essas mul-
tiplicidades de indicadores estão relacionadas à qualidade de vida na velhice
e podem ter diferentes impactos sobre o bem-estar subjetivo.
Entre as pesquisas sobre qualidade de vida na terceira idade estão os
estudos de Fleck et al. (2003), que investigaram as condições que permitem
uma boa qualidade de vida na velhice. O resultado desse estudo mostrou
que os idosos constituem um grupo particular e, como tal, apresenta
especificidades de importante relevância para a qualidade de vida. Este es-
tudo mostrou que a idéia de qualidade de vida constitui um constructo
multidimensional. Há uma tendência de associação entre qualidade de vida
e bem-estar ou sentir-se bem. Os aspectos de qualidade de vida salientados
pelo grupo focal foram: saúde, sociabilidade, suporte social, atividade física,
possibilidade de dar suporte e apoio e sentimento de utilidade. Alguns gru-
pos apontaram religiosidade, condições financeiras estáveis e boas condições
de vida como fatores importantes de qualidade de vida.
Paschoal (2000) salienta que qualidade de vida é uma palavra de difícil
conceituação, que veio sofrendo transformações ao longo do tempo. Em sua
pesquisa a palavra qualidade é definida como indicador de superioridade e
a palavra vida inclue a saúde, relações familiares satisfatórias, condições fi-
nanceiras estáveis, entre outros aspectos.
Deste modo, entendemos que o conceito de qualidade de vida não
pode ser fechado e irá variar de acordo com o que está em questão, ou
seja, quais aspectos estão sendo analisados; qualidade de vida então não pode
ser vista como um conceito único.
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(...) perdemos, não só pela morte, mas também por abandonar e ser abandona-
do, por mudar e deixar coisas para trás e seguir nosso caminho. E nossas perdas
incluem não apenas separações e partidas do que amamos, mas também a perda
consciente ou inconsciente de sonhos românticos, expectativas impossíveis, ilusões
de liberdade e poder, ilusões de esperança – e a perda de nosso próprio eu jovem,
o eu que se julgava para sempre imune às rugas, invulnerável e imortal.
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Método
Participantes
A amostra foi constituída por 30 idosos de ambos os sexos, sendo 20
mulheres e dez homens com idade de 60 a 70 anos; 73,3% se denominou de
cor branca; 50% eram casados; 20% divorciados e solteiros e 30% viúvos.
Estes eram freqüentadores de um Centro de Referência para Idosos. Esta
população freqüentadora do Centro é pertencente à classe sócio-econômica
cultural média, conforme Censo Demográfico (IBGE, 2000), que compre-
ende pessoas aposentadas ou trabalhadoras que recebem uma renda familiar
mensal de aproximadamente R$ 1000,00. Estes idosos foram selecionados por
conveniência (REA; PARKER, 2000), ou seja, entrevistaram-se apenas aqueles
que se dispuseram a participar do estudo.
Local
A pesquisa foi realizada em um Centro de Referência do Idoso (CRI),
situado na cidade de São Bernardo do Campo. Este centro caracteriza-se
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por ser um local para atividades e lazer, mantido pela prefeitura do muni-
cípio. Dentre as atividades de lazer estão o baile da terceira idade, artesanato,
oficina de tricô, aulas de violão e aula de canto, ginástica, aulas de alfabeti-
zação entre outras atividades.
Instrumento
Para a coleta de dados foi utilizado um Questionário adaptado a partir
do modelo de Paschoal (2000). O questionário investiga dados de qualidade
de vida segundo a própria percepção do idoso. O instrumento oferece
dimensões para essa medida, como: dimensão Saúde Geral, dimensão Psi-
cológica, dimensão Social, dimensão Econômica.
Procedimento
Os sujeitos foram abordados individualmente, enquanto aguardavam o
início de alguma atividade, ocasião em que lhes foram explicados os objetivos
do estudo, o conteúdo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e
efetuado convite para participarem. Após aceite, cada sujeito assinou o Termo
de Consentimento, autorizando a divulgação acadêmica dos dados desde que
mantidas em sigilo suas identidades. A aplicação do questionário foi realizada
em forma de entrevista individual, com duração aproximada de 30 minutos.
Resultados e discussão
Os resultados são descritos a seguir por categorias de análise, apresen-
tando-se dados sócio-demográficos da amostra estudada e, posteriormente,
uma descrição da percepção do idoso sobre qualidade de vida.
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*O valor do salário mínimo era de R$ 300,00 na época em que os dados foram colhidos
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BENS %
Televisão 100,0
Telefone 93,0
Geladeira 100,0
Microondas 67,0
Carro 60,0
Computador 47,0
Seguro de Vida 13,0
Seguro Saúde 80,0
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“alimentação melhor”; “não ter doença e nem dor” (sic). Na dimensão Psi-
cológica encontrou-se o indicador Estado Emocional Positivo, no qual
qualidade de vida é dispor de recursos subjetivos para enfrentar a velhice;
apontando o equilíbrio psíquico como fundamental. Segundo os idosos, isso
significa ter alegria, felicidade, auto-estima, paz e sentir-se satisfeito com a
vida. Em suas falas encontramos: “Ter paz”; “É se amar”; “Sempre rir”;
“Ter disposição” (sic). Na dimensão Social encontramos os indicadores Re-
lações Interpessoais Positivas e Lazer. Para os idosos da amostra, ter qua-
lidade de vida é manter vínculos saudáveis com familiares e amigos, solidi-
ficando o suporte social na velhice. O lazer também é um indicador
importante, pois promove divertimento, distração e relaxamento, contribu-
indo para a qualidade de vida desses idosos. Viajar, freqüentar o centro de
referência do idoso, dançar, são algumas das atividades mencionadas pelos
idosos como sendo indicadores de qualidade de vida. Assim, as respostas
indicaram: “Ter amizades”; “Ter bons amigos e boa família”; “Conviver
com os outros” (sic). Na dimensão Econômica encontrou-se o indicador
Condições Financeira, que relaciona-se ao fato de que ter boa qualidade de
vida é ter condições para suprir suas necessidades de alimentação, saúde,
medicamentos, moradia, entre outras, para viver com dignidade. Suas falas
assim expressaram: “Não se preocupar com os gastos, sem se preocupar
com o amanhã”; “Ter o suficiente para comer”; “Ter condição financeira ra-
zoável” (sic). Na dimensão Meio Ambiente tem-se o indicador Suporte, in-
dicando que qualidade de vida implica na possibilidade da existência de
condições favoráveis para se locomover com segurança e respeito, por meio
de transportes adequados às suas necessidades. Também implica em ter
acesso à educação formal, como escolas e cursos. Na dimensão Religiosida-
de/Transcendência, encontrou-se o indicador Religiosidade que indica a pos-
sibilidade de vivenciar a fé, buscar conforto e paz espiritual. Tido como
indicador de boa qualidade de vida, para alguns idosos que expressaram este
indicador nas seguintes falas: “Ter paz espiritual”; “Acreditar em Jesus e
Nossa Senhora” (sic).
Assim, pudemos verificar, a partir do discurso desses idosos, que todas
as dimensões apontadas por Paschoal (2000) foram contempladas. Os ido-
sos de nossa amostra tiveram total discernimento das dimensões da vida em
termos de qualidade. De modo que se pode dizer que esses têm boa per-
cepção do que representa a qualidade de vida na terceira idade.
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Má qualidade de vida
O quadro 2 pretende mostrar os indicadores de má qualidade de vida
e os atributos dados pelos idosos dentro de grandes dimensões do existir
humano na dimensão Saúde Geral tem-se o indicador não ter saúde. Para
os idosos, não ter saúde, ser doente, não gozar de adequada alimentação e
depender dos outros para as atividades diárias como comer, beber, banhar-
se e andar representaram má qualidade em suas vidas. Nas falas dos idosos,
má qualidade de vida surgiu como: “Não ter saúde”; “Depender dos outros
para comer, tomar banho”; “Pessoa que está numa cama dependendo dos
outros” (sic). Na dimensão Psicológica tem-se o indicador Estado Emocional
Negativo. Sentir desânimo, tristeza, mágoa (estados intra-psíquicos) e não dis-
por de recursos subjetivos para enfrentar as perdas inerentes ao processo de
envelhecimento foram ressaltados pelos idosos. As falas a seguir representam
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Considerações finais
A idade dos idosos que participaram deste estudo está concentrada na
faixa etária de 60 à 69, perfazendo 76,7% da amostra. A maioria (73,3%) se
denomina da cor branca (50%), são casados, 20% divorciados e solteiros e
30% viúvos.
O nível de educação foi considerado baixo em 83,4% da amostra. A
grande maioria (83,3%) dos idosos não vive sozinha, coabitando com seus
familiares ou amigos.
Os dados econômicos apontam para uma média de renda per capita de
R$ 646,00 abaixo do rendimento esperado para o estado de São Paulo, que
é de R$ 893,00. Todavia, ao acrescentarmos os rendimentos dos membros
familiares, dois salários mínimos, tendo concentração na faixa de R$ 601,00
à R$ 1200,00 em 40% da amostra, e 33,3% se encontram na faixa de
R$ 1201,00 à R$ 1500,00 de rendimento familiar. 90% deles possuem casa
própria e 80% tem plano de saúde. Para eles, ter boa qualidade de vida sig-
nifica em ordem de importância, ter saúde, equilíbrio emocional, estar bem
com a família e amigos, em interação, se divertir, ter condições financeiras,
ter suporte do Estado e apoio espiritual.
A má qualidade de vida para estes idosos é não ter saúde, estado
emocional negativo, não ter condições financeiras, não ter bom vínculo
afetivo com a família e não estar em interação com outros, além de não ter
suporte do Estado para suas necessidades básicas.
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