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Metodologia de ensino de percussão das fanfarras do cariri:


FANMOSA- Fanfarra Moreira de Sousa
Alexandre Magno Nascimento Santos1, José Robson Almeida2,
Francisco Weber dos Anjos3
1
Universidade Federal do Ceará Campus Cariri, Juazeiro do Norte, Ceará, Brasil
23
Universidade Federal do Ceará Campus Cariri, Crato, Ceará, Brasil
Maestroalexandre.ufc@gmail.com, Robson@ufc.com, weber@ufc.com

Resumo. Essa pesquisa pretende analisar a trajetória da Fanfarra Moreira de


Sousa (FANMOSA), sobre tudo no que diz respeito aos aspectos metodológicos
educacional a ela aplicados. Esta fanfarra utiliza predominantemente
metodologia de ensino coletivo de instrumento, a qual deverá discutir a
viabilidade e eficácia durante a pesquisa. A Fanfarra Moreira de Sousa está
sediada na cidade de Juazeiro do Norte-ce, nesta pesquisa pretendemos
também compreender qual seu contexto e inserção nesta cidade, bem como sua
importância no processo de formação musical de jovens.
1. Introdução
O ensino de percussão, sobretudo, em fanfarras, tem uma importância muito grande
para iniciar uma formação musical, também com grande contribuição na formação
humana, social e educacional dos alunos das escolas do ensino básico da região do
Cariri, reforçando a cidadania e a alta estima em um processo de formação cultural do
cidadão caririense.
Segundo David Klippel1, desde a Grécia Antiga já se ouvia falar, de soldados
músicos que guerreavam por sua pátria. Há relatos que por volta de 1879
aproximadamente, quando o exército europeu se preparava para uma grande batalha, um
soldado começou a bater no seu escudo com a espada produzindo um som ritmado e
constante sendo seguido pelos seus companheiros encorajando-os a batalha. Seu general
observando isso ordenou que rapidamente preparassem instrumentos de couro e latão
para um grupo de soldados com o objetivo de entrarem na batalha tocando aqueles
instrumentos e música sendo um elemento surpresa para vencer a guerra. Os soldados
músicos iam à frente de seu exercito para e o inimigo afugentava-se com som ritmado
que eram acompanhados por gritos dos seus soldados enfurecidos que causava medo ao
exercito inimigos.
O governo vendo que isto era bom acreditou no projeto e depois de muito tempo
formou uma fanfarra completa. A partir de então foi espalhada pelo mundo chegando
até o Brasil pelo seu exercito nos colégios militares e hoje a fanfarra tomou
características diferentes e saio dos quartéis e ingressando nas escolas como forma de
educação e ficando bem mais popular e dinâmica.
Para se trabalhar as atividades no processo de formação de percussão com os
alunos do ensino básico são essenciais ter uma boa preparação e uma técnica
diferenciada para um bom desempenho do grupo, tanto na parte rítmica com a

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http//davidklippel.blogspot.com (acessado 16/08/2011)
  


  
 
 

 


 

 

      
  
 

percussão, na melódica com os metais e as liras, nas danças com a comissão de frente e
as coreografias e evoluções de todo grupo de forma harmoniosa, afinada, agrupada e
elegante.
Para essa preparação é necessário conhecer o grupo e suas limitações e montar
um trabalho responsável de formação específica, com exercícios ideais para cada
seguimento da banda, observando as dificuldades e limitações, podendo trabalhar de
forma coletiva e individual com exercícios fundamentais para o trabalho de resistência,
sincronia e agilidade dos alunos nas diferentes alas da fanfarra. E essa preparação
também é usada para reforçar o lado humano do componente, preparando-os para a vida
fora da banda com a sociedade e suas famílias com disciplina, postura e dignidade.
É comum encontrarmos grupos se apresentando, sem nenhuma preparação ou até
mesmo uma simples orientação técnica especifica para as fanfarras da região porque não
tiveram nenhum auxilia de métodos especifico para as fanfarras da região do cariri,
tendo os seus componentes expostos a riscos de lesões e erros durante os ensaios e
apresentações.
O objetivo deste trabalho é refletir sobre o ensino de percussão na FANMOSA2,
observando a sua forma coletiva, seus procedimentos metodológicos, diálogo entre
regente e músicos, exercícios de evoluções coreográficas e musicais, bem como a
eficácia de tais procedimentos.
2. Metodologia
Esta metodologia configura como um estudo de caso realizado com FANMOSA da
Escola Profissionalizante Moreira de Sousa da cidade de Juazeiro do Norte-Ce. Devido
o pesquisador principal ser o regente da mesma ficou mais fácil perceber os dados aqui
apresentados. Consequentemente, a prática cotidiana dentro dos ensaios, aulas e
apresentações foi o cenário para a coleta das informações.
Durante a prática na Fanfarra Famosa foram feitas observações no decorrer das
atividades. As observações eram participantes. À medida que eram aplicados os
exercícios fui observando o resultado das metodologias aplicadas, mudando de acordo
com o resultado.
Práticas de ensino e aprendizagem de música são muito mais do
que ações musicais acompanhadas dos tradicionais elementos
pedagógicos que compõem a educação escolar/acadêmica:
objetivos e conteúdos. As práticas de ensino e aprendizagem
musical, reprodutoras e produtoras de significados, conferem ao
ensino e aprendizagem de música um papel de criador de cultura
(GEERTZ apud Arroyo, 2000, p.15).
A FANMOSA é uma banda marcial composta por instrumentos de percussão
(prato, treme-terra, caixa de guerra, surdo mor, ripinique, timba, lira), metais
(trompetes, trombones, bombardino e tuba) e comissão de frente (corpo coreógrafo e
bailarinas). Foi fundada no ano de 1935 na cidade de Juazeiro do Norte com a
denominação Fanfarra Normal Rural por fazer parte da primeira escola normal rural do
Brasil, com o objetivo de participar dos desfiles cívicos militar de 7 de Setembro,

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comemorações e eventos do colégio. Por volte de 1970 o colégio passou a se chamar


Centro Educacional Professor Moreira de Sousa e consequentemente a banda passou a
se chamar Fanfarra Moreira de Sousa. Em 1995 um grupo de componentes iniciou uma
nova administração conturbada e cheia de problemas em desacordo com a direção do
colégio, então toda equipe foi trabalhar em outro colégio ficando ausente durante seis
anos. Então em 2002, a equipe melhor estruturada e mais experiente retornou ao E. E.
M. C.C. Prof. Moreira de Sousa3 e a banda passou a chamar-se carinhosamente,
FANMOSA, que é as iniciais do nome do colégio (FANfarra MOreira de SousA -
FANMOSA). Com aproximadamente 300 componentes entre crianças, jovens e
adolescentes, todos do ensino básico (infantil, fundamentas e médio), sendo todos
componentes dedicados e entusiasmados na aprendizagem musical.
A FANMOSA procura desenvolver um importante papel na formação
educacional, musical e social de todos os componentes por se tratar de um movimento
colegial, se torna flutuante com uma migração anual de componentes tornando um
grande difusor da musica em toda região e estados vizinhos.
3. Resultados e discussão
Na região do Cariri as fanfarras possuem estilo, maneira de tocar e apresentar diferente
das fanfarras de outras regiões, pois o Cariri possui uma cultura local, a qual estar
inserida nas fanfarras misturando outras culturas de diversas partes do Brasil. O ensino
coletivo nas atividades das fanfarras pode ser um dos meios mais eficientes e viáveis
economicamente, para inserir o ensino da música nas escolas e na sua formação
educacional. Sua metodologia de ensino engloba atividades através das quais o aluno
desenvolve a percepção rítmica, o domínio do instrumento e a capacidade necessária
para um desempenho nas coreografias e evoluções do grupo de forma simples e
objetiva. “O ensino em grupo desenvolve a autoestima do aluno, na velocidida em que
se assimilam os conhecimentos de forma eficaz e prazerosa.” (CRUVINEL, 2005, p. 80)
Para um bom desempenho na formação de grupos, é necessária uma boa
preparação aliando a força de vontade de cada um dos componentes. A forma coletiva é
uma maneira bem objetiva e de grande produtividade nessa formação, pois executando e
vendo os outros fazerem os exercícios é bem mais fácil atingir a perfeição e corrigir as
falhas tendo como espelho, outros membros do grupo.
“A partir da interação com o grupo, o sujeito passa a conhecer
mais a si próprio e o outro, trocando experiências. Na medida
em que essa interação grupal ocorre, o sujeito se sente realizado
por fazer parte daquele grupo, com isso, sua auto-estima
aumenta, da mesma forma que sua produção e rendimento.”
(CRUVINEL, 2005, 81)
Batendo as baquetas no instrumento no primeiro tempo de cada compasso,
fazendo a marcação de passo acompanhando o movimento rítmico, é possível perceber
a diferença entre as pulsações e sons determinados para cada ritmo. Sons esses que são
retirados dos instrumentos e são transformados em exercícios para o inicio da
preparação para o grupo.


3
Escola de Ensino Médio Centro Educacional Professor Moreira de Sousa
  


  
 
 

 


 

 

      
  
 

Para tocar um instrumento na fanfarra, não é necessário possuir conhecimentos


técnicos musicais e sim colocar os olhos, ouvidos e todo o corpo em um conjunto no
processo de formação musical tendo o seu resultado muito favorável para um futuro
musico já que para muitos alunos é o primeiro contato musical e pode ser fundamental
para a longevidade na formação musical.
“Os conteúdos, os procedimentos didáticos, a relação
professor-aluno não tem nenhuma relação com o cotidiano do
aluno e muito menos com as relações sociais. É a
predominância da palavra do professor, das regras imposta, do
cultivo exclusivamente intelectual”. (LIBÂNEO, 1987, p. 22)
À medida que os alunos vão aprendendo a executar os ritmos e exercícios
colocados, para cada movimento, dinâmicos ou ritma é usado sinais em forma de gestos
para mudanças programadas ou repentinas para uma melhor comunicação entre o
maestro e os componentes, por se tratar de uma banda numerosa que da frente ao final
tem que haver uma sincronia e harmonia de todos, proporcionando assim um espetáculo
admirável surpreendendo a todos que assistem.
Nas aulas de percussão é trabalhada a pulsação4 utilizando ritmos, com
marcação de passo em várias cadências para sentirmos a pulsação do ritmo. A métrica5
reforça o exercício acentuando o tempo mais forte do compasso ao mesmo tempo em
que coincida o tempo forte do compasso binário com o passo da perna direita.
4. Conclusão
Finalmente, percebemos que o ensino coletivo é uma ferramenta eficiente no trabalho
desenvolvido com a Fanfarra Moreira de Sousa, pela percepção rápida e precisa dos
componentes na execução dos ritmos e evoluções e maior envolvimento dos alunos nas
atividades propostas.
Percebemos que o gestual utilizado na aprendizagem musical na FANMOSA
contribui para o diálogo musical entre os músicos e regente, sobretudo porque o grupo é
demasiadamente numeroso, fazendo com que esta técnica possibilite a comunicação
durante a execução musical.
A FANMOSA desenvolver um importante papel na formação educacional e
social de todos os componentes no processo educacional no movimento colegial, se
tornando que por se tratar de alunos com uma rotatividade praticamente anual, torna-se
um grande difusor da fanfarra em toda região do Cariri e estado vizinhos.
5. Agradecimentos
Agradecemos ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência -
PIBID, ou Capes e a UFC pela bolsa que vai me projetar na vida profissional com
segurança e tranquilidade para desenvolver um trabalho de educação musical junto aos
alunos do ensino básico da minha região.
Referencias


4
PULSAÇÃO são os tempos do compasso/ritmo de forma constante.
5
MÉTRICA, tempo mais forte do compasso/ritmo.
  


 
 
 

 


 

 

      
  
 

ARROYO, Margarete. (1999). Representações sociais sobre praticas de ensino e


aprendizagem musical: um estudo etnográfico entre congadeiros, professores e
estudantes de música.
LIBÂNEO, José Tese (Doutorado em Música) – Departamento de Pós Graduação em
Música, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
CRUVINEL, Flávia Maria. (2005) Educação musical e transformação social: uma
experiência com ensino coletivo de cordas. Goiânia: ICBC, Carlos. Democratização
da escola pública: A pedagogia cítrico-social dos conteúdos. 5º Ed. São Paulo:
Loyola, 1987. 149p.

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