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Songbook-Elis Regina PDF
Songbook-Elis Regina PDF
Regina
Todas as letras
Pesquisa, organização e diagramação:
Vladimir Araújo
Projeto gráfico:
Juliana Mesquita e Juliana Palezi
Elis
Regina
Todas as letras
Dá sorte
Eleu Salvador
Viva a Brotolândia – 1961 Samba feito para mim
Paulo Tito
Dá sorte fazer o que eu digo Viva a Brotolândia – 1961
Dá sorte querer seu amor
Dá sorte cantar comigo Pedi pra fazerem um samba para mim.
Pra desabafar meu coração.
Cante então a canção que eu fiz para ser feliz Tenho tanta coisa pra dizer de mim.
Cante então a canção que eu fiz para ser feliz Como eu gostaria de falar numa canção.
Creio no supremo poder Sei que o mundo é mau, jamais vai entender,
Gosto de quem gosta de mim Que este samba vive de hum sofrer
Serei tudo que quero ser
Tu serás
O tema é meu. Nasceu assim.
Sou feliz, tenho alguem que me quer e que eu quero bem Era preciso fazerem um samba pra mim.
Sonhando
Tu serás a vida e o meu destino Então pedi para fazerem um samba assim.
E este samba foi feito todinho pra mim.
(Dream)
Tu serás angústia e tormento
Tu serás a chama que ilumina
O eterno fogo de minha alma
B. de Vorzon/T. Ellis/Vs. Juvenal Fernandes
Viva a Brotolândia – 1961
E na noite escura, minha estrela
Sonho Tu serás… tu serás
Eu sempre sonho Estrela que mostra o meu caminho
Que o amor irei buscar Tu serás… somente tu.
Sonho
Fala-me de amor
E no meu sonho
Sigo com um certo alguém
(Take me in your arms)
Markus/Rotter/Vs. Max Gold
Viva a Brotolândia – 1961
Murmúrio
Fala-me de amor,
Mesmo que seja pra mentir
Fala-me de amor,
Djalma Ferreira/Luiz Antônio Se vais partir.
Viva a Brotolândia – 1961
Um beijo louco
Vai nesta canção Para lembrar o que passou
Meu último adeus Dura tão pouco
Coração sonha em vão Mesmo que seja o fim
Com os beijos seus Aperta-me assim
E nos braços teus
Foi esta canção Toda magia viverei
Que eu murmurei Beija-me assim
Tu também longe amei Depois adeus!
Murmuraste eu sei.
Eu queria sentir teu beijo
Há neste murmúrio huma saudade Com carinho e emocão
A vontade louca de voltar E guardar este amor tão puro
Ser como era antes mesmo por instantes No fundo do coração
E depois morrer para não chorar
Baby face As coisas que eu gosto (My favorite things)
Davis/Asket/Vs. Fred Jorge Hammerstein/Rodgers/Vs. Fernando César
Viva a Brotolândia – 1961 Viva a Brotolândia – 1961
Mesmo de mentira
Me faz acreditar Os seus olhos
Que você sabe amar Seu sorriso
Mentindo Que bonitos são
Baby Face. Carlos Imperial
Você não existe Viva a Brotolândia – 1961
Na certa sonhei
Quando inventei você Diz mesmo de mentira
Que eu sou tudo pra você
Diz mesmo de mentira
Que ao seu lado eu vou viver
3
Se a verdade me faz mal
Foi logo conquistando
Eu não vou fazer da minha vida um carnaval
E eu nem disse não
Mente
Garoto último tipo
É melhor assim
Broto sensação
Diz que você gosta de mim
Não sei porque
Amor, amor
Dei meu coração
Dor de Covelo
Bill Caesar/Vs. Carlos Imperial
E pra mim o olhar mandou Viva a Brotolândia – 1961
Poema
É a noite cheia de amargura
Poema
É a luz que brilha lá no céu
Poema
4
Pororó-Popó
Poema de Amor – 1962
Dá-me um beijo
Um só
João Roberto Kelly Um só
Poema de Amor – 1962
Mata meu desejo
Bate bate bate constante De mim
5
O meu pequeno mundo e a ilusão
Eu sempre quis
Contigo, coração,
Haroldo Eiras/Ataliba Santos
Poema de Amor – 1962 Viver feliz
Em meu mundo de ilusão
Vou comprar
um coração
Nos teus olhos
Vejo a luz com que sempre sonhei
Nos teus lábios
Sinto os beijos que as vezes roubei
Vem de novo
Saudade é recordar
A saudade em meu peito apertar Paulo Tito/Romeu Nunes
E por isso eu canto Poema de Amor – 1962
secretárias
Pepe Luis/Vs. Martha Almeida
Sei que não volta mais
Eis o consolo eneletivo dos meus ais
Pizzicato
Pizzicati
Cha Cha Cha
Para o secretário
Cha Cha Cha
Canção
Para estenodatilografar
Cha Cha Cha
Para o secretário
Cha Cha Cha
de enganar
despedida
Cha Cha Cha
Como é bom bailar Stern/Marnay/Vs. Fred Jorge
Poema de Amor – 1962
Minhas mãos
E a tarde na hora de regressar
7
Que me abraçe com ternura E no céu de teus olhos buscar
E me beije com doçura A aventura perdida
Tristeza de carnaval
Elis Regina – 1963
Jamais
O meu amor tu terás
Bidú/Mutinho Não te darei novamente
Elis Regina – 1963 A boca ardente, oh, não!
O carnaval Verás
Sempre faz feliz alguém Que o sonho que se desfaz
Formiguinha triste
As vezes traz tristeza Nem deixa rastro na alma
E a alegria foge E acalma a ilusão de um coração
balançou
1, 2, 3,
Silêncio!
À noite, amor
Atenção! Vou ver o meu amor
O samba já tem outra marcação A lua há de brilhar
Pra nós dois
O pandeiro já não faz o que fazia
Violão só é na base da harmonia
Nazareno de Brito/Alcyr Pires Vermelho À noite, amor
Elis Regina – 1963
Silêncio! Vou ver o meu amor
Atenção! 1, 2, 3, balançou
1, 2, 3, o meu samba quero assim
E pra nós as estrelas virão
Requebra e vai por mim
Porque o samba já tem outra marcação
Flertei
Sempre mata a esperença Sozinho como eu
Minha chama de esperar-te A remoer lembranças do passado
Não se cansa
Meu Deus como é que eu vou ficar
Ressurreição, me levou ao passado Castro Perret Sem ter você pra me abraçar?
E curou de uma vez a minha dor Elis Regina – 1963 Sem ter aqueles beijos que são meus?
Milagre do amor Só meus
Agora sim estou certinha com um só
Tanto brinquei que Cupido me acertou Adeus amor
Eu tive tantos mas a nenhum eu amei Eu voltarei, querido,
E, no entanto, sem querer, gamei pra recomeçar a nossa vida
Veja você, eu que nunca pensei em amar
Eu que flertava apenas para brincar
Mas fui brincar de amor quem soube entender meu coracão
E o flerte transformou-se em gamação
Alô saudade
Paulo Aguiar/Umberto Silva
O Bem do Amor – 1963
carinho
Saudade e
Telefonei para a saudade
Dizendo a ela o que sentia
Como ela trouxe a solução
Meu coração logo esqueceu toda a paixão
Meu coração não pode mais viver assim Tantos amores eu já tive
Se você quiser
Sem teu amor Quantos amores mais terei?
Meu coracão vive chorando triste assim Nenhum, porém, comigo vive
Sem teu amor Sozinha sempre viverei
Manhã de
Feito de sorriso e flor? Tudo mudou
E, sem carinho,
AMOR
Você quer. Não sei viver
Mas será que você quer?
Caminhar neste luar para eu te mostrar. Meu coracão hoje só vive de ansiedade
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Vem. Por você
Espero em vão o fim de toda essa saudade Sergio Malta/Joluz
Você quer ver na luz do meu olhar, De você O Bem do Amor – 1963
Como eu te quero bem,
Como eu te quero amar? Vou esperar É manhã
Ó, meu querido, Vem o sol
Eu não sei. Volte pr favor Vem trazer o calor
Eu não sei se você quer. Que aquece a emoção
Eu posso te dar amor, Meu coracão De um olhar
Se vocie quiser. Não vai viver toda esta vida De um aperto de mão
Sem teu amor
Vem a chuva também
Vem chorar a alegria
Do retorno de alguém
De um amor
Numa terna ilusão
E se faz lá no céu
O enlace da chuva e do sol
Mania de gostar A natureza sorri
É tão lindo o matiz do arrebol
Luis Mauro
O Bem do Amor – 1963
Já se fez a manhã do amor
Já se pôs o arco-iris além
Vem a chuva
Mania boba é essa da gente de gostar de alguém. Alguém que nos faz um pouquinho feliz quando vem.
Alguém que quando vai não diz pra onde nem porque. Parte deixando saudade. Fazendo a gente sofrer. Vem o sol
Com eles, meu bem.
Não vai outra vez meu amor, não vá pra longe de mim. Esse negócio de saudade não foi feito pra mim.
Com você aqui bem perto. Juntinho do meu coração. Não viverei mais nesta solidão.
Há uma história triste
Othon Russo/Niquinho
O Bem do Amor – 1963
Domingo em Copacabana
Roberto Faissal/Paulo Tito
O Bem do Amor – 1963
Copacabana cheia
Bom é domingo mesmo
Dias de sol vem alegrar o nosso amor
Mar azul
Onda azul
Vem beijar meus amores
Copacabana bela
Lua de luz acesa
Ando calçada cheia sem pensar
Se você pensava
Bem no amor achar
O bem no amor encontrará
E quando você quiser
Vá buscar ternura
No amor que existe
Num lugar feito pra dois
Sim, vá buscar
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É pra frente que se anda
Caminhando sem olhar pra trás
É pra frente que se anda
Caminhando sem olhar pra trás
Há um mundo de esperança
Esperando,
Esperado por nós
Mundo de paz
Procurando nosso mundo
Mundo de paz
Túlio Paiva
O Bem do Amor – 1963
O MORRO NÃO TEM VEZ DIZ QUE FUI POR AÍ
(Tom Jobim/Vinícius de Morais) (Zé Keti/H. Rocha)
Pout Pourri
Mas olhem bem voces, quando derem vez ao morro Levando o violão debaixo do braco
Toda a cidade vai cantar Em qualquer esquina eu paro
Em qualquer botequim eu entro
E se houver motivo, é mais um samba que eu faço
ESSE MUNDO É MEU Se quiserem saber se eu volto, diga que sim
(Sérgio Ricardo/Ruy Guerra) Mas só depois que a saudade se afastar de mim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim
Escravo no mundo em que sou
Escravo no reino em que estou
Dois na Bossa 1 – 1963 (Com Jair Rodrigues)
Mas acorrentado ninguém pode amar ACENDER AS VELAS
Mas acorrentado ninguém pode amar (Zé Keti)
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Eh, eh, eh... já vem vindo o arrastão
A h ! o a m o r Eh... é a Rainha do Mar
Quando é demais ao findar leva a paz Vem, vem na rede João
Me entreguei sem pensar Pra mim!
Que a saudade existe e se vem é tão triste
Vê, meus olhos choram a falta dos teus
Esses teus olhos que foram tão meus
Valha-me Deus Nosso Senhor do Bonfim
Por Deus, entenda que assim eu não vivo Nunca, jamais se viu tanto peixe assim
Eu morro pensando no nosso amor
Por Deus, entenda que assim eu não vivo
Eu morro pensando no nosso amor
Terra de Segue nessa marcha triste Anda.Teu caminho é longo Pára no final da tarde Mas...
ninguém
Seu caminho aflito Cheio de incerteza Tomba já cansado O dia vai chegar
Leva só saudade Tudo é só pobreza Cai um nordestino Que o mundo vai saber
E a injustiça Tudo é só tristeza Reza uma oração Não se vive sem se dar
Que só lhe foi feita Tudo é terra morta Prá voltar um dia Quem trabalha é que tem
Marcos Valle/Paulo Sergio Valle
Desde que nasceu Onde a terra é boa E criar coragem Direito de viver
Dois na Bossa 1 – 1965
Saudade do Brasil – 1980 Pelo mundo inteiro O senhor é dono Prá poder lutar Pois a terra é de
(Com Marcos Valle) Que nada lhe deu Não deixa passar Pelo que é seu n i n g u é m
Sem Deus com a família César Roldão Vieira
Dois na Bossa 1 – 1965
Menino das
laranjas
A vida não tem solução
Morada da rico é palácio
E casa de pobre é barracão
Reza
Théo de Barros
Dois na Bossa 1 – 1965 (Com Jair Rodrigues) Quem é pobre sempre sofre,
Samba eu canto assim – 1965
Vive sempre a trabalhar
Menino que vai pra feira Edu Lobo/Ruy Guerra
Dois na Bossa 1 – 1965
Vender sua laranja até acabar Mas eu sofro só de dia, Samba eu canto assim – 1965
Filho de mãe solteira
Cuja ignorância tem que sustentar De noite eu vivo pra sambar Por amor andei já
Tanto chão e mar
É madrugada, vai sentindo frio Senhor já nem sei
Porque se o cesto não voltar vazio Se o amor não é mais
A mãe arranja um outro prá laranja Bastante pra vencer
E esse filho vai ter que apanhar
A mulher de branco é esposa Eu já sei o que vou fazer
Meu Senhor
Compra laranja E a esposa do preto é mulher Uma oração
Menino que vai pra feira
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Mas minha mulher é só minha, Vou cantar para ver se vai valer
É madrugada vai sentindo frio Laia ladaia sabadana ave-maria
Porque se o cesto não voltar vazio Do branco eu nem sei se só dele é Laia ladaia sabadana ave-maria
A mãe arranja um outro prá laranja
E esse filho vai ter que apanhar Ah! meu santo defensor
Traga o meu amor
Compra laranja doutor Branco fica atormentado
Ainda dou uma de quebra pro senhor Laia ladaia sabadana ave-maria
E nem tem tempo pra pensar Laia ladaia sabadana ave-maria
Lá no morro a gente acorda cedo
Que é só trabalhar Se é praga ou oração
Comida é pouca e muita roupa
Mas o preto é mais que branco
Mil vezes cantarei
Que a cidade manda pra lavar pra mãe d’água Iemanjá
Laia ladaia sabadana ave-maria
De madrugada ele menino Laia ladaia sabadana ave-maria
Acorda cedo tentando encontrar
Um pouco pra comer, viver até crescer
E a vida melhorar A terra do dono é só dele
Compra laranja doutor E ali ninguém pode mandar
Ainda dou uma de quebra pro senhor
Mas se eu não pegar na enxada
Não tem ninguém pra plantar
Discussão
Ninguém tem nada de bom
Vai entortando, vai sem descanso Sem sofrer
Vai, sai, cai... no balanço! Formosa mulher!
Pobre samba meu
Tom Jobim/Newton Mendonça
Volta lá pro morro e pede socorro onde nasceu Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com pery Ribeiro)
Pra não ser um samba com notas demais
Samba do avião
Não ser um samba torto pra frente pra trás Se você pretende sustentar opinião
Vai ter que se virar pra poder se livrar E discutir por discutir
Da influência do jazz Só prá ganhar a discussão
Tom Jobim Eu lhe asseguro pode crer
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com lennie Dale) Que quando fala o coração
As vezes é melhor perder
Vem Balançar
Eparrê, Do que ganhar, você vai ver
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Aroeira beira de mar Já percebi a confusão
Salve Deus e Tiago e Humaitá Você quer ver prevalecer
Eta, costão de pedra dos home brabo do mar A opinião sobre a razão
Walter Santos/Tereza Souza Eh, Xangô, vê se me ajuda a chegar Não pode ser, não pode ser
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Prá quê trocar o sim por não
Minha alma canta Se o resultado é a solidão
Quem vem lá?
Vejo o Rio de Janeiro Em vez de amor
Quem vem lá?
Estou morrendo de saudade Uma saudade vai dizer quem tem razão
Rio, teu mar, praias sem fim
Se é de samba pode se chegar
Rio, você foi feito pra mim
No meu samba tem sempre lugar
Cristo Redentor
Prá quem vem balançando
Mulata
Menina bonita, pra onde é "qu'ocê" vai
Eu amei
Vou procurar o meu lindo amor
Assanhada
E amei, ai de mim, muito mais do que devia amar
No fundo do mar
E chorei
Vou procurar o meu lindo amor
Ao sentir que iria sofrer e me desesperar
No fundo do mar
Ataulfo Alves Foi então
Nhem, nhem, nhem
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Ataulfo Alves) Que da minha infinita tristeza aconteceu você
É onda que vai
Encontrei
Ô, mulata assanhada Nhem, nhem, nhem
Em você a razão de viver e de amar em paz
Que passa com graça É onda que vem
E não sofrer mais
Fazendo pirraça Nhem, nhem, nhem
Nunca mais
Fingindo inocente Tristeza que vai
Porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz
Tirando o sossego da gente! Nhem, nhem, nhem
Tristeza que vem
O amor é a coisa mais triste quando se desfaz
Ah! Mulata se eu pudesse
E se meu dinheiro desse Foi e nunca mais voltou
Eu te dava sem pensar Nunca mais! Nunca mais
Esta terra, este céu, este mar Triste, triste me deixou
E ela finge que não sabe
Nhem, nhem, nhem
Somewhere
Samba direitinho, de cima embaixo Que dei duro e me matei prá encontrar
Revira os olhinhos dizendo Plém plém
Eu sou fiilha de São Salvador Toda a lista quase que eu decorei
Plém plém
Dia e noite não parei de discar Stephen Sondheim/Leonard Bernstein
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
E só vendo com que jeito
There's a place for us
Eu só queria saber
Pedia prá eu ligar
Plém plém plém plém Somewhere a place for us
Não entendo mais nada Peace and quiet and open air
Prá que é que eu fui topar? Wait for us
Miriam Ribeiro/Vera Brasil
Somewhere
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Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Claudete soares) Trimm trimm
Não me diga que agora atendeu There's a time for us
Eu só queria ser Será que eu… eu consegui? Agora encontrar? Some day a time for us
Um só dos teus anseios O moço atendeu… alô! Time together and time to spare
Eu só queria ser Time to look, time to care
Um só dos teus momentos Someday
Eu só queria ser Somewhere
Dentro de ti
We'll find a new way of living
É Zambi no açoite, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
É Zambi na noite, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Chega de sofrer... Eh! Zambi gritou. Sangue a correr é a mesma cor É o mesmo adeus e a mesma dor.
É Zambi se armando, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
É Zambi lutando, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
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Chega de viver na escravidão. É o mesmo céu. O mesmo chão. O mesmo amor. Mesma paixão.
Ganga-Zumba ei, ei, ei, vai fugir... Vai lutar tui, tui, tui, tui, com Zambi...
E Zambi gritou ei, ei, meu irmão... Mesmo céu, tui, tui, tui, tui, mesmo chão.
Vem filho meu, meu capitão. Ganga-Zumba... Liberdade! Liberdade! Ganga-Zumba vem meu irmão.
É Zambi lutando, é lutador. Faca cortando, talho sem dor. É o mesmo sangue e a mesma dor.
É Zambi morrendo, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Ganga-Zumba, ei, ei, vem aí... Ganga-Zumba, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Esse mundo é meu
Sergio Ricardo/Ruy Guerra
O fino do Fino – 1965
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Té o sol raiar (Tempo feliz)
Baden Powell/Vinícius de Morais
Esse mundo é meu O fino do Fino – 1965
Resolução
Mas meu bem
Escravo do reino e sou
Deixa estar
Escravo do mundo em que estou
Tempo vai, tempo vem
Mas acorrentado ninguém pode amar
E quando um dia esse tempo voltar
Edu Lobo/Lula Freire Eu nem quero pensar o que vai ser
Saravá, Ogum, mandinga prá gente continua O fino do Fino – 1965
Até o sol raiar
Cade o despacho pra acabá Samba eu canto assim – 1965
Santo guerrero da floresta
Se você nao vem eu mesma vou brigá
Se voce nao vem eu mesma vou ficar É, vou contar o que há.
É tempo de dizer quem sou
Sim. Eu cansei de lutar
E agora quero descansar
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Canção do amanhecer
Tanto eu esperei para vencer
E agora vejo que perder
Nada mais é do que cansar
Edu Lobo/Vinícius de Morais
O fino do fino – 1965 Eu cansei e perdi
Em tanta coisa acreditei
Ouve Se ninguém viu o que eu vi
Fecha os olhos, meu amor Ninguém sabe mais do que eu sei
É noite ainda
Que silêncio! Mas se a esperança vai me deixar
E nós dois E nem mais vou saber chorar
Na tristeza de depois Nem sorrir sem amor para dar
A contemplar
O grande céu do adeus Não. É preciso não morrer
Ah! É preciso decidir de uma vez
Não existe paz O que é pra fazer
Quando o adeus existe
E é tão triste o nosso amor Ou viver ou morrer
Ah! Vem comigo Há tanto para se fazer
Em silêncio Ou viver ou morrer
Vem olhar Há tanto para se fazer
Esta noite amanhecer
Iluminar Todas as canções que eu já cantei
Os nossos passos tão sozinhos Agora tem de me valer
Todos os caminhos E me fazer acreditar
Todos os carinhos
Vem raiando a madrugada Que é preciso viver
Música no céu! E o resto é só deixar pra lá
E, mesmo só, vou seguir
E nada me fará mudar
Chegança Amor demais
Edu Lobo/Oduvaldo Vianna Filho Silvio César/Ed Lincoln
O fino do Fino – 1965 O fino do Fino – 1965
Maria do Maranhão
E de todo lugar que se tem pra partir Quem perdeu a paz
maior
Por um amor
Que feliz não pode ser
Quem anda pelas estradas
Atravessando o país
João Valentão
A vida maior Dorival Caymmi
Que virá
Samba eu canto assim – 1965
Consolação/Berimbau/Tem dó
Baden Powell/Vinícius de Morais
Samba eu canto assim – 1965
Saveiros
Se não tivesse o amor
Se não tivesse essa dor
E se não tivesse o sofrer
E se não tivesse o chorar
Dory Caymmi/Nelson Motta
… Compacto duplo – 1966
Eternidade
Dizer que já chegou Vão os saveiros para o mar
Chegou para lutar Levam no dia que amanhece
As mesmas esperanças
Berimbau me confirmou Do dia que passou
Luiz Chaves/Adilson Godoy
Vai ter briga de amor Quantos partiram de manhã
Samba eu canto assim – 1965
Tristeza camará Quem sabe quantos vão voltar
Só quando o sol descansar,
Se ele é mais que céu
… E se os ventos deixarem,
É mais que luz
Os barcos vão voltar
É mais que amor
Ah! Tem dó Quantas histórias pra contar
Quem viveu junto não pode nunca viver só E em cada vela que aparece
Sinto o infinito
Ah! Tem dó Um canto de alegria
Da paz que vem
Mesmo porque você não vai ter coisa melhor De quem venceu no mar
Nascendo em mim
Aleluia
É mais que o mundo Me diga agora, ora, ora
Me ensinou Não foi assim que você gamou?
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Elis no Fino da Bossa – 1994 (Com Edu Lobo)
Que sempre sonhei Me diga agora, ora, ora
Nasceu no que sou Será que alguém não foi quem mudou? Barco deitado na areia
Não dá pra viver, não dá
Sim, é mais que tudo Lua bonita sozinha
Não faz o amor, não faz
Último canto
É mais que o mundo
Me ensinou
Toma decisão, aleluia!
Que um dia o céu vai mudar
Francis Hime/Ruy Guerra Quem viveu a vida da gente
Samba eu canto assim – 1965 Tem que se arriscar
Jogo de roda
Compacto duplo – 1966
Canto triste
Ensaiado com carinho
A roda vai rodar
Pelo Zé Redemoinho
E eu jogo o meu amor então
Pelo Chico Vendaval
E se eu puder
Oh, que linda fantasia
Entro na roda e vou rodar também
Edu Lobo/Vinícius de Morais Do Bloco da Mocidade
Compacto duplo – 1966 Colorida de ousadia
Gira a roda
Costurada de amizade
Porque sempre foste a primavera em minha vida Roda o tempo
Vai ser lindo ver o bloco
Volta pra mim Nasce um samba em minha mão
Desfilar pela cidade
Desponta novamente no meu canto Olho a praia
Minha gente, vamos lá
Eu te amo tanto mais, te quero tanto mais Chamo o vento
Nossa turma vai sair
Há quanto tempo faz partiste Abro os braços e a canção
Nossa escola vai sambar
Como a primavera que também te viu partir Vai cantar pra gente ouvir
Sem um adeus sequer Eu sei aonde estou
Tá na hora, vamos lá
E nada existe mais em minha vida E sei onde é que eu quero ir
Carnaval é pra valer
E quem quiser
22
Rosa morena
Que ela lembre as nossas horas de poesia Em que o mal é rei
Das noites de paixão Mas o meu canto vem fora de lei
E diz-lhe da saudade em que me viste
Que estou sozinho e só existe Ó, meu amor
Meu canto triste Vem prá perto de mim cantar Dorival Caymmi/Antônio de Almeida
Compacto simples – 1966
Na solidão Que nessa roda a dor vai se entregar
A minha voz é fraca
Rosa morena
Mas em meu olhar
Onde vais morena rosa
O novo mundo roda sem parar
Com essa rosa no cabelo
Sem parar
E esse andar de moça prosa
Sem parar
Morena, morena rosa
A rodar
A rodar
Rosa morena o samba está esperando
A rodar
Esperando p’rá te ver
Deixa de lado essa coisa de dengosa
E assim tenho um norte
Anda rosa, vem me ver
Tenho a vida
Tenho um samba de cordão
Deixa de lado essa pose
Tenho a noite já vencida
Vem pro samba, vem sambar
Na palma de minha mão
Que o pessoal está cansado de esperar
Meu samba já chegou
Tanta tristeza quer também
E o teu amor
Samba na roda do meu coração
Canto de Ossanha
Baden Powell/Vinícius de Morais
Compacto simples – 1966
Dois na bossa 2 – 1966
Elis, como e porque – 1969
Aquarela do Brasil – 1969
O homem que diz "dou" não dá, porque quem dá mesmo não diz
O homem que diz "vou" não vai, porque quando foi já não quis
O homem que diz "sou" não é, porque quem é mesmo é "não sou"
O homem que diz "tô" não tá, porque ninguém tá quando quer
Coitado do homem que cai no canto de Ossanha, traidor
Coitado do homem que vai atrás de mandinga de amor
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai... não vou!
Que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer
23
a tristeza de um amor que passou
Não , eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer
na manhã de um novo amor
Amigo senhor, saravá, Xangô me mandou lhe dizer
Se é canto de Ossanha, não vá, que muito vai se arrepender
Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer
Pergunte ao seu Orixá o amor só é bom se doer
Vai, vai, vai, vai, amar sofrer
Vai, vai, vai,
Vai, vai, vai, vai, chorar dizer
Vai, vai, vai,
due eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer
a tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer
na manhã de um novo amor
Poutpourri de
Louvação
introdução
SAMBA DE MUDAR Gilberto Gil/Torquato Neto
(Geraldo Vandré) Dois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues)
Só quem sofreu
Do que deve ser louvado
Quem chorou
Ser louvado, ser louvado
Dois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues)
Meu samba vai ouvir
Meu povo, preste atenção
Tristeza que
Mas liberdade só posso esperá
se foi
Tri tri tri
Trá trá trá
25
Adilson Godoy
Samba
Dois na bossa 2 – 1966 Edu Lobo/Torquato Neto
Elis – 1966
Toda tristeza já passou Elis no Fino da Bossa 1965-1967
em
E agora um novo amor
vem surgindo Adeus
Sorrindo Vou pra não voltar
paz
E onde quer que eu vá
Por isso bem feliz eu sei que Sei que vou sozinha
Toda tristeza já passou
E que agora um novo amor Tão sozinha amor
Vem surgindo Nem é bom pensar
Sorrindo Que eu não volto mais
Desse meu caminho
Por isso vou
Caetano Veloso
Vou cantando agora Elis – 1966
Ah, pena eu não saber
Vou levando agora Como te contar
A beleza de um novo amor O samba vai vencer Que o amor foi tanto
Que me nasceu Quando o povo perceber E no entanto eu queria dizer
Que é o dono da jogada
Vou cantando agora Vem
Vou levando agora O samba vai crescer Eu só sei dizer
Felicidade só Pelas ruas vai correr Vem
Uma grande batucada Nem que seja só
Prá dizer adeus
Samba não vai chorar mais
Toda gente vai cantar
O mundo vai mudar
Roda
E roube outro ladrão Talvez as derradeiras noites de luar
Agora vou divertir Momento histórico, simples resultado do desenvolvimento da ciência viva
Agora vou prosseguir
Quero ver quem vai ficar Afirmação do homem normal, gradativa sobre o universo natural
Quero ver quem vai sair Sei lá que mais
Não é obrigado a escutar
Quem não quiser me ouvir Ah, sim!
Os místicos também profetizando em tudo o fim do mundo
Se morre o rico e o pobre E em tudo o início dos tempos do além
Enterre o rico e eu Em cada consciência, em todos os confins
Quero ver quem que separa
Da nova guerra ouvem-se os clarins
O pó do rico do meu
Se lá embaixo há igualdade
Aqui em cima há de haver Guerra diferente das tradicionais,
Quem quer ser mais do que é Guerra de astronautas nos espaços siderais
Um dia há de sofrer E tudo isso em meio às discussões,
26
já!
Muitos palpites, mil opiniões
Agora vou divertir Um fato só já existe que ninguém pode negar
2... 1...
Gilberto Gil/João Augusto
Agora vou prosseguir
Elis – 1966
Quero ver quem vai ficar
4... 3...
Quero ver quem vai sair
5...
Não é obrigado a escutar
Quem não quiser me ouvir 7... 6..
Seu moço, tenha cuidado
Com sua exploração E lá se foi o homem conquistar os mundos, lá se foi
Se não lhe dou de presente Lá se foi buscando a esperança que aqui já se foi
A sua cova no chão Nos jornais, manchetes, sensação, reportagens, fotos, conclusão:
Quero ver quem vai dizer
Quero ver quem vai mentir A lua foi alcançada afinal,
Quero ver quem vai negar Muito bem, confesso que estou contente também
Aquilo que eu disse aqui
Beira de praia
Não faz mal que se deixe Boa palavra
Se o caminho da gente vai pro mar
Caetano Veloso
Elis – 1966
Eu vou, tanta praia deixando
Sem saber até quando eu vou Aprendeu sozinho
Quando eu vou,quando eu volto Na areia, no chão
A brincar sozinho
Estatuinha
Eu vou pra terra distante Sem a mão de um irmão
Não tem mar que me espante
Não tem, não Aprendeu com o vento
Que o sono passou
Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri Anda, vem comigo que é tempo E acordou sozinho
Elis – 1966 Vem depressa que eu tenho No solo sem amor
Braço forte e o rumo certo
Se a mão livre do negro tocar na argila Tava dormindo, acordei
O que é que vai nascer? Aqui o dia está perto Para acertar o namoro
E é preciso ir embora Me deram o que de beber
Vai nascer pote pra gente beber Ah! vem comigo nesse veleiro Numa caneca de ouro
Nasce panela pra gente comer
Nasce vazinho, nasce parede Tá na hora e no tempo, ê... ô... Não lhe deram nada
Nasce estatuinha bonita de se ver Vamos embora no vento ê... ô... Não é seu este chão
Deita olhando o céu
Se a mão livre do negro tocar na onça Que o céu não tem dono, não
O que é que vai nascer?
27
Como um passarinho
Sonho de Maria
Vai nascer pele pra cobrir nossas vergonhas Aprende a voar
Nasce tapete pra cobrir o nosso chão Solta o pensamento
Nasce caminha pra se ter nossa ialê Num braço de mar
Nasce atabaque pra se ter onde bater
Marcos Valle/Paulo Sergio Valle
Elis – 1966 Voou pra beira do rio
Se a mão liver do negro tocar na palmeira Pousou num poço dourado
O que é que vai nascer? Tanta roupa pra lavar Moça com seu namorado
Tanto barraco pra arrumar Rico com seu empregado
Nasce choupana prá gente morar Tanta coisa pra esperar
Nasce rede pra gente se embalar Aprendeu sozinho
Nasce esteira pra gente se deitar Todo o morro a sambar Deitado no chão
Nasce os abanos pra gente abanar Tanta gente pra invejar A esperar sozinho
Nenhum sonho pra sonhar Tempo de encontrar irmão
Chorou.
Chorou o céu. Chorou
E a lágrima do céu apagou
Tudo o que maria deixou
Canção do sal
Se todo mundo sambasse seria tão fácil viver
Com as cabrochas de lá
Carinhoso
Milton Nascimento
Elis – 1966
Compacto simples – 1968 Branquinha igual assim não pode existir
Balanço igual eu juro que nunca vi
Trabalhando o sal No carnaval nós vamos nos divertir
A turma tá que tá que não cabe em si
É amor, o suor que me sai
Pixinguinha/João de Barro
Elis – 1966
28
Ah! Se tu soubesses Pra vida de gente levar Pra passar cera e dar uma caiação
Cantador
Sérgio Bittencourt Bom
Festival dos festivais – 1966 Ai, que bom é ver vocês
Guardo o meu violão.
E cada vez que eu volto
Dory Caymmi/Nelson Motta
Já nos faltam canções. Festival da Música Popular Brasileira Volume 2 – 1967 É para dizer
São muitas as razões, Que sem ter vocês
que temos pra cantar, Amanhece, preciso ir Sem ver vocês
mas hoje, amor, melhor Meu caminho é sem volta e sem ninguém
Eu vou pra onde a estrada levar
Não sou ninguém
é não cantar,
enquanto houver em nós Cantador, só sei cantar
vontade de fugir de um canto
Canta
que na voz não vai saber mentir.Ah! eu canto a dor
Que a vida passa
Canto a vida e a morte E, se ela passa
Meu canto para ser um canto certo, Canto o amor
Melhor cantar
vai ter que nascer liberto
e morar no assobio Cantador não escolhe o seu cantar É de vocês
do ocupado e do vadio Canta o mundo que vê O meu cantar
do alegre e do mais triste E pro mundo que vi meu canto é dor
só há canto quando existe Mas é forte pra espantar a morte
É só pra vocês
29
que hoje, amor, melhor Porque, mais que nunca, é preciso cantar o que é nosso.
é não cantar.
Nao há, nem pode haver Aquele mundo de Zinco que é Mangueira Em Mangueira na hora da minha despedida
Como Magueira não há Desperta com o apito do trem Todo mundo chorou, todo mundo chorou
O samba vem de lá, alegria também Uma cabrocha e uma esteira Foi pra mim a maior emoção da minha vida
Morena faceira só Mangueira tem Um barracão de madeira pois em Mangueira o meu coracao ficou
Qualquer malandro em Mangueira tem
FALA, MANGUEIRA! PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO
(Mirabeau/Milton de Oliveira) Mangueira fica pertinho do céu, Elis (Ary Barroso)
Mangueira vai assistir o meu fim
Fala, Mangueira, fala E deixa o nome na história Ficou pra machucar meu coracao!
Mostra a força da tua tradição O samba foi minha glória
Com licença da Portela,
Pout-pourri
Eu sei que muitas cabrochas
Favela Mangueira mora no meu coração Vão chorar por mim
Mangueira
EXALTACÃO À MANGUEIRA
de
(Enéas Brites da silva/Aloisio A. Costa)
LEVANTA MANGUEIRA
(Luiz Antonio)
Mangueira teu cenário é uma beleza
Qua a natureza criou, ô ô Levanta, Mangueira, a poeira do chão
O morro com seus barracões de zinco Samba de coração
Quando amanhece, que esplendor! Ai, mostra a sandália de prata da mulata Dois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues)
Todo mundo te conhece ao longe Acorda a cuíca e o tamborim
Pelo som do teu tamborim Mostra que o samba nasceu em Mangueira,sim
E o rufar do teu tambor Levanta Mangueira, a poeira do chão
Chegou ô ô a Mangueira, chegou! Samba de coração
Cruz de cinza, cruz de sal
Manifesto zinho Rocha
Walter Santos/Teresa Souza
Dois na Bossa 3 – 1967
Compacto simples – 1968
Marcha de
Guto/Mario
Dois na Bossa 3
– 1967
Santa Clara clareai,
quarta-feira de cinzas
Carlos Lyra/Vinícius de Morais
gem
São Domingo alumiai
traz mensa
a m úsica não fria Dois na Bossa 3 – 1967
Vai chuva, vem sol
A min h ou g uer ra
chantagem
E não faz
Vai chuva, vem sol
ia
em ideolog
E nem fala Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Sol, vem sol, vem sol, vem sol
es falar
as para lh Ninguém passa mais brincando feliz
Eu vim apen
De uma gra
nde perda a esquerda Que o menino quer E nos corações
ireita ou d
Brincar, brincar
i se é da d Saudades e cinzas foi o que restou
Que nem se
nsura cort
a Tanto que chamou
rta se a ce Vem sol, vem sol
Pelas ruas o que se vê
Que me impo ha
Tudo que já fez
é v er mel É uma gente que nem se vê
to dela se
Pois eu gos
Cruz de cinza, cruz de sal,
a Que nem se sorri
de e amarel
Ou se é ver
Casca de ovo no quintal
Se beija e se abraça
, amigo E sai caminhando
mar ad a, companheiro
Tudo que chamou
Oh, ca Dançando e cantando cantigas de amor
bora
Ela foi em
Vem sol, vem sol
go
qu e foi conti
E o pior
Santa Clara clareai
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
Vem sol, vem sol
de golpe
i um gran
Para mim fo É preciso cantar e alegrar a cidade
E a trizteza do menino
d o ou armado
de esta
Não sei se
Ou talvez
de coração São Domingo alumiai A tristeza que a gente tem
ito grande Vem sol, vem com tanto azul no céu Qualquer dia vai se acabar
Pra criança se perder de tanto rir
qu e a dor foi mu e Todos vão sorrir
Só sei diz er ansformou-s
inteira tr Pro menino se alegrar e o céu cair
a v id a Voltou a esperança
h
Nessa rua onde o brinquedo é só você.
E min
e agitação É o povo que dança
Numa enorm Contente da vida, feliz a cantar
andato
Sol, vem sol, vem sol, vem sol
si m te rm ina meu m Porque são tantas coisas azuis
Já que as deportado
Que o menino quer
E há tão grandes promessas de luz
i cassado e
Pois eu fu
Brincar, brincar
ocê Tanto amor para amar de que a gente nem sabe
nge de v
Pra bem lo
Tanto que chamou
30
Meu amor eu hoje estou contente Eu sei que vou te amar Mas quero que você me fale Os seus olhos têm que ser
Todo mundo, de repente, Por toda minha vida vou te amar Que você me cale só dos meus olhos
Ficou lindo, ficou lindo de morrer Em cada despedida eu vou te amar Caso eu perguntar Os seus braços o meu ninho
Desesperadamente eu sei que vou te amar Se o que a faz tão linda No silêncio de depois
Hoje eu estou rindo E cada verso meu será Foi tua pressa de voltar E você tem que ser a estrela derradeira
Nem eu mesma sei do quê Pra te dizer que eu sei que vou te amar Minha amiga e companheira
Porque eu recebi Por toda minha vida Levanta e vem correndo No infinito de nós dois
Uma cartinhazinha de você Me abraça e sem sofrer
Que diz assim: MINHA NAMORADA Me beija longamente PRIMAVERA
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais) (Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Se você quer ser minha namorada O quanto a solidão precisa para morrer?
Oh, que linda namorada, Mas se em vez de minha namorada Amor, eu lhe direi
Você poderia ser! Você quer ser minha amada Amor que eu tanto procurei
Minha amada mais amada pra valer Ah, quem me dera eu pudesse ser
Se quiser ser somente minha A tua primavera
Pout-pourri romântico
Exatamente essa coisinha Aquela amada E depois morrer
Essa coisa toda minha Pelo amor predestinada
De ninguém mais pode ser Sem a qual a vida é nada
Sem a quel se quer morrer.
Lapinha
Ye-melê ari ará Baden Powell/Vinícius de Moraes/Vs. Pierre Barouh
Compacto simples – 1968
Canto de Yemanjá
Etre heureux c'est plus ou moins ce qu'on cherche
Zauê zaua
J'aime rire chanter et je n'empêche
Melê Mela
Pas les gens qui sont bien d'être joyeux
Indê olá
Pourtant s'il est une samba sans tristesse
Onda do mar
C'est un vin qui donne pas l'ivresse
Un vin qui ne donne pas l'ivresse
A rainha mãe do mar
Non ce n'est pas la samba que je veux
Traz o seu amor
Sua benção vem me dar Baden Powell/Paulo César Pinheiro
J'en connais que la chanson incommode
E eu dou uma flor Compacto simples – 1968
D'autres pour qui ce n'est rien qu'une mode
Quando eu morrer me enterre na Lapinha D'autres qui en profitent sans l'aimer
Quando eu morrer me enterre na Lapinha Moi je l'aime et j'ai parcouru le monde
Zauê zaua
Calça, culote, palitó almofadinha En cherchant ses racines vagabondes
Melê Mela
Calça, culote, palitó almofadinha C'est la chanson de samba qu'il faut chanter
Indê olá
Onda do mar
Vai, meu lamento vai contar On m'a dit qu'elle venait de Bahia
Toda tristeza de viver Qu'elle doit son rythme et sa poésie
Algum dia vai chegar
Ai, a verdade sempre trai À des siècles de danses et de douleur
Que eu vou ouvir
E às vezes traz um mal a mais Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime
Esse canto de Yemanjá
Ai, só me fez dilacerar Elle est blanche de forme et de rimes
Vai do mar sair
Ver tanta gente se entregar Blanche de forme et de rimes
Mas não me conformei Elle est nègre bien nègre dans son coeur
Zauê zaua
Melê Mela Indo contra lei
Sei que não me arrependi Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime
Indê olá
Tenho um pedido só Elle est blanche de forme et de rimes
Onda do mar
31
Último talvez, antes de partir Blanche de forme et de rimes
Elle est nègre bien nègre dans son coeur
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Samba do perdão
Quando eu morrer me enterre na Lapinha Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime
Calça, culote, palitó almofadinha Elle est blanche de forme et de rimes
Calça, culote, palitó almofadinha Blanche de forme et de rimes
Elle est nègre bien nègre dans son coeur
Baden Powell/Paulo César Pinheiro Sai, minha mágoa Elle est nègre bien nègre dans son coeur
Elis especial – 1968
Sai de mim
Há tanto coração ruim
Mais uma vez amor
Ai, é tão desesperador
A dor chegou sem me dizer
O amor perder do desamor
Agora que existe a paixão
Ah, tanto erro eu vi, lutei
A hora não é de sofrer
E como perdedor gritei
Que eu sou um homem só
Mas quem quer pedir perdão
Sem saber mudar
Não deixa a tristeza saber
Nunca mais vou lastimar
E no entando a tua falta
Tenho um pedido só
Vem vazar meu coração
Último talvez, antes de partir
Mas a vida ensina a crer e a perdoar
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Quando um amor valer
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
E o nosso é tão grande que já nem sei
Calça, culote, palitó almofadinha
Tenha pena das penas que eu penei
Calça, culote, palitó almofadinha
Não despreze mais meu padecer
Adeus Bahia, zum-zum-zum
Afasta a melancolia e a solidão
Cordão de ouro
Já não cabem mais no meu violão
Eu vou partir porque mataram meu besouro
Tanta mágoa, sim, que eu vou morrer
Soluço eterno, pedir do coração
Só quem morre de amor pede perdão
Tributo ao Tom Jobim
Tom Jobim
Elis especial – 1968 De onde vens Bom tempo
Dory Caymmi/Nelson Motta Chico Buarque
VOU TE CONTAR (WAVE) Elis especial – 1968 Elis especial – 1968
Vou te contar Ah, quanta dor vejo em teus olhos Um marinheiro me contou
Os olhos já não podem ver Tanto pranto em teu sorriso Q u e a b o a b r i s a l h e s o p ro u
Coisas que só o coração pode entender Tão vazias as tuas mãos Que vem aí bom tempo
De onde vens assim cansada
Fundamental é mesmo o amor
De que dor, de qual distância O pescador me confirmou
É impossível ser feliz sozinho
De que terras,de que mar Que um passarinho lhe cantou
Que vem aí bom tempo
OUTRA VEZ
Só quem partiu pode voltar
E eu voltei prá te contar
Outra vez sem você
Dou duro toda a semana
Dos caminhos onde andei
Outra vez sem amor
Senão pergunte à Joana
Fiz do riso amargo pranto
Outra vez vou sofrer
Que não me deixa mentir
No olhar sempre teus olhos
Vou chorar
Mas, finalmente é domingo
No peito aberto uma canção
Até você voltar
Naturalmente, me vingo
VOU TE CONTAR (WAVE) Eu vou me espalhar por aí
Se eu pudesse de repente te mostrar meu coração
Saberias num momento quanta dor há dentro dele
Dor de amor quando não passa No compasso do samba
A primeira vez era a cidade
É porque o amor valeu E u d i s f a r ç o o
Da segunda, o cais e a eternidade
c a n s a ç o
J o a n a d e b a i x o
FOTOGRAFIA
d o b r a ç o
Carregadinha de amor
Eu, você, nós dois
Da cor do pecado
V o u q u e v o u
Aqui nesse terraço a beira-mar
Pela estrada que dá numa
O sol já vai caindo a o seu olhar
p r a i a d o u r a d a
Parece acompanhar a cor do mar
Que dá num tal de
f a z e r n a d a
Você tem de ir embora
Bororó
32
Mangueira
Edu Lobo/José Carlos Capinam
Elis especial – 1968
33
Noiva é meu rosário Toda a nossa vida e um segundo Pelo som do teu tamborim
No seu corpo vou rezar Pra dizer do amar que voltei E o rufar do teu tambor
Minha noiva é meu rosário Que sou do mar Chegou ô ô a Mangueira, chegou!
No seu corpo vou rezar Sou do mar
Do mar LEVANTA MANGUEIRA
Ora, (Luis Antonio)
Vira
Levanta Mangueira, a poeira do chão
Vamos, vamos embora, ora, vamos embora Samba de coração
mundo
É hora, vamos embora,é hora
vamos embora DESPEDIDA DA MANGUEIRA
Gilberto Gil/José Carlos Capinam
Elis especial – 1968
(Aldo Cabral/Benedito Lacerda)
35
Vou para luta
O teu cabelo serpenteia,
Ce soir
Não paro não
O teu cabelo está na moda,
Je veux trouver la rose la plus belle
Vou para luta, agora eu vou
Qual é o pente que te penteia ?
Et la première étoile qui m'appelle
Não paro não
Pour célébrer la nuit de mon amour
Tem tanta gente que se vai
Ce soir A imensidão do seu querer
Je veux la paix des enfants qui s'endorment Querendo vida sem a morte
Je veux l'écho d'une vie qui se forme Ser mais forte sem sofrer
Pour célébrer la nuit de mon amour E ter certeza sem buscar
Tristeza
Ce soir
Ganhar o amigo sem se dar
Je veux la joie d'un voilier qui s'élance
Sem semear, colher o amor
Et l'abandon d'une main qui s'avance
O amor ferido pela guerra
Pour célébrer la nuit de mon amour Haroldo Lobo/Niltinho
Quem na terra desconhece
Elis Regina em Paris – 1968
Aparece sem valor
Ce soir Ergo meu braço qual alguém
Je voudrais toute la beauté du monde Tristeza, Que já caiu mas levantou
Pour que ce soit la nuit la plus profonde Por favor vai embora,
Puisqu'elle sera la nuit de mon amour Minha alma que chora, Quem fui, já não sou
Está vendo o meu fim,
Pourtant
Ces joies soudain me semblent incertaines Fez do meu coração a sua moradia,
Vou chegando à encruzilhada descobrir
Je ne peux croire qu'elle serait vaine Já é demais o meu penar,
Um caminho e uma nova direção
Cette espérance qui me vient de toi Quero voltar àquela vida de alegria, Onde piso vou deixando o que não sou
Quero de novo cantar. Vou para luta
Ah... Não paro não
Mais cet amour tant me tarde à venir La, ra, ra, ra, Vou para luta, agora eu vou
Que je ne sais plus comment retenir La, ra, ra, ra, ra, ra, Não paro não
Cette tendresse La, ra, ra, ra, ra, ra,
Que je veux offrir... Quero de novo cantar.
O barquinho
Roberto menescal/Ronaldo Bôscoli
Elis, como e porque – 1969
Aquarela do Brasil – 1969
Récit de Cassard
Elis Regina in London – 1969 Michel Legrand/Jacques Deny
Elis, como e porque – 1969
Dia de luz festa de sol
E o barquinho a navegar Autrefois, j'ai aimé une femme
Vera Cruz
No macio azul do mar Elle ne m'aimait pas,
on l'appellait Lola
Tudo é verão o amor se faz Autrefois.
Num barquinho pelo mar
Que desliza sem parar
Milton Nascimento/Márcio Borges Déçu, j'ai voulu l'oublier
Elis, como e porque – 1969
Alors j'ai quitté la France,
Sem intenção nossa canção je suis allé au bout du monde
Hoje foi que a perdi
Vai saindo deste mar e o sol Mas onde, já nem sei
Beija o barco e luz, dias tão azuis je ne pense qu'à elle
Me levo para o mar
Em Vera me larguei
Festa do mar, desmaia o sol j'ai voulu vous parler franchement
E deito nesta dor
E o barquinho a deslizar vous ne m'en voulez pas
Meu corpo, sem lugar
O sonho
E a vontade de cantar il n'est pas question
d'influencer Genevieve,
Ah! quisera esquecer
Céu tão azul, ilhas do sul Genevieve est libre
A moça que se foi
E o barquinho coração De nossa Vera Cruz Egberto Gismonti
Deslizando na canção E o pranto que ficou Elis, como e porque – 1969
Do norte que sonhei Aquarela do Brasil – 1969
Tudo isso é paz, tudo isso traz Das coisas do lugar
Uma calma de verão e então Sinto que é hora
Giro
O barquinho vai, a tardinha cai Nos rios me larguei Salto
O barquinho vai Correndo sem parar Meu foguete some queimando espaço
Buscava Vera Cruz Tudo vejo e abraço
Nos campos e no mar A vaidade
36
Andança
Quero em outra mansidão Ando no espaço louco
Um dia ancorar Meu foguete segue deixando traços
E ao vento me esquecer Entre estrelas vejo a liberdade
Antonio Adolfo/Tibério Gaspar
Que ao vento me amarrei E fotografo todo o céu Danilo Caymmi/Edmundo Souto
Elis, como e porque – 1969
Elis Regina in London – 1969
E nele vou partir E revelo paz Elis, como e porque – 1969
Atrás de Vera Cruz
Hoje a cidade inteira se enfeitou Busco cores e imagens Vim.Tanta areia andei
Coberta de alegria, a noite serenou Ah! quisera encontrar Faltam pássaros e flores Da lua cheia eu sei
A casa branca, praça e chafariz A moça que se foi Uma saudade imensa
Da rua principal à porta da matriz Do lar de Vera Cruz Coração na mão Vagando em verso eu vim
E o pranto que ficou Corpo solto Vestida de cetim
Tem lua acesa clareando o chão Do norte que perdi Estou entre estrelas Na mão direita rosas vou levar
Tem moça pra dançar de saia de algodão Das coisas do lugar Vou deitar neste luar
Tem violeiro violando o amor Me dá amor
Cantando em verso a paz, desponta um cantador Indo de encontro ao riso Amor
Do quarto minguante Me leva amor
De ponta a ponta E o sol queimando Por onde for quero ser seu par
Bandas e cordões A pele branca
E a lua tonta Despertando Rodei de roda andei
Gira os corações Vejo a cama e meu amor Dança da moda eu sei
Acordado estou Cansei de se sozinha
No giro, dança Choro… Verso encantado usei
Quem quer se alegrar Choro… Meu namorado é rei
Velho ou criança Choro… Nas lendas do caminho onde andei
Vem que tem lugar
Me dá amor
Sobe o foguete acarinhando o céu Amor
E a rua floresceu bandeiras de papel Me leva amor
A vida em festa num giro girou Por onde for quero ser seu par
Tristeza adormeceu e a noite serenou
Memórias de Marta Saré Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri
Elis, como e porque – 1969
A casa lá da fazenda
A lua clareando a porta
Cristal de lua
Pingarrilho/Marcos Vasconcelos Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli
Elis, como e porque – 1969 Aquarela do Brasil – 1969
Elis Regina in London – 1969
Pra dentro Marta Saré
Ela agora mora só no pensamento Pra dentro Marta Saré
Ou então no firmamento Quero ouvir a sua voz
Em tudo que no ceu viaja E quero que a canção seja você
Pra dentro Marta Saré
Pode ser um astronauta E quero, em cada vez que espero
Pra dentro
Um passarinho Desesperar, se não te vir
Pé de vento O rosário obrigatório É triste a solidão
Pipa de papel de seda É longe o não te achar
Quem sabe um balãozinho Que lindo é o seu perdão
A janta lá na cozinha
Ou estar num asteróide Que festa é o seu voltar
Todo dia à mesma hora
Na estrela Dalva que daqui se olha As estórias de Dorinha Mas quero que você me fale
Pode estar morando em Marte Que você me cale
Nunca mais se soube dela Caso eu perguntar
Desapareceu Se o que a faz tão linda
Pra dentro Marta Saré
Foi sua pressa de voltar
Pra dentro Marta Saré
Levanta e vem correndo
37
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro, pra dentro Me abraça e sem sofrer
Me beija longamente
A lanterna azul partida O quanto a solidão precisa para morrer
A dor, a palmatória, a raiva
Wave
A cantiga mais sentida
Um galope de cavalo
Let someone give his heart who cares like me Tem de ser
How insensitive Vem para sempre
I must have seemed Para sempre
When he told me that he loved me
Irene
Vexamão
I must have seemed
When he told me so sincerely
Why he must have asked
Edson Arantes do Nascimento
Did I just turn and stare in icy silence
What was I to say? Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé)
Edson Arantes do Nascimento
Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé)
Não
What can you say
Jornal e a televisão
How he must have asked,
Agora depois de tanto tempo
E eu todo sem graça
Could I just turn and stare in icy silence
Quer partir sem dizer qual a razão
Só fazia láralá
What was I to do?
Não vá, meu bem
Porque depois, perdão não tem
What can one do
When a love affair is over?
Aquele
abraço
Can’t take
my eyes
off you
B. Crewe/B. Gaudio
Elis no Teatro de Praia – 1970
Zazueira
Chacrinha continua balançando a pança,
You're just too good to be true.
E buzinando a moça e comandando a massa,
Can't take my eyes off you.
E continua dando as ordens no terreiro,
Alô, alô seu Chacrinha Velho Guerreiro, I love you, baby,
Alô, alô Terezinha, Rio de Janeiro, And if it's quite alright,
Alô, alô seu Chacrinha velho palha ço, Jorge Ben
39
Elis Regina in London – 1969
Alô, alô Terezinha, Aquele abraço,
I need you, baby,
Elis no Teatro de Praia – 1970
Alô moçada da favela, aquele abraço, To warm a lonely night.
Todo mundo da Portela, aquele abraço, Ela vem chegando (ela vem chegando)
I love you, baby.
Todo mês de fevereiro, aquele passo, E feliz vou esperando (e feliz vou esperando) Trust in me when I say:
Alô Banda de Ipanema, aquele abraço, A espera é difícil (a espera é difícil)
Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço,
Oh, pretty baby,
Mas eu espero sambando (eu espero sambando)
A Bahia já me deu régua e compasso,
Don't bring me down, I pray.
Quem sabe de mim sou eu, aquele abraço, Menina bonita do céu azul
Oh, pretty baby, now that I found you, stay
Pra você que me esqueceu, aquele abraço, Ela é uma beleza
And let me love you, baby.
Alô Rio de Janeiro, aquele abraço! Menina bonita, você é demais Let me love you.
Alegria na minha tristeza
Zazueira
You're just too good to be true.
Zazueira
Can't take my eyes off you.
Zazueira You'd be like Heaven to touch.
I wanna hold you so much.
Ela vem chegando (ela vem chegando) At long last love has arrived
E feliz vou esperando (e feliz vou esperando)
A espera é difícil (a espera é difícil)
And I thank God I'm alive.
Mas eu espero sonhando (eu espero sonhando)
You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.
Uma flor é uma rosa
Uma rosa é uma flor
É um amor esta menina
I love you, baby,
Esta menina é meu amor
And if it's quite alright,
I need you, baby,
Zazueira To warm a lonely night.
Zazueira I love you, baby.
Zazueira Trust in me when I say:
Oh, pretty baby,
Don't bring me down, I pray.
Oh, pretty baby, now that I found you, stay.
urvas da Estrada
As c
de Santos
Roberto Carlos/Erasmo Carlos
Em pleno verão – 1970
Bicho do mato
Cadê que nada resolveu Que lindo o meu Brasil!
Fechado pra
Mas eu só ponho o meu boné
Ainda sou mais eu Onde eu posso apanhar
Devagar se vai ao longe
balanço
Você já entrou na de voltar Devagar eu chego lá
Agora fica na tua
Que é melhor ficar
Porque vai ser fogo me aturar
Bicho do mato
Quem cai na chuva Nego teve aí Gilberto Gil
Bicho do mato
41
Em pleno verão – 1970
Só tem que se molhar
Devagar pra não cair
Fechado pra balanço
E agora cadê, cadê você
Deve ser bom, deve ser bom
Cadê que eu não vejo mais, cadê
Tô fechado pra balanço
Pois é quem te viu e quem te vê
Meu saldo deve ser bom
Osanah
Sei que você vai gostar
Nem um cão, nem um dragão
Nem um avião, nem uma assombração Ponho um aditivo dentro da panela, gasolina
Nada é pior do que tudo Passo na janela da cozinha tem mais um fogão
Que você já tem no seu coração mudo
Tony Osanah Tocam a campainha
Nem um chão, nem um porão Compacto duplo – 1970 Mais uma pesquisa e eu respondo
nem uma prisão, nem uma solidão Que enlouquecendo, já sou fã do comercial!
Nada é pior do que tudo Sei prá onde vou
Que você já tem no seu coração mudo Agora eu sei quem sou (Na Brastel, tudo a preço de banana!
Sei do meu caminho
42
Copacabana
Estamos pensando em bloco...
Descubro riso Conheça o Brasil pela Varig!
Invento a luz Ducal... meu nome é Gal!... Ducal!....)
Tudo é claro para quem quer ver
Casa no campo
Tem sete que se casou Da cumplicidade
Os homem fez casamento Lá vem o crime
E cinco já procriou Se anime
Só eu é que tô sobrando Zé Rodrix/Tavito
É hora de matar a saudade
Na certa Deus se enganou Compacto duplo – 1970
Acabo me abilolando Elis 1972
Porque meu caso é casar
E caso de quarquer jeito Eu quero uma casa no campo
43
Caso inté no… Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Sou filha de Chico Brito Dos amigos do peito e nada mais
Pai de oito filho maior
Nascida em Baturité Eu quero uma casa no campo
Criada a carne de sol Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Sete homem e eu mulher Dos limites do corpo e nada mais Golden slumbers
Oito filho prá criá
Sete homem prá peixeira Eu quero carneiros e cabras John Lennon/Paul McCartney
Ela – 1971
E a mulher prá… Pastando solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
De tanto piscar o os olhos Eu quero a esperança de óculos Once there was a way to get back homeward
Já tô ficando zarolha E um filho de cuca legal
De tanto chamar com a mão Eu quero plantar e colher com a mão
Once there was a way to get back home
Na mão já tenho inté bolha A pimenta e o sal Sleep pretty darling do not cry
Já fiz duzenta novena
Já me cansei de rezar Eu quero uma casa no campo
And I will sing a lullaby
Meus cotovelo tá inchado Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
De no portão debruçar Onde eu possa plantar meus amigos
Mas caso de quarquer jeito Meus discos e livros
Golden slumbers fill your eyes
Caso inté no… E nada mais Smiles awake you when you arise
Sleep pretty darling do not cry
And I will sing a lullaby
Mulher, se Deus não criasse você Esse ano vai sobrar um Hoje cedo na rua do Ouvidor
Ele próprio custava a crer Quem falou já morreu Quantos brancos horríveis eu vi
Mas só que tem que não dá pé você Quem sabe dele sou eu Eu quero esse homem de cor
Ser a mulher de quem Vinícius falou A vida quem dá é Deus
Um Deus Negro do Congo ou daqui
Formosa, não faz assim Quem é malandro não dá
Carinho não é ruim Vidinha boa à ninguém Hoje cedo amante negro eu vou
Malandro traz no cantar Enfeitar o meu corpo no seu
Eu avisei bem, não faça ingratidão A pinta que o canto tem Eu quero esse homem de cor
Porque eu também sei dançar Briga com quem sabe mais
conforme a canção Não dá camisa a ninguém Um Deus Negro do Congo ou daqui
E quem vai embora agora sou eu Olha, aqui você faz Que se integre no meu sangue europeu
Adeus pra quem já me esqueceu Aqui mesmo vai entrar bem
Black is beautiful black is beautiful
Tá acabada essa parada Black beauty so beautiful
E agora cada qual no seu lugar I wanna a black I wanna a beautiful
Não tem nada se a jogada dela I wanna a black I wanna a beautiful
É ver a lua em vez de um lar
Que se integre no meu sangue europeu
Teresa é nome de mulher Black is beautiful black is beautiful
Ah, que pena que me dá Black beauty so beautiful
Ela não ser mais Teresa mulher I wanna a black I wanna a beautiful
I wanna a black I wanna a beautiful
Mundo deserto
Ela
César Costa Filho/Aldir Blanc
Ela – 1971
45
Os argonautas
Ela lembra a vida do interior
Estrada do sol
Mesa posta, luz de velas, canções Ela – 1971
As rendas brancas nos punhos, balões É de manhã, vem o sol, O barco, noite no céu tão bonito
Mas os pingos da chuva que ontem caiu Sorriso solto perdido
Ainda estão a brilhar, Horizonte, madrugada
E um dia no teatro do local
Ela é a virgem no presépio de Natal Ainda estão a dançar O riso, o arco, da madrugada
Ao vento alegre O porto, nada
Que me traz esta canção.
Navegar é preciso, viver não é preciso
Quero que você me dê a mão,
Ela e um dia qualquer
É na varanda, Páscoa, Natal Vamos sair por aí O barco, o automóvel brilhante
Sem pensar no que foi O trilho solto, o barulho
Com um ele qualquer que sonhei, Do meu dente em tua veia
Que chorei, que sofri, O sangue, o charco, barulho lento
Pois a nossa manhã O porto silêncio
Ela duela o pranto do amor
Já me fez esquecer,
Me dê a mão, vamos sair prá ver o sol. Navegar é preciso, viver não é preciso
Sozinha outra vez
No oitavo andar onde tudo é um
Alô, alô. Bala
bala
Taí Carmem Miranda
Heitor/Maneco/Wilson Diabo
com
Os maiores sambas enredos de todos os tempos – 1971
Tiradentes
João Bosco/Aldir Blanc
É motivo de carnaval Elis – 1972
20 anos blue
Eu esqueço sempre nesta hora,
Linda, loura
Minha velha fuga em todo impasse
46
Mucuripe
Sueli Costa/Vitor Martins Quanto me custa dar a outra face
Elis – 1972
O tapa estala
Hoje de manhã quando acordei Fagner/Belchior No balacobaco
Olhei pra vida e me espantei Elis – 1972
E é bala com bala
Eu tenho mais de vinte anos As velas do Mucuripe E é fala com fala
Eu tenho mais de mil perguntas sem respostas Vão sair para pescar E o galã se espalhando
Estou ligada num futuro blue Vou levar as minhas mágoas
Dando
Pras águas fundas do mar
Hoje à noite namorar
Os meus pais nas minhas costas Sem ter medo de saudade No rala-rala
As raízes na marquise Sem vontade de casar Quando acaba a bala
Eu tenho mais de vinte muros É faca com faca
Calça nova de riscado
O sangue jorra pelos furos Paletó de linho branco
É rapa com rapa
Eu me realizando
Pelas veias de um jornal Que até o mês passado
Lá no campo 'inda era flor Bambo
Eu não te quero, eu te quero mal Sob o meu chapéu quebrado
O sorriso ingênuo e franco
Quando a luz acende é uma tristeza
Essa calma que inventei, bem sei De um rapaz novo encantado
Trapo, presa
Com vinte anos de amor
Custou as contas que contei Minha coragem muda em cansaço
Eu tenho mais de vinte anos Aquela estrela é dela Toda fita em série que se preza
Eu quero as cores e os colírios Vida, vento, vela leva-me daqui. Dizem, reza
Meus delírios Acaba sempre no melhor pedaço
Estou ligada num futuro blue
Olhos abertos
Zé Rodrix/Guttenberg Guarabyra
Elis – 1972
Atrás da porta
Depois da ponte, uma estrada de terra
Molhada de chuva
Cercada pelo silêncio
E sem nenhum pedaço de amor Francis Hime/Chico Buarque
Elis – 1972
Vendo os olhares desertos
De tantas pessoas antigas Quando olhaste bem nos olhos meus
Tantas pessoas amigas E o teu olhar era de adeus
Querendo um cigarro e um carinho Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
Gente que puxa uma briga na estrada E me arrastei e te arranhei
Com os olhos brilhando E me agarrei nos teus cabelos
Precisa só de um abraço No teu peito, teu pijama
Bem forte e bem dado Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
E eu quero encontrar as pessoas No tapete atrás da porta
De mãos e de olhos abertos Reclamei baixinho
Sem me preocupar
Com dinheiro e posição Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
47
Eu preciso encontrar as pessoas E me vingar a qualquer preço
Ficar de mãos dadas com elas Te adorando pelo avesso
Conversar com a boca Pra mostrar que ainda sou tua
49
Me deixa em paz Boa noite, amor Oriente
Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza Maria José de Abreu/Francisco Matoso Gilberto Gil
Elis – 1972 Elis – 1972 Elis – 1973
Determine, rapaz
Onde vai ser seu curso de pós-graduação
Se oriente, rapaz
Pela rotação da Terra em torno do Sol
Sorridente, rapaz
Pela continuidade do sonho de Adão
O caçador de
esmeralda
Agnus sei
João Bosco/Aldir Blanc/Cláudio Tolomei
Elis – 1973
campo
Esmeralda que aguarda agora
No riacho além de Tordesilhas
Meio de
João Bosco/Aldir Blanc E Fernão se apaixonou como um selvagem
Elis – 1973
Pela sereia do sertão
Na água, imagem virgem
Faces sob o sol, os olhos na cruz
Miragem esverdeada
Os heróis do bem prosseguem na brisa na manhã
Gilberto Gil
Vão levar ao reino dos minaretes
No mel das abelhas e nos frutos Elis – 1973
A paz na ponta dos arietes
O gosto dela, febre da paixão
A conversão para os infiéis Prezado amigo Afonsinho
Fernão se esmerava na conquista
De esmeralda, inferno de Fernão Eu continuo aqui mesmo
Para trás ficou a marca da cruz Aperfeiçoando o imperfeito
Na fumaça negra vinda na brisa da manhã Dando tempo, dando um jeito
E um dia no Fusca duas portas, dois amantes
Ah, como é difícil tornar-se herói Desprezando a perfeição
Fernão louco, Esmeralda desvairada
Só quem tentou sabe como dói Que a perfeição é uma meta
O enleio dos delirantes
Vencer Satã só com orações Defendida pelo goleiro
No Recreio dos Bandeirantes
Que joga na seleção
Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê E eu não sou Pelé, nem nada
Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê Se muito for eu sou um Tostão
Cabaré
Ê anda, ê hora, ê manda, ê mata, responderei não!
50
Comadre
Essa ladeira
Que ladeira é essa?
Essa é a Ladeira da Preguiça
João Bosco/Aldir Blanc
Preguiça que eu tive sempre
Folhas secas
Elis – 1973
De escrever para a família
Em tudo o que me acontecer E de mandar contar pra casa
O dedo da comadre tá Que esse mundo é uma maravilha
Na corda quando escurecer E pra saber se a menina já conta as estrelas
Nélson Cavaquinho/Guilherme de Brito
Anágua da comadre lá Elis – 1973
E sabe a segunda cartilha
E pra saber se o menino já canta cantigas
Branco de doer Quando eu piso em folhas secas E já não bota mais a mão na barguilha
Me convidando a imaginar Caídas de uma mangueira E pra falar do mundo, falar uma besteira
Se o vento bater Penso na minha escola Formenteira é uma ilha
A ginga que a comadre dá E nos poetas da minha Estação Primeira Onde se chega de barco, mãe
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Penso na minha escola Ela não é de hoje
Onde eu me esconder E nos poetas da minha Estação Primeira Ela é desde quando
Em tudo quanto eu pude olhar Se amarrava cachorro com linguiça
No que ouvi dizer Não sei quantas vezes
A ginga da comadre tá Subi o morro cantando
Sempre o sol me queimando
Eu quero ver
O ronca ronca da cuíca
Gente pobre, gente rica
Deputado, senador
Quebra, quebra
Quero ver uma cabrocha boa
No piano da patroa
Batucando
É com esse que eu vou
Conversando no bar
Milton Nascimento/Fernando Brant
Na batucada da vida
Elis – 1974
Saudade do Brasil – 1980
Ary Barroso
Lá vinha o bonde no sobe e desce ladeira
Ponta de areia
Elis – 1974 E o motorneiro parava a orquestra um minuto
No dia em que eu apareci no mundo Para me contar casos da campanha da Itália
Juntou uma porção de vagabundo
Da orgia
E de um tiro que ele não levou
Milton Nascimento/Fernando Brant
De noite, teve samba e batucada Levei um susto imenso nas asas da Pan Air Elis – 1974
Que acabou de madrugada Montreaux Jazz Festival – 1982
Em grossa pancadaria
Descobri que as coisas mudam
E que o mundo é pequeno nas asas da Pan Air Ponta de areia, ponto final
Depois do meu batismo de fumaça Da Bahia à Minas, estrada natural
Mamei um litro e meio de cachaça Que ligava Minas ao porto, ao mar
Bem puxado E lá vai menino xingando padre e pedra Caminho do ferro mandaram arrancar
E fui adormecer como um despacho Velho maquinista com seu boné
Deitadinha no capacho na porta dos enjeitados Lembra o povo alegre que vinha cortejar
E lá vai menino lambendo podre delícia
E lá vai menino senhor de todo fruto Maria Fumaça, não canta mais
Cresci olhando a vida sem malícia Para moças, flores, janelas e quintais
Na praça vazia, um grito um ai
Sem nenhum pecado, sem pavor
Quando um cabo de polícia
Despertou meu coração
O medo em minha vida nasceu muito depois Casas esquecidas, viúvas nos portais
E como eu fui pra ele muito boa Descobri que a minha arma
Me soltou na rua à toa
Desprezada como um cão
É o que a memória guarda dos tempos da Pan Air
O mestre-sala
E hoje que eu sou mesmo da virada
E que eu não tenho nada, nada
Nada existe que não se esqueça
dos mares
E por Deus fui esquecida
52
Travessia
Nada de novo existe neste planeta
Elis – 1974
Que não se fale aqui na mesa de bar Luz das estrelas – 1984
prá ca
O olhar dos cães
A mão nas rédeas
E o verde da floresta
João Bosco/Aldir Blanc
Elis – 1974 Dentes brancos, cães
A trompa ao longe, o riso
Sentindo frio em minh'alma Os cães, a mão na testa
Te conv i d e i p r a d a n ç a r
A t u a vo z m e a c a l m av a
Maria Rosa
O olhar procura, antecipa
São dois pra lá, dois pra cá A dor no coração vermelho
Senhorita e seus anéis, corcéis
Meu coração traiçoeiro E a dor no coração vermelho
Batia mais que o bongô Lupicínio Rodrigues/Alcides Gonçalves
Tremia mais que as maracas Elis – 1974 O rebenque estala, um leque aponta: foi por lá
Descompassado de amor
Vocês estão vendo aquela mulher de cabelos brancos Um olhar de cão
M i n h a c a b e ç a ro d a n d o Vestindo farrapos calçando tamancos As mãos são pernas
Rodava mais que os casais Pedindo nas portas pedaços de pão ? E o verde da floresta
O teu perfume gardênia A conheci quando moça era um anjo de formosa
E não me pergunte mais Seu nome: Maria Rosa, seu sobrenome: Paixão Oh, manhã entre manhãs
A trompa em cima, os cães
A tua mão no pescoço Os trapos de suas vestes não é só necessidade Nenhuma fresta
As tuas costas macias Cada um, para ela, representa uma saudade
Por quanto tempo rondaram Ou de um vestido de baile, ou de um presente , talvez O olhar se fecha, uma lembrança
A s min h a s n o i te s v a zi a s Que algum dos seus apaixonados lhe fez Afaga o coração vermelho
Uma cabeleira sobre o feno
No dedo um falso brilhante Quis certo dia Maria por a fantasia de tempos passados Afoga o coração vermelho
B rin cos i g u a i s a o c o l a r Por em sua galeria uns novos apaixonados
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E a ponta de um torturante Esta mulher que outrora a tanta gente encantou Montarias freiam, dentes brancos: terminou
B an d- a i d n o c a l c a n h a r Nenhum olhar teve agora, nenhum sorriso encontrou
Línguas rubras dos amantes
Eu hoje me embriagando E então dos velhos vestidos que foram outrora sua predileção Sonhos sempre incandescentes
De whisky com guaraná Mandou fazer essa capa de recordação Recomeçam desde instantes
Ouvi tua voz sussurrando Vocês Marias de agora, amem somente uma vez Que os julgamos mais ausentes
São dois pra lá, dois pra cá. Prá que mais tarde esta capa não sirva em vocês.
Ah! recomecar, recomecar
Como canções e epidemias
Ah! recomeçar como as colheitas
Como a lua e a covardia
Ah! recomeçar como a paixão e o fogo
E o fogo, e o fogo...
O compositor me disse
Gilberto Gil
Elis – 1974
O compositor me disse que eu cantasse ligada no vento, sem ligar pras coisas que ele quis dizer.
Que eu não pensasse em mim nem em você.
Que eu cantasse distraidamente como bate o coração.
Assim..
Pois é
Tom Jobim/Chico Buarque
Elis & Tom – 1974 Modinha
Tom Jobim/Vinícius de Morais
Elis & Tom – 1974
Pois é... Fica o dito e o redito por não dito. E é difícil dizer que foi bonito. É inútil cantar o que perdi.
Taí.. Nosso mais-que-perfeito está desfeito. E o que me parecia tão direito. Caiu desse jeito sem perdão. Não
Não pode mais meu coração
Então... Disfarçar minha dor eu não consigo. Dizer: – somos sempre bons amigos, é muita mentira para mim Viver assim dilacerado
Escravizado a uma ilusão
Que é só
Desilusão
Enfim... Hoje na solidão ainda custo a entender como o amor foi tão injusto pra quem só lhe foi dedicação.
Triste
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Corcovado
Sem saber que era só pra você
Me deixa encontrar minha paz E eu que era triste Triste é viver na solidão
Descrente desse mundo Na dor cruel de uma paixão
Você que é bonita demais Ao encontrar você eu conheci Triste é saber que ninguém pode
O que é felicidade, meu amor Viver de ilusão
Que nunca vai ser
Se ao menos pudesse saber
Que eu sempre fui só de você Nunca vai dar
O sonhador tem que acordar.
Você sempre foi só de mim
Retrato em branco e preto
Inútil
Tom Jobim/Chico Buarque
Elis & Tom – 1974
paisagem
Já conheço os passos dessa estrada,
Sei que não vai dar em nada,
Seus segredos sei de cor.
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho Tom Jobim/Aloysio de Oliveira
Eu vou ficar tanto pior, Elis & Tom – 1974
55
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão. Tom Jobim/Vinícius de Morais
Vou colecionar mais um soneto, Elis & Tom – 1974
Fotografia
Fez-se do amigo próximo, distante
separação
Olha, um tico-tico mora ao lado
Fez-se da vida uma aventura errante
E, passeando no molhado,
De repente, não mais que de repente
Adivinhou a primavera
Tom Jobim
Olha, que chuva boa, prazenteira Elis & Tom – 1974
Que vem molhar minha roseira
Chuva boa, criadeira Eu, você, nós dois
Que molha a terra Aqui neste terraço à beira-mar
Que enche o rio O sol já vai caindo
Cadeira vazia
Que limpa o céu E o seu olhar
Que traz o azul Parece acompanhar a cor do mar
Alto da Bronze, Eu mandei fazer um laço do couro do jacaré Os homens de preto trazendo a boiada
Cabeça quebrada, Pra laçar o boi barroso, num cavalo pangaré Vêm rindo, cantando, dando gargalhada
Praça querida Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
Sempre lembrada Meu Boi Barroso, meu Boi Pitanga
A praça 11 da molecada O teu lugar, ai, é lá na canga Os homens de preto trazendo a boiada
Praça sem branco Vêm rindo, cantando, dando gargalhada
Do rato branco e do futebol Eu mandei fazer um laço do couro da jacutinga E o bicho coitado não pensa em nada
Da garotada endiabrada Pra laçar o boi barroso, lá no alto da restinga Só vai pela estrada direto a charqueada
Das manhãs de sol Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
Guardo a eterna lembrança Meu Boi Barroso, meu Boi Pitanga
Do tempo feliz em que eu era criança O teu lugar, ai, é lá na canga Os homens de preto trazendo a boiada
Do tempo em que a vida era Vêm rindo, cantando, dando gargalhada
Da minha infância a grande quimera Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
Hoje eu, pobre profano,
Me lembro de ti e dos meus desenganos Os homens de preto trazendo a boiada
Ó, meu Alto da Bronze dos meus oito anos Vêm rindo, cantando, dando gargalhada
E o bicho coitado não pensa em nada
Só vem pela estrada, vem, berrando, berrando,
vem berrando
57
O gado coitado, nasceu, foi marcado
Aí vai condenado na estrada berrando
A querência deixando
Os homens marvado empurrando e gritando
Toca boi, toca boi
Já faz tempo eu vi você na rua Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Voce não sente, não vê
Cabelo ao vento e gente jovem reunida Que uma nova mudança em breve vai acontecer
Na parede da memória
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Essa lembrança é o quadro que dói mais O que há algum tempo era novo e jovem
Você pode até dizer que tou por fora Cabelo ao vento
O dedo em V
Que apesar de termos feito tudo tudo o que fizemos "Tudo ja ficou pra trás"
Nós ainda somos os mesmos e vivemos E raven, never, raven, never, raven
Ainda somos os mesmos e vivemos Assum preto me responde:
Como os nossos pais "O passado, nunca mais!"
Um por todos (Versão 1) Um por todos (Versão 2)
João Bosco/Aldir Blanc
Falso brilhante – 1976
João Bosco/Aldir Blanc
Los hermanos
Do ventre chão da terra mãe Do ventre chão da terra mãe Atahualpa Yupanqui
Nasce o herói improvisado Nasce o beato improvisado Falso brilhante – 1976
Querido filho pranteado da fortuna e do acaso Querido filho pranteado da fortuna e do acaso
Yo tengo tantos hermanos
Avante! Um por todos e todos por um! Avante! Um por todos e todos por um! Que no los puedo contar
Ficam, das lutas ao longe, Ficam, das lutas de um homem, En el valle, la montaña
Duas medalhas pregadas Bustos de bronze e histórias En la pampa y en el mar
Em peito de bronze Que as horas consomem Cada cual con sus trabajos
Con sus sueños cada cual
E as bandeirinhas e as rifas E as bandeirinhas e as rifas Con la esperanza delante
O foguetório e a fanfarra O foguetório e a fanfarra Con los recuerdos detrás
Meio velório, meio farra Meio velório, meio farra Yo tengo tantos hermanos
O sentimento dos teus pares O sentimento dos teus pares Que no los puedo contar
Heróis dos escolares e das lavadeiras Senhor dos escolares e das lavadeiras Gente de mano caliente
Oh! Deus das mocas solteiras Oh! Deus das moças solteiras Por eso de la amistad
Que rezam ao teu retrato sobre a penteadeira Que rezam ao teu retrato sobre a penteadeira Con un lloro pa' llorarlo
Con un rezo pa' rezar
Eu te conheço Eu te conheço Con un horizonte abierto
Sei preço da fama e nao esqueço Sei preço da fama e nao esqueço Que siempre esta mas allá
Que deitei em tua cama, em teu berço Que deitei em tua cama, em teu berço Y esa fuerza pa' buscarlo
Eu sei teu preço Eu sei teu preço Con tesón y voluntad
Eu te conheço Eu te conheço Cuando parece mas cerca
Meu oportuno herói Meu milagroso irmão Es cuando se aleja mas
Yo tengo tantos hermanos
Eu lavo as mãos Eu lavo as mãos Que no los puedo contar
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Pôncio cônscio pilhado em flagrante Pôncio cônscio pilhado em flagrante
Lavo as mãos e prossigo adiante Lavo as mãos e prossigo adiante Y así seguimos andando
Eu por mim mesma Eu por mim mesma Curtidos de soledad
Todos por mim Todos por mim Nos perdemos por el mundo
Meu oportuno herói Meu milagroso irmão Nos volvemos a encontrar
Y así nos reconocemos
Por el lejano mirar
Por las coplas que mordemos
Semillas de inmensidad.
Fascinação
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Y así seguimos andando
Curtidos de soledad
F. D. Marchetti/M. de Feraudy/Vs. Armando Louzada
Falso brilhante – 1976 Y en nosotros nuestros muertos
Transversal do tempo – 1978 Pa' que nadie quede atrás
O teu corpo é luz, sedução Yo tengo tantos hermanos
Os sonhos mais lindos sonhei Poema divino cheio de esplendor Que no los puedo contar
De quimeras mil um castelos ergui Teu sorriso prende Y una hermana muy hermosa
Quero
E no teu olhar, tonto de emoção Me enebria, entontece Que se llama libertad
Com sofreguidão mil venturas vivi És fascinação amor
Thomas Roth
Falso brilhante – 1976
Quero ver o sol atrás do muro Quero uma estrada que leve à verdade Quero voar de mãos dadas com você Quero rodar nas asas do girassol
Quero um refúgio que seja seguro Quero a floresta em lugar da cidade Ganhar o espaco em bolhas de sabão Fazer cristais com gotas de orvalho
Uma nuvem branca, sem pó nem fumaça Uma estrela pura de ar respirável Escorregar pelas cachoeiras Cobrir de flores campos de aço
Quero um mundo feito sem porta, vidraça Quero um lago limpo de água potável Pintar o mundo de arco-íris Beijar de leve a face da lua
Gracias a la vida Violeta Parra
Falso brilhante – 1976
O cavaleiro e
os moinhos
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dio dos luceros, que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Jardins da infância
Y en las multitudes el hombre que yo amo
João Bosco/Aldir Blanc
Falso brilhante – 1976
Tatuagem
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
E quebra-cabeças, vejam vocês Me ha dado la marcha de mis pies cansados
E você se escondeu Con ellos anduve ciudades y charcos
E você não quis ver Playas y desiertos, montañas y llanos
Olha o bobo na berlinda Y la casa tuya, tu calle y tu patio Chico Buarque
Olha o pau no gato Falso brilhante – 1976
Polícia e ladrão
Tem carniça e palmatória bem no teu portão Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem pra seguir viagem
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Se você com muita calma usar sua raça Amor sem pé nem cabeça
Vai surpreender Que vive dentro de nós
A surpresa para muitos é uma arma Explode tão facilmente
Pra se esconder E sem mais nos esquece só
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Conceder não é tão bom Amar
Pra viver, pra morrer, pra nascer Vecchio em canto novo
Cartomante
Sempre aqui onde está
Somos homens sem lugar
Homens velhos com raça Amor sem pé nem cabeça
Ivan Lins/Vítor Martins
À espera de algum descuido Que vive dentro de nós
E com cuidado gozamos paz Explode tão Sutilmente Elis – 1977
Transversal do tempo – 1978
Somos homens bons demais E, maroto, nos deixa só
Sufocados pelo mal Nos dias de hoje é bom que se proteja
Ofereça a face pra quem quer que seja
Qualquer dia
Nos dias de hoje esteja tranqüilo
Só queremos acreditar
Haja o que houver pense nos seus filhos
Que isso tudo pode acabar
Caxangá
Milton Nascimento/Fernando Brant
Elis – 1977 (Com Milton)
Trem azul – 1982
Queimar!!!
Saio do trabalho e... volto para casa e...
Não lembro de canseira maior
Em tudo é o mesmo suor
Tr a n s v e r s a l d o t e m p o
João Bosco/Aldir Blanc
Elis – 1977
As coisas que eu sei de mim são pivetes da cidade. Pedem, insistem e eu me sinto pouco à vontade.
Fechada dentro de um táxi, numa transversal do tempo. Acho que o amor é a ausência de engarrafamento.
As coisas que eu sei de mim tentam vencer a distância. E é como se aguardassem feridas numa ambulância.
As pobres coisas que eu sei podem morrer, mas espero. Como se houvesse um sinal sem sair do amarelo.
A dama do apocalipse
Natan Marques/Crispin del Cistia
Elis – 1977
Romaria
Branco por cima e o negro de um sorriso herói
Sentimental eu fico
Trancam-me a mente e eu nego o quanto a dor destrói
Renato Teixeira
Rasgam-me o sonho e o mal me põe na vida Elis – 1977
63
E a vida me faz sem medo É de sonho e de pó, o destino de um só
Renato Teixeira
Elis – 1977 Feito eu perdido em pensamentos
Nos diademas, pragas, anjos de neon Sobre o meu cavalo
Sentimental eu fico É de laço e de nó, de gibeira o jiló,
Nos holocaustos trompas, flexas, megatons Quando pouso na mesa de um bar Dessa vida cumprida a sol
Eu sou um lobo cansado carente
Rasgam-me a terra e o fogo traz a vida De cerveja e velhos amigos Sou caipira, Pirapora
E a vida não traz segredo Nossa Senhora de Aparecida
Na costura da minha vida mais um ponto Ilumina a mina escura e funda
No arremate do sorriso mais um nó O trem da minha vida
Aqui pra nós cantar não tá pra peixe
Fecha-se o ar e o sol se nega Tem coisa transformando a água em pó O meu pai foi peão, minha mãe solidão
Nega-se o pão e a paz Meus irmãos perderam-se na vida
E apesar de estar no bar caçando amores Em busca de aventuras
E o amor me cega Eu nego tudo e invento explicações Descasei, joguei, investi, desisti
Amigo velho amar não me compete Se há sorte eu não sei, nunca vi
Eu quero é destilar as emoções
Sete rajadas correm, somem Me disseram porém que eu viesse aqui
E uma mulher Sentimental eu fico Pra pedir em romaria e prece
Quando pouso na mesa de um bar Paz nos desaventos
Se entrega e se impõe ardente Eu sou um lobo cansado carente Como eu não sei rezar, só queria mostrar
De cerveja e velhos amigos Meu olhar, meu olhar, meu olhar
Constante, serpente, vulgar
E os projetos todos tolos combinados
Perecerão nas margens da manhã
Rasga-se o sonho e o corpo sente a dor crescer Uma tontura solta na cabeça
Abre-se a mente e o cego vê a luz nascer Um olho em Deus e outro com satã
Os boias-frias
Quando tomam umas biritas
Espantando a tristeza
Sonham com bife à cavalo, batata-frita
E a sobremesa
É goiabada cascão
Com muito queijo
Depois café, cigarro
E um beijo de uma mulata
Chamada Leonor ou Dagmar
Sinal Fechado
Amar
O rádio de pilha
O fogão jacaré
A marmita
– Quanto tempo…
– Pois é, quanto tempo… Amou daquela vez como se fosse a última
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir Beijou sua mulher como se fosse a última
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir E cada filho seu como se fosse o único
– Tanta coisa que eu tinha a dizer Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair E atravessou a rua com seu passo tímido
Mas eu sumi na poeira das ruas Deus lhe pague
– Eu também tenho algo a dizer Subiu a construção como se fosse máquina
Mas me foge a lembrança Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
– Por favor, telefone, eu preciso beber Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir Tijolo com tijolo num desenho mágico
Alguma coisa, rapidamente E pelo grito demente que nos ajuda a fugir Seus olhos embotados de cimento e lágrima
– Pra semana... Deus lhe pague
– O sinal... Sentou pra descansar como se fosse sábado
– Eu procuro você... Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
– Vai abrir... E pelas moscar-bicheiras a nos beijar e cobrir Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
– Prometo, não esqueço E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Dançou e gargalhou como se ouvisse música
– Por favor, não esqueça Deus lhe pague
– Adeus, E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
– Não esqueço, adeus. E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
65
Eu me irrito, eu odeio, eu exito O Jobim, sabiá, bem-te-vi
Na ilha deserta o sol desmaia Eu reflito e me calo Cabuçu, cordovil, Caxambi, olerê
Do alto do morro vê-se o mar Madureira, Olaria e Bangu, olará
Cascadura, Água Santa, Pari, olerê
Papagaio discute com Jandaia Ipanema e Nova Iguaçu, olará
Se o homem foi feito pra voar
Do Brasil S.O.S. ao Brasil
Do Brasil S.O.S. ao Brasil
Inhambu cantou lá na floresta
E o velho Jereba fêz-se ao ar
Sapo querendo entrar na festa
Viola pesada pra voar Saudosa maloca
Adoniran Barbosa
Ainda ontem vim de lá do Pilar Transversal do tempo – 1978
Peguemos todas nossas coisa, e fumos pro meio da rua apreciá a demolição.
Camiranga, urubu, mestre do vento
Urubu caçador, mestre do ar Que tristeza que nóis sentia. Cada táuba que caía doía no coração.
Matogrosso quis gritar, mas por cima eu falei: – Os home tá co'a razão. Nóis arranja outro lugar.
Urutau cantando num lamento
Pra lua redonda navegar
Só se conformemo quando o Joca falou: – Deus dá o frio conforme o cobertor.
E hoje nóis pega paia nas grama do jardim. E pra esquecer nóis cantemos assim:
– Saudosa maloca... maloca querida! Dim dim donde nóis passemo os dias feliz da nossa vida.
Meio-termo
Lourenço Baeta/Cacaso
Transversal do tempo – 1978
Mão fria, coração quente É tanto nem se discute no meio, tou meia tantã, lélé.
Fagner/Belchior Quem te botou quebranto Mas ninguém fica pra sempre na frente de "vejo amanhã" pois é.
Elis especial – 1979
Vivia triste no canto Barba, cabelo, bigode, na marra você me arrancou, mas quem
Passando as contas do terço tem cabelinho na venta, não senta, não vai nesse andor, morou?
Meu Deus!
São José tirando a barba
O que é que eu faço?
Me lembra alguém que eu conheço Chega, já foi tempo do "tá louca"
Tua beleza tá me carregando pelo braço
Chega, dá o fora que eu tou nas bocas
Um dia um menino cego Chega, eu nunca mais dormi de touca
Da laranja eu quero um gomo
Tocou Violeta e viu Chega eu nunca mais, nunca mais
Do limão quero um pedaço
E depois o surdo ouviu
E da menina mais bonita
Chagas sumiram, curou-se o coxo Selo, carimbo, estampilha no centro da cuca eu levei, calei.
Eu quero um beijo e um abraço
Por obra e graça Mas sou marraio no jogo, no tronco ferido eu sou rei, falei.
De santa Violeta de Belfort Roxo Tempo há pro tabibitati sotaque só falta engasgar, porque
É tudo ou nada
Noves fora nada é bola ou búlica, é fogo esse jogo, não dá pra enganar, nêga.
E, milagre dos milagres
É tudo ou nada
Sem jamais haver provado Dá o fora sua louca.
Noves fora nada
O leito nupcial Eu nunca mais vou dormir de touca.
Violeta deu à luz
Ja rezei até pro meu santo
Um bebê de vitral, em meio ao "É hoje só"
Na terra Canindé
Da terça de carnaval
Que me dê amor bem grande
Que pequeno não dá pé
67
O alentado rebento
Vai se chamar Juvenal
Credo
É tudo ou nada
Por sinal o mesmo nome
Noves fora nada
De um sargento do local Dinorah, Dinorah
É tudo ou nada
Noves fora nada Ivan Lins/Vítor Martins
Elis especial – 1979
A tua falta somada
A minha vida tão diminuida Quando a turma reunia alguém sempre pedia
Com esta dor multiplicada Milton Nascimento/Fernando Brant
Pelo fator despedida
Ah, Dinorah, Dinorah
Elis especial – 1979
E o malandro descrevia e logo já se via
Deixou minha alma muito dividida Caminhando pela noite de nossa cidade É, Dinorah, Dinorah
Em frações tão desiguais Acendendo a esperança e apagando a escuridão
Vamos, caminhando pelas ruas de nossa cidade
E até que ela chegasse a um motel de classe
E desde a hora
Viver derramando a juventude pelos corações
Ui, Dinorah, Dinorah
Em que você foi embora
Sou um zero e nada mais
Dava um frio na barriga e pé pra muita briga
Tenha fé no nosso povo que ele resiste Ui, Dinorah, Dinorah
Um, dois, três
Ene infinito Tenha fé no nosso povo que ele insiste
E acorda novo, forte, alegre, cheio de paixão
E nos espelhos ela se despe
Do meu lado esquerdo
É você que é demais Vamos, caminhando de mãos dadas com a alma nova
Dança nos olhos uma chacrete
Viver semeando a liberdade em cada coração E o pessoal na pior: repete!
Entrudo
Geme de prazer e de pavor
Já é madrugada
68
Bonita
Vem, oh minha amada
Desce a estrada de rainha
Vem molhar meu colo
Vou te consolar Num passo de rancho corre o manto
Tom Jobim/Gene Lees/Ray Gilbert
No medo e espanto morre minha alegria
Vem, mulato mole Elis especial – 1979
Vem, oh, fantasia
Dance dans mes bras What can I say to you Bonita Arrasta a saia, rasga o dia
What magic words would capture you Meu passo é o compasso na avenida
Like a soft evasive mist you are Bonita Teu riso que dança, trança, triste e sofrido
Vem, moleque me dizer
Onde é que está You fly away when love is new
What do you ask of me Bonita Se meu abandono
Ton soleil, ta braise What part do you want me to play Em cinzas frias amanhece
Shall I be the clown for you Bonita Mas o sangue não se cansa
I will be anything you say Não se esquece de chamar
Bonita
Don't run away Bonita E eu abro alas, jogo lanças
Quem me enfeitiçou
O mar, marée, bateau Bonita Serpentinas de cores feridas
Don't be afraid to fall in love with me E rompo estandartes na avenida em dor
Tu as le parfum I love you Sem céu, sem luz, sem sol, sem cor
I tell you I love you,
De la cachaça e de suor Bonita Mas vem, ou tudo ou nada
If you love me Meu entrudo, minha espera
Life will be beautiful Meus campos de guerra, vem amada
Geme de preguiça e de calor Bonita, Bonita De tanto que eu chamo, canto, peço e preciso
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Cai dentro
Baden Powell/Paulo César Pinheiro
Essa mulher – 1979
Montreaux Jazz Festival – 1982
69
Teu desejo Descansar Que dá na bola porque na bola você não dá.Viu?
Seja um beijo De mil lágrimas
Seja como for Mil lágrimas
Beguine dodói
Choram Marias e Clarices
No solo do Brasil
De madrugada essa mulher faz tanto estrago
Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar
Mas sei que uma dor assim pungente
Ah, como essa louca se esquece
João Bosco/Aldir Blanc/Cláudio Tolomei Não há de ser inutilmente
Quanto os homens enlouquece nessa boca, nesse chão
Essa mulher – 1979 A esperança
Depois parece que acha graça
Dança na corda bamba de sombrinha
E agradece ao destino aquilo tudo que a faz tão infeliz
Olha, meu bem E em cada passo dessa linha
O que restou daquele grande herói Pode se machucar
70
71
Correndo no meu coração
Formando-me dentro esse pântano de solidão
No céu da vibração
Se meu rosto se acender, brilhar
Se teu olho te trair, não vai durar
Seu porto seguro, seu lugar comum
Você navegando pra lugar nenhum
Gilberto Gil
Quem sabe de tudo 1980
Não sabe o seu fim
Mas eu não me quero fugindo daqui
Também não te deixo zombando de mim Os homens são mortais
Quem sabe de tudo não sabe seu fim Todos os animais
Os vegetais também o são
Como será
Não ser assim?
Não precisar
O começo, o meio, o fim
A encarnação, Deus?
Rebento
Como será
Não estar aqui nem lá
E tão somente andar ao léu
No céu da vibração?
Gilberto Gil
Elis – 1980
72
Sai dessa
Trem azul – 1982
Nova estação
O medo de amar é o medo de ser
Livre para o que der e vier
Natan Marques/Ana Terra Livre para sempre estar onde o justo estiver
Elis – 1980
Vento de maio – 1981 Luiz Guedes/Thomas Roth
O medo de amar é o medo de ter Elis – 1980
Trem azul – 1982
De a todo momento escolher Vento de maio – 1981
Com acerto e precisão a melhor direção
Sonhei que existia uma avenida Nova esperança
Sem entrada e sem saída pra gente comemorar Bate coração
O sol levantou mais cedo e quis
Toda hora, todo dia, toda vida Renascer cada dia com a luz da manhã
Em nossa casa fechada entrar
Na tristeza e na alegria, sem platéia e sem patrão Despertar sem medo
Prá ficar
Enganar a dor
Hoje eu sonhei que cerveja sai da bica Disfarçar essa mágoa que anda solta no ar
O medo de amar é não arriscar
No banheiro não tem fila nem existe contramão
Esperando que façam por nós
Que o trabalho é ali na nossa esquina Ter que acreditar no regresso da estação
O que é nosso dever: recusar o poder
E depois do meio dia, nem polícia e nem ladrão Como o sol volta a brilhar, como as chuvas de verão
O sol levantou mais cedo e cegou Ter que acreditar só pra ter razão
Sonhei, como faço todo dia De sonhar mais uma vez
O medo nos olhos de quem foi ver
Como você não sabia, meu senhor não levo a mal
Tanta luz
A beleza, o amor, a fantasia Nova esperança
O que tece e o que desfia não se aprende no jornal Bate coração
Renascer cada dia com a luz da manhã
Hoje eu sonhei, mas não vou pedir desculpas Semear a terra
E nem vou levar a culpa de ser povo e ser artista Certo de colher da semente o fruto
Sem essa, moço, por favor não crie clima Depois descansar
Seu buraco é mais embaixo, nosso astral é mais em cima
73
Aprendendo a jogar
Guilherme Arantes
Elis – 1980
Vento de raio
Rainha de maio
Estrela cadente
Chegou de repente o fim da viagem
Agora já não dá mais pra voltar atrás
Rainha de maio, valeu o teu pique
Apenas para chover no meu piquenique
Assim meu sapato coberto de barro
Apenas pra não parar nem voltar atrás
Rainha de maio valeu a viagem
Agora já não dá mais
Nisso eu escuto no rádio do carro a nossa canção
(Vento solar e estrela do mar…)
Sol, girassol, e meus olhos ardendo de tanto cigarro
E quase que eu me esqueci
Que o tempo não pára, nem vai esperar
Vento de maio
Rainha dos raios de sol
Vá no teu pique estrela cadente até nunca mais
Não te maltrates nem tentes voltar o que não tem mais vez
Nem lembro teu nome nem sei
74
75
Milton Nascimento
É preciso ter sonho sempre
Saudade do Brasil – 1980 Quem traz na pele essa marca
Alô, alô marciano Trem azul – 1982 Possui a estranha mania
Aqui quem fala é da Terra Montreaux Jazz Festival – 1982 De ter fé na vida
Pra variar, estamos em guerra
Você não imagina a loucura
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down no high society!
Alô alô
Alô, alô marciano
A crise tá virando zona marciano
Cada um por si, todo mundo na lona Rita Lee/Roberto de Carvalho
Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de 7 chaves
E lá se foi a mordomia Dentro do coração
Tem muito rei aí pedindo alforria porque
Tá cada vez mais down no high society!
Saudade do Brasil – 1980
Trem azul – 1982 Canção da Assim falava a canção
Que na América ouvi
Agora tá
Pelo seu rádio de pilha tão docemente
E te ajudar a encarar esse dia mais facilmente
Presi dente
bossa nova
Se não cozinhar por dentro
Vai tudo por água abaixo
Eu acho, acho, acho que agora tá
Quase no ponto tá
No ponto de provar
Eu acho que agora tá
No ponto de solar
Pro seu santo não era um qualquer um
Três dias num terreno abandonado
Ostentando onze fitas de Ogum
Marambaia
Quando te arranho, te lanho de ternura
Vertendo sangue do teu corpo de malícia
Menino
Quando te xingo com palavras obcenas
Como jurasse as juras mais serenas
Henricão/Rubens Campos
Saudade do Brasil – 1980
Quando me vingo dos males que me fazes
Eu tenho uma casinha lá na Marambaia Com frazes de maldade e veneno Milton Nascimento/Fernando Brant
Saudade do Brasil – 1980
Fica na beira da praia só vendo que beleza Sinto, meu amor, que o amor é isso
Tem uma trepadeira que na primavera Essas coisas muito fora de juízo Quem cala sobre teu corpo
Fica toda florescida de brincos de princesa Consente na tua morte
Talhada a ferro e fogo
Quando chega o verão eu sento na varanda Nas profundezas do corte
Pego o meu violão e começo a cantar Que a bala riscou no peito
E o meu moreno fica sempre bem disposto
Senta ao meu lado e começa a cantar Quem cala morre contigo
Mais morto que estás agora
Quando chega a tarde um bando de andorinhas Relógio no chão da praça
Voa em revoada fazendo verão Batendo, avisando a hora
E lá na mata o sabiá gorjeia
77
Que a raiva traçou no tempo
Linda melodia pra alegrar meu coração
Às seis horas o sino da capela No incêndio repetido
Toca as badaladas da Ave-Maria O brilho do teu cabelo
A lua nasce por detrás da serra Quem grita vive contigo
Anunciando que acabou o dia
79
Vai o bicho homem fruto da semente memória
Outro cais
Oh! amor, ai
Falo assim sem tristeza, falo por acreditar Amor bobagem que a gente não explica, ai ai
Prova um bocadinho, ô
Que é cobrando o que fomos que nós iremos crescer Marilton Borges/Duca Leal Fica envenenado, ô
Os Borges – 1980 E pro resto da vida é um tal de sofrer
80
Ôlará, ôlerê
Nós iremos crescer Vento de maio – 1981
Outros outubros virão, outras manhãs
Me atraiu o teu canto Ô Bahia
Plenas de sol e de luz Respirei o teu ar Bahia que não me sai do pensamento
Te arranquei do teu cais Faço o meu lamento, ô
Me lancei no teu mar Na desesperança, ô
Alertem todos alarmas que o homem que eu era voltou De encontrar nesse mundo
Te cobri com meu manto Um amor que eu perdi na Bahia, vou contar
A tribo toda reunida, ração dividida ao sol Descansei nessas ondas
De nossa Vera Cruz Misturamos nosso sangue Ô Bahia
Juntos fomos dançar Bahia que não me sai do pensamento
Quando o descanso era luta pelo pão
E aventura sem parar
Tiro ao álvaro
Quando o cansaço era rio e rio qualquer dava pé
E a cabeça rodava num gira-girar de amor
E até mesmo a fé Adoniran Barbosa/Oswaldo Moles
Adoniran e convidados – 1980
Não era cega nem nada Vento de maio – 1981
Era só núvem no céu e raiz De tanto levar frechada do teu olhar
Meu peito até parece, sabe o que?
Táubua de tiro ao álvaro, não tem mais onde furar
Hoje essa vida só cabe na palma da minha paixão
Devera nunca se acabe, abelha fazendo o seu mel Teu olhar mata mais do que bala de carabina
Que veneno estriquinina
No pranto que criei Que peixeira de baiano
Nem vá dormir como pedra Teu olhar mata mais
Que atropelamento de automóver
E esquecer o que foi feito de nós Mata mais que bala de revórver
Se eu quiser falar com Deus Gilberto Gil
Vento de maio – 1981
Trem azul – 1982
81
Diga lá caju
O teu canto de repente
Que o diabo amassou
Barata cascuda
Faz a gente estremecer
Tenho que virar um cão
Gruta de veiúva negra
Tenho que lamber o chão dos palácios
Caranguejeira
Corujinha, pobrezinha
Dos castelos suntuosos dos meus sonhos
Saúva coruja
Todo mundo que te vê
Tenho que me ver tristonho
Rastro de jararucu
Diz assim, ah! coitadinha
Tenho que me achar medonho
Jararacoral
Que feinha que é você
E apesar de um mal tamanho
Piranha calunga
Alegrar meu coração
Diaba de banda retrai
Quando a noite vem chegando
De carataí
Chega o teu amanhecer
Se eu quiser falar com Deus
Traíra de dente de dá
E se o sol vem despontando
Tenho que me aventurar
E cada dentada que dá
Vais voando te esconder
Tenho que subir aos céus
Cascudo cará
Hoje em dia andas vaidosa
Sem cordas pra segurar
Purús juruá
Orgulhosa com quê
Tenho que dizer adeus
Mordida no maracujá
Dar as costas
De cobra criada no mar
Toda noite tua carinha
Caminhar decidido
Chocalha no cadê você
Aparece na TV
Sussurra no bote que dá
Corujinha, corujinha Pela estrada que ao findar vai dar em nada Curare de cobra suga e sai
Nada, nada, nada, nada
Que feinha que é você!
Picada de cobra amor não dói
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
Garota de Ipanema Asa branca
Tom Jobim/Vinícius de Morais/Vs. Ing. Norman Gimbel Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira
Montreaux Jazz Festival – 1982 Montreaux Jazz Festival – 1982
Tall and tan and young and lovely Agora eu não pergunto mais aonde vai a estrada
The girl from ipanema goes walking Agora eu não espero mais aquela madrugada
And when she passes, each one she passes goes – ah Vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser, faca amolada
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada
When she walks, she’s like a samba
That swings so cool and sways so gentle Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranqüilo
That when she passes, each one she passes goes – ooh Deixar o seu amor crescer e ser muito tranqüilo
Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar, faca amolada
(ooh) but I watch her so sadly Um brilho cego de paixão e fé, faca amolada
How can I tell her I love her
Yes I would give my heart gladly Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia
Beber o vinho e renascer na luz de cada dia
But each day, when she walks to the sea A fé, a fé, paixão e fé, a fé, faca amolada
She looks straight ahead, not at me O chão, o chão, o sal da terra o chão, faca amolada
Tall, (and) tan, (and) young, (and) lovely Deixar a sua luz brilhar no pão de todo dia
The girl from ipanema goes walking Deixar o seu amor crescer na luz de cada dia
And when she passes, I smile – but she doesn’t see (doesn’t see) Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser muito tranqÄilo
(she just doesn’t see, she never sees me,...) Um brilho cego de paixão e fé, faca amolada
Mancada Samba dobrado
Gilberto Gil Djavan
Montreaux Jazz Festival – 1982 Montreaux Jazz Festival – 1982
O dinheiro que eu lhe dei Vai ser pior ainda quando amanhecer
Pro tamborim Tudo que se tem pra cantar
Não vá gastar Não pra embalar nem pra devolver
Depois jogar a culpa em mim O direito de escolher
A música melhor para se dançar
O dinheiro que eu lhe dei
Não é meu, não Quem faz parte dessa cena pode rodar
É da escola Pra cumprir a mesma pena
Por favor, não mete a mão Não é preciso ensaiar
Tá combinado
Você lembra muito bem Basta aprender a sambar dobrado
No outro carnaval
Você chorou porque não pôde desfilar
A fantasia que eu mandei você comprar
Não ficou pronta
Porque o dinheiro que eu lhe dei pra costurar
Você (hum, hum)...
Eu nem vou dizer pra não lhe envergonhar
83
Armando Manzanero/Vs. Paulo Coelho Rita Lee/Roberto de Carvalho Vinícius de Morais
Trem azul – 1982 Trem azul – 1982 Trem azul – 1982
Quando caminho pela rua lado a lado com você Lança, lança perfume Tantas vezes já partiste
Me deixas louca Lança, lança perfume Que chego a desesperar
E quando escuto o som alegre do teu riso Chorei tanto, estou tão triste
Que me dá tanta alegria, me deixas louca Lança menina Que já nem sei mais chorar
Lança todo este perfume Oh, meu amado, não parta
Me deixas louca quando vejo mais um dia Desbaratina Não parta de mim
Pouco a pouco entardecer Não dá pra ficar imune Oh, uma partida que não tem fim
E chega a hora de ir pro quarto escutar Ao seu amor Não há nada que conforte
As coisas lindas que começas a dizer Que tem cheiro de coisa maluca A falta dos olhos teus
Me deixas louca Pensa que a saudade
Vem cá meu bem Pode matar-me
Quando me pedes por favor que nossa lâmpada se apague Me descola uma carinho Adeus
Me deixas louca Eu sou néném
Quando transmites o calor de tuas mãos Só sossego com beijinho
Pro meu corpo que te espera E ve se me dá
Me deixas louca O prazer de ter prazer comigo
Oh, Flora!
Imagino-te jaqueira
Prostrada à beira da estrada
Velha, forte, farta, bela
Senhora.
Oh, Flora!
Imagino-te futura,
Ainda mais linda, madura,
Pura no sabor de amor e
De amora.
Oh, Flora!
Amante à moda antiga
85
E tudo fica lá fora... Ter amanhecido
Ter me rebelado
Ter me consumido
Ter me machucado
Ter sobrevivido
(Texto de Fernando Faro)
“Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol.
Menino do Rio
Agora retiram de mim a cobertura da carne.
Escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos. Calor que provoca arrepio
E aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo. Dragão tatuado no espaço
Calção, corpo aberto no estpaço
Coração
Um rascunho...
Um forma nebulosa, feita de luz e sombra. De eterno flerte
Como uma estrela... Adoro ver-te
Menino vadio
Agora eu sou uma estrela!” Tesão flutuante do Rio
Eu peço pra Deus proteger-te
Para Lennon No dia em que eu Velho arvoredo
& McCartney
vim-me embora
Caetano Veloso/Gilberto Gil
Hélio Delmiro/Paulo César Pinheiro
Luz das estrelas – 1984
Luz das estrelas – 1984
Lô Borges/Márcio Borges/Fernando Brant
Luz das estrelas – 1984 Eu te esqueci muito cedo
No dia em que eu vim-me embora Pelo tempo que passou
Por que vocês não sabem do lixo ocidental? Minha mãe chorava em ai Tal como um velho arvoredo
Não precisam mais temer Minha irmã chorava em ui Que o vento não derrubou
Não precisam da solidão E eu nem olhava pra trás
Todo dia é dia de viver Tronco mudado em rochedo
No dia que eu vim-me embora Pedra transformada em flor
Por que você não verá meu lado ocidental? Não teve nada de mais E eu fui ficando sozinho no pó do caminho
Não precisa medo não Me desenganando, sofrendo e chorando
Não precisa da timidez Mala de couro forrada
Todo dia é dia de viver Com pano forte, brim cáqui E mantendo em segredo
Minha vó já quase morta
86
87
A vaidade é assim, Procurar o mar
Põe o tonto no alto, retira a escada. Daquele gol até hoje o meu radio está desligado
Fica por perto, esperando sentada, Como se radiasse o silencio de um amor terminado Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão. Eu aprendi que a alegria de quem está apaixonado Meu coração tropical partirá esse gelo e irá
É como a falsa euforia de um gol anulado Com as garrafas de náufragos e as rosas partindo o ar
Mais alto o coqueiro maior é o tombo do coco Nova Granada de Espanha e as rosas partindo o ar
Afinal todo o mundo é igual
Quando o tombo termina,
Com terra por cima e na horizontal.
Lembre-se
Sergio Natureza/Tunai
Longe
Noite
Chagas General
No seio de uma terra abençoada
My Funny Yesterday
All my troubles seemed so far away
Va l e n t i n e Rodgers/Hart
Now it looks as though they're here to stay
Oh, I believe
In yesterday
Tom Jobim/Aloysio de Oliveira/Ray Gilbert
89
Are you smart?
O mundo seria, Dindi, tudo, Dindi
For yesterday
Lindo Dindi But don’t change a hair for me
Ah! Dindi Not if you care for me Yesterday
Se um dia você for embora me leva contigo, Dindi Stay little valentine stay Love was such an easy game to play
Fica, Dindi, olha Dindi Each day is valentine’s day Now I need a place to hide away
E as águas deste rio aonde vão eu não sei
Oh, I believe
A minha vida inteira esperei, esperei Is your figure less than greek In yesterday
Por você, Dindi Is your mouth a little weak
Que é a coisa mais linda que existe When you open it to speak Why she
Você não existe, Dindi Are you smart? Had to go I don't know
Olha, Dindi
She wouldn't say
Adivinha, Dindi But don’t you change one hair for me I said
Deixa, Dindi Not if you care for me Something wrong now I long
Que eu te adore, Dindi... Dindi Stay little valentine stay For yesterday
Each day is valentine’s day
Yesterday
Love was such an easy game to play
Now I need a place to hide away
Oh, I believe
In yesterday
Mulheres
de Atenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seu maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando andas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Chico Buarque
Olho pro céu e vejo uma nuvem branca que vai passando
Olho pra terra e vejo uma multidão que vai caminhando
Como essa nuvem branca essa gente não sabe aonde vai
Quem poderá dizer o caminho certo é você meu pai
91
Antonio Adolfo/Tiberio Gaspar Milton Nascimento/Fernando Brant
93
Boto 65
Amor, amor (Love, love) 3 Credo 67
Brigas nunca mais 55
Andança 36 Cruz de cinza, cruz de sal 30
Cabaré 50
Aos nossos filhos 78 Da cor do pecado 32
Caça à raposa 53
Aprendendo a jogar 73 Dá sorte 2
Cadeira vazia 56
Aquarela do Brasil 35 Dá-me um beijo (Kiss me, kiss me) 5
Cai dentro 69
Aquele abraço 39 De onde vens 32
Cais 47
Aqui é o país do futebol 85 Deixa 35
Calcanhar de Aquiles 75
Arrastão 13 Deixa o mundo e o sol entrar 69
Can't take my eyes off you 39
As aparências enganam 71 Dengosa 7
Canção da América 75
As coisas que eu gosto (My favorite things) 3 Deus lhe pague 64
Canção de enganar despedida 6
As curvas da estrada de Santos 40 Devagar com a louça 15
Canção de não cantar 29
Asa branca 82 Dindi 89
Canção do amanhecer 19
Até aí morreu Neves 41 Dinorah, Dinorah 67
Canção do sal 28
Atrás da porta 47 Discussão 15
Cantador 29
Canto de Ossanha 23
Canto triste 22
Cão sem dono 65
Carinhoso 28
Carta ao mar 33
Imagem 29
Influência do jazz 15
Inútil paisagem 55
Irene 38
Jardins da infância 60
Jesus Cristo 91
Joana francesa 68
Doente morena 49 João valentão 20 Meu pequeno mundo de ilusão
(My little corner of the world) 5
Dois prá lá, dois prá cá 53 Jogo de roda 22
Domingo em Copacabana 10 Ladeira da preguiça 51 Meus olhos 10
Folhas secas 51 Meio de campo 50 Noite dos Mascarados (La nuit des masques) 34
95
Pout Pourri (2 na bossa) 12 Vem balançar 15
Pout Pourri de introcução (2 na Bossa 2) 24 San Vicente 91 Vento de maio 74
Pout Pourri de Mangueira 29 Saudade e carinho 9 Vera Cruz 36
Pout Pourri Romântico 30 Saudade é recordar 5 Vexamão 38
Prá dizer adeus 25 Saudosa maloca 65 Vida de bailarina 47
Preciso aprender a ser só 13 Saveiros 21 Violeta de Belford Roxo 67
Presidente bossa nova 76 Se acaso você chegasse 17 Viramundo 33
Qualquer dia 61 Se eu quiser falar com Deus 81 Vou comprar um coração 5
Querelas do Brasil 65 Se você pensa 38 Vou deitar e rolar 41
Quero 59 Se você quiser 9 Watch what happens 38
Rebento 72 Sem Deus com a família 14 Wave 37
Récit de Cassard 36 Sem teu amor 9 Yê-melê 31
Redescobrir 79 Sentimental eu fico 63 Yesterday 89
Resolução 19 Silêncio 8 Zambi 18
Ressurreição 8 Sinal fechado 64 Zazueira 39
Só Deus é quem sabe 73
Só tinha de ser com você 54
Somewhere 17
Soneto de separação 56
Sonhando (Dream) 2
Sonho de Maria 27
Sou sem paz 20
Tango italiano 7
Tatuagem 60
Té o sol raiar 19
Principais compositores
Caetano Veloso
Adoniran Barbosa Boa palavra 27
Cinema Olympia 44
Saudosa maloca 65 Ary Barroso Irene 38
Tiro ao álvaro 80 Menino do Rio 85
Aquarela do Brasil 35 Não tenha medo 42
Na baixa do sapateiro 80 No dia em que eu vim-me embora 86
Na batucada da vida 52 Os argonautas 45
Samba em paz 25
Aldir Blanc
Agnus sei 50
Altos e baixos 71 Baden Powell
Bala com bala 46 Carlos Lyra
Beguine dodói 70 Aviso aos navegantes 44
96
Colagem 61
Vecchio novo 61 Guilherme Arantes
Aprendendo a jogar 73
Só Deus é quem sabe 73
Francis Hime
Atrás da porta 47
Minha 38
Por um amor maior 20
Tereza sabe sambar 28
Último canto 21
Dory Caymmi & Nelson Motta Valsa rancho 69
Cantador 29
De onde vens 32
Fred Jorge Ivan Lins
Saveiros 21
Aos nossos filhos 78
Baby Face 3
Cartomante 61
Garoto último tipo (Puppy Love) 3
Começar de novo 85
Pizzicati pizzicato 6
Corpos 66
Dinorah, Dinorah 67
Ih! Meu Deus do céu! 43
Madalena 44
Me deixa em paz 49
Qualquer dia 61
Dorival Caymmi
97
João valentão 20
Rosa morena 22
Gilberto Gil
Lupicínio Rodrigues
98
Cadeira vazia 56
Maria Rosa 53
Ruy Guerra
Aleluia 21
Renato Teixeira Esse mundo é meu 19
Jogo de roda 22
Romaria 63 Minha 38
Sentimental eu fico 63 Por um amor maior 20
Reza 14
Último canto 21
Torquato Neto
Louvação 24
Prá dizer adeus 25
Veleiro 27
Sueli Costa
20 anos blue 46
Altos e baixos 71
Cão sem dono 65
O primeiro jornal 76
Tunai
Agora tá 76
As aparências enganam 71
Tom Jobim
99
Águas de março 48
Amor em paz 16
Bonita 68
Boto 65 Walter Santos & Tereza Souza
Brigas nunca mais 55 Vinícius de Moraes Cruz de cinza, cruz de sal 30
Chovendo na roseira 56
Corcovado 54 Vem balançar 15
A corujinha 81
Dindi 89 Amor em paz 16
Discussão 15 Arrastão 13
Estrada do sol 45 Bocochê 16
Fotografia 56 Brigas nunca mais 55
Frevo 41 Canção do amanhecer 19
Garota de Ipanema (Girl from Ipanema) 82 Canto de Ossanha 23
How insensitive (Insensatez) 38 Canto triste 22
Inútil paisagem 55 Consolação/Berimbau/Tem dó 21
Modinha 54 Deixa 35
O que tinha de ser 55 Formosa 15
Pois é 54 Zé Rodrix
Frevo 41
Por toda minha vida 55 Garota de Ipanema (Girl from Ipanema) 82
Retrato em branco e preto 55 Caso no campo 43
How insensitive (Insensatez) 38
Sabiá 78 Olhos abertos 47
Marcha de quarta-feira de cinzas 30
Samba do avião 15 Modinha 54
Só tinha de ser com você 54 O que tinha de ser 55
Soneto de separação 56 Por toda minha vida 55
Tributo a Tom Jobim 32 Samba da benção (Samba saravah) 31
Tristeza 54 Soneto de separação 56
Wave 37 Té o sol raiar 19
Tereza sabe sambar 28
Valsa de Eurídice 83
Zambi 18
“Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol.
Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante.
E todas as figuras são assim...
Desenhos de luz, agrupamentos de pontos de partículas.
Um quadro de impulsos, um processamento de sinais.
E assim – dizem – recontam a vida.
Agora retiram de mim a cobertura da carne.
Escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos.
E aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo.
Um rascunho...
Um forma nebulosa, feita de luz e sombra.
Como uma estrela...
Agora eu sou uma estrela!”