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Iluminacao Indireta em Sancas e Mobiliario 518095 PDF
Iluminacao Indireta em Sancas e Mobiliario 518095 PDF
Resumo
1. Introdução
A evolução dos sistemas e produtos voltados para a Arquitetura fez evoluir também a
percepção dos clientes. O que antes servia para todos e era reproduzido sem
questionamentos, hoje não atende o comprador que conhece suas necessidades e sabe que
sua casa pode atendê-las.
Exigências em torno de inovação e qualidade instigam os profissionais do ramo a buscar
formas de reinventar antigas soluções, aprimorando-as. Hoje, as possibilidades são
múltiplas, seja através da tecnologia e dos materiais que se desenvolveram, seja pela
criatividade e adaptações de uso que são mais aceitos do que no passado. Assim, tanto o
cliente quanto o profissional procuram por soluções que atendam os anseios particulares de
um projeto, mesmo que estas saídas estejam fora do velho padrão.
Entre os novos desejos de uma residência, está a iluminação adequada. Pessoas que
passaram anos contentando-se com um simples ponto central para cada ambiente, hoje
reconhecem o valor funcional e estético que um Projeto de Iluminação tem a oferecer.
A necessidade do mercado consumidor estimulou o desenvolvimento do setor, que
atualmente conta com grande variedade de luminárias e lâmpadas, automação, uso de
forros rebaixados e uma infinidade de efeitos, resultantes da combinação destes itens.
Iluminação indireta em sancas e mobiliário para ambientes residenciais janeiro/2013
2. Revisão da Literatura
Figura 3 – Sanca Aberta, luz central. Figura 4 – Sanca Invertida, luz de contorno.
Fonte: do Autor Fonte: do Autor
Ao utilizar o forro de gesso rebaixado, este se estende por toda a área do teto. As sancas,
antes perimetrais, neste caso são invertidas: se antes direcionavam a luz ao centro do
cômodo, agora passaram a contornar o espaço com luminosidade (Figura 4).
A evolução dessas aplicações, sempre relacionadas ao formato do ambiente, deu-se quando
as sancas passaram a valorizar a diferenciação de planos em alturas diferentes no forro,
libertando-se assim da imitação da planta arquitetônica. Estes planos ganharam
independência, com aparente soltura do teto devido aos efeitos da luz indireta. E já que o
verbo era “soltar”, as superfícies desprenderam-se dos forros e transportaram-se também
para as paredes, sempre aplicando iluminação embutida nas sancas.
Os conceitos aplicados para o funcionamento das sancas no teto e nas paredes podem ser
conduzidos para o mobiliário de uma residência. Para isso, as peças devem ser detalhadas
pelo profissional responsável e executadas sob medida, com as devidas cavas destinadas
aos equipamentos especificados. Há muito potencial, e sua realização varia de acordo com
os efeitos desejados pelo profissional de iluminação, sua criatividade e planejamento.
“A luz indicada deve vir preferencialmente das laterais, para evitar o efeito de
sombreamento no rosto. (...) A preferência deve ser por luz fluorescente –
sempre com boa reprodução de cores, porque é luz fria e, como sabemos, o calor
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é inimigo dos produtos de beleza. Uma boa dica é usar fluorescentes de grande
luminosidade, como as T-5 de 28 ou 54 w atrás do espelho, no perímetro mesmo,
fazendo com que a luz saia de trás do espelho, reflita na parede e venha de forma
suave para o rosto e para o corpo das pessoas.” (SILVA, 2009:96)
O progresso das florescentes tubulares vem buscando diminuir seu diâmetro, ao passo que
aumenta o fluxo luminoso. Para iluminação indireta, estes avanços são de extremo valor:
as cavas que alojam as lâmpadas podem ser menores, o que amplia seu aproveitamento em
mobiliários.
Mas, além das tradicionais fluorescentes tubulares, o mercado atual oferece outras opções
de lâmpadas que também podem ser aplicadas em sancas e mobiliário, com alguns
diferenciais em relação às pioneiras.
“Iluminação por sancas é cada vez mais utilizada por dar uma luz indireta
importante, que valoriza o ambiente. Conforme a lâmpada que colocarmos na
sanca, podemos fazer a variação de luminosidade chegar até aos níveis de
ambiente de festas e reduzi-la até baixas iluminâncias que geram conforto e
aconchego. Podemos ainda variar a cor da luz com a utilização do Sistema RGB,
com ou sem o uso do Sistema DALI, ou seja, troca de cores simples – manual –
ou sofisticada e automática – DALI.” (SILVA, 2009:97)
3. Metodologia
Ambientes e Situações
Ambiente Situação 1 Situação 2
1 Hall de Entrada Destaque de Escadas Luz como Arte
2 Sala de Estar Descanso Valorização de Objetos
3 Sala de Jantar Refeições Diárias e Festivas Destaque de Revestimento
4 Sala de TV Assistir filmes Destaque das Cortinas
5 Escritório Trabalho/Lazer Valorização de Silhuetas
6 Circulação Destaque da Linearidade Quebra da Linearidade
7 Dormitório Relaxamento antes do sono Acordar Durante A Noite
8 Closet Valorização dos Armários Luz Geral
9 Banheiro Maquiagem Iluminação de Nicho
10 Lavabo Destaque da Bancada Destaque Revestimento
11 Lavanderia Luz Geral Bancada de Serviço
12 Cozinha Luz Geral Bancada Gourmet
Tabela 1 – Ambientes e Situações
Fonte: do Autor
4. Resultados da Pesquisa
Na presença de escadas, uma possibilidade é embutir mangueiras ou fitas LED nas pisadas
dos degraus, fazendo os espelhos destes funcionarem como refletor (Figura 5). Este
artifício une estética e funcionalidade, já que melhora a percepção dos desníveis para quem
caminha pela escada.
A condicionante para essa instalação é o material utilizado como revestimento da escada,
que deve permitir o detalhe de cava para que a lâmpada seja acondicionada. Esse é um
exemplo por que o Projeto de Iluminação deve caminhar lado a lado com o Projeto de
Arquitetura. O segundo precisa criar condições favoráveis para que o primeiro possa se
desenvolver.
Pensando em efeitos especiais, o hall de entrada é um ambiente que permite trabalhar com
impacto visual através da luz. O uso de luminárias nas paredes – situação com alto
potencial, mas pouco explorada – é capaz de criar efeitos surpreendentes. Uma parede de
gesso acartonado pode transformar-se em arte luminosa através de fendas harmonicamente
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dispostas, completadas com lâmpadas embutidas (Figura 6). O efeito se enriquece com a
especificação de lâmpadas de catodo frio, coloridas, ou fitas LED RGB e suas variações de
cores programáveis. A gama de tonalidades pode ser, por exemplo, uma alusão às
aplicadas na residência, ou a uma ocasião especial, ou mesmo ao estado de espírito dos
moradores.
Num ambiente de estar, uma das principais atividades é a do descanso. Este momento é
favorecido por uma luz suave, obtida com a utilização de mangueira luminosa ou lâmpada
de catodo frio, na cor âmbar, como contorno de sancas invertidas (Figura 7). Uma variação
desta idéia é substituir a mangueira por fita LED, na cor âmbar ou branco morno, que pode
ser dimerizada para oferecer maior ou menor fluxo luminoso, conforme a ocasião solicitar.
O espaço de convívio e recebimento de visitas é propício a exibir adornos nas paredes. São
quadros, fotografias de família e até coleções, todos de valor afetivo para os moradores.
Estas composições merecem ser valorizadas, o que pode ser feito com downlight (luz de
cima para baixo) e uplight (luz de baixo para cima) simultâneos, gerando um visual
equilibrado.
O downlight parte de uma sanca invertida no teto, paralela à parede em questão. Para o
uplight, é necessário um móvel no verso do qual as lâmpadas possam se inserir (Figura 8).
Caso não haja este mobiliário disponível, o downlight sozinho já é suficiente para agregar
valor aos objetos.
O plano de fundo para a mesa de jantar muitas vezes é uma parede com um revestimento
especial, painéis de madeira ou papel de parede. Estes itens podem ser mais apreciados
junto ao efeito wall washer de iluminação (Figura 10). É uma “lavagem de luz” no plano
vertical, através de sanca com iluminação fluorescente tubular, neste caso, representando
fielmente as cores originais do material, com ótimo IRC (Índice de Reprodução de Cores).
4.4. Sala de TV
Assistir à televisão pede um nível de iluminância baixo, para que o contraste com a tela
não seja tão alto a ponto de causar fadiga visual. Para isso, é apropriado o uso de uma luz
suave nas laterais da TV, porém, atrás do plano da tela, para evitar o ofuscamento. Essa
técnica pode ser utilizada em conjunto com painéis ou mobiliário que permitam a
incorporação de lâmpadas fluorescentes tubulares T5 (mais finas) com reatores
dimerizáveis (Figura 11).
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4.5. Escritório
Estantes recheadas com livros e objetos estão presentes em escritórios, mesmo nos
residenciais. Este mobiliário ganha em charme se os nichos forem iluminados pelo fundo,
com a fixação de lâmpadas de catodo frio ou fitas LED nos limites posteriores das
prateleiras, o que valoriza a silhueta dos artefatos (Figura 14).
4.6. Circulação
A linearidade de corredores pode ser exaltada ao traçarmos uma sanca central no forro de
gesso, contínua, seguindo toda a sua extensão (Figura 15). Essa linha horizontal numa
situação já alongada cria a ilusão da distância ainda maior. As lâmpadas empregadas
poderiam ser as fluorescentes tubulares ou catodo frio numa coloração inesperada, caso o
Lighting Designer queira adicionar dramaticidade ao trajeto.
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4.7. Dormitório
Sabe-se que é hábito saudável manter os níveis de luminância baixos próximo ao horário
de dormir. A cabeceira, com lâmpadas embutidas numa cava superior, é uma proposta
viável para incentivar este hábito, já que proporciona luz suave ao mesmo tempo em que
cria um efeito visual encantador, principalmente quando há um revestimento especial na
parede iluminada (Figura 17). A lâmpada mais indicada é a fluorescente tubular, para que a
luminosidade seja também luz funcional.
Ao acordar durante a noite para ir ao banheiro, por exemplo, os olhos sofrem um choque se
atingidos por uma luminosidade muito intensa, de repente. Para evitar esse desconforto, a
proposta é embutir lâmpadas fluorescentes tubulares embaixo de armários, que podem ser
cômodas, criados, ou mesmo o guarda-roupas, com a frente suspensa (Figura 18). A
iluminação embutida nestes elementos utiliza o piso como refletor, iluminando-o, o que
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permite orientar-se no espaço sem agredir os olhos nem incomodar a esposa ou o marido
que permanece dormindo.
4.8. Closet
Também é possível gerar iluminação indireta embutindo lâmpadas fluorescentes acima dos
armários, desde que haja espaço suficiente entre o topo e o teto, para que a luz tenha
espaço de reflexão (Figura 19). Essa luz consegue ampliar o pé-direito e funciona como
uma sanca, porém, não se basta para a iluminação funcional já que a área interna dos
armários ficará sombreada, o que pode ser corrigido associando luz interna ao mobiliário.
Uma variação das sancas invertidas pode ser aplicada com sucesso em closets. O plano do
teto ganha continuidade e desce pela parede, formando um painel. Todo o perímetro deste
elemento, iluminado com fluorescentes tubulares, resulta em iluminação suave e sem
sombras, ideal para boa visualização das roupas e maquiagem, por exemplo (Figura 20).
Nesse caso, o painel de gesso é ideal para receber um espelho colado, que ficaria sem
ofuscamento nem contrastes.
4.9. Banheiro
A iluminação ideal de espelho, para que não haja sombreamento nem ofuscamento no
usuário, é realizada com luz indireta. É necessária uma base em madeira com certa
profundidade, à frente da qual o espelho é colado. A princípio, cavas laterais com
lâmpadas fluorescente tubulares já dão bom resultado. Melhor ainda se forem
acrescentadas lâmpadas também em cavas superiores e inferiores (Figura 21).
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Nichos são comuns em banheiros, seja para expor cosméticos ou enfeites, seja para guardar
toalhas limpas. A iluminação interna a eles, neste caso, pode ser feita pela frente,
permitindo melhor identificação dos produtos (Figura 22). Pelas dimensões reduzidas, o
ideal neste caso é o uso de fitas LED.
4.10. Lavabo
O lavabo, ambiente que atende aos visitantes da casa, usualmente tem instalados
revestimentos de destaque. A iluminação de espelho vista no item anterior pode ser
adaptada para continuar o funcional, mas também valorizar o revestimento da mesma
parede. Considerando esse material acima e abaixo da base de madeira, as cavas com
fluorescentes tubulares ficam resumidas à de cima e à de baixo (Figura 23).
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Aproveitando o fato de não haver grande necessidade de armários abaixo da bancada, ela
pode servir de suporte para lâmpadas fluorescentes tubulares, direcionando a luminosidade
para baixo, inusitadamente (Figura 24).
4.11. Lavanderia
Buscando ampliar as condições visuais nas bancadas, uma solução é embutir lâmpadas
fluorescentes tubulares ou fitas LED abaixo dos armários superiores, fazendo uso da
parede de fundo como refletor para ampliar a luminosidade no espaço de trabalho (Figura
26).
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4.12. Cozinha
5. Análise
5.1. Condicionantes
Numa análise inicial, a iluminação indireta em sancas e mobiliários aparenta ter baixo
custo. Em alguns casos realmente tem, uma vez que não há compra de luminárias, em geral
o item mais oneroso do sistema. No entanto, ao optar por sancas, os custos de gesso
aumentam. Ao especificar as lâmpadas e equipamentos auxiliares, a variação de custo
percorre extremos - claro, de acordo com a tecnologia empregada.
Quatro elementos mantêm uma relação complexa: o profissional, os benefícios, o cliente e
os custos. Mais ainda nesse caso, quando se trata de iluminação residencial, em que o valor
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monetário aplicado não é investimento como num ambiente comercial, por exemplo. O
cliente não espera retorno financeiro. Aqui, a aposta é em apelo emocional, efeitos visuais
- que não são palpáveis.
O impasse entre custo e benefício certamente é comum para o profissional que lida com
iluminação. No caso de iluminação indireta, mais precisamente no foco deste estudo, há
várias opções de lâmpadas e equipamentos que oferecem efeitos surpreendentes. A questão
é: onde vale a pena gastar mais e onde é possível encontrar soluções de baixo custo?
As respostas devem ser dadas pelo próprio Lighting Designer, durante o processo de
desenvolvimento do Projeto. Depende do perfil do cliente, do partido da iluminação, da
visão do profissional. Todos os modelos de lâmpadas expostos no estudo são adequados
para iluminação indireta, mas todos têm vantagens e desvantagens. Em geral, cabe o bom
senso do especificador.
Em situações de economia, vale eleger apenas uma aplicação para ser exaltada com um
sistema mais caro, e trabalhar com produtos mais simples nas demais. Dependendo da
disponibilidade do cliente, todas as soluções deverão ser a baixos custos. E esse desafio
pode enriquecer o trabalho do Lighting Designer, já que a busca por novas soluções é um
exercício de aprimoramento.
Alguns detalhes mais elaborados, como a sanca dupla proposta na sala de jantar, oferecem
efeitos que luminárias não alcançariam: em relação à distribuição luminosa, versatilidade
nas temperaturas de cor, limpeza visual do próprio teto. O custo perante o benefício torna-
se razoável.
Além dos equipamentos, o custo pode elevar-se com as instalações embutidas em paredes.
Para produzir a cava que abriga as lâmpadas, é necessária a execução de painéis em gesso
comum ou acartonado, às vezes sobrepostos à parede de alvenaria. Porém, a consideração
em torno de valores é relativa. Uma parede iluminada como na proposta do hall de entrada,
por exemplo, também poderia ser executada em madeira, provavelmente por um valor
maior. Pensando racionalmente, esse efeito é necessário? Não, funcionalmente poderia ser
substituído por um ponto central no teto. Mas, aqui pesa o aspecto emocional da luz, o
encantamento que ela provoca se aplicada de maneiras especiais.
Enfim, onde vale a pena investir?
6. Conclusão
Algumas soluções de iluminação presentes nas propostas são bem específicas para as
situações em que se apresentaram. A maioria dos efeitos, entretanto, pode e deve ser
aplicada em outras ocasiões, ajustando-se quando necessário. Essa possibilidade de
inovação abre muitos caminhos para o Lighting Designer, visto que há uma pluralidade de
efeitos a serem explorados.
Algumas regras, por exemplo, existem para serem quebradas. Na literatura especializada
encontra-se a orientação de que o elemento refletor da luz deve ser o mais claro e polido
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7. Referências
GOBI, Erlei. Lojas Exclusivas. Artigo publicado na Revista Lume Arquitetura, Edição 47.
São Paulo: De Maio Comunicação e Editora, 2010.
<http://www.lighting.philips.com.br/pwc_li/br_pt/connect/Assets/pdf/GuiaBolso_Sistema_
09_final.pdf> Acesso em 20 de setembro de 2011.
<http://www.osram.com.br/osram_br/Profissional/Iluminacao_Geral/Lampadas_Fluoresce
ntes_Tubulares_e_Circulares/A_luz_economica/index.html> Acesso em 20 de setembro de
2011.