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Quem canta, os males espanta!

Por Patrícia Bispo para o RH.com.br

Aliviar as tensões diárias através do canto. Esta é uma das alternativas que algumas empresas
têm recorrido para diminuir o estresse entre os funcionários e tornar o ambiente de trabalho
mais agradável. Orientados por regentes, os empregados organizam-se em pequenos grupos,
formam corais e, às vezes, chegam a revelar talentos antes ofuscados pelo anomimato. Para
conhecer um pouco melhor como funciona essa prática, o RH.COM.BR entrevistou a cantora e
compositora Bia De Luca, responsável pela organização de muitos grupos de coros em
empresas.
RH.COM.BR – Como surgiu a iniciativa de implantar corais dentro de empresas?
Bia De Luca – O coral em empresas não é uma idéia nova. Existem coros de empresas em atividade
contínua há mais de dez anos. Alguns órgãos públicos, por exemplo, têm seus corais ativos e com
cantores que participam dos ensaios há muitos anos. No entanto, o impulso para a criação dos coros em
empresas surgiu da necessidade de aumentar o vínculo entre empresa e funcionários, além de melhorar
esse relacionamento. A implantação veio, também, para melhorar a qualidade no ambiente de trabalho
e foi introduzida como uma nova atividade de lazer oferecida pelas empresas.
RH – Ao adotarem essa prática, que tipo de retorno as empresas podem esperar?
BDL – O investimento para a implantação de um coral é muito baixo, porém os resultados são
surpreendentes. Os participantes, em geral, pessoas que gostam de cantar e que nunca tiveram uma
oportunidade de mostrar seu talento, rapidamente apresentam uma redução dos níveis de estresse. As
pessoas sentem-se mais tranqüilas, motivadas e concentradas no trabalho. O retorno para a empresas é
a melhoria qualitativa e quantitativa da produtividade desse funcionário. A ele, soma-se a divulgação do
nome da empresa em eventos públicos como apresentações e encontros periódicos de corais.
RH – Além da redução do estresse, que outros benefícios os funcionários que integram o coro, podem
desfrutar?
BDL – A prática do canto coral em grupo promove a integração entre seus participantes, melhorando o
relacionamento interpessoal e social, desenvolvendo o espírito de equipe. Paralelamente, as
apresentações públicas propiciam, aos poucos, a desinibição individual e facilita a comunicação.
RH – Qualquer pessoa pode participar dos ensaios e como estes acontecem?
BDL – Sim, qualquer pessoa pode participar. Não é necessária a aplicação de teste, mas apenas uma
avaliação individual para definição do naipe (soprano, contralto, tenor ou baixo) em que o funcionário
irá cantar. A partir de quinze integrantes, já é possível iniciar o trabalho dos ensaios. Geralmente, a
sugestão é que sejam feitos dois ensaios de uma hora e meia por semana, sendo um só de naipes, ou
seja, mulheres separadas dos homens e outro, geral. Para isso, o trabalho é desenvolvido por mim, que
sou a regente e por um assistente que é, também, pianista. Ele se ocupa dos ensaios dos naipes
masculinos e, nos ensaios gerais e apresentações, acompanha o coro ao piano.
RH – Esses ensaios acontecem durante o expediente?
BDL – Sempre sugiro, no mínimo, dois encontros semanais de uma hora e meia. Dois ensaios de uma hora
são bem mais produtivos do que um ensaio de duas horas. Uma prática bastante comum é o ensaio no
horário do almoço, dentro do próprio local de trabalho por uma questão de praticidade. Neste caso, o
funcionário cede meia hora do almoço e é dispensado pela empresa para o restante do tempo de
ensaio.
RH – Como as técnicas de canto são aplicadas para melhorar a saúde do trabalhador?
BDL – A preparação para o ensaio consiste em exercícios de relaxamento, respiração e aquecimento
vocal. O relaxamento visa "desligar" a pessoa do cotidiano e prepará-la para a técnica vocal – exercícios
de respiração e vocalizes, que é ministrada em grupo. Os reflexos serão sentidos no dia-a-dia do
profissional. A reeducação respiratória e a colocação correta da voz têm como resultados melhoras
sensíveis no todo do indivíduo, ou seja, saúde vocal e respiratória, postura etc. Uma curiosidade: é
muito comum encontrar ex-fumantes nos coros, estimulados a desistir do fumo em função do canto.
RH – Como tem sido a aceitação dos funcionários em relação à sua proposta?
BDL – Não tenho dados concretos de pesquisa junto às empresas que trabalham com coral, mas tenho
um levantamento informal com meus colegas que também são regentes de coros de empresas e
levantamos que a adesão ao coral varia entre 2 a 10% dos funcionários, dependendo do nível cultural.
Em geral, há maior procura por parte das mulheres. A cada apresentação, e justamente motivados por
ela, novos integrantes aderem ao coral.
Palavras-chave: | estresse | canto | coral |

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