Você está na página 1de 19

ESTUDO DOS POSSÍVEIS IMPACTOS DO RUÍDO NA SAÚDE DOS

TRABALHADORES EM UMA FÁBRICA DE BLOCOS DE CONCRETO


NO ESTADO DE RONDÔNIA

Resumo
Nas indústrias que fornecem insumos para a construção civil existem diversos fatores que podem gerar
danos à saúde do trabalhador. Dentre eles, as doenças relacionadas ao ruído são bastante frequente e sua
constante exposição pode produzir diversos efeitos no organismo. O presente estudo teve como objetivo
realizar uma pesquisa acerca da exposição ao ruído pelos trabalhadores de uma fábrica de blocos de
concreto e as doenças que podem está ocorrendo em decorrência dessa exposição. A fábrica em questão
possui níveis de ruído em torno de 95dB, o que justifica a intenção desse estudo. O método utilizado
baseou-se por meio de avaliação in loco, análises de documentos cedidos pela empresa e na aplicação
de um questionário. A avaliação dos funcionários possibilitou quantificar os principais sintomas
decorrentes da exposição ao ruído, sendo o fator estresse considerado o mais recorrente. Contudo, de
modo geral foi constatado que as medidas preventivas adotadas na empresa se comprovaram eficazes,
permitindo inferir que o ruído tem gerado um impacto mínimo ou com pouca relação na saúde dos
trabalhadores. Assim, a empresa vem obtendo êxito na qualidade de vida e no bem estar de seus
empregados.

Palavras-chave: Ruído; Doenças; Fábrica.

1 INTRODUÇÃO
O conceito de trabalho, segundo BORGES e GHISI (2016), existe desde os princípios
da civilização e foi por causa dele que os seres humanos progrediram e conseguiram alcançar
seu nível atual de desenvolvimento. Por meio do trabalho as pessoas adquirem conhecimentos,
riquezas materiais, satisfação pessoal e desenvolvimento econômico.
Para SAVI (2012) o trabalho é um relevante aspecto para a vida do homem, sendo nele
que uma infinidade de pessoas ocupa uma porção do seu tempo desenvolvendo suas atividades
laborais em organizações produtivas.
Nesse contexto de trabalho, encontra-se o ramo da construção civil, que é formada, de
acordo com MELLO, AMORIM e BANDEIRA (2009), por uma grande variedade de atividades
com diferentes graus de complexidade, conectadas entre si por uma grande variação de
produtos, com diferentes processos tecnológicos, associados a distintos tipos de necessidades.
Dela fazem parte as indústrias de tecnologia de última geração e capital intensivo, como de
cimento, siderurgia, química, e as diversas microempresas de serviços, estas com pequeno
conteúdo tecnológico.

¹ Estudante de pós-graduação em Engenharia e Segurança do Trabalho.


E-mail: georgehenrique9@hotmail.com
² Estudante de pós-graduação em Engenharia e Segurança do Trabalho.
E-mail: vanessa_engcivil@hotmail.com
2

Para SALGADO (2015), não é uma novidade que a construção civil acarrete vários tipos
de acidentes e doenças do trabalho. Os acidentes decorrentes do trabalho são mais vislumbrados
por possuírem um aspecto visual maior e instantâneo, contudo as doenças derivadas do trabalho
devem ser tratadas com a tanta relevância quanto os acidentes.
Os riscos ocupacionais nas indústrias são muitas das vezes correlacionados as máquinas
e equipamentos que são utilizados como parte da produção. Dessa forma, o grau de risco em
que um trabalhador está sujeito e os diversos fatores que podem gerar danos à saúde do
profissional são comumente associados à maquinaria e aos instrumentos de trabalho utilizados
nas indústrias. Na maioria das vezes é essencial que as máquinas estejam funcionando ao
mesmo tempo em que o funcionário pratica suas atividades. E muito dessas máquinas não
possuem tecnologias que reduzam o barulho excessivo, produzindo ruídos acima do
permissível.
Ainda de acordo com SALGADO (2015), existe uma grande diversidade de indústrias
que fornecem insumos para os variados tipos de construções. Essas indústrias também podem
acarretar à ocorrência de acidentes e doenças decorrentes do trabalho. Dentre elas, as doenças
auditivas são bastante frequentes nesse ramo e geram, muitas vezes, perdas auditivas
irreversíveis.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define que não é somente a ausência de
doenças ou enfermidades e sim um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Vale
destacar que a Constituição Federal Brasileira (1988) em seu Artigo 196 traz que “A saúde é
direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações
e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Nesse contexto, verifica-se a
necessidade de observar o que traz as Normas Regulamentadoras (NRs) que ditam diretrizes
básicas para promoção e proteção da saúde e segurança do trabalho, que são de observância
obrigatória para todas as empresas com trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT).
De acordo com a convenção Nº 148 da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
em seu Artigo 3º, alínea b, “o termo ruído compreende qualquer som que possa provocar uma
perda de audição ou ser nocivo à saúde ou contenha qualquer outro tipo de perigo”.
O ruído constitui um perigo à saúde das pessoas, pois pode produzir um estresse físico
e psicológico. Nesse contexto, nenhuma pessoa está inume ao estresse, pois diversas vezes pode
parecer que se está acostumado com o ruído, sendo na verdade que o ouvido nunca se fecha de

[Digite texto]
3

fato, até mesmo quando se está dormindo o corpo permanece respondendo aos estímulos, de
acordo com KWITKO apud SAVI (2012).
Já segundo TUFFI apud SAVI (2012) o ruído ou barulho pode ser caracterizado como
todo som desagradável que é encontrado no ambiente no cotidiano, como nas casas, bairro,
cidade, local de trabalho e lazer. Podem-se encontrar ruídos prejudiciais à saúde em alguns
locais de trabalho. Vale destacar, ainda de acordo com o mesmo autor, que o ruído atinge o
organismo das pessoas por meio de “ondas de energia”, que são percebidas através da audição
ou, ainda, por meio de vibrações do corpo, afetando geralmente o ouvido interno, prejudicando
as células que captam os sons que são transmitidos ao nervo auditivo e levados ao cérebro, onde
eles são decifrados.
O ruído é um dos riscos que pode ocasionar diversos problemas na saúde do trabalhador
sem que ele perceba os seus sintomas de imediato. É bastante comum que a sua constante
exposição acabe se tornando um hábito para o trabalhador, o que gradativamente gera um
excesso de confiança e uma atenção menos rigorosa a sua saúde.
A audição é considerada como um dos sistemas mais sensíveis e complexos do
organismo dos seres humanos. A ciência vem investindo cada vez mais no estudo deste sistema,
proporcionando, atualmente, um diagnóstico precoce de muitas alterações auditivas,
viabilizando intervenções terapêuticas cada vez mais eficientes. (SAVI, 2012)
GERGES apud SAVI (2012) considera que a orelha é um sistema sensível, complexo e
discriminativo. É de fundamental importância que sejam incorporados tópicos indicados para
que se mantenha íntegra a audição proporcionando que a pessoa não seja privada de sua relação
com o mundo dos sons. Os danos causados à saúde por ruídos dependem de vários fatores e um
deles é a intensa exposição a ele (SAVI, 2012).
Para SAVI (2012) “a deficiência auditiva traz muitas limitações para o desenvolvimento
do indivíduo, tendo como uma das problemáticas a diminuição da capacidade de percepção de
sons, limitando ou impedindo seu portador de desempenhar plenamente seu papel na
sociedade”.
A percepção do ruído e seus impactos no organismo variam de pessoa para pessoa.
Fatores como a frequência, intensidade e a forma com que ela é absorvida pode variar de acordo
com as peculiaridades de cada indivíduo. Dessa maneira, pessoas que estão no mesmo ambiente
de trabalho e que são atingidas por uma mesma fonte de ruído, absorvem e sentem o impacto
de forma completamente diferente umas das outras. A idade, o estado emocional e o tipo físico
são um dos aspectos que estabelecem a dimensão que o ruído irá impactar no individuo.

[Digite texto]
4

Contudo, é importante frisar que mesmo esse impacto sendo absorvido de maior ou menor
intensidade, não isenta o desconforto e os sintomas causados pelo ruído.
SILVA (2015) traz que o ruído interfere de forma direta todos os funcionários que estão
expostos a ele, e que de modo geral, pode originar, entre outros, quadros de estresse, ansiedade,
nervosismo e perda auditiva, contribuindo dessa maneira para a redução da eficiência e da
qualidade no ambiente de trabalho.
A exposição ao ruído pode causar vários efeitos negativos ao organismo, entres eles:
distúrbios do sono, estresse, perda da capacidade auditiva, alterações de humor, irritabilidade,
aumento da frequência cardíaca, surdez, zumbido no ouvido, distúrbios digestivos, falta de
concentração, pressão alta, dor de cabeça, fadiga e alergias. Vale ressaltar que alguns deles
podem ser percebidos instantaneamente, como dores de cabeça, outros, porém, ocorrem sem
ser notados, como a perda auditiva.
Para BRAGA apud TAKAHASHI (2014), o valor limite que os tímpanos conseguem
suportar sob pena de rompimento é de 140dB, já o desconforto acústico, com danos ao
organismo humano, começa a ser sentido a partir dos 90dB. O ruído excessivo causa
interferência no humor, alterações na concentração, perda de apetite e fadiga auditiva. Podem-
se destacar também outros os efeitos danosos aos seres humanos como perda auditiva, que pode
ser temporária ou permanente, interferência da fala, perturbação do sono, estresse e hipertensão.
GUIMARÃES (2016) traz que agentes físicos e químicos são exemplos de riscos
ocupacionais, que podem ser chamados também de estressores ambientais e são observados em
diversos locais de trabalho, durante a atividade funcional. Esses estressores ambientais
modificam o desempenho de todo o organismo e do sono, aumentam a sensibilidade em relação
à organização do ambiente de trabalho, agravando por consequência o risco de acidentes de
trabalho, além de propiciar outros efeitos sobre a saúde e o bem-estar do trabalhador.
Ainda de acordo com GUIMARÃES (2016), os trabalhadores que estão expostos ao
ruído trazem reclamações de perda auditiva e zumbido, e outros sintomas, tais como cefaleia,
nervosismo e problemas estomacais. O ruído ainda pode causar a PAIR – Perda Auditiva
Induzida por ruído. Nesse contexto, além de vários problemas de saúde, os incômodos do ruído
poderão desencadear em acidentes de trabalho, mau humor, insônia, pressão alta, taquicardias,
entre outras. Sendo que mesmo ao se utilizar o equipamento de proteção individual, o corpo
humano ainda pode ser afetado negativamente por este elemento.
De acordo com ALMEIDA apud SILVA (2015), em sua grande maioria, o ruído nas
indústrias é causado por diversos fatores como máquinas e equipamentos e/ou processos de

[Digite texto]
5

produção ruidosos, que podem ser acentuados pela grande concentração de equipamentos com
altos índices de ruídos num mesmo ambiente ou pelo layout inadequado da fábrica.
Nesse contexto, as fábricas de blocos de concreto também são um tipo de ambiente de
trabalho que possuem altos índices de emissão de ruídos, pois suas máquinas geralmente são
vibro prensas hidráulicas de grande porte, que contribuem para essa emissão, afetando
diretamente seus funcionários e muitas vezes os arredores.
Com base no exposto, justifica-se a importância da pesquisa que será realizada acerca
da exposição ao ruído pelos trabalhadores de uma fábrica de blocos de concreto e as doenças
que podem ocorrer em decorrência dessa exposição. Esse trabalho, não terá como objeto de
estudo o PAIR – Perda Auditiva Induzida pelo Ruído, pois seriam necessários alguns exames
complementares, como a audiometria, os quais não foram disponibilizados pela empresa
estudada. Nesse sentido, serão estudados alguns dos problemas que podem ser originados pela
exposição ao ruído, os quais serão descritos posteriormente.
(AS FONTES DESSE PARAGRAFO E DO PROXIMO, NA METODOLOGIA
ESTÃO DIFERENTES)
2 METODOLOGIA
Neste trabalho foi desenvolvida uma pesquisa do tipo descritiva, realizada em uma
empresa de fabricação de blocos de concreto no Estado de Rondônia que possui atualmente 18
empregados. A escolha da empresa ocorreu pelo fato dela ter como característica os altos níveis
de ruídos emitidos durante a produção de seus produtos.
Por meio da avaliação in loco e das análises cedidas pela empresa que foram obtidas
através do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), foi possível identificar e
dividir a empresa em três grupos homogêneos de exposição, sendo eles: administrativo,
paletização e produção, conforme descritos abaixo:
a) Administrativo: Foram considerados do grupo administrativo 4 pessoas, entre elas: 2
que ficam diretamente no escritório, 1 que é auxiliar de serviços gerais e 1 motorista de
caminhão munck. Foram considerados esses dois últimos dentro do setor
administrativo, pois não possuía outro grupo homogêneo de exposição específico para
essas funções e eles não ficam diretamente no setor da produção ou da paletização,
somente transitam por esses setores eventualmente.
b) Paletização: Foram considerados do grupo da paletização os funcionários que estão
diretamente efetuando os serviços de paletizar os materiais fabricados. Esse grupo é
formado por 5 funcionários.
c) Produção: Foram considerados do grupo da produção os funcionários que estão
diretamente produzindo os materiais. Esse grupo é o que fica mais próximo das
máquinas causadoras dos ruídos excessivos. Esse grupo também é formado por 5
funcionários.
Esse estudo consistiu na realização de entrevistas com os empregados da empresa para
levantamento de dados sobre o tema proposto. O questionário foi aplicado no dia 28 de

[Digite texto]
6

novembro de 2018 e foi composto de 46 (quarenta e seis) perguntas, sendo majoritariamente


do tipo objetiva. Para uma melhor confiabilidade e veracidade das respostas, as entrevistas
foram feitas individualmente, contando somente com o entrevistador e o entrevistado na sala,
para que não ocorresse nenhum tipo de intimidação, visto que a entrevista foi feita na própria
fábrica, durante o expediente de trabalho.
O questionário foi composto por questões como: idade, gênero, grau de escolaridade,
tempo de trabalho na empresa, setor que trabalha na empresa, se sente algum sintoma (ou todos)
decorrentes da exposição ao ruído como tontura, insônia, zumbido nos ouvidos, dores de
cabeça, falta de atenção para realização das tarefas do trabalho, entre outros sintomas. Foi
indagado também se usa o protetor auricular, qual o tipo de protetor auricular utilizado, se
recebeu algum tipo de treinamento para uso do protetor auricular, entre outras perguntas.
Apesar de possuir 18 empregados, foram realizadas somente 15 entrevistas, visto que
no dia da entrevista 1 funcionário estava de férias e os outros 2 são vendedores externos e não
ficam, portanto, expostos aos ruídos excessivos.
Vale destacar que, visto o baixo nível de escolaridade da maioria dos trabalhadores
entrevistados, o qual poderia causar dificuldades na compreensão das questões elaboradas, as
perguntas foram realizadas de forma oral com anotações no caderno de entrevistas.
Com o término do questionário, foram feitos gráficos e tabelas com os resultados, que
serão explanadas nos próximos tópicos.

3 DESENVOLVIMENTO
A empresa estudada possui níveis de ruído em torno de 95dB, de acordo com medições
realizadas anualmente para atualização do PPRA – Programa de Prevenção de Riscos
Ocupacionais. De acordo com a NR-15, em seu Anexo I, o limite de tolerância para ruído
contínuo ou intermitente é de 85dB para uma jornada de trabalho de 8 horas diárias. Desse
modo, justifica a intenção de fazer um estudo sobre os sintomas que os funcionários podem
estar sentido pela exposição ocupacional.
Vale destacar que dentre as medidas preventivas adotadas na empresa está a utilização
de abafadores do tipo concha que possuem NRRsf (nível de redução de ruído) de 21dB, assim
como abafadores do tipo plug, com NRRsf de 17dB. Outra medida preventiva é realização anual
de exames de audiometria em todos os empregados para comprovar possíveis mudanças na
audição que podem estar relacionadas ao ruído presente no ambiente de trabalho.
Com a realização da entrevista, pôde-se obter que os funcionários da empresa são na
grande maioria homens, sendo um total de 13 homens e 2 mulheres entrevistadas. Quando ao
intervalo de idade deles, ficou da seguinte maneira: 13,33% tem idade entre 18 a 24 anos;
33,33% tem idade entre 25 a 34 anos; 46,67% tem idade entre 35 a 44 anos, 6,67% tem idade
entre 44 a 54 anos e nenhuma pessoa apresentou idade superior a 55anos.

[Digite texto]
7

Quanto ao tempo de trabalho na empresa, 13,33% trabalham a até 1 ano na empresa;


6,67% de 1 a 2 anos; 13,33% de 2 a 3 anos; 20% de 3 a 4 anos; 13,33% de 4 a 5 anos; 6,67%
de 5 a 6 anos e 26,67% a mais de 6 anos.
Com relação ao nível de escolaridade, 20% possuem nível fundamental incompleto,
20% possuem nível fundamental completo, 46,67% possuem nível médio completo e 13,33%
possuem nível superior completo.
Nos setores da produção e da paletização todos indicaram que estão expostos aos
equipamentos que fazem muito barulho e que trabalham diretamente com eles. Já no setor
administrativo, 80% ficam expostos a equipamentos que emitem muito barulho e 40%
trabalham diretamente com esses equipamentos.
O Gráfico 01 traz a classificação do ruído em alto, médio ou baixo, de acordo com o
que os funcionários consideraram, para cada setor. E o Gráfico 02 demonstra quanto à
exposição diária ao ruído e se eles sentem algum tipo de mal estar após a sua exposição:

Gráfico 01: Níveis de ruído considerados pelos funcionários.


6
Quantidade de funcionários

3 Alto

2 Médio
Baixo
1

0
Produção Paletização Administrativo
Setores

Fonte: o autor, 2018


Pode-se perceber, de acordo com o Gráfico 01, que 100% dos funcionários da produção,
60% dos funcionários da paletização e também 60% dos funcionários do setor administrativo
consideraram o ruído no seu local de trabalho alto, 40% dos funcionários da paletização e 10%
dos funcionários do setor administrativo consideraram o ruído médio e 10% dos funcionários
do setor administrativo consideraram o ruído baixo.
Vale destacar, conforme mencionado anteriormente, a empresa possui níveis de ruído
em torno de 95dB, no setor da produção, de acordo com medições realizadas anualmente para
atualização do PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ocupacionais.

[Digite texto]
8

Gráfico 02: Frequência de exposição ao ruído e sua percepção no organismo.


6

5
Quantidade de funcionários

3
Produção
Paletização
2
Administrativo
1

0
Está exposto Não está exposto Sente mal estar Não sente mal
todos os dias todos os dias após a exposição estar após a
ao ruído exposição ao
ruído
Fonte: o autor, 2018
Como demonstra o Gráfico 02, 86,67% responderam que estão expostos todos os dias
ao ruído e 13,33% não estão, sendo que neste último caso, composto por funcionários que
pertencem ao setor de paletização e do administrativo.
Ainda de acordo com o Gráfico 02, 60% dos funcionários da produção, 40% dos da
paletização e 20% dos do setor administrativo afirmam que sentem algum tipo de mal estar após
a exposição ao ruído. Quando perguntados qual tipo de mal estar eles sentem, as respostas
obtidas foram, entre outras, estresse, dores de cabeça e zumbido.
Quanto ao uso do protetor auricular, 93,33% responderam que usam esse equipamento
de proteção individual sempre que expostos ao barulho das máquinas e os 6,67% responderam
que quase sempre usam esse equipamento de proteção quando expostos ao barulho das
máquinas. Vale destacar que o funcionário que respondeu “quase sempre” faz parte do setor
administrativo, o qual não está todo tempo em contato direto com os equipamentos com altas
emissões de ruídos. Dessa maneira, pode ser esse o motivo que faz com que se esqueça de
utilizar o abafador quando está exposto ao ruído. Nenhum deles respondeu que nunca utiliza o
protetor auricular.
Os tipos de protetores auriculares utilizados podem ser visualizados no gráfico 03,
separados pelos setores. A empresa faz uso de dois tipos de protetores auditivos: o concha (que
envolve toda a parte externa da orelha) e o plug (que é inserido no canal auditivo).

[Digite texto]
9

Gráfico 02: Tipos de protetores auditivos utilizados pelos trabalhadores da empresa.


6

5
Quantidade de funcionários
4

3 Concha
Plug
2
Ambos
1

0
Produção Paletização Administrativo
Setores

Fonte: o autor, 2018


Como expresso no Gráfico 03, no setor da produção, onde o ruído é mais expressivo,
60% dos funcionários utilizam os dois tipos de abafadores concomitantemente. Já na parte da
paletização, apenas 20% que têm a necessidade de utilizar ambos os abafadores. Todos os
demais funcionários desses dois setores utilizam somente o abafador tipo concha, sendo que
nenhum deles utiliza apenas o abafador tipo plug.
Ainda de acordo com este último gráfico, no setor administrativo, como o ruído é menor,
40% fazem uso somente do abafador tipo plug e o restante somente do tipo cocha, não há a
necessidade de nenhum funcionário utilizar os dois tipos de protetores ao mesmo tempo neste
setor.
Ao serem questionados se consideram ou não o protetor auricular incômodo, foi obtido,
no setor da paletização, a maior porcentagem de pessoas que o consideraram incômodo (80%)
e no setor da produção, somente 20% o consideraram incômodo. Todos os demais afirmaram
que não é incômodo o abafador que utilizam.
De acordo com o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) da
empresa, o exame audiométrico deve ser realizado na contratação, no periódico (anualmente) e
na demissão. Por esse motivo foi questionado se eles já fizeram esse tipo de exame pela empresa
e se houve algum tipo de alteração, conforme ilustrado no Gráfico 04.

[Digite texto]
10

Gráfico 03: Resultados encontrados sobre a realização do exame de


audiometria e se houve algum tipo de alteração.
6

5
Quantidade de funcionários

3 Produção

Paletização
2
Administrativo
1

Sim Não Sim Não

Se realizaou o exame de Audiometria Se houve alteração no exame

Fonte: o autor, 2018


Como demostra o Gráfico 04, todos os funcionários entrevistados realizaram o exame
audiométrico pela empresa. Pode-se constatar que 33,33% já tiveram algum tipo de alteração
no exame, sendo eles 2 (13,33%) funcionários da produção, 2 (13,33%) da paletização e 1
(6,67%) do setor administrativo. Aos serem questionados sobre quais os tipos de alterações que
foram constatadas pelo exame, eles não souberam explicar claramente o problema apresentado.
O Gráfico 05 traz os sintomas pesquisado nos funcionários em questão, a saber: dor de
ouvido, zumbindo, dor de cabeça, tontura, dificuldade de dormir, estresse/irritação e
desconcentração.

[Digite texto]
11

Gráfico 04: Resultados obtidos sobre a ocorrência ou não dos sintomas citados.
6

4
Quantidade de funcionários

3 Produção

Paletização
2
Administrativo

0
sim sim sim sim sim sim sim

Dor de ouvido Zumbido Dor de cabeça Tontura Dificuldade de Estresse/Irritação Desconcentração


dormir

Fonte: o autor, 2018


Conforme traz o Gráfico 05, o setor da produção foi o que mais apresentou os sintomas
estudados, representando um total de 45,83% entre as respostas afirmativas, sendo o restante
dividido entre paletização (41,67%) e administrativo (12,50%). Para o total das respostas
negativas, foi obtido o seguinte: produção 29,63%, paletização ficou com 30,86% e o
administrativo ficou com 39,51%.
Ao comparar as respostas negativas e positivas entre cada setor, obtiveram-se as
seguintes porcentagens: para o setor da produção, 31,43% de respostas positivas e 68,57% de
respostas negativas; para o setor da paletização, 28,57% de respostas positivas e 71,43% de
respostas negativas; e para o setor administrativo, 8,57% e 91,43% de respostas positivas e
negativas, respectivamente.
Comparando entre os sintomas pesquisados, tem-se o adiante exposto: dor de ouvido
(0%), zumbido (16,67%), dor de cabeça (16,67%), tontura (8,33%), dificuldade de dormir
(8,33%), estresse/irritação (37,50%) e desconcentração (12,50%). Apresentando dessa forma,
o estresse/irritação com o maior percentual de todos, sendo maior que o dobro do valor dos
sintomas que ficaram em segundo lugar (zumbido e dor de cabeça).
As porcentagens obtidas, para as respostas afirmativas, para cada sintoma de acordo
com o grupo de exposição estudado, ainda de acordo com o Gráfico 05, foram as seguintes:
 Dor de ouvido: Nenhum funcionário apresentou este sintoma;
 Zumbido: Produção (25%), paletização (50%) e administrativo (25%);
 Dor de cabeça: Produção (50%), paletização (25%) e administrativo (25%);

[Digite texto]
12

 Tontura: Produção (50%) e paletização (50%);


 Dificuldade de dormir: Produção (50%) e paletização (50%);
 Estresse/Irritação: Produção (55,55%), paletização (33,33%) e administrativo
(11,11%); e
 Desconcentração: Produção (33,33%) e paletização (66,66%).
O Gráfico 06, demostra, para os que responderam “sim” nas perguntas do Gráfico 05,
se eles consideram ou não que esses sintomas estão relacionados diretamente ao ruído ou
possuem outras causas (que não serão estudadas neste trabalho).

Gráfico 05: Respostas encontradas sobre a relação dos sintomas


pesquisados com a exposição ao ruído.
5

4
Quantidade de funcionários

Produção

2 Paletização

Administrativo

0
sim não sim não sim não sim não sim não sim não

Zumbido Dor de cabeça Tontura Dificuldade de Estresse/Irritação Desconcentração


dormir

Fonte: o autor, 2018


Conforme expostos nos Gráficos 05 e 06, dos 45,83% de respostas afirmativas do setor
da produção para os sintomas estudados, 72,73% consideram que os sintomas estão diretamente
relacionados ao ruído; para o setor da paletização, dos 41,67% que possuem os sintomas, 60,0%
consideram que os sintomas têm ligação com a exposição ao ruído; já no setor administrativo,
dos 12,50% que apresentam os sintomas, somente 33,33% consideram que está relacionado
diretamente ao ruído.
Dessa forma, os que não consideraram que os sintomas apresentados estão relacionados
ao ruído, são: da produção (27,27%), da paletização (40,0%) e do administrativo (66,67%).
Comparando entre os sintomas pesquisados, os que consideram que estão diretamente
ligados com a exposição ao ruído, tem-se o seguinte: zumbido (13,33%), dor de cabeça

[Digite texto]
13

(13,33%), tontura (6,67%), dificuldade de dormir (0%), estresse/irritação (46,67%) e


desconcentração (20,0%). Apresentando dessa forma, o estresse/irritação com o maior
percentual de todos, sendo maior que o dobro do valor do sintoma que ficou em segundo lugar
(desconcentração).
Comparando individualmente cada sintoma, entre os que consideram ou não que este
está relacionado com o ruído, tivemos o seguinte: para o zumbido (50% sim e 50% não); para
a dor de cabeça (50% sim e 50% não); para a tontura (50% sim e 50% não); para a dificuldade
de dormir (100% não); para o estresse/irritação (77,78% sim e 22,22% não) e para a
desconcentração (100% sim).
Em uma pergunta aberta, foi questionado se eles sentiam algum outro tipo de sintoma
que não tenha sido citado na pesquisa e que possivelmente estivesse relacionado ao ruído e a
resposta obtida para todos foi negativa.
Em pesquisa realizada por TUFFI (2004), os efeitos mais citados foram ansiedade
(55%), perda de atenção (37%), dor de cabeça (36,5%) e insônia (28,7%), ainda que a literatura
faça referência a diversas outras alterações. (SAVI, 2002)
Ao comparar com o estudo de TUFFI, as porcentagens encontradas no presente estudo
ficaram bem abaixo daquelas encontradas por ele. Vale destacar que não foi abordada a
ansiedade na nossa entrevista. E, como já citado, a perda de atenção (no nosso abordado como
desconcentração) foi obtido um total de 20,0%, a dor de cabeça ficou em 13,33% e para a
insônia (no nosso levantado como dificuldade de dormir) não foi obtido nenhum valor.
Ainda de acordo com o mesmo gráfico, as respostas afirmativas para os funcionários
que consideraram que os sintomas apresentados estão diretamente relacionados à exposição ao
ruído, em porcentagem, foram as seguintes:
 Zumbido: Produção (50%) e administrativo (50%);
 Dor de cabeça: Produção (50%) e paletização (50%);
 Tontura: Produção (100%);
 Dificuldade de dormir: Nenhum funcionário considerou esta opção;
 Estresse/Irritação: Produção (57,14%) e paletização (42,86%); e
 Desconcentração: Produção (33,33%) e paletização (66,66%).
Já o estudo realizado por GUIMARÃES (2016) fez a análise dos ruídos provenientes de
máquinas injetoras no Polo Industrial de Manaus, tomando como base seus levantamentos, os
distúrbios apresentados pela autora como originados da exposição a ruídos intensos são:
alteração significativa do humor, redução da capacidade de concentração e de observação de

[Digite texto]
14

sinais de alerta, tanto dentro quanto fora do ambiente de trabalho, interferências no


metabolismo, riscos de distúrbios cardiovasculares, impotência sexual, alterações no sono,
irritabilidade, cansaço, perda de produtividade, respiração alterada, produção alterada de ácidos
gástricos, má digestão, dores de cabeça, náuseas, músculos tensos, fadigas física e mental
generalizadas e distúrbios de comunicação.
RAMAZZINI apud SAVI (2002) classificou os sintomas relacionados à exposição ao
excesso de ruído em: ordem auditiva e/ou extra-auditiva, que irão depender das características
do risco, da exposição e do próprio indivíduo. Como efeitos auditivos foi elencado pelo referido
autor o zumbido (como sintoma mais frequente), a perda auditiva e as dificuldades na
compreensão da fala. E como efeitos extra-auditivos, foram destacadas as alterações do sono e
transtornos da comunicação, problemas neurológicos, vestibulares, digestivos,
comportamentais, cardiovasculares e hormonais.
Ao comparar esse estudo como o estudo de RAMAZZINI, alguns sintomas abordados
por este não foram levantados no nosso estudo visto à dificuldade para obter resultados
comprobatórios, pois não tivemos acesso aos exames dos funcionários. E características como
problemas neurológicos, cardiovasculares e hormonais são impossíveis de provar sem os
referidos exames específicos.
Ainda comparando com este autor, que obteve o zumbido como sintoma mais frequente,
em nossa pesquisa, o zumbido ficou em 3º lugar empatado com a dor de cabeça, conforme já
citado. Vale destacar que não tivemos acesso ao resultado da pesquisa de RAMAZZINI com as
devidas porcentagens.
A Tabela 01 traz outras perguntas consideradas relevantes para o estudo e suas respostas,
divididas por setor e representadas pela quantidade de funcionários que responderam “sim” ou
“não” e suas respectivas porcentagens totais:

Tabela 01: Questionário da Entrevista

[Digite texto]
15

Setores Total
Perguntas realizadas Respostas Número de
Produção Paletização Administrativo %
Funcionários
1. Se consideram o abafador utilizado incômodo Sim 1 4 - 5 33,33%
Não 4 1 5 10 66,67%
2. Se consideram difícil de ouvir sinais de alerta quando Sim 1 2 1 4 26,67%
estão usando o abafador Não 4 3 4 11 73,33%
3. Se sentem-se incomodados com o ruído mesmo usando o Sim - 3 3 6 40,00%
abafador Não 5 2 2 9 60,00%
4. Se consideram que ouvem bem Sim 5 5 5 15 100,00%
Não - - - 0 0,00%
5. Se entendem bem o que as pessoas falam Sim 5 5 5 15 100,00%
Não - - - 0 0,00%
6. Se o ruído do local de trabalho os deixam Sim 2 3 1 6 40,00%
desconfortáveis Não 3 2 4 9 60,00%
7. Se sentem que o desempenho profissional é afetado pelos Sim 3 4 - 7 46,67%
efeitos do ruído Não 2 1 5 8 53,33%
8. Se têm dificuldades de se comunicar, durante a jornada Sim 3 3 - 6 40,00%
de trabalho, devido ao ruído Não 2 2 5 9 60,00%
9. Se acreditam que a exposição ao ruído alto pode Sim 5 4 4 13 86,67%
prejudicar a sua audição Não - 1 1 2 13,33%
10. Se eles têm preocupação com os impactos que o ruído Sim 3 5 5 13 86,67%
pode causar em sua saúde Não 2 - - 2 13,33%
11. Se eles perceberam alguma mudança na audição desde Sim 2 2 - 4 26,67%
que iniciaram os trabalhos na empresa Não 3 3 5 11 73,33%
12. Se trocariam o local de trabalho atual por um menos Sim 3 5 4 12 80,00%
ruidoso se fosse possível Não 2 - 1 3 20,00%
13. Se acreditam que com o passar do tempo os ouvidos já Sim 3 4 2 9 60,00%
se acostumaram com o ruído e não são mais prejudicados Não 2 1 3 6 40,00%
14. Se acreditam que podem trabalhar expostos ao ruído sem Sim 2 1 1 4 26,67%
que isso cause danos a audição Não 3 4 4 11 73,33%
15. Se acreditam que somente usar o abafador protege Sim 2 - 2 4 26,67%
contra todos os danos causados pelo ruído Não 3 5 3 11 73,33%

Fonte: o autor, 2018

De acordo com o exposto na Tabela 01, pode-se destacar que 66,67% dos funcionários
não consideram o abafador utilizado incômodo, 73,33% deles afirmam não possuir dificuldade
de ouvir sinais de alerta emitidos por outras pessoas ou máquinas, mesmo quando estão fazendo
uso do protetor auditivo.
Já um percentual de 40% deles considerou que se sentem incomodados com o ruído
proveniente das máquinas, mesmo quando estão utilizando o abafador e todos eles
consideraram que ouvem e entendem bem o que as pessoas falam. O mesmo percentual de 40%
foi obtido para os que se sentem desconfortáveis no local de trabalho e os que julgaram possuir
dificuldades para se comunicar durante a jornada, ambos devido ao ruído.
Quase metade dos funcionários (46,67%) afirmou que o desempenho profissional é
afetado diretamente pelos efeitos do ruído sendo que possivelmente eles produziriam mais num
ambiente em que não apresentasse essas condições.
A maioria dos funcionários (60%) afirmou que não possui dificuldades de se comunicar
durante a jornada de trabalho, mesmo com a presença do ruído das máquinas. E uma grande
parcela deles (86,67%) acredita que a exposição a esses ruídos intensos podem prejudicar a sua

[Digite texto]
16

audição, sendo essa mesma porcentagem que afirma ter preocupação com os impactos que o
ruído pode causar para sua saúde de um modo geral.
Um total de 73,33% deles afirma que não perceberam nenhum tipo de mudança na
audição desde que iniciaram os trabalhos na empresa, isso pode ocorrer pelo fato de que alguns
tipos de problemas, principalmente a perda auditiva induzida por ruído, pode levar muitos anos
para ser adquirida, não sendo, portanto, algo que ocorre repentinamente. Ao serem questionados
se trocariam o local de trabalho por um que emitisse menores níveis de ruído, 80% deles
responderam de forma afirmativa.
Mais da metade dos funcionários (60%) acreditam que com o passar do tempo os
ouvidos já estão acostumados com o ruído o qual estão expostos e não são mais prejudicados.
Já 73,33% deles não acreditam que podem trabalhar expostos ao ruído sem que isso cause danos
em sua audição, com essa pergunta, observou-se certa contradição com a pergunta anterior,
podendo ter sido o caso de eles não terem compreendido direito uma dessas perguntas.
A mesma quantidade de entrevistados (73,33%) considerou que somente usar o protetor
auricular não protegeria contra todos os danos causados pelo ruído.

4 CONCLUSÃO
Através da avaliação dos funcionários de uma empresa de fabricação de blocos de
concreto do Estado de Rondônia, buscou-se encontrar os principais sintomas que são atribuídos
aos impactos do ruído no corpo humano.
A empresa estudada apresenta máquinas que produzem ruídos acima dos limites de
tolerância e a maioria dos empregados realizam seus trabalhos diretamente ou muito próximos
a elas, o que poderia estar causando danos que são nocivos à saúde, de maior ou menor
intensidade.
A aplicação do questionário se fez necessária para averiguar de forma objetiva e direta
a opinião dos próprios funcionários a respeito do ruído no local de trabalho e descobrir se
poderia estar influenciando de alguma forma no comportamento ou bem estar deles.
O questionário comprovou que a empresa realiza anualmente os exames de audiometria
e seus resultados apontam uma mudança mínima na audição de alguns poucos trabalhadores.
Sintomas característicos como dor de ouvido, zumbido, dor de cabeça, tontura, dificuldade pra
dormir e desconcentração apresentaram uma porcentagem relativamente baixa de queixas por
parte dos trabalhadores.
Em contrapartida, o estresse/irritação foi o que apresentou o maior numero de
reclamação e o que apresentou também maior relação, na opinião dos trabalhadores, como

[Digite texto]
17

consequência do ruído. Porém, é importante frisar que o fator estresse é um sintoma muito
relativo de se analisar e bastante comum em diversos tipos de trabalhos, inclusive em ambientes
onde o ruído é quase imperceptível.
É muito recorrente as pessoas se sentirem estressadas em seu ambiente de trabalho, mas
geralmente isso está mais relacionado ao desgaste físico e emocional que o trabalho exige. O
que por sua vez não exclui totalmente que outros fatores, como o ruído, não possam contribuir
para o aumento desse sintoma, mas é possível afirmar que ele não é uma causa direta e
exclusiva.
Ao analisar as porcentagens dos gráficos, foi possível também traçar uma relação do
nível de reclamações proporcional ao local onde os trabalhadores estão inseridos. O setor de
produção, local com níveis de ruído considerado mais alto, foi o que mais apresentou
reclamações e o onde os sintomas tiveram mais relação com o ruído na opinião dos
funcionários.
Diferente do setor administrativo que possui os níveis de ruído declarado menos ruidoso
e com uma porcentagem de queixa relativamente menor comparado aos outros setores da
empresa. Com isso, é admissível presumir que o nível de ruído em um ambiente de trabalho
influencia diretamente na forma como o individuo absorve e sente os impactos no seu corpo.
Outro fator a ser considerado é a confirmação de que todos os funcionários realizam
periodicamente o exame audiométrico concebido pela empresa. E dessa pesquisa foi possível
constatar que uma parcela pequena de funcionários, porém considerável, teve algum tipo de
alteração no exame.
Vale destacar que de todos os funcionários que confirmaram essas alterações, a grande
maioria pertencem aos setores que são considerados mais ruidosos, que são os de produção e
de paletização. Dessa maneira, é possível presumir que o ruído tem causado certo impacto
nesses indivíduos em uma intensidade menor e com pouca percepção.
Porém, deve ser levado em consideração que quase a metade dos funcionários tem idade
entre 35 a 45 anos e que a maior duração de tempo de serviço na fabrica são os que estão a mais
de seis anos na empresa. Logo, mesmo que o ruído fosse considerado um fator estressante, não
é um agravante que torna o trabalho na empresa algo intolerável ou que provoque a necessidade
de afastamento por um tempo prolongado de serviço.
Portanto, esta pesquisa pôde constatar que a referida empresa está realizando de forma
exemplar as principais medidas de segurança previstas nas Normas Regulamentadoras e com
isso vêm obtendo êxito na qualidade de vida e na saúde de seus empregados. Foram poucos os
que se queixaram dos impactos do ruído no seu bem estar físico e emocional.

[Digite texto]
18

Os exames de audiometria realizados periodicamente na empresa comprovam que as


alterações na audição dos empregados se mostraram mínimas e em sua grande maioria
inexistente. Não foram encontradas irregularidades que pudessem influenciar na pesquisa ou
mesmo mascarar eventuais problemas que poderiam ser levados em consideração no estudo.

[Digite texto]
19

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022/2003: Informação e


documentação - Artigo em publicação periódica técnica e/ou científica – Apresentação.

CARMO, Lívia Ismália Carneiro do. Efeitos do ruído ambiental no organismo humano e suas
manifestações auditivas. Goiânia-GO, 1999.

COELHO, Darlene Figueiredo Borges; GHISI, Bárbara Moreira. Acidentes de Trabalho na


construção civil em Rondônia. São Paulo: Blucher, 2016. 92p.

GUIMARÃES, Josinete da Rocha. Impactos dos ruídos em maquinas injetoras e métodos de


controle. Belém-PA, 2016.

MEDEIROS, Luana Bernardines. Ruído: Efeitos extra-auditivos no corpo humano. Porto


Alegre-RS, 1999.

MELLO, Luiz Carlos Brasil de Brito; AMORIM, Roberto Leusin de; BANDEIRA, Renata
Albergaria de Mello. Estudo sobre a construção civil no Brasil, Estados Unidos e União
Europeia: Comparações e propostas para o setor no Brasil. Salvador- BA, 2009.

SAVI, Robson Alexandre. Estudo de caso: Avaliação de níveis de ruído resultantes dos
trabalhos de beneficiamento final de mármore. Medianeira-PR, 2012.

SALGADO, Bárbara Banczysky. Avaliação dos níveis de ruído em uma fábrica de artefatos
de cimento. Curitiba-PR, 2015.

SILVA, Luís Augusto Dittrich. Avaliação dos níveis de ruído ocupacional do setor de
conversão de guardanapos em uma indústria de papel para uso doméstico e higiênico-
sanitário. Curitiba-PR, 2015.

TAKAHASHI, Sérgio. Análise de ruído conforme NR-15 em uma empresa metal mecânica.
Paraná.

Sites acessados e consultados:


https://www.senado.gov.br/noticias/jornal/cidadania/PoluicaoSonora/not03.htm. Acesso em
14/11/2018 as 07:48 horas.

Livro: SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO – Normas Regulamentadoras – NR’s


1 a 36, 78ª Edição, 2017. Editora Atlas LTDA, São Paulo-SP.
Obs.: Esse livro não tem um autor específico, e não encontrei como fazer essa referência, se
puder nos ajudar.

[Digite texto]

Você também pode gostar