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Considerações Sovbre Detalhamento de Estacas PDF
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Resumo
Este trabalho tem por objetivo apresentar considerações sobre o dimensionamento de blocos
de concreto armado sobre estacas por meio do método das bielas e tirantes. São mostradas
formulações para cálculo das forças internas em blocos de concreto sobre duas, três ou quatro
estacas. Valores limites para tensão nas bielas de concreto de diferentes tipos de nós no
conjunto bloco-estaca são listados e comparados aos das normas ABNT NBR 6118 (2014) e
DIN 1045 (2000) e dos estudos de BLÉVOT (1957) e de BLÉVOT e FRÉMY (1967).
Concluiu-se que a formulação de BLÉVOT e FRÉMY (1967) para tensão resistente máxima
de cálculo nas bielas de concreto é a mais conservadora entre as demais propostas.
Palavras-chave
Dimensionamento; Blocos sobre estacas; Forças internas; Armaduras internas; Método das
bielas e tirantes.
Introdução
BLÉVOT (1957) publicou resultados de um estudo preliminar sobre ensaios de blocos sobre 3
e 4 estacas de concreto armado com diferentes configurações de armadura interna, cujo
objetivo era definir experimentalmente a validade do método das bielas. Os resultados
mostraram que, para o método das bielas, a adoção do ângulo de inclinação da biela de
concreto com relação ao eixo horizontal do bloco (θ) próximo a 45o levou a coeficientes de
segurança adequados, enquanto ao se admitir θ diferente de 45o, coeficientes de segurança
reduzidos.
Mais tarde, BLÉVOT e FRÉMY (1967) publicaram os resultados finais sobre sua pesquisa,
que tratou também de ensaios de blocos sobre 2 estacas de concreto armado com diferentes
configurações de armadura interna. Foram feitas sugestões para o cálculo e o detalhamento
das armaduras dos blocos.
Atualmente esse conceito sobre bielas e tirantes continua sendo usado e pesquisado após as
contribuições de SCHLAICH (1988, 1989).
(cotas em cm)
blocos sobre 3 estacas
Verifica-se nessa figura que as bielas propostas por BLEVOT (1957) partem do semi-eixo do
pilar na região superior do bloco para cada estaca na região inferior do bloco, ao passo que as
bielas propostas por SCHLAICH (1988, 1989) iniciam-se a partir de toda a largura do pilar e
terminam em cada estaca. Por conta disto, há a formação de uma cunha comprimida na parte
superior do bloco na região próxima ao pilar, o que leva ao aumento da resistência do
concreto à compressão nesta região devido ao confinamento do concreto.
Constata-se que, para blocos iguais com mesmo carregamento, a tensão na biela de concreto
junto ao pilar, segundo a proposta de BLEVOT (1957), é maior que a proposta por
SCHLAICH (1988, 1989), pois a área de contato entre o bloco e o pilar na região de formação
das bielas de concreto, admitida por BLEVOT (1957) é menor que a adotada por SCHLAICH
(1988, 1989).
A partir dos resultados dos ensaios e com o uso de formulações, os autores determinaram, em
serviço e na ruptura, a relação (σcbpilar/fcm) entre a tensão calculada na biela junto ao pilar
(σcbpilar) e a resistência média do concreto à compressão a partir de cilindros de concreto (fcm).
A expressão da tensão σcbpilar (v. Equação 1), usada por BLÉVOT e FRÉMY (1967), supõe
que a seção transversal do pilar é subdividida em n sub-áreas iguais e que, do centro de cada
uma destas n sub-áreas, parte uma biela em direção a cada uma das n estacas. Essa
consideração não é exata, sendo apenas uma simplificação para a obtenção da inclinação da
biela.
N
σ cbpilar = (1)
S p .sen2θ
Nota-se que a maioria dos blocos (17 dos 28) apresentou ruptura da armadura interna, pois
σs ≥ fst. Os valores de σcbpilar foram superiores aos valores fcm na maioria dos blocos.
Figura 6 – Valores de tensão relativa na armadura interna e nas bielas de concreto junto
ao pilar dos blocos sobre estacas ensaiados por BLÉVOT e FÉRMY (1967)
com ruptura da armadura interna.
Os valores sugeridos por BLÉVOT e FÉRMY (1967) para σcb/fcm, no estado de utilização em
serviço, dos blocos sobre 2, 3 ou 4 estacas foram iguais a 0,60, 0,75 e 0,90, respectivamente.
Nos blocos sobre 2 estacas, o estado de tensões nas bielas se aproxima ao de um estado plano
de tensões, o que leva a um valor para σcb/fcm mais rigoroso.
Na região próxima do pilar, forma-se no bloco uma cunha comprimida bidimensional (estado
plano de tensões), para caso de 2 estacas, ou tridimensional (estado triplo de tensões), para
caso de 3 ou mais estacas. A resistência à compressão da cunha bidimensional é um pouco
maior que a resistência à compressão uniaxial do concreto, enquanto a da cunha
tridimensional, bem maior. Isto não foi explicado no trabalho de BLÉVOT e FRÉMY (1967).
A Figura 7 reúne os valores da tensão relativa σcbpilar/fcm oriundos dos ensaios de ruptura em
12 blocos sobre 2 estacas realizados por BLÉVOT e FRÉMY (1967), que apresentaram
ruptura das bielas de concreto. Nota-se que todos os blocos apresentaram tensão σcbpilar maior
ou igual ao valor de fcm. Recomendou-se, para em serviço, o valor de 0,6 para a tensão relativa
σcbpilar/fcm.
Figura 7 – Valores de tensão relativa nas bielas de concreto junto ao pilar dos blocos
sobre 2 estacas ensaiados por BLÉVOT e FÉRMY (1967) com ruptura da
biela de concreto.
Os valores de tensão relativa σcbpilar/fcm oriundos dos ensaios de ruptura em 43 blocos sobre 3
estacas ensaiados por BLÉVOT e FRÉMY (1967), que apresentaram ruptura das bielas de
concreto, podem ser vistos na Figura 8. Nota-se que todos os blocos apresentaram tensão
σcbpilar maior que 150% do valor de fcm. Recomendou-se, para em serviço, o valor de 0,75 para
a tensão relativa σcbpilar/fcm.
A Figura 9 mostra os valores de tensão relativa σcbpilar/fcm oriundos dos ensaios de ruptura em
56 blocos sobre 4 estacas ensaiados por BLÉVOT e FRÉMY (1967), que apresentaram
ruptura das bielas de concreto, podem ser vistos na. Nota-se que todos os blocos apresentaram
tensão σcbpilar maior que 150% do valor de fcm. Sugeriu-se, para em serviço, o valor de 0,90
para a tensão relativa σcbpilar/fcm.
Segundo a norma ABNT NBR 6118 (2014), os valores de tensão resistente máxima de
cálculo fcbdi na biela de concreto em verificações pelo método de bielas e tirantes são:
f cbd1 = 0 ,85α v 2 f cd (6)
para regiões com tensões de compressão transversal ou sem tensões de tração transversal e em
nós onde confluem somente bielas de compressão (nós CCC), onde αv2 = 1 - fck/250, com fck
(resistência característica do concreto à compressão) em MPa e fcd = fck / γc , sendo γc o
coeficiente de ponderação da resistência do concreto;
f cbd2 = 0 ,60α v 2 f cd (7)
para regiões com tensões de tração transversal e em nós onde confluem dois ou mais tirantes
tracionados (nós CTT ou TTT);
f cbd2 = 0 ,72α v 2 f cd (8)
para nós onde conflui um tirante tracionado (nós CCT).
Figura 8 – Valores de tensão relativa nas bielas de concreto junto ao pilar dos blocos
sobre 3 estacas ensaiados por BLÉVOT e FÉRMY (1967) com ruptura da
biela de concreto.
Figura 9 – Valores de tensão relativa nas bielas de concreto junto ao pilar dos blocos
sobre 4 estacas ensaiados por BLÉVOT e FÉRMY (1967) com ruptura da
biela de concreto.
No estudo de THOMAZ e CARNEIRO (2010), há sugestões (v. Equações 12 a 14) para
valores de tensão resistente máxima de cálculo, em verificações pelo método de bielas e
tirantes, oriundas da experiência profissional do primeiro autor deste trabalho.
f cbd1 = 1,00 f cd (12)
para regiões com tensões de compressão transversal ou sem tensões de tração transversal e em
nós onde confluem somente bielas de compressão (nós CCC);
f cbd2 = 0,60 f cd (13)
para regiões com tensões de tração transversal e em nós onde confluem dois ou mais tirantes
tracionados (nós CTT ou TTT);
f cbd2 = 0,75 f cd (14)
para nós onde conflui um tirante tracionado (nós CCT).
Nota-se dessa tabela que a formulação de BLÉVOT e FRÉMY (1967) conduz a valores de
tensão resistente máxima de cálculo na biela de concreto menores que os dos outros autores.
Também ressalta-se que o estudo de BLÉVOT e FRÉMY (1967) é o único que especifica
esses valores em função do número de estacas sob o bloco de concreto armado.
Conclusões
Referências