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Doença por vírus Ébola

A doença por vírus Ébola (DVE), também denominada no Brasil por doença por vírus ebola, é uma
doença que atinge seres humanos e outros mamíferos e que é provocada pelo ebolavírus. Os sintomas têm
início duas a três semanas após contrair o vírus, manifestando-se inicialmente por febre, garganta
inflamada, dores musculares e dores de cabeça. Estes sintomas são seguidos por vómitos, diarreia e rash
cutâneo, a par de insuficiência hepática e renal. Nesta fase, a pessoa infetada pode começar a ter
hemorragias, tanto internas como externas. Em caso de morte, esta geralmente ocorre entre 6 a 16 dias
após o início dos sintomas e na maior parte dos casos deve-se à diminuição da pressão arterial resultante
da perda de sangue.

O vírus pode ser adquirido através de contacto com o sangue ou outros fluidos biológicos de um ser
humano ou animal infetado. A transmissão por via aérea ainda não foi documentada em ambiente natural.
Acredita-se que o reservatório natural seja o morcego-da-fruta, o qual é capaz de propagar o vírus sem ser
afetado. Os humanos são infetados pelo contacto direto com os morcegos ou com animais que foram
infetados pelos morcegos. Uma vez estabelecida a infeção humana, a doença pode-se também disseminar
entre determinada população. Os sobreviventes do sexo masculino continuam a ser capazes de transmitir
a doença através do sémen durante cerca de dois meses. Para o diagnóstico de DVE, são primeiro
excluídas doenças com sintomas semelhantes, como a malária, cólera ou outras febres hemorrágicas
virais. Para confirmar o diagnóstico são examinadas amostras de sangue para a presença de anticorpos
virais, ARN viral ou do próprio vírus.

O controlo de um surto exige a coordenação entre vários serviços médicos, a par de um determinado nível
de envolvimento da comunidade. Entre os serviços médicos necessários estão a rápida deteção e
diagnóstico de pessoas de risco, rápido acesso a serviços de laboratório adequados, tratamento adequado
dos infetados e gestão adequada dos mortos através de cremação ou enterro. A prevenção passa por
diminuir o risco de propagação da doença entre animais infetados e seres humanos. Isto pode ser feito
através do uso de vestuário de proteção ao manusear carcaças de animais suspeitas ou garantindo que toda
a carne é plenamente cozinhada antes de ser consumida. Durante o contacto com pessoas com a doença,
deve também ser usado vestuário de proteção adequado e as mãos devem ser frequentemente lavadas. As
amostras de tecidos e fluidos corporais de pessoas infetadas devem ser manuseadas com especial
precaução.

Não está ainda disponível qualquer tratamento específico para a doença. Os cuidados de apoio envolvem
a terapia de reidratação oral(administração de água ligeiramente doce e salgada) ou terapia intravenosa,
sendo capazes de melhorar o prognóstico da doença. A doença apresenta elevado risco de morte, matando
entre 25% e 90% das pessoas infetadas, com média de 50%. A DVE foi identificada pela primeira vez
numa região do Sudão e no Zaire, atual República Democrática do Congo. A doença geralmente ocorre
em surtos em regiões tropicais da África subsariana.[3] Entre 1976, ano em que foi pela primeira vez
identificada, e 2013, a Organização Mundial de Saúde reportou um total de 1716 casos. O maior surto
verificado até hoje é o ainda decorrente surto de ébola na África Ocidental de 2014, que atualmente afeta
a Guiné-Conacri, a Serra Leoa e a Libéria. Estão em curso medidas para desenvolver uma vacina, embora
ainda não exista nenhuma.

Sinais e sintomas

Os sinais e sintomas do ébola geralmente têm início de forma súbita ao longo de um estágio inicial
semelhante à gripe e caracterizado por fadiga, febre, dor de cabeça e dores nas articulações, musculares e
abdominais. Vómitos, diarreia e anorexia são também sintomas comuns. Entre os sintomas menos
comuns estão a inflamação da garganta, dores no peito, soluços, falta de ar e dificuldade em engolir. Em
cerca de metade dos casos os pacientes apresentam exantema maculopapular.

O tempo médio entre o momento em que se contrai a infeção e a primeira manifestação de sintomas é de
entre 8 a 10 dias, mas pode ocorrer entre 2 e 21 dias. Os primeiros sintomas de DVE podem ser
semelhantes aos de malária, dengue ou outras doenças tropicais, antes da doença progredir para a fase
hemorrágica.

Fase hemorrágica

Todas as pessoas infetadas mostram sintomas do envolvimento do sistema circulatório, como


coagulopatia. Durante a fase hemorrágica, as primeiras hemorragias internas ou subcutâneas podem-se
manifestar através de olhos avermelhados ou pela presença de sangue no vómito. Em cerca de 40-50%
dos casos verificam-se relatos de hemorragias nas pregas da pele e das mucosas; por exemplo, no sistema
digestivo, nariz, vagina e gengivas.[14] Entre os tipos de hemorragias associados à doença estão a presença
de sangue no vómito, na tosse e nas fezes. As hemorragias intensas são raras e geralmente restritas ao
sistema digestivo. Geralmente, a evolução para sintomas hemorrágicos é um indicador do agravamento do
prognóstico e a perda de sangue pode provocar a morte.

Causas

A DVE é provocada por quatro das cinco espécies de vírus classificadas no género Ebolavirus, família
Filoviridae, ordem Mononegavirales. Estas quatro espécies são o ébola-Zaire, ébola-Sudão, ébola-
Bundibugyo e o ébola-Costa do Marfim. O quinto vírus, a espécie Reston, não aparenta provocar a
doença em seres humanos. Durante um surto, as pessoas em maior risco são os profissionais de saúde e
aqueles em contacto com os infetados.

Transmissão

A transmissão entre seres humanos ocorre apenas através de contacto direto com sangue ou fluidos
corporais de uma pessoa infetada, inclusive durante o embalsamamento de um cadáver, ou através do
contacto com objetos contaminados pelo vírus, particularmente agulhas e seringas. O ebolavírus pode
também ser transmitido pela saliva, muco, vómito, fezes, suor, lágrimas, leite materno, urina e sémen.
Entre as vias de entrada estão o nariz, a boca, olhos, feridas abertas, cortes ou abrasões na pele. A
transmissão de outros animais para o ser humano ocorre apenas através do contacto com, ou do consumo
de, um animal infetado, como o morcego-da-fruta ou macaco. O potencial de disseminação de uma
infeção de DVE em países com sistemas médicos eficazes, com medidas corretas de isolamento, é baixo,
uma vez que a doença só é transmitida através do contacto com secreções de alguém que mostre sinais de
infeção. A potencialidade que determinada pessoa apresenta para propagar a doença é geralmente
limitada, uma vez que o indivíduo se encontra doente o suficiente para evitar viajar durante a fase
infeciosa da doença. Uma vez que a possibilidade de transmissão por via aérea é geralmente excluída, a
possibilidade de transmissão entre passageiros aéreos que não se sentem lado a lado é igualmente
excluída. Uma vez que os cadáveres continuam a ser contagiosos, alguns rituais de enterro tradicionais
podem contribuir para propagar a doença. Acredita-se que cerca de dois terços dos casos de infeções na
Guiné durante o surto de 2014 foram contraídos por contacto desprotegido ou mal protegido com
cadáveres durante estes rituais. Entre os sobreviventes, o sémen mantém-se contagioso durante e até sete
semanas. Ainda não é suficientemente claro como é que ocorre o início de um surto. Acredita-se que a
infeção inicial ocorra com a transmissão do ebolavírus para um ser humano, através do contacto com os
fluidos corporais de um animal infetado.

Os profissionais de saúde que não usem vestuário de proteção apropriado apresentam um risco acrescido
de contrair a doença. Verificou-se que no passado as transmissões em meio hospitalar em África se
deveram à reutilização de agulhas e inexistência de medidas de precaução universais. A doença não é
transmitida por via aérea de forma natural. No entanto, pode ser transmitida através de gotículas inaláveis
de 0,8–1,2 micrómetros produzidas em laboratório. Devido a esta potencial via de transmissão, esses
vírus são classificados como armas biológicas de categoria A. Recentemente, observou-se que o vírus é
capaz de ser transmitido sem contacto entre porcos e primatas não humanos. Os morcegos descartam fruta
parcialmente ingerida, a qual é depois recolhida e comida por mamíferos terrestres como os gorilas. Esta
cadeia de eventos constitui um possível meio de transmissão indireta entre o hospedeiro natural e as
populações animais, pelo que a investigação se tem focado na saliva dos morcegos. Entre outros fatores, a
produção de fruta e o comportamento animal variam consoante o local e a época, o que pode desencadear
surtos ocasionais entre as populações animais quando se reúnem as condições propícias.

Reservatórios naturais

Cozinhado de carne de animais selvagens no Gana. A prática de consumo de animais selvagens em


África tem sido associado à transmissão de doenças para o ser humano, entre as quais o ébola.

Considera-se que sejam os morcegos o reservatório natural mais provável, tendo também sido
consideradas as plantas, os artrópodes e as aves. Sabe-se que a fábrica de algodão onde tiveram início os
primeiros casos dos surtos de 1976 e 1979 era o habitat de vários morcegos, os quais também estão
implicados nas infeções por vírus de Marburg em 1975 e 1980. De 24 espécies de plantas e 19 espécies de
vertebrados inoculadas de forma experimental com o vírus ébola, só os morcegos é que foram infetados.
A ausência de sinais clínicos nestes morcegos é característica das espécies reservatório. À data de 2005,
tinham sido identificados três espécies de morcegos-da-fruta em contacto com o vírus — Hypsignathus
monstrosus, Epomops franqueti e Myonycteris torquata. Estas espécies são agora suspeitas de serem o
hospedeiro reservatório do vírus do ébola. Foram encontrados anticorpos contra o ébola-Zaire e os vírus
Reston em morcegos no Bangladeche, identificando-se assim potenciais hospedeiros na Ásia.

Entre as amostras de 30 000 mamíferos, aves, répteis, anfíbios e artrópodes recolhidas em regiões de
surtos entre 1976 e 1998, não foi detectado qualquer ébolavírus para além de alguns vestígios genéticos
em seis roedores (Mus setulosus e Praomys) e um musaranho (Sylvisorex ollula) recolhidos na República
Centro-Africana. Durante os surtos de 2001 e 2003 foram detectados vestígios de vírus de ébola nas
carcaças de gorilas e chimpanzés, que mais tarde se tornaram a fonte de infeções em seres humanos. No
entanto, a elevada mortalidade da infeção presente nestas espécies faz com que seja improvável que sejam
o reservatório natural. Geralmente, a transmissão entre o reservatório natural e os seres humanos é rara, e
em cada surto é possível identificar o caso de origem, no qual alguém manuseou carcaças de gorilas,
chimpanzés ou Cephalophinae. Os morcegos-da-fruta são também uma fonte alimentar em algumas
regiões da África ocidental, onde são fumados, grelhados ou usados na preparação de sopa.

Virologia

O ebolavirus é um filovírus (o outro membro desta família é o vírus Marburg), com forma filamentosa,
com 14 micrômetros de comprimento e 80 nanômetros de diâmetro. O seu genoma é de RNA fita simples
de sentido negativo (é complementar à fita codificante). O genoma é protegido por capsídeo, é
envelopado e codifica sete proteínas.

Há três tipos: ébola–Zaire (EBO–Z), ébola–Sudão (EBO–S) com mortalidades de 83% e 54%
respectivamente. A estirpe ébola–Reston foi descoberta em 1989 em macacos Macaca fascicularis
importados das Filipinas para os Estados Unidos tendo infetado alguns tratadores por via respiratória.

Replicação

O período de incubação do vírus ébola dura de 5 a 7 dias se a transmissão for parenteral e de 6 a 12 dias
se a transmissão foi de pessoa a pessoa. O início dos sintomas é súbito com febre alta, calafrios, dor de
cabeça, anorexia, náusea, dor abdominal, dor de garganta e prostração profunda. Em alguns casos, entre o
quinto e o sétimo dia de doença, aparece exantema de tronco, anunciando manifestações hemorrágicas:
conjuntivite hemorrágica, úlceras sangrentas em lábios e boca, sangramento gengival, hematemese
(vômito com presença de sangue) e melena (hemorragia intestinal, em que as fezes apresentam sangue).
Nas epidemias observadas, todos os casos com forma hemorrágica evoluíram para morte. Nos períodos
epidêmicos e de surtos, a taxa de letalidade variou de 50 a 90%. Seu contágio pode ser por via
respiratória, ou contato com fluidos corporais de uma pessoa infectada.

Fisiopatologia

Os principais alvos da infeção são as células endoteliais, os fagócitos mononucleares e os hepatócitos.


Após a infeção, é sintetizada uma glicoproteína segregada (sGP) denominada glicoproteína do vírus do
ébola (GP). A replicação do vírus do ébola ultrapassa a própria síntese proteica das células infetadas e das
defesas imunitárias do hospedeiro. A GP forma um complexo trimérico, o qual liga o vírus às células
endoteliais que revestem a superfície interior dos vasos sanguíneos. A sGP forma um dímero proteico que
interfere com a sinalização dos neutrófilos (um tipo de glóbulos brancos) o que permite ao vírus esquivar-
se do sistema imunitário inibindo os primeiros passos da ativação dos neutrófilos. Estes glóbulos brancos
também atuam como contentores para o transporte do vírus pelo corpo do hospedeiro, depositando-o nos
gânglios linfáticos, fígado, pulmões e baço.

A presença de partículas virais e de danos nas células resultantes da gemulação provocam a libertação de
citocinas, as quais sçai as moléculas de sinalização para a febre e inflamação. O efeito citopático da
infeção nas células endoteliais provoca a perda da integridade vascular. Esta perda é posteriormente
agravada devido à síntese de GP, o que reduz as integrinas específicas responsáveis pela coesão celular na
estrutura intercelular, e devido às lesões no fígado, que provocam coagulopatia.
Diagnóstico

O historial médico da pessoa, em particular o historial recente de viagens, trabalho e exposição à vida
selvagem, são critérios importantes para se suspeitar de um diagnóstico de DVE. O diagnóstico é
confirmado através do isolamento do vírus, detectando o seu ARN ou proteínas, ou detectando no sangue
da pessoa os anticorpos do vírus. Isolar o vírus é mais eficaz durante a fase inicial e após a morte,
enquanto que a detecção dos anticorpos é eficaz em estágios avançados e nas pessoas em recuperação. O
isolamento do vírus é realizado em cultura celular; o ARN viral é detetado através de reação em cadeia da
polimerase (PCR) e as proteínas são detectadas através do teste ELISA.

Durante um surto, geralmente não é praticável isolar o vírus. Assim, os métodos de diagnóstico mais
comuns são a deteção de proteínas em tempo real (PCR e ELISA), os quais podem ser realizados no
terreno ou em hospitais de campanha. É possível observar e identificar os filoviriões em culturas celulares
através do microscópio eletrónico devido à sua forma filamentosa característica, embora a microscopia
electrónica não seja capaz de distinguir entre os vários filovírus.

Classificação

Os géneros Ebolavirus e Marburgvirus foram inicialmente classificados como espécies do hoje em dia
obsoleto género Filovirus. Em março de 1998, foi proposto no Comité Internacional de Taxonomia de
Vírus alterar o género Filovirus para a família Filoviridae com dois géneros específicos: ébolavírus e
marburgvírus, proposta implementada entre 2001 e 2002.

As taxas de modificação genética do ébola são cerca de cem vezes mais lentas do que a gripe A em seres
humanos, mas na mesma magnitude das da hepatite B. Isto levanta a hipótese de os ébolavírus e
marburgvírus terem divergido há alguns milhares de anos. No entanto, os fósseis genéticos dos
filovírus encontrados em mamíferos indicam que a família em si remonta a, pelo menos, dezenas de
milhões de anos. Têm sido encontrados no genoma do hamster-chinês vírus fossilizados que são
estreitamente relacionados com os ebolavírus.

Diagnóstico diferencial

Os sintomas da frebre hemorrágica ébola são semelhantes aos da doença de Marburg. A doença pode
também ser confundida com diversas doenças comuns na África equatorial, como outras frebres
hemorrágicas virais, malária, febre tifóide, disenteria bacteriana, doenças rickettsianas como o tifo
epidémico, cólera, sepse gram-negativa ou doença de Lyme.

Prevenção

Alterações comportamentais

Os vírus ébola são contagiosos, pelo que a prevenção envolve fundamentalmente precauções
comportamentais, equipamento de proteção individual e desinfeção. As técnicas para evitar a infeção
englobam evitar o contacto com sangue ou secreções corporais infetadas, incluindo as dos mortos. Isto
implica detectar e diagnosticar a doença durante a fase inicial e usar medidas de precaução universais
para todos os pacientes. Entre as medidas recomendadas durante o tratamento de pessoas suspeitas de
estarem infetadas estão o uso de vestuário de proteção adequado, como máscaras, luvas, batas, óculos,
esterilização e isolamento do equipamento. A lavagem das mãos é igualmente importante, mas pode ser
difícil em regiões onde a disponibilidade de água é escassa.

Devido à inexistência de equipamento adequado e práticas de higiene, as epidemias em larga escala têm
ocorrido principalmente em regiões isoladas e pobres, sem hospitais modernos ou equipas médicas com
formação adequada. As autoridades têm também desencorajado alguns rituais fúnebres tradicionais, em
particular os que envolvem o embalsamamento do corpo. As tripulações de companhias aéreas que voam
para estas regiões são geralmente treinadas para identificar o ébola e isolar pessoas que apresentem os
sintomas da doença.

Quarentena

A quarentena é geralmente eficaz na diminuição da velocidade de propagação. As autoridades geralmente


colocam de quarentena as áreas onde a doença ocorre ou as pessoas que possam estar infetadas. O número
reduzido de estradas ou meios de transporte pode ajudar a diminuir a velocidade de propagação em
África. Durante o surto de 2014, a Libéria encerrou todas as escolas

Vacina

Não está atualmente disponível qualquer vacina para os seres humanos.[3] [57] [58] Os candidatos mais
proeminentes são vacinas ADN[59] ou vacinas derivadas de adenovírus, vírus da estomatite vesicular
(VSIV) ou de partículas semelhantes a vírus (VLP). As vacinas ADN, de adenovírus e VSIV passaram à
fase de ensaio clínico. As vacinas têm-se mostrado eficazes na proteção de primatas não humanos. A
imunização demora seis meses, o que não permite que as vacinas sejam usadas como medida de controlo
de epidemias.

Tratamento

Não existe atualmente qualquer tratamento aprovado para o vírus ébola. O tratamento é
fundamentalmente de natureza paliativa. Entre as medidas estão a gestão da dor e medicamentos para o
enjoo, febre e ansiedade, assim como a administração de líquidos por via oral ou intravenosa. Podem
também ser administrados derivados do sangue, como hemácias, plaquetas ou plasma. Têm também sido
tentados outros reguladores da coagulação, como a heparina, para de impedir a coagulação intravascular
disseminada e factores de coagulação, de modo a diminuir a hemorragia.[69] Têm sido muitas vezes usados
medicamentos para a malária e infeções bacterianas, uma vez que na fase inicial o diagnóstico geralmente
não é conclusivo. O tratamento durante a fase inicial da doença pode aumentar as hipóteses de
sobrevivência.

Experimental

Estão atualmente a ser estudados diversos tratamentos experimentais.Nos Estados Unidos e durante o
surto de 2014, a Food and Drug Administration permitiu que dois fármacos, o ZMapp e um RNA
interferente denominado TKM-Ebola, fossem usados em pessoas infetadas com o ébola mediante
condições muito restritas. Estão também a ser realizados testes com animais com um fármaco
experimental denominado BCX4430, com o intuito de vir a ser uma possível terapia em seres humanos.

Prognóstico

A doença apresenta uma taxa de mortalidade elevada, frequentemente entre 50 e 90%. No caso de uma
pessoa infetada sobreviver, a recuperação é geralmente rápida e completa. No entanto, nos casos de maior
duração ocorrem muitas vezes complicações com problemas a longo prazo, como inflamação dos
testículos, dores nas articulações, dores musculares, esfoliação da pele ou perda de cabelo. Têm também
sido observados sintomas oculares, como sensibilidade à luz, epífora, uveíte, corioretinite ou cegueira. Os
vírus de ébola são capazes de persistir no sémen de alguns sobreviventes até sete semanas, o que
possibilita o contágio através de relações sexuais.

Epidemiologia

A doença geralmente ocorre em surtos em regiões tropicais da África subsariana. De 1976, quando foi
identificado pela primeira vez, até 2013, a Organização Mundial de Saúde relatou 1.716 casos
confirmados. O maior surto já registrado é da África Ocidental em 2014, que está afetando Guiné, Serra
Leoa, Libéria e Nigéria. Em 13 de agosto, 2127 casos foram identificados, com 1.145 mortes
confirmadas.

1976

O primeiro caso identificado de Ebola foi registrado em 26 de agosto de 1976, em Yambuku, uma
pequena vila rural no distrito de Mongala, no norte da República Democrática do Congo (então conhecida
como Zaire).

O paciente zero foi o diretor da escola da vila, Mabalo Lokela, que visitou uma área perto da fronteira
com a República Centro-Africana, ao longo do rio Ebola, entre 12 e 22 agosto. Em 8 de setembro ele
morreu por conta do que viria a ser conhecido como o vírus Ebola, do gênero Ebolavirus.
Posteriormente, foram relatados vários outros casos, quase todos centradas no hospital de Yambuku. 318
casos e 280 mortes (taxa de mortalidade de 88%) ocorreram no Zaire.

O surto de Ebola foi contido com a ajuda da Organização Mundial da Saúde (OMS) e com o transporte da
força aérea congolesa, colocando em quarentena moradores, esterilizando equipamentos médicos e
fornecendo roupas de proteção.

O vírus responsável pelo surto inicial, que primeiro acreditou-se ser o vírus de Marburg, mais tarde foi
identificado como um novo tipo de vírus relacionado ao Marburg e nomeado por conta do rio Ebola, nas
proximidades.

Outro Ebolavirus, a espécie de vírus Sudão, também foi identificada no mesmo ano, quando um surto
ocorrido no Sudão afetou 284 pessoas e matou 151.

1995-2013

O segundo grande surto ocorreu em 1995, na República Democrática do Congo, afetando 315 e matando
254. O próximo grande surto ocorreu em Uganda em 2000, afetando 425 e matando 224; neste caso, o
vírus do tipo Sudão foi a espécie de Ebolavirus responsável pelo surto. Em 2003, houve um surto na
República do Congo que afetou 143 e matou 128, uma taxa de mortalidade de 90%, a mais alta até o
momento.

Em agosto de 2007, 103 pessoas foram infectadas por uma suspeita de surto de febre hemorrágica, na
aldeia de Kampungu, na República Democrática do Congo. O surto começou após os funerais de dois
chefes de aldeia e 217 pessoas em quatro aldeias adoeceram. O surto de 2007 acabou afetando 264
pessoas e resultou na morte de 187.

Em 30 de novembro de 2007, o Ministério da Saúde de Uganda confirmou um surto de Ebola no distrito


de Bundibugyo, no oeste do país. Após a confirmação de amostras testadas pelo Centro de Controle e
Prevenção de Doenças, a OMS confirmou a presença de uma nova espécie de Ebolavirus, que ficou com
o nome provisório de Bundibugyo. A OMS relatou 149 casos desta nova versão do vírus e 37 que
resultaram em mortes.

A OMS confirmou dois pequenos surtos em Uganda em 2012. O primeiro surto afetou 7 pessoas e
resultou na morte de quatro e o segundo afetou 24, resultando na morte de 17. A variante Sudão foi
responsável por ambos os surtos.

Em 17 de agosto de 2012, o Ministério da Saúde da República Democrática do Congo relatou um surto da


variante Bundibugyo na região leste. Além de sua descoberta, em 2007, esta foi a única vez que esta
variante foi identificada como sendo o responsável por um surto. A OMS revelou que o vírus havia
adoecido 57 pessoas e tirado a vida de 29. A causa provável do surto foi caça de animais selvagens por
moradores locais em torno das cidades de Isiro e Viadana.

Surto de 2014

Em março de 2014, a Organização Mundial de Saúde (OMS) informou um grande surto de Ebola na
Guiné, um país da África Ocidental; é o maior já registrado e o primeiro registrado na região. Os
pesquisadores rastrearam a eclosão do surto a uma criança de dois anos que morreu no dia 6 de dezembro
de 2013. Em 8 de agosto de 2014, a OMS declarou a epidemia uma emergência de saúde pública
internacional. Instando o mundo a oferecer ajuda às regiões afetadas, o diretor-geral disse que "os países
afetados até o momento simplesmente não têm a capacidade de gerenciar um surto desta dimensão e
complexidade por conta própria. Exorto a comunidade internacional a prestar este apoio com base mais
urgente possível.’’ Em meados de agosto de 2014, a organização Médicos Sem Fronteiras denunciou a
situação na capital da Libéria, Monrovia, como "catastrófica" e que "deteriorava a cada dia". Eles relatam
que os temores de Ebola entre os membros das equipes médicas e os pacientes fechou grande parte do
sistema de saúde da cidade, o que deixou muitas pessoas sem tratamento para outras doenças. No final de
agosto de 2014, a doença se espalhou para a Nigéria.

Em 6 de setembro de 2014, 4.293 casos suspeitos, incluindo 2.296 mortes haviam sido notificados, no
entanto, a Organização Mundial de Saúde disse que esses números podem ser muito subestimados. Além
disso, o surto resultou em mais de 120 mortes de trabalhadores de saúde, em parte, devido à falta de
equipamentos e longas horas de exposição. Em 8 de setembro de 2014, a OMS alertou que o número de
novos casos na Libéria estava aumentando exponencialmente e aumentaria em "muitos milhares" nas três
semanas seguintes.

Além do custo humano, o surto tem corroído severamente as economias dos países afetados. Em agosto
de 2014, tentativas de conter o surto foram decretadas, como a colocação de tropas em estradas para isolar
as áreas infectadas e impedir aqueles que podem estar infectados de sair e espalhar ainda mais a
propagação do vírus. Em setembro, com o fechamento das fronteiras, as cancelamento de voos das
companhias aéreas, a evacuação de trabalhadores estrangeiros e um colapso do comércio transfronteiriço,
os déficits nacionais da Guiné, Serra Leoa e Libéria foram ampliando-se até o ponto que o Fundo
Monetário Internacional (FMI) cogitou expandir o seu apoio financeiro aos três países. A OMS, a
Médicos Sem Fronteiras e os profissionais de saúde das Nações Unidas criticaram as restrições de viagem
dizendo que não se justificam e potencialmente podem agravar a crise na região. Um relatório do
Financial Times sugeriu que o impacto econômico do surto poderia matar mais pessoas do que o próprio
vírus.

Investigação

Em agosto de 2014, não estavam aprovados quaisquer fármacos para o tratamento ou prevenção do ébola
e as autoridades de saúde aconselham as pessoas a prestar atenção a produtos fraudulentos. A falta de
disponibilidade de tratamentos experimentais nas regiões mais afetadas durante o surto de 2014
desencadeou alguma controvérsia, levando a que alguns sectores exigissem que houvesse maior
disponibilidade de tratamentos experimentais em África por razões humanitárias, enquanto outros
alegavam que tornar disponíveis fármacos experimentais sem eficácia demonstrada não seria ético,
sobretudo tendo em consideração que no passado esta região já foi alvo de tratamentos experimentais de
farmacêuticas. Em 12 de agosto de 2014, a OMS divulgou uma nota em que afirmava que o uso de
tratamentos cuja eficácia ainda não está demonstrada é ético em determinadas situações, num esforço para
tratar ou prevenir a doença.

O ZMapp é um fármaco experimental à base de três anticorpos monoclonais. Apesar da pouca


disponibilidade, tem sido usado no tratamento de um número reduzido de pessoas infetadas com o vírus
ébola. Embora algumas destas pessoas tenham recuperado, os resultados não são considerados
significativos em termos estatísticos. No entanto, o ZMapp demonstrou ter elevada eficácia em ensaios
clínicos com macacos Rhesus.

O Favipiravir, um antiviral aprovado no Japão para armazenamento de prevenção para pandemias de


gripe, aparenta ter alguma eficácia em modelos de ratos de ébola. Os recetores de estrogénio usados no
tratamento de infertilidade e cancro da mama (clomifeno e toremifeno) inibem a progressão do vírus de
ébola em ratos infetados. 90% dos ratos tratados com clomifeno e 50% dos ratos tratados com toremifeno
sobreviveram aos ensaios. Um estudo de 2014 verificou que a amiodarona, um bloqueador dos canais de
iões usado no tratamento de arritmias cardíacas, bloqueia in vitro a entrada do vírus de ébola nas células.

Existem outros tratamentos promissores baseados na tecnologia antissenso. Tanto os SiRNA como os
oligómeros de morfolino (PMO) que têm como alvo uma proteína do ébolavírus Zaire podem prevenir a
doença em primatas não humanos. Um destes fármacos encontra-se atualmente em ensaios clínicos. O
TKM-Ebola é um composto de ARN, à data de setembro de 2014 em ensaios clínicos em seres humanos.

Vacina

Não está atualmente disponível qualquer vacina para seres humanos. É expectável que a primeira vacina
contra o ébola esteja disponível em novembro de 2014 Os candidatos mais prováveis são as vacinas de
ADN ou vacinas derivadas de adenovírus, do vírus da estomatite vesicular ou de partículas de filovírus
uma vez que estes candidatos são capazes de proteger primatas não humanos da indução de doenças de
ébola. Tanto as vacinas de ADN, como vacinas de adenovírus ou de vírus de estomatite entraram em
ensaios clínicos.

As vacinas têm demonstrado proteger primatas não humanos. A imunização leva aproximadamente seis
meses, o que impede o seu uso como medida de controlo de surtos. No intuito de procurar uma vacina que
se tornasse eficaz mais rapidamente, em 2003 foi ensaiada em macacos uma vacina que usava um vetor
adenoviral com a proteína ébola. Após 28 dias, os animais foram testados com o vírus e demonstraram
resistência. Em 2005, uma vacina com base num vetor atenuado de vírus da estomatite
vesicular recombinante que transportava a glicoproteína de ébola ou do vírus de Marburg demonstrou
proteger primatas não humanos, abrindo as portas para ensaios em seres humanos. Em outubro do mesmo
ano finalizou-se o primeiro ensaio em seres humanos, decorrido ao longo de três meses em que se induziu
uma resposta imune. Os indivíduos foram examinados ao longo de um ano e, em 2006, iniciou-se um
estudo para testar uma vacina de rápida ação e em toma única, completado em 2008. O próximo passo
será testar a vacina numa estirpe de ébola mais semelhante àquela que infeta os seres humanos. Em
dezembro de 2001 foi anunciado o desenvolvimento bem sucedido de uma vacina contra o ébola em
ratos. Ao contrário dos seus antecessores, podia ser congelada e armazenada durante longos períodos de
tempo de prevenção para um novo surto. Em 2009, foi usada uma vacina experimental desenvolvida no
Laboratório Nacional do Canadá para tratar um cientista alemão que podia ter sido infetado durante um
acidente num laboratório. No entanto, não foi possível demonstrar inequivocamente que a infeção por
ébola tenha ocorrido. De forma experimental, tem sido usado com algum sucesso um vírus da estomatite
vesicular recombinante em modelos de primatas não humanos, enquanto profilaxia pós-exposição. Em
setembro de 2014 tiveram início diversos ensaios clínicos de uma vacina experimental conhecida como
"vacina NIAID/GSK", desenvolvida em conjunto pela GlaxoSmithKline e pelo National Institutes of
Health. É baseada num adenovírus modificado de chimpanzé e, caso os ensaios sejam bem sucedidos,
estão a ser preparadas 10 000 doses da vacina para serem rapidamente aplicadas na África Ocidental.

Transfusão de sangue

O soro de sobreviventes da infeção está atualmente a ser estudado enquanto possibilidade de tratamento
eficaz. Durante uma reunião agendada pela OMS, esta investigação foi vista como prioritária. Sete de oito
pessoas infetadas com ébola sobreviveram após terem recebido uma transfusão de sangue doada por
indivíduos que já tinham sobrevivido à infeção no surto de 1999 na República Democrática do Congo. No
entanto, este tratamento só foi iniciado numa fase avançada da doença, o que significa que os indivíduos
já poderiam estar a recuperar por si próprios, tendo também recebido tratamento de maior qualidade em
relação ao que é comum, pelo que o potencial tratamento é ainda controverso. A administração de
imunoglobulina por via intravenosa aparenta oferecer alguma proteção em primatas não humanos
expostos a grandes quantidades de ébola.

História

O vírus Ebola foi isolado pela primeira vez em 1976, durante a epidemia de febre hemorrágica de ebola
na República Democrática do Congo (então Zaire) e Sudão do Sul. O nome da doença se origina a partir
do primeiro surto registrado em 1976, em Yambuku, na República Democrática do Congo, que fica às
margens do rio Ebola.

Filipinas e Estados Unidos

No final de 1989, a Unidade de Quarentena da Hazelton Research Products em Reston, Virgínia, sofreu
um surto misterioso de uma doença fatal (inicialmente diagnosticada como" febre hemorrágica do vírus
símio") entre um carregamento de macacos da espécia Macaca fascicularis, importados das Filipinas. O
patologista veterinário do Hazelton enviou amostras de tecidos dos animais mortos para o Instituto
Médico de Doenças Infecciosas do Exército dos Estados Unidos, em Fort Detrick, Maryland, onde um
teste de laboratório conhecida como um ensaio ELISA mostrou anticorpos contra o vírus Ebola. Um
microscopista de elétrons da instituição descobriu um filovírus com aparência similar a do Ebola nas
amostras de tecido enviadas de Reston."

Pouco depois, uma equipe do Exército dos Estados Unidos entrou em ação para sacrificar os macacos que
ainda não tinha morrido, trazendo esses macacos e aqueles que já tinham morrido por conta da doença
para Fort Detrick para estudos dos patologistas, veterinários e virologistas do exército, em condições de
segurança.

Amostras de sangue foram retiradas de 178 tratadores de animais durante o incidente. Destes, seis
tratadores de animais seroconverteram. no entanto, quando os tratadores acabaram por não ficarem
doentes, o CDC concluiu que o vírus tinha uma patogenicidade muito baixa para os seres humanos.

As Filipinas e os Estados Unidos nunca tinham registrado casos anteriores de infecção por Ebola, e sobre
um maior isolamento, os pesquisadores concluíram que era outra cepa do vírus Ebola, ou um novo
filovirus de origem asiática, que deram o nome "Vírus Ebola de Reston", por conta do local do incidente.
Outros animais

Animais selvagens

Pensa-se que os surtos de ébola entre as populações humanas sejam o resultado do manuseamento de
carcaças de animais selvagens infetados. Parte da investigação sugere que um surto em animais selvagens
usados para consumo alimentar possam espoletar também um surto em seres humanos. Desde 2003, estes
surtos têm sido monitorizados através da vigilância das populações animais, com o intuito de prever e
prevenir surtos de ébola humanos.

As carcaças de gorilas que têm sido recuperadas contêm diversas estirpes de ébola, o que sugere múltiplas
introduções do vírus. Os corpos decompõem-se rapidamente e as carcaças deixam de ser infeciosas após
três ou quatro dias. O contacto entre grupos de gorilas é raro, o que sugere que a transmissão entre grupos
de gorilas é pouco provável e que os surtos resultam da transmissão entre o reservatório natural e as
populações animais.

O ébola apresenta uma elevada taxa de mortalidade entre os primatas. Por exemplo, é provável que os
surtos frequentes de ébola tenham provocado a morte a mais de 5000 gorilas e tenham sido responsáveis
por um declínio observável de 88% entre as populações de chimpanzés no Santuário de Lossi entre 2002
e 2003. A transmissão entre chimpanzés através do consumo de carne constitui um fator de risco
significativo, enquanto que o contacto entre indivíduos, por exemplo através do toque, não o é.

Animais domésticos

O ébolavírus Reston (REBOV) pode ser transmitido para porcos. Este vírus foi descoberto em 1989
durante um surto do que na época se pensou ser um surto de febre hemorrágica símia (SHFV) entre
Macaca fascicularis importados das Filipinas, e no qual o vírus infetou porcos. Apesar da sua
classificação como organismo de biossegurança de nível 4 e da sua aparente patogenicidade entre
macacos, o REBOV não provocou a doença entre os trabalhadores dos laboratórios. Em 2012,
demonstrou-se que o vírus pode ser transmitido entre porcos e primatas não humanos sem qualquer
contacto, embora o mesmo estudo não tenha demonstrado que possa ocorrer essa forma de transmissão
entre primatas. De acordo com a OMS, a limpeza e desinfeção de rotina em quintas de porcos com
hipoclorito de sódio, ou outros detergentes, deve ser eficaz na inativação do ebolavírus Reston. Caso se
suspeite de um surto, toda a área deve ser posta imediatamente de quarentena. Embora os porcos
infetados com REBOV tenham tendência a exibir sintomas da doença, tem-se verificado que os cães
podem ser infetados com EBOV e manter-se assintomáticos. Nalgumas partes de África, os cães são
necrófagos, ingerindo ocasionalmente animais infetados e corpos humanos.

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