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LIÇÃO JESUS ENSINOU POR PARÁBOLAS
01 Objetivo da Lição: Aprender acerca do uso das parábolas de Jesus nos evangelhos sinóticos
Iniciamos hoje uma nova série de estudos baseados nas parábolas de Jesus. A parábola é um gênero literário
muito antigo, usado pelos judeus, aparecendo em vários livros do Antigo Testamento 1 (ex.: Jz 9.7-25; Is 5.1-
7). Porém, Jesus deu destaque especial a esse gênero literário, pois cerca de 35% dos Seus ensinamentos
foram apresentados na forma de parábolas (e figuras de linguagem). Algumas são ditos curtos, que visam
ensinar uma só verdade. Outras, como a do semeador (Mc 4.3-20), têm uma interpretação detalhada.
Devemos saber também que as parábolas diferem das outras narrativas por não mencionarem nomes de
pessoas, locais, etc. Portanto, a narrativa do “Rico e Lázaro” (Lc 16:19-31) não é uma parábola.
No entanto, um fato curioso nos chama a atenção quando analisamos as parábolas de Jesus: Os Evangelhos
sinóticos contêm inúmeras parábolas, mas o Evangelho de João não registra nenhuma 2. Também notamos
que “sem parábola [Jesus] nada lhes dizia” (Mt 13.34), isto é, a partir desse ponto no ministério de Jesus na
Galileia, durante Sua primeira rejeição pública, no ano 29 d.C., todos os ensinamentos públicos de Jesus
consistiam apenas de parábolas.
Parábola (parabolév) vem de duas palavras gregas (pará = “ao lado de”; ballein “lançar”), e,
etimologicamente, significam “algo que é lançado ao lado de outro para comparação”. Assim,
parábola é uma história curta, baseada em experiências do cotidiano, contada por analogia3, para
ilustrar ou aclarar uma verdade espiritual.
▪ Narrativa – a narrativa é história e real; as parábolas são eventos criados para retratar histórias
reais, sem terem necessariamente uma historicidade real.
▪ Alegoria – a alegoria contém significado em várias partes da narrativa, já a parábola nem sempre.
1
Parabolé aparece 45 vezes na Septuaginta.
2
O termo traduzido por parábola em João 10:6 constitui um provérbio, e é a mesma palavra usada em dois outros lugares
(Jo 16.25,29). Em todos os três, o termo não é parabólico, mas paronímico, que significa “um discurso à margem”.
3
Analogia é uma relação de semelhança estabelecida entre coisas distintas. O termo tem origem na palavra grega
“analogía” que significa “proporção”.
2
a. Ilustrar uma verdade espiritual
As parábolas de Jesus eram um meio de facilitar o entendimento das pessoas ao que Ele ensinava,
pois esse era o seu propósito primário como método de ensino. As parábolas forçavam os
ouvintes a pensar e a entender as verdades espirituais, ao estabelecer uma relação entre o
conhecido e o desconhecido, descrevendo um objeto ou uma situação familiar.
Contudo, não devemos pensar que Deus os cega os incrédulos porque Ele, de alguma maneira,
se alegra com sua destruição (cf. Ez 33.11). Essa cegueira judicial pode ser vista como um ato de
misericórdia porque eles já haviam rejeitado a luz, de modo que qualquer exposição adicional à
verdade somente aumentaria a condenação deles.
3
Ao lermos as parábolas de Jesus, devemos ser cuidadosos para não lhes atribuirmos interpretações
exageradas e antibíblicas. A maioria delas tem apenas um objetivo e significado, portanto devemos
ter cuidado para não ir além do que Jesus pretendia ensinar.
Algumas regras de hermenêutica devem ser consideradas na ora de interpretar uma parábola:
3. Observe a reação implícita dos ouvintes . A reação dos ouvintes serve de pista para encontrar
o significado da parábola (ex.: Lc 10.27-37; 18.35).
4. Descobrir qual a verdade central que está sendo ensinada . Esta é a regra principal da
interpretação de uma parábola, concentre-se nela. Cada parábola ilustra uma lição principal
(uma doutrina ou ensino bíblico). Para isso, procure identificar na parábola aspectos elucidados
por Cristo, ou pelo próprio texto.
5. Não se perca nos detalhes. Alguns detalhes podem ser relacionados intencionalmente a fatos
espirituais, caso o texto torne isso explícito. Mas, em regra, não se deve procurar uma analogia
espiritual (alegorizar ou atribuir um simbolismo) para cada detalhe.
Não era uma questão de capricho do Senhor ao falar em parábolas, mas Ele tinha o propósito de fazer-se
entendido aos de coração aberto, e de aplicar um castigo judicial4 aos duros de coração. Portanto, ao ouvir ou
estudar a Palavra de Deus não seja incrédulo, nem permita que o pecado endureça seu coração (Hb 3.12,13).
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A cegueira voluntária é seguida de cegueira legal.
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