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Fazer a História
Organizadoras e elaboradoras
Katia Maria Abud
Raquel Glezer
1
módulo
Nome do aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva
PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian
Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação
Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.
Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.
As ditaduras
sul-americanas
nas décadas de 1960 e 1970
Elaboradoras
Katia Maria Abud
Raquel Glezer
Introdução
Nesta unidade, vamos desenvolver alguns trabalhos para perceber como
as fontes nos contam a História, quando a elas dirigimos perguntas:
Porque minha prisão foi uma prisão incomunicável, ninguém, nem meu
pai nem minha mãe puderam me localizar, saíram à minha procura em
cima de seis dias que ninguém sabia do meu paradeiro. Não só a minha
família, como também a família de muitos companheiros. Inclusive quem
mais sofreu é a família dos prisioneiros é que as mãezinhas, quantas mãe-
zinhas que tiveram suas crises, caíram por dentro de casa ou nas ruas de
ataque e quantas foram hospitalizadas e quantas mãezinhas morreram com
a prisão dos seus esposos, com a prisão dos seus filhos. O silêncio dominava
o campo, e o silêncio dominava dentro das fábricas e o silêncio dominava
diante dos companheiros...”
Antonio Torres Montenegro. “História oral, caminhos e descaminhos”.
Revista Brasileira de História, v. 13, n. 25-26
O documento
O que é?
É um depoimento oral transcrito, que foi feito por José de Aguiar, um
homem de idade avançada, militante comunista e católico praticante, que conta
sua prisão logo após o golpe militar de 1964.
Quem produziu?
O historiador Antonio Torres Montenegro, que o colheu, transcreveu e
publicou em seu artigo “História oral, caminhos e descaminhos”, publicado
na Revista Brasileira de História, vol. 13, n. 25-26.
Para quê?
Para preservar a memória de militantes políticos que foram perseguidos
após o golpe militar de 1964.
Por quê?
Os participantes de um momento histórico guardam na memória elementos
significativos do acontecimento e com ele constroem a sua versão da história.
Quando?
O fato histórico referencial ocorreu em 1964. O depoimento foi gravado
mais de 20 anos depois, no final da década de 1980.
Onde?
Na cidade de Recife, Pernambuco.
Lembre-se de que:
Em março de 1964 o Presidente João Goulart foi deposto por um golpe
dirigido por militares e políticos conservadores, descontentes com as políticas
de reforma de base que estavam sendo propostas e defendidas pela esquerda
brasileira. Esta era composta por católicos progressistas, membros dos Parti-
dos Comunistas e de outras organizações políticas de orientação marxista que
foram perseguidos logo após a tomada de poder pelos militares.
João Goulart foi presidente do Brasil no período de 1961 a 1964. Em 1960
foi eleito vice-presidente de Jânio Quadros, que renunciou em 25 de agosto
de 1961. A renúncia provocou uma grave crise política, pois as forças conser-
vadoras se recusavam a aceitar Goulart como presidente.
Embora pertencesse a uma família
de grandes proprietários e criadores de
gado do Rio Grande do Sul, Jango –
como era conhecido – era um político
ligado ao trabalhismo, já fora Ministro
do Trabalho do governo de Getúlio
Vargas (1950-1954), no qual sua atitu-
de mais polêmica tinha sido, em 1954,
reajustar em 100% o salário mínimo,
que não sofria reajustes desde 1947.
As posições políticas do então vice-
Presidente João Goulart, sua
presidente eram contestadas pelos políticos e militares conservadores, que preten- esp osa d. Maria Tereza,
diam impedir sua posse como presidente. Partidários de Jango reagiram e, numa Darcy Ribeiro, chefe da Casa
Civil e Oswaldo Pacheco,
proposta conciliatória, instalou-se no Brasil o sistema parlamentarista, o qual, após presidente da Confedera-
um plebiscito em janeiro de 1963, foi revogado, tornando-se o país, novamente, ção Geral dos Trabalhadores.
Fonte: Nossa História, n. 5,
uma República presidencialista. p. 32
De janeiro a junho de 1963, Celso Furtado, Ministro do Desenvolvimento,
elaborou um plano trienal para o país, com medidas que implicavam profun-
das mudanças na organização econômica.
Esse projeto, reformista e nacionalista, tinha apoio de várias organizações, entre
as quais se destacavam as Ligas Camponesas, que lutavam pela reforma agrária e
atuavam principalmente nos estados do Nordeste. Também os sindicatos, o movi-
mento estudantil e uma ala progressista da Igreja Católica (representada pela Juven-
tude Estudantil Católica (JEC), Juventude Operária Católica (JOC) e Juventude Uni-
versitária Católica (JUC)) cerraram fileiras ao lado do governo federal. Em oposição
ao projeto, os grupos conservadores (políticos, empresários, militares, o clero con-
I Congresso Nacional de Lavr adores e Trabalhadores Agrícolas. B elo Horizonte, 1961. Fonte: Re-
vista Nossa História, v. 5, p. 29.
• “Crônica de um golp e
2. Qual a função dos Atos Institucionais editados entre 1964 e 1968, inclusive? anunciado”, de Lucília
de Almeida Neves Del-
gado (p. 26-32);
• “O c omício revisto”, de
Jorge Ferreira (p. 32-39);
Consulte os sítios:
3. Durante o regime militar houve investimentos econômicos e crescimento
do país, como resultado de empréstimos internacionais. Tais empréstimos se • www.universiabrasil.net
tornaram um problema para o Brasil atual. Pondere os fatos que considera • www.bibvirt.futuro.usp.br
positivos e os que considera negativos para a sociedade brasileira.
• www.historianet.com.br
• www.br.dir.yaho o.com/
Ciencia/Ciencias Huma-
nas/Historia/Historia
do Brasil/
• www.culturabrasil.pro.br/
4. Assinale as alternativas corretas: historiabras
( ) João Goulart era muito respeitado pelas forças conservadoras, no início da • www.tvcultura.com.br/
década de 1960, a ponto de ser considerado o candidato das Forças Arma- aloescola/historia
das à Presidência do Brasil, em 1965.
( ) O dinheiro para os investimentos nas empresas estatais e para a abertura de Veja os filmes:
estradas, durante o regime militar, era proveniente de empréstimos de orga-
• O Bom Burguês
nismos internacionais.
• Cabra Marcado para
( ) Às vésperas do golpe de 1964, a Igreja Católica estava profundamente Morrer
dividida entre aqueles que apoiavam as reformas de base e o clero conserva-
dor, que via na sua implantação a chegada do comunismo ao Brasil. • Comício Diretas
• Imagens do Brasil Re-
( ) As camadas médias brasileiras se manifestaram em apoio à Revolução
pública (1946-1984)
Cubana, liderada por Fidel Castro e por isso temiam que o governo João
Goulart transformasse o Brasil num país comunista. • Em Nome da Seguran-
ça Nacional
( ) A edição do AI-5, em dezembro de 1968, foi “um golpe dentro do golpe”:
acabou com o hábeas corpus, o que permitiu que pessoas fossem presas e • Folha Conta 70 anos de
ficassem incomunicáveis sem julgamento prévio. Brasil
• Que Bom te Ver Viva
Lembre-se • Lamarca
de que, na década de 1970, no chamado Cone Sul (o Sul da América do Sul) instalaram-se • Pra frente Brasil
várias ditaduras, como por exemplo no Chile, Argentina e Uruguai. Leia o texto a seguir
• O Que É Isso, Compa-
extraído do sítio:
nheiro?
www.tvcultura.com.br/aloescola/historia/guerrafria11/terceiromundo–america1/htm, para
entender o que aconteceu com os três países vizinhos.
Chile
Os anos 70 foram extremamente difíceis também para outros países da
América Latina. Muita violência política aconteceu no Chile, onde o presi-
dente socialista Salvador Allende foi derrubado por um golpe militar, em 1973.
Tanto no Brasil como no Chile, o rumo dos acontecimentos foi acompanhado
de perto por Washington. Na visão da Casa Branca, a imposição de ditaduras
militares nos países latino-americanos fazia parte da luta contra o comunismo.
Argentina
Na primeira metade da década de 1970, Brasil e Chile eram os principais
países da América do Sul onde vigoravam ditaduras. Em 1976, no entanto, a
Argentina passaria a integrar o grupo. Durante sete anos, os argentinos vive-
ram sob um regime militar repressivo que passaria à história como o período
da “guerra suja” empreendida pela ditadura contra os seus opositores. No
final dos anos 60, a Argentina vivia uma crise política e um período de
mobilização popular contra o governo do general Juan Carlos Onganía. Em
1970, Onganía foi deposto. Vários militares se sucederam no poder até que,
em 1973, novas eleições livres foram convocadas.
O novo presidente, Hector Câmpora, permaneceria apenas 3 meses no car-
go. Em junho de 1973, renunciou à presidência para permitir a eleição de Perón,
um líder carismático e populista que voltava à Argentina depois de um longo
exílio na Espanha. Perón havia sido presidente de 1946 a 1952, quando foi
então deposto em meio a acusações de corrupção. Nesse período, alcançou
grande prestígio popular com a ajuda da esposa, Evita.
Eleito novamente em setembro de 1973, com mais de 60% dos votos,
Perón não conseguiu pacificar o país. Seu próprio partido, o Justicialista, divi-
diu-se em duas facções antagônicas que recorreram à violência para resolver
suas divergências. Com a morte de Perón, em julho de 1974, sua segunda
mulher, a vice-presidente Isabelita, assumiu a chefia do governo e ampliou o
espaço dos políticos conservadores do Partido Justicialista. Em conseqüência,
os grupos guerrilheiros intensificaram a luta contra o governo.
Uruguai
Também o Uruguai ficou sob regime ditatorial, entre 1973 e 1985. Em 7 de
junho de 1973, o presidente uruguaio Juan María Bordaberry, com apoio dos
militares, deu um golpe de estado no país. Em cadeia de rádio e televisão foi
divulgado o decreto presidencial, dissolvendo o Congresso e substituindo-o por
um Conselho de Estado, formado por dez militares e dez civis. Bordaberry, eleito
democraticamente, dera plenos poderes para que os militares combatessem os
guerrilheiros tupamaros logo que assumiu, no início de março do mesmo ano. Os
tupamaros eram um grupo de guerrilheiros de esquerda que lutavam para trans-
formar o Uruguai num país socialista. A repressão foi tão brutal quanto a da Ar-
gentina e do Chile, deixando um grande número de militantes mortos e desapare-
cidos, além de provocar o exílio de grande número de oponentes do regime.
Há também inúmeros relatos de pessoas que viveram sob a repressão das
ditaduras dos países vizinhos. Veja os textos a seguir:
4. Quais indicações podem ser extraídas dos textos sobre o respeito aos direi-
tos humanos, no Chile e na Argentina, durante o período em que estes países
estiveram sob a ditadura militar?
5. Explique por que se afirma que a Guerra das Malvinas foi um dos fatores
Para saber mais a mais importantes para o fim da ditadura militar na Argentina, esclarecendo:
respeito do que es-
tava acontecendo a) quais foram os países envolvidos na guerra;
no Cone Sul:
b) quais motivos levaram o governo argentino a promover o conflito;
Leia:
c) a reação da população argentina ao final da Guerra das Malvinas.
• Osvaldo Coggiola. Gover-
nos militares na América
Latina. São Paulo: Contex-
6. Pode-se afirmar que nos anos 70, os mais importantes países da América do
to, 2001.
Sul eram governados por regimes ditatoriais. Isso significava que:
( ) Na Bolívia, México, Venezuela e Argentina não se respeitavam os direitos
Veja os filmes: humanos.
• Chove Sobre Santiago ( ) No Brasil, Argentina, Peru e Venezuela vivia-se sob um regime constitucional.
• Desaparecido: Um Gran- ( ) No Uruguai e Paraguai estava reunida uma assembléia constituinte, da
de Mistério qual resultaria uma Constituição para os dois países.
( ) No Brasil, Argentina, Chile e Uruguai havia ditaduras que não respeitavam
• A Casa dos Espíritos
os direitos dos cidadãos.
• A História Oficial ( ) No Brasil, Argentina, Chile e Uruguai estava se formando o Mercosul, que
para produzir necessitava de regimes fortes.
Unidade 2
Os indígenas
e a ocupação do território
americano
Elaboradoras
Katia Maria Abud
Em algumas situações especiais, documentos orais foram anotados, transcri- Raquel Glezer
tos e são divulgados impressos, mas mantêm características de fontes orais.
Os trechos apresentados a seguir pertencem ao documento conhecido como
“O que ocorre com a Terra recairá sobre os filhos da Terra. Há uma ligação em
tudo”, que é uma anotação de um discurso de um chefe indígena norte-ameri-
cano, datado de 1887, anotado pelo dr. Henry Smith, que publicou o primeiro
registro dele no jornal Seattle Sunday Star.
O chefe citado é conhecido como Chefe Seattle, dos índios Duwamish, que
habitavam o extremo noroeste dos Estados Unidos – fronteira com o Canadá, hoje
estado de Washington. O chefe indígena se expressa com muita emoção, no mo-
mento em que estava sendo deslocado de suas terras para uma reserva federal e que
o governo norte-americano se propunha a pagar pelas terras que sua gente ocupava.
Este documento também é conhecido como “o discurso do Chefe Seattle”
e possui diversas versões, pois é muito utilizado em nossos dias. Talvez você
já tenham tomado conhecimento dele nas suas aulas de História.
O grande chefe de Washington mandou dizer que desejava comprar a nossa, o
grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é
gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa de nossa amizade.
Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o
homem branco virá com armas e tomará nossa terra...
Minha palavra é como as estrelas – elas não empalidecem.
Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é estranha.
Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então
podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo...
A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem Lembre-se
vermelho... Para ler um texto de his-
Assim pois, vamos considerar tua oferta para comprar a nossa terra. Se decidirmos tória é necessário res-
aceitar, farei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra ponder:
como se fossem seus irmãos...
• O que é?
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem
morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos • Quem produziu?
animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si...
• Para quê?
De uma coisa sabemos. A terra não pertence ao homem: é o homem que perten-
ce a terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue • Por quê?
que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra,
agride os filhos da terra. Não foi o homem que teceu a trama da vida: ele é • Quando?
meramente um fio da mesma. O que ele fizer à trama, a si próprio fará. • Onde?
Texto extraído e adaptado do site www.morcegolivre.v et.br
Homem branco
Homem vermelho
O país que hoje conhecemos como Estados Unidos da América do Norte foi
colonizado por ingleses, que no século XVII foram obrigados a se afastar da
Inglaterra, porque eram vítimas de perseguição política e religiosa. O processo
de colonização no norte do continente americano é denominado de coloniza-
ção para povoamento, o que significa que nele ocorreu o deslocamento de fa-
mílias e grupos familiares para as áreas escolhidas, para dar início a um novo
sistema administrativo e religioso, independente da Coroa da Inglaterra. Manti-
nham, porém, os traços considerados relevantes dos sistemas administrativo,
jurídico e educacional de seu pais de origem. De início, formaram-se 13 colônias
autônomas e independentes entre si na Costa Leste. Foram essas colônias que,
ao se tornarem independentes no século XVIII, deram origem aos Estados Uni-
dos da América do Norte.
Os primeiros ingleses que se trans-
feriram para a América se localizaram
em regiões de clima temperado, o que
facilitava uma produção diversificada,
tendo como finalidade atender o merca-
do interno, produzindo similares dos
produtos europeus. A produção era ba-
seada na pequena propriedade, na
policultura e no trabalho livre.
No processo de conquista e coloni-
zação de parte do continente norte-ame-
ricano, na área que hoje corresponde
aos Estados Unidos da América do
Norte, a relação com a população indí-
gena foi variável: amistosa em alguns
As 13 colônias. Fonte: Régis Benichi et al . momentos, agressiva em outros, do sé-
Histoire: Heritages Européens. Paris: Hachette,
1981. p. 116. culo XVII em diante.
Um exemplo de relação amistosa foi como os primeiros colonizadores,
chamados de pioneiros, foram recebidos na Costa Leste, por indígenas que
cederam alimentos até a primeira colheita, o que é até hoje comemorado no
maior feriado nacional nos Estados Unidos – o Dia de Ação de Graças. Con-
tudo, na expansão da ocupação de terras pelos colonizadores surgiram vários
conflitos, que tiveram continuidade nos séculos XVIII e XIX.
No século XIX, no processo de expansão da ocupação das terras da Costa
Leste para o Meio-Oeste e Costa do Pacífico, houve um momento destacado:
a corrida para o Oeste, que teve como objetivos:
• abertura para a exploração de terras férteis nos vales dos grandes rios,
para o cultivo de gêneros alimentícios;
• ocupação de terras em grande extensão para criação de gado;
• busca de peles de animais silvestres;
• exploração do ouro.
Para facilitar a posse da terra, foi feito o Homestead Act, ato legal que dava
direito à propriedade de até 160 acres àqueles que permanecessem na posse da
terra por cinco anos e nela fizessem benfeitorias (casas, estábulos, poços etc.).
Assim, muitos se arriscaram a partir para o Oeste, buscando sua própria terra.
Simultaneamente, as estradas de ferro começaram a cortar o continente de Leste
a Oeste, acelerando o processo de expansão e de integração econômica com a
venda de produtos industrializados no Oeste e de gêneros alimentícios no Leste.
Você deve ler com atenção os textos acima, antes de resolver as questões
a seguir: Para saber mais a res-
peito dos Estados
1. Conforme o texto acima, associe os termos com as atividades econômicas Unidos:
correspondentes:
• extração de peles __________________________________________ Leia:
• criação de gado ___________________________________________ • Leandro Karnal. Estados
• urso ____________________________________________________ Unidos da Colônia à
Independência. S. Pau-
• estrada de ferro ___________________________________________ lo: Contexto, 1996.
• rio _____________________________________________________ Leandro Karnal. Estados
Unidos: a Formação da
• planície _________________________________________________
Nação. São Paulo Con-
• montanha ________________________________________________ texto, 2001.
2. Comente a frase, que aparece nos filmes e histórias em quadrinhos mais Consulte os sítios:
antigos: “Índio bom é índio morto”. • www.universiabrasil.net
• www.bibvirt.futuro.usp.br
• www.historianet.com.br
• www.br.dir.yaho o.com/
Ciencia/Ciencias Huma-
nas/Historia
• www.tvcultura.com.br/
aloescola
• Jerônimo
Tanto entre astecas como entre incas havia uma elite de sacerdotes, militares
e artífices do Estado e uma grande massa de camponeses, que era responsável
pelo trabalho. A religiosidade caracterizava-se pela crença em vários deuses,
normalmente vinculados a elementos da natureza, como sol, chuva ou fertilida-
de, influenciando suas manifestações artísticas, principalmente a construção de
grandes templos. Os povos da Mesoamérica (América Central e parte da atual
América do Norte) realizaram obras arquitetônicas colossais, representadas por
templos e palácios em terraços com forma piramidal; também produziram obje-
tos com caráter decorativo, obras de ourivesaria de prata, ouro e pedras precio-
sas dos astecas, utilizadas para decorar palácios e templos.
No Altiplano Andino, os incas realizaram imponentes construções em blo-
cos de pedras, com poucos elementos decorativos, cujos restos demonstram
um domínio da técnica de construção, caracterizada ainda por uma grande
frieza expressiva. Eram também exímios na fabricação de armas, no artesana-
to têxtil e na cerâmica. Nessa última atividade, dedicaram-se à produção de
peças pequenas e estatuetas antropomórficas.
O México foi conquistado por Cortez e o Império Inca por Pizarro. Após a
conquista, representantes da coroa espanhola, agindo de modo violento, dizi-
maram a nobreza dirigente e auxiliaram as ordens religiosas no processo de
cristianização da população, modificando importantes aspectos das culturas
indígenas. O contato com o europeu provocou um processo de deculturação,
acelerado pela violenta diminuição da população nativa, provocada pela vio-
lência da conquista, por doenças que até então eram desconhecidas e pelo
sistema de trabalho compulsório. Este era aplicado mediante o sistema de
mitas e encomiendas, trabalho obrigatório nas minas e nas fazendas, o que
levou a uma reordenação espacial das comunidades indígenas, formando no-
vos povoados de acordo com os interesses do colonizador.
A tradição oral dos povos da Mesoamérica passou por gerações e guardou a
memória da conquista e destruição, provocada pelo choque entre os povos na-
tivos e os conquistadores da América, num canto registrado pelo pesquisador
M. Leon-Portilla. Leia trechos do “canto” que registra a visão dos conquistados:
( ...) (....)
E tudo isso sucedeu conosco Nos puseram preço: preço de jovem,
preço de sacerdote
Nós os vimos perplexos
Pelos caminhos jazem as flechas partidas De criança e de donzela
Os cabelos espalhados Basta: o preço de um pobre
Era um punhado de milho
As casas estão destelhadas
Os muros calcinados Dez tortas podres era nosso preço
Vermes enxameiam as ruas e as praças Colhido por Miguel Léon Portillo, in RIBEIRO,
As águas estão rubras, tingidas de sangue e Darcy. As Américas e a Civilização. Estudos
de Antropologia da Civilização. Petrópolis:
Tem gosto de salitre. Vozes, 1979, p. 123.
Consulte os sítios:
• www.universiabrasil.net
• www.bibvirt.futuro.usp.br
• www.historianet.com.br
• www.br.dir.yahoo.com/
Ciencia/Ciencias Huma-
nas/Historia
2. Apresente as características da conquista espanhola.
• www.tvcultura.com.br/
aloescola
Veja os filmes: 3. Interprete as partes do poema colhido por Leon Portillo, indicando:
• 1942 • quem é o autor;
• Aguirre, a Cólera dos • qual é o tema principal;
Deuses
• de que ocorrências o texto trata;
• O Capitão Castela
• qual a visão do poeta sobre o assunto que aborda.
• Cristóvão Colombo