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COUTINEIO, I s m a e l d e Lima.

"~raraática~ i s t ó r i c a "

LIh'GUAGEhí. L I N G U A . DIALETO.

25. LINCUACI:LI C O conjunto (Ic siiiais dc qiic a Iiiiniaiiirl:iilc iiiicii-


cionalmcntc se serve para corniir~ic:ir ns siins id6i:is c ~~ciisnniciiio~.
h linguagem consiiiui o apnnúgio d o Iionicin. Coiii isto csi; dc
acordo o próprio Danvin, qiic assim sc csicrnn: " h li~igiingriiinrti<.iilri<ln
pcrlcncc cs~icci:iliiicriicno liorneiri, sc bciii lii ir, coriio os fiiilriis :iiiiiriiii.i.
possn elc cxpriiiiir ns suas iiilcriçBcs por gritos iii:irliciiliiiliia. [)"r ~ : Y I D Y
c pclos movimcnios dos músculos d a face" (1).
Acha Hovclacquc que cla deve ser scrnprc irivocndn corno sir?al dis-
tintivo do s c r humano: "I? R faculdade d a lingiingcm nrticiilnda qi:c sc
dcvc invocar, de modo dcfiiiitivo, para dislingtiir o liorncm dos scus irmUos
inferiores" (2).
Onde quer que elc se encontre, cni csiado sclvagcm ou civilizado,
revela aempre o conhecimento de um aislema cspccial dc sinais ariiciilados,
o que imporin dizcr. usa u m a linguagcm própria.

. Só metaforicamente se pode afirmar que os animais possuem lingua-


gem. Os sons que eles emitem não passam de ruídos unilormcs, dcsigna-
iivos dos v8rios sentimentos d c dor, cspanio. alegria. d c quc cstáo possuí-
dos. O aparelho fonador do Iiomcrn, só cle, aprcscnta a complcxidado
exigida para a emissão d e uma variedade cxtraordinárLa d e soris, com os
quais lhe é possívcl exprimir t o d a as modalidadcs d o pensamento.
A este propósito convbm citar o que dissc Sclilçiclicr: "A linguagem,
isto é, a expressão d o pensamento por ~ a l a v r a s ,6 o único característico
exclusiyo d o Iiomcm. O animal possui tamb6m siiiais f6riicos muito
desenvolvidos para a imediata cxprcssio dos seus scnlimcntos c. por meio
dcsscs sinais, é possível uma comunicn~ãodos sentimentos cnlrc os ani-
mais. como por meio doutros sinais. A expressão d a scnsaçóo pode, sem
dúvida, produzir rcprcscntaçõcs nos outros. 1; por isso que sc fala Lam-
b6m n a linguagem dos animais. Nenlium animal. todavia, tem a capa-
cidade d e expressão imediata d o pensanieiiio pelo soiii" (3).

( I ) Apud Abcl fIo\.elacquc. La Ling., p. 2 2 .


. . Ibid.. v. 27.
(2)
(3) ubrr dic Bedeul. der Sprachr Jiir die Nalurge,ch. de, hfensehen. p. 14.

26. Oriqrm dn Linpiinqrm. - A origcrn d n lingiingcrn 4 i i i i i n d w q i i c s t ~ sqiie


ninia LBrn prroa<ipndo i>ccpiiilo I>iimnno. Deadc rcrnorn nntipiiidn<lc, \.e," sendo dis-
curidn whs s6liios. sem que 1116 ng<irnIinjsin cbegndo n u m acordo.
J<istiliçn-.c 6s.c riiipcnlin por eniisn do papel iinpsrlnnlc qiic R lingiingom a x e r n
cm iadas n s mnnileslncócs dn vidn huinann. Piiio E. pik, eein rnziío quc K iam niribuido
ò pala\-rn origem di\.inn.
O instinto de socinbilidndc. mnir imperioso n n espkic humana quc nos outros nni-
mnis. "50 encniitrnrin cXPre%=3O ndçqliildn. o11 mcsmo .%nniilnrin. se ii5o eriatisso a lin-
giinflin. G ~ i nrfi,itr>. o eristi.iii:iii rni niiliiiiii a i i p i r n lixnciii* de iimn. t n i i t n ~ii r > m n r u u
regriia. qiic cnils p w n n é iiI,iIgniln n respeitnr. pnrn quo o enilinlc <ICM iiitcrrsees anin-
gGnims núo prejudique n boa hnrmonin qitc deve exislir no seiò d o colelividado humano.
Cmnio. inrfm. cslnlzlecer es3w normrci. sem u m conlrnto o u nmrdo pr0vio. por
Oulrrci pniovrai, sem n lingungcm?
As grnn<lc.srrnlizrtcírr <IR inlrliK2ncin. q ~ encliamo do nwoml,ro os sdeulm. "$0 errinm
p o ~ s l v eacm
i n linpiingcm. p r q u c 6 cln qoic lrnnsmila a cndn pern~iíonova a? w n q u k l a r
dar @rq'"S nnlrriores.
SCo nindn milito esp<asns. ù niingiin di: dndcs esclnrcadorm. i c i Lrevw qiio envolvem
n qitesldo do origem <In linpiingcni. h q l i i f i l ç s c ~ , r i i r ~ c m nssr>lierl,nm
. por iiin inslsnla
OP t:xpirito~, crn ~ e g i i i i l i tiIrs,tpnrecciii. <liliido I c i g ~o oulrns I,iliOt<:sn. Erilrolnnto,
iXo<srn-u: ti16 Ii<ijrR-. n < i ~ ~ r i t l i i i r i l i i<
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!OJ mauioq op q m d ~ o dwa9iiii8u!l up 0!3!s!iibu alu~uluna!rioiul!ju ;!ajiisn.l
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ap slqo !OJ 'uluolua ou 'oluauithlo*
' O ~ ~ U J A U D Juxid
- u s s ~ pnss O .soluani!iu~s s o ! ~ uiaJ!ui!xixa o ~ u d6 c y l Y ~ 3 1 ! ~ 1S"U~!UO
?s ~n x 60 3 6" 3nú
.r~!airnuis w s m op 1auauiilua!3%a3u! u p v U J U S ~ I~I Ja u l o qV 3nú u:.t)qou 0~115!d:.1
'POUYUOJ 3 6083~860J0591!J 6 0 O J l U J 6JJ06Uaj3p U Y I O I l U < N U J SJi31()3!1( rn mqlll-,?

6 alua op Jalloo ou 'opuluanu! q m e ! ~ qii n o uiauioq uii uia8uii8uil o opulshaj


6naO o ! l q 'q!93w 9 ) .iuuuit~ilno uu!~!p U ~ ~ !uiis J O ui> u j, & , J ~ ~ ! ~3 ~ ~ J ~ ~ !
sualvl a seqriuuuua opup niq anb 'uio8un8u!l op m n ? Y iii; o-lr-~nbsu 'oiual o ~ i i i n -
' J S ' ! ~glapod sou oinlnJ o 9 9 $ I a ~ ! s w od6! giaç .o~!ls!@ii!l
U!I!UBJ no odnl8 spso op wuio!p! r> q u m s p a l w d ~OpuWL!lU3<rJ . E ! O ! J I U ~ 60pn160 0!uq
enb ra)s!ui ) ' u r j ) l d 'q6! s i a j .iil~q s muJ su sopuluj auuimp! 60 wpw ap on!>om<l
- u m o nlm uin Ia*!n;n~mumi se opuuni: -op!lua *Ti)"~ ~ g ~ s l l bJn!l!xnO ~ ~ t ~y ~t a p d
d
uo!lr!!, u!g y 'h%yiUpriiia w a m d o ?lu wul<ij 02" ciiriHu!l .hul!iiüi anb i 3 S J J 3 V
-
c . 44. Quanto no uso, classificam-se as Ilngiias cm vivas, mortas e

rxfinla<. 3,

45. VIVAS,as qiic cstiio scrvindo de instrumento diiirio de comuni-


cação entrc os indivíduos d e uma nação, como o porluguês, ~ j r a n c ê s .etc.
46. MonlAs. as que jú não são faladas. mas deixaram documcntos
escribs, m m o o lalim c o grego lirerários.
47. EXTI~TAB, as ~ I I Cdcsaparcccram,

scm dcisar memória Uociimcn-
tal, como o indo-europeu.

48. 6 a modificação rcgional dc uma língua.


DIALETO
"~ni'dialeto, diz Maroiizcnii. sc dcfiiic por um coiijiinto dc particula-
ridades tais quc o scii agrupamento dá a irnpressiio diirn falar distinto
dos falares vizinlios, a dcspcito d o pnrcntesco qiic os uac" (I).
N l o sc dcve edmitir a falsa idbia d c quc o dialcto scjn a corrirpçóo
de uma língua. O povo, quando inodi[i.cn o idioiiia, obcdccciido hs suas
tend8ncins nnturais, 1150 o corrornpc. A língua, como tudo na natiircza.
está sujcila a transforrnaçõcs iricvitávcis.
Para a formação dc um dialeto, concorrcm cniisns (Ic várias ordcns:
Btnica, social, geográfica, ctc.
Uma língua só conscrva o scu aspccto uniformc cnquanto é falada
por u m pequeno agrupamento humano. É quc, ncstc caso, as influên-
cias são ns mesmas; as comiinicaçócs entrc IU pcssons, main ínl.imas c
constantes; os intercsscs idênticos.
Dcsde, porkm, qiic a família liumana se multiplicn, dcsdohrando-sc
* por várias rcgiõcs, o unidade lingüísticn sc torna insiistcritável, a nicnos
que haja uma ação enkrgica d o podcr ccntral, mantcndo as divcrsas rcgiócs
vinculadas espiritual c matcrialmenle h mclrópole. Esta ação quc sc
exerce, sobretudo. pcla li:cratura, pelo jornalisnio. pelas escolas, cslá
condicior.ado no grau d c dcpcnd6nci; política, h clist8ncin c nos nicios d c
c o m u n i c ~ ~ ã o .Assim, quaiito mais dcpcndcntc politicamcntc cslivcr a
região, mcnos distante se acliar (Ia capital ou scdc d o poder ccntral, mais
facilidade houver d e comunicações com ela, tarito maior scrá a rcsistêricia
d a Iíiigua cm. manter a sua unidade.
Quebrados os laços políticos oii cn~raqiicriclna nçZo d a nirtr;~polc.
começam logo a surgir difcrcnças locais. quc d a ã o cin resultado, no corrcr
dos nnos, a formaçüo d c dialctos.
a o que por outras palavras olirma Daiizat: "<les(lc rliic a nçáo (10
podcr ccntral sr cnfroquccc ou <Ics:iparecc. dcsclc qiic o Inço social sc rclaxn.
os grupos se dcslocam, e cada um delcs, rctomnndo a sua autonomia, clicga
rápida. e inconscientcmeiitc a sc constituir cin linguagcm iiidcpciidcntc:
foi o qiic aconteceu, por exemplo, dcpois d a qiie(la do império romano" (1)
Nüo sc pode ignorar prcsentamcctc a importfin'cia do conliccimcnLo
dos dialetos, porque sáo clcs quc nos diio o cliave (Ic miiilos problcrnas
d e linguagcm. "Já niio é possível, declara o já citado Dauznt, quc sc
'1raf.c hoje d c uma questão qualquer de linguagem, com ubslraçáo dos
documentos dialetológicos" (2)
A dialciologin cicnlífica só apaicccu no súciilo X I S , com os trnbnllios
de Cornu e dc Ascoli.
Os estudos dialetológicos, apcrfciçoados coni os modernos processos
d a fonética experimental, assumem Iiojc caráter definitivo, grayas ù coii:
tribuiçáo que Ilie veio trnzer uma ciência nova, d c origcm francesa - a
Gcograjia Lingiilslica.
E m sua origem. toda língua é u m dialcto, que, por circunsifincias
várias. conscguc predominar. Assim. o ilaliano foi o principio o dialclo
d a Toscana; o espanhol. o d c Castcla; ojrancês, o d a Illia (Ic Fraiiçn.
Língua c dinlcto súo, pois, termos rclativos. O i l a l i a n ~ ,o jrancês,
o espanliol, o porluguês, ctc., que, toinados scparadnn~cnlc, coiistitucni
vcrdadciras líogiias, com rclaçiío no latim. niío passam de siinplcs dialctos.
,

49. A priricípio. o que existia era simplesmerite o lalim. Depois.


o idioma tlos rornniios se cstiiiza, trnnslormaiido-sc riiim instrunierito
literlirio. Piissn ciitiio a aprcsciitnr dois aspectos que, coin o correr do
tempo, se tori~arncndn vcz mais distiiitos: o clúasico c o uiilgar. Küo crnm
duas língiias diferentes, mas dois aspectos da mesma língua. Um surgiu
do outro, como a úrvorc d a scinentc. Essas duas modalidndcs do latirn,
a literlria e a popular, receberam dos romanos a dcnomiiin~lorespectiva-
mente de sarmo urbanus c sermo rulgaris.
50. Diz-se ialini clóssico a língua escrita, cujo imagem est4 pcrfci-
tamente configurada nas obras dos escritores latinos. Caracteriza-se
pelo apuro do rocnhulário, pcla correção grcmatical, pela elegtncin d c
estilo, numa palavra, por aquilo que ~ í c c r ochamava, com propriedade,
a urbanilas.
Era uma Iíugua artificial, rígida, imota. Por isso mesmo que não
refletia a vida trepidante e mud5vel d o povo. pôde permanecer, por tanto
tempo, mais ou menos estável.
A tradiçno literária começa em Roma no s6culo 111 a.C., com o apn-
recimcnto dos primeiros escritores: Lívio Andronico, Cncu Névio, Enio.
Antes, o que havia eram sirnplcs inscriçóes de nulo valor literário. O
período d e ouro do latim clássico é representado pcla época de Cícero e
de Augusto. É então que aparcccm os grandes artistas d a pros- e d o
verso, que levam a língua ao seu maior esplendor.

(1) Apud Bourciez, gltn. de Ling. Rm., p. 31. - Ver Lnmbém o ieJíemu&o
de Quinriliaoo, Inrl. Orol., XII. 10.40.

51. Chama-se lolim uulgar o latim falado pelas classes iiiferiores d a


sociedade romana inicialmente c depois de todo o Império Romano (1).
Nestas classes estava compreendida a imensa multidáo das pcssoas iiicultas
quc erani de todò indiferentes i s criações do espírito, que náo tinliam preo-
cupações artísticas ou literárias, que eiicaravam n vida pelo lado prútico,
obje~ivamenlc.
A. estas pertenciam os soldados (mililes). os m;riiiheiros (nauloc), os
artífices (Jabri), os agricultores (agricolae), os barbeiros (lonsores), os sapa-
teiros (sulores), os taverneiros~(coiiponcs), os artistas d e circo (hislrioncs),
ctc., Iiomens livres e escravos. que se neotovelavnm nas r!ias, qiie se com-
primiam nas praças, que frequentavam o forum, que superlotavam os
teatros, a negócio ou em busca de diversõcs. tocia essa gente, eiifim, que.
s i passara pcla escola, dela 96 conservara os coolieeimentos mais ncccss4-
rios ao exerclcio d a sua atividade.
Representava esse latim, pois, a soma d e todos os Ialares das camadas
sociais mais Iiumildes. E r a uma espkic de denominador comum. que
se sobrcpunlia hs gfrias d a s várias profissi>es. conio iirn iiistrurnento Inmi-
liar de comunicaç80 diária.
Encerrava ele não poucos arcalsmos, banidos d a língua literária, a
par de um grande núrnero de inovações ou eioprl.stimos. quc se refletiam
principalmerite no vocabult5rio. em consequêiicia das conquistas.
t '. I. \ I, ..
,.

Contido durante muito tempo, em suas expansões naturais, pela


ação dos gramáticos, d a literntura e dn classe cultni o Iatirn vulgnr se
expande livrcmentc mais tarde, com a ruína do;'Inlpério Romano e o
avassnlamento dos scus domínios pelas bordas' bárbaras. cuja conse-
qüência foi, c não podia deixar de ser, o fecliamento das escolas e o desapa-
recimento d a .uistocrncia, onde se cultivavam as boas letras.
Produto de uma contribuiçuo tão variada, em q u e ao lastro primitivo,
dc liumildc origcm rural, sc Iiaviarn sobreposto elcmciitos divcrsos dia-

(1) A cxpresstio lalirn uirlgar. crnboro gerdrncnle ndrnilidn, é imprópriii pnre


signilicor o qiie mrn ela se pretende. I'or isso. tem-se corrigir m a irnpro-
pricdode, aul>ç~iluindo-aF j r oulrm. C<invérii cilrir a esLc rrupeilo u quc diz o ~>rnf.
Scrafim dri Silvn NcLo: h s vnricdades dii liiigua C r i l ~ i r l i i chninorcinos sermo usualii.
loiirn correnle, lalirn coloqilial- rugindo ò cxprcssiic> lalirri oulgnr, que 6 rniiilu deleiliiosii".
(Fonl. do Lol. Vulp.. p. 27). Podemae dirlitigiiir. acgundo ele, na língua correole quoiro
motizcs: "Ernlwra sem preiisEo rniilernótieo. p c w o qiic wdeinos ndmitii quatro ma-
lizcs d o lingiin corrente: jarniliar (loiirn d i eld3cs
~ mfdlirs. dos Ironcstiores - inrliicii-
cindo w l n urbonilai): rulgar (Inlim d&3 I > R ~ x R cnrnodw
~ do p p ~ I u c " < )do3
, CSETUVOI);
piriar (mililar. dos gladisdorea, dos rnarinhcims. elç.); yroo;ncial". (Ilisl. do Lof. Vulg..
p. 27). '
letais ou d e outra proccdsncin, cssc Intiin ciicerrava já rni si o gcrmc (In
diferenciaçZo, que se foi accntiiiiiido cada vcz iiiuis. dcsclc quc o adotaram
como idioma comum povos tSo diversos peln líiigiia c prlos costumes.
Foram cssas transformações, q u e clc sofreu cni cada rcgião, quc deram
em resultado o aparccimcnto dos difercntes romances c, postcriomcnte,
das vhrias Iínguns ncolntinas.
m
Nno 6 fAcil conliecer, em scus pormcnores, csta modalidndc do latim.
Nos autores latinos não houve nunca c propbsito deliberado de rclratar
o falar do viilgo. O Iiumildc cntalliador. no gravar nn pcdrn ou no már-
more uma inscrição, julgava cstsr cscrevcndc a boa 1í:igun. ou scjn, o
latim clássico (1)
E r a a literatura latina uma espécie de círculo fechado è s maniicstacões
da vida popular. Os escritores puiiliam scmpre grande empcnlio em evitar
o emp;Ego de palavras ou cxprcssões da plebc. Assim, não é cm suas
' obrei que sc pode cstudar o sermo nulgaris. Com isso, cntretanto. não
queremos dizer que não se encontrem absolutamente palavras ou expres-
Ges do povo cm scus traballios. NUo é possívcl supor q u c o sermo urhanus,
em contacto permanente com o nulgaris, iiGo sc deixasse pcnetrar de certos
vulgarismos. como também não sc pode negat q u e a língua d o povo con-
tivesse palavras ou expressões pertencentes Q língua culta.
Os poucos informes que tcmos d o lalim oulgar são-nos ministrados:
a j pelos trabalhos dos gramáticos, n a correção das formas crroneas usuais;
b) p c l a obras dos comcdiógrafos, quando aprcsentqm em cena pessoas
do povo, falando; c) pclas inscrições, qiie nos legaram humildcs artista8
plebeus; d) pelos cochilos dos copistas; e) pelos erros ocasionais dos
pr6prios escritores cultos, principalmcote dos Últimos tempos.
Por semelliantes documentos e pclos abundantes subsídios que no6
fornecem as línguas rominicas, podemos concluir q u e bcm profuodns
eram as diferenças q u e extrcmavam o sermo nulgaris d o sermo u r k n u s .
No estudo do'latim vulgar. deve-sc salientar a import8ocia das obras
dos escritores d a decadêricia romana, sobretudo daquelcs que, visaiido a
um objetivo superior. escreviam com simplicidadc, scm a preocupação
d a gramática e d o estilo. Ncstc número. estão os escritorce cristúos.
Fontes d c informaçúo scgura, para o coiiliecimciito desta n~odnlidadc

(1) "É diricil. diz hlenfndez I1idul. o conlicciineiilo do latim vulgnr. piir iiiincn
f o i wcrilo delil>ersdai~iciile: o cniilciru rnois rudc, ao graviu uiii Iclreim. pmliiiiilia-sa
wcrever a lingua elúnsica". (nlon. dc Çrruii. iiiif. E,,,.. p. 3).
31. L~NGU.AS R O ~ A N I C A S são as que conservam vestígios indeléveis
de sua iiliação ao latim no vocabulhio, na morfologia e na sintaxe.

58. Há dez línguas românicas: o porluguês, o espanhol, o calalão, o


francês, o prownçal, o ilaliano, o relo-romano, o dalmálico, o romeno e O
sardo.
Estas línguas estão assim distribuídas:
o porluguês, falado em Portugal, no Brasil, n a ilha da Madeira, no
aquipélago dos AçÔres, nas antigas e atuais colôuias portuguesas da
a r i c a , da hsia e da Oceânia;
o espanhol, falado na Espanha e suas colônias, em quase toda a AmE-
rica do Sul à rxceção do Brasil e das Guianas:'na América Central, no
lIéxico, em algumas iihas d o arquipélago das Antiihas e nas Filipinas;
o calaláo, falado na Catalunha, nos vales de Andorra, no departa-
mento francês dos Pirineus orientais, na zona oriental de Aragão, na maior
parte de Valência, nas ilhas Baleares e na cidade de Alguer, situada na
I costa noroeste da Sardenha;
ofrancês, falado em quase toda a França, exceto no sol e na Bretanha,

em Suas colôuias da Ásia, da África, da América e Oceânia, na Bélgica e

! Congo Belga, n a Suíça, em i\Iônaco, no Canadá, n a Lgisiânia e n o Haiti;

p prov~nçal,falado no sul d a Franca (Provença);


o ilaliano, ialado n a Itália e nas ilhas adjacentes (Córsega, Sicília,
etc.1. nas antigas colônias italianas da Asia e da África. e em S. I l a -
I rinho;
o reto-romano, rélico ou hdino, falado no Tirol, no Friul e no cantão
dos Grisóes (Suíça);
o dahhlico. outrora falado na Dalmácia:
o romeno ou raláquio, falado na România e n a parte d a ~ ~ ~ ~ ~ d ô ~ i ~ ,
próxima ao monte Olimpo;
o sardo. falado na Sardenha.
- . ,
4
---pp-p-------..- . . .

O terrirório atual. em que se falam estes idiomas, oriundos do latim, 7


t

não coincide com os limites d o Império Romano, antes da invasão dos


bárbaros.
H& lugares em q u e o latim não conseguiu impor-se, outro3 em q u e
ele l o g o u implantar-se, mas depois teve que ceder A investida de idiomas
estranlios. Basta dizer que, não obstante a vasta área em que foi ialado
I depois das conquistas, só deixou representantes na Europa.
Aí mesmo. Iiá regiões em que não conseguiu manter-se. Assim,
muito precária foi a sua sorte nos países balcânicos, na ilha de Malta e
na Inglateira.
59. As línguas ncolatinas nãose derivaram d i r e t a m e n t ~do latim. mas
entre aquelas e este houve os vários r m a n c e s , - assim se chamavam as
I
modi[ieações regionais d o l a t i n -, dos qtiais saíram então as línguas
românicas. I

S ã o se pode precisar a época exata d a formação dos romances. nem a


do desapusecimerito d o latim <ulgar. Segundo Grandgent. o período
deste estende-se d o ano 200 a.C. até pouco mais ou menos o de 600 d a
Era Cristà: ( L ) . Só entzo 6 que aparecem os romances. i
Diz h,Ieyer-Lübke q u e as altera~õescaracterísticas do sistema foné-
tico das línguas românicas se verificaram entre o IV e VI séculos. I

Para Laij. modiiicacões, além d a diversidade de meio, da extensão


,
I
territorial e d a topografia irregular dos vários domínios romanos, elemrn-
tos importantes n a transformação de uma língua, outras causas costumam
%er invocadas: o) a hislórica; b) a elnológica; c) a polflica. !
60. A causa h i ~ l t i c a -
. .bconquistas romanas deram-se em diiereotes épocas.
a o m a não impós a seu juco simultançamente a todos os paros. Consumiu-Lhe vários
século^ a dominatão d o mundo.
- k i m , a Sicilia é cori\.ertida em provinci? romana. no ano de 241 a. C.: a C ó m g a
e a Sardenhu,>no ano de 138 a. C.: a !liapInia. no de 197 a. C.: a Iliria é a h v i d a desde
167 a. C.: a Airica. a partir d a i-itórir sobre C a r t q o . em 146 a. C.: a Gália meridional.
e m 120 a. C.; a Gália setentrional torna-se provincia romana no ano de 50 a. C.; a Récia,
desdt o ano 15 a. C.;a Dácia wfre a colonizatüo romana no ano dc 107 da Era Cristã (1).
Por conseqüência. entre a conquista d a Sardenhs e a d a Dácia. medeiam apmrima-
damente puatm séculos.
Xeste e s p a p de tempo, tinha solrido a língua latina nòo poucas modificaçõer. É
a r a z i o por que o sardo apresenta traços de um lalim muita m;ús a n i i , ~do que o italiano.
D o mesmo modo. os povos que habitavam a Península Ibérica receberam o sermo pulgaris
primeiro que os d a Gália.
Enquanto as primeiras t e r r a mmanizadas aprenderam uma linguqem mais wpular.
as últimas oonheceram um latim mais poiida, ou seja "uma linguagem mais oficial".
J I a a causa histórica poderá explicar a diferenciação do latim; nunca. porém. a
das linruas românicas entre si.
&te lato e' reconhecido por AIeyer-Lübke: "a diferente mtigiiidade do latim nos
diveruri países pode explicar diIerença dentro das línguas românicas, mer nào a própria
d i l e r e n p d a t a s línguas entre si" (2).
61. A m u o elnológica - .As várias regiões sobre que os romanos estenderam o
seu domínio eram h c b i t a d a por povos de racas diIrrentsr. S R prjpria Itjlin. al6m do
oam e m b m , de origem inênticn ao latim. eram falador outros idiomas: o niesrápio. ao
sudeste; o grego. na Sicilia e no sul: o ciruaco, ao norte: o ci!lico. na regi20 du 1'6: o íigúrico.
ao noroeste; o i-êneto. ao nordeste.
NO temtório wrrespondeote I Franca atual. [oram idiomar ususis o ibírico. o li@;-
rico e o cillim (gaulês).
S a resião mnstituida modernamente por Portugal e Lp.mhn. havia o ibirico e o
ciilico. h Portugal especialmente. habitavam as seguintes tiitmsos: lurdrianoi no sul.

.
c r i l u no sul e no norte. 11irduloa ao norte do Tejo. igedilonos na Beira. prrrwo5 ao sul do
Douro. grócior ao norte, brácaror no Jlinho. :elas ein 'L'rá5-x-Jlontçs - algumas nati-
vas. outras resultanteo do cruraruento din Ç c I L ~ , c de ootros puvus mm cs Iusitann; (3).
E r a larçoso que e lingue latina. n a boca de gentes de índole eemtumer tZo di~erros.
se modicicas tamb6ni diversamente. em tods s floinânia.
AO receber o latim, cada povo o transrurmnva n seu modo. de acordo com os hibi-
tos lonéiicos próprios.
É esta s hipótere do rubsirolo de que .iscoli se valeu paro erplicor certii; puticula-
r i d a d e lonética do ~TOIC?Se do rrpauiioi (.t).
(4) Chamn-se subrlrolo a lingun suplantoda em conseqü8ncin dc conquista. posse
e colonizscào da terra por Ou110 p v o . D o m i i u c t o de duas i i n g u ~
no mesmo terril6-
rio resulta que a lingun sobrevivente guarda certos t r a a s de inlluêiicin da oiiterilir. que
podem consistir em cerlas palavras. húbitos lunC1ims. lormas gromnticais.etc. Filando
de subrlmlo a, dominio das línguas românicas. diz Paivs DolCo: "Esiudonda ;.e fontes
do ICxico. não se pode deixar de l u e r relerêncio. embora sumhria. no probbnin dos rubr-
Irolor. o q u d mnsisle. como C sabido, em determinar s influéncin dar linguaç sui&io~ics.
faladas antes da doioinaçZo romana. sobre cada um dos idiomaç ncolstinos. É ~ a l v e r
o =unto mais delicado de quanlos se apresentam Iioje ao estudo dos romonisbi. T.1-
vez por úso mesmo ele apaixona os fil6logos. que Ilie têm dedicado numerosos trnbellios.
quer de caráler geral. quer especial. Barra recordar. entre tantos outros, os de Brrtoldi.
IlolCglioai. Terracini. Schrijnen. Alenéndez I'idN. M.. von \\'artL>urn e l l w r i Sleicr".
( I n l r c d . ao rrludo d o Filol. Purl.. ps. 23-21].

Poderia ela. quando muito. explicw a formnçZo de dialetos na Rornãoia, ~ á o p


, orh,
a de linguas Lào difereotej corno as neolalinar.
I c o u l ~wiilico. - 3 e todw s causas aqui a p o l a d m é. sem dúvida, esta a
62. ,
iinlmrtante da diferencioçSo dar linnuar
Com efeito. enquanto um povo e516 pl;licamenle sujeito e outro, forte
a unidade lingiiisúca
~ n d c p, r c m . quc se quebram os IPÇDS p l i t i m , tomeçam ar d i ~ e r ~ ~ n cno
i a que
r
diz rcspe:iu à l í n j s . E s t w se vúo a~oliimandoi proprção que os aoos pasiam e di-
riiinucw as r e l a c k entre a a n t i ~ ainetiipole e a ml6nia. &mo conseqüência lógica,
iinpir-se a crincPo de dialetos, que poder" tcnnsformur-se depois em Linguaj indepen-
dsnles.
Foi o que suceda com o latim.
"As diferen~4ilocais, diz hleyer-Lübke. talvez mirim% na origem, sumencaramq
quando o imp8rio rumano caiu. quando 8+ r e l a c k d<irarsm de ser reciprocas e. em lugar
de um império homozêoeo, houve estados isoledos e independentes uns dos outros".

63. A . língua portuguesa pror.eio do ialim vulgar que os romanos


introduziram na Lusitânia, regilo situada ao ocidente d a Pensínsula
Ibérica.
Pode-se aíiumar, com mais propriedade, que o portugués é o próprio
Iatim modificado. É licito concluir, portanto, que o idioma falado pelo
povo romano não morreu,- como erradamente se assevera, mas cootinlia
a viver. transformado, no grupo de línguas românicas ou novilaljnas.
I s circunstâncias históricas, em que se criou e desenvolve3 o nosso
idioma, estão intimamente ligadas a fatos que pei tencem à história
geral d a Península.

77. Leite de Vasconcelos divide a história d a língua portuguesa


em três grandes épocas: pré-hislórica, prolo-hislórica e hislórira (2).
78. A pé-hislórica começa com as origcns da língua e se prolonga
até o século I X , em que surgem os primeir~sdocume~itoslatino-portu-
gueses. É reduzido o material liiiguístico desta época, constante de ej-
cassas inscrições. Só por coiijetura é que se pode fornisr urna idéia do
romance então falado.
79. A prolo-histórico estende-se do século I S ao S I I . Os textos,
q u e então aparecem, são todos redigidos em latim bárbaro. Keles. porém.
de quando em quando, se encontram palavras portuguesas, o que prova
à evidência que o dialeto galaico-português já existia nesse tempo.
$0. A hislórico inicia-se no século X I I , em que o s textos ou documen-
tos aparecem inteiramente redigidos em português. Anteriormente, a
língua era apenas falada.
81. A época hislórica comporta uma divisiio em duas fases: a arcaica
(do século S I 1 ao S V I ) e a moderna (do século S V í para cá).
Quase no limiar da época moderna. como a extremá-Ia dn arcaica,
o [ato literário dc maior importância é a publicação dos Lusladm (15í2)
por Luís d e Camões. Constitui esta ohra a verdadcira epopéia nacional

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