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Ficha de Avaliação de Língua

Portuguesa - 5º ano

O primeiro dia de escola


Lembro-me, era assim um pouco como agora. A chuva do lado de
lá dos vidros, só que era Inverno ou lá quase, e eu sentia-me no fim
do mundo. A minha mãe tinha-me abandonado ali, naquela casa
escura num 3º andar, naquilo que me tinham dito ser “a escola”. Eu
não sabia o que era a escola. Acho que nessa altura eu não sabia muita coisa.
Mas a escola sempre me tinha cheirado a erva húmida, a corredores claros, a pássaros nas
árvores, a príncipes encantados. Lembro-me que a minha avó Lídia me costumava dizer:
“quando fores para a escola é que vai ser bom”. E para mim a escola passara a ser qualquer
coisa de muito parecido com o palácio da Branca de Neve, ou com a casa misteriosa de algum
duende por onde se entrasse de olhos fechados e se saísse a saber tudo o que havia para
saber neste mundo e nos outros todos.
Mas agora a escola cheirava a degraus de madeira velha, uma porta que rangia, sem
duendes nem príncipes, e crianças lamurientas dentro dela.
A minha mãe sorriu e ainda me fez uma festa no cabelo. Eu tinha ido na véspera ao
cabeleireiro, pela primeira vez na minha vida, para entrar de cabelo cortado para a escola,
“como uma menina bonita”, dissera a avó Lídia. Logo aí eu começara a sentir que qualquer
coisa não estava bem, e que a escola não podia ser assim coisa muito boa se, para lá entrar,
era preciso suportar a cabeleireira, as suas tesouras arrepelando-me, o cheiro enjoativo da sala,
o calor quase sufocante, e o meu cabelo caído no chão, em monte. A Gata Borralheira não
cortara o cabelo para ir ao baile. Nem a Branca de Neve quando entrara na casinha dos anões.
O que seria afinal de contas a escola? Ouvi a voz da minha mãe:
- Ela cá fica, então.
A escada cheirava ao corredor da casa da tia Magda (bafio, saberia muito mais tarde) e lá
por fora chovia manso. Agarrei-me com força à saia da minha mãe.
A minha mãe tirou um chocolate de dentro da mala e deu-mo, sorrindo então para mim.
No final de muitas horas (apenas quatro, soube-o muito mais tarde), a minha mãe veio
buscar-me e levou-me para casa. E a casa estava nesse dia muito mais clara, e havia flores nas
jarras, e o corredor cheirava a maçãs, e o riso da avó Lídia era muito mais alegre que nos
outros dias, e a chuva era muito mais bonita e mansa nos vidros do meu quarto do que nos
vidros da escola. E o chocolate estava todo esmagado na minha mão e era bom.
Vieira, Alice, Chocolate à Chuva (adaptado)
Lê o texto com atenção e responde às perguntas de forma clara e completa. Atenção à
ortografia, acentuação e pontuação!
1 – Identifica o tipo de narrador do texto. Justifica a tua resposta.
O narrador é presente ou participante, porque, além de narrar o texto, também participa
nele como personagem.

2 – Quem é a personagem principal do texto?


A personagem principal do texto é a Mariana.

3 – Localiza a acção no espaço e no tempo.


A acção passa-se na escola, no primeiro dia de aulas da Mariana, num dia chuvoso de
Inverno.

4 – “A chuva do lado de lá dos vidros”


4.1 – Indica quatro palavras da família de chuva.
chover, chuvoso, chuvisco, chuveiro, chuvada, chuvinha, chuvita, chuviscar

5 – “e eu sentia-me no fim do mundo.”


5.1 - Por que razão se sentia a Mariana no fim do mundo?
A Mariana sentia-se no fim do mundo, porque a mãe a tinha deixado sozinha, num sítio
escuro e triste, onde ela não conhecia ninguém.

6 – “Mas a escola sempre me tinha cheirado a erva húmida, a corredores claros, a pássaros
nas árvores, a príncipes encantados.”
6.1 – Qual o recurso expressivo usado pela autora?
O recurso expressivo utilizado é a enumeração.

7 - A que é que a Mariana comparava a escola? Justifica retirando uma frase do texto.
A Mariana comparava a escola ao Palácio da Branca de Neve ou à casa misteriosa de um
duende. “ E para mim a escola passara a ser qualquer coisa de muito parecido com o
Palácio da Branca de Neve ou a casa misteriosa de um duende.”

7.1 - Indica o recurso expressivo presente nessa frase.


O recurso expressivo é a comparação.

8 - “e crianças lamurientas dentro dela.”


8.1 - Indica um sinónimo da palavra sublinhada. Choronas.
9 - Classifica as palavras quanto ao seu processo de formação:
9.1 – cabeleireira – palavra derivada por sufixação
9.2 – palácio – palavra primitiva
9.3 – infeliz – palavra derivada por prefixação

10 - Como se preparara a menina para o seu primeiro dia de escola?


A Mariana preparou-se para o seu primeiro dia de escola, indo ao cabeleireiro cortar o
cabelo.

11 - “Logo aí eu começara a sentir que (…) a escola não podia ser assim coisa muito boa”
11.1 - Explica por que razão a Mariana terá proferido estas palavras.
Ela terá proferido estas palavras, porque pensava que tinha de ir ao cabeleireiro para
entrar na escola e não gostara muito de lá ir.

12 - Indica as funções sintácticas das seguintes frases:


12.1 - A cabeleireira cortou o cabelo à Mariana.
Sujeito – A cabeleireira
Predicado – cortou o cabelo à Mariana
Complemento directo – o cabelo
Complemento indirecto – à Mariana

12.2 - A escola parecia o Castelo da Bela Adormecida.


Sujeito – a escola
Predicado – parecia o castelo da Bela Adormecida
Complemento directo – o castelo da Bela Adormecida

13 – “a chuva era muito mais bonita e mansa nos vidros do meu quarto”.
13.1 - Indica um antónimo da palavra sublinhada violenta, forte

14 - Como se sentiu a Mariana quando regressou a casa? Justifica com expressões do texto.
A Mariana sentiu-se feliz e aliviada. “E a casa estava… nos vidros da escola.”

15 - Tens vindo a estudar, nas aulas de Língua Portuguesa, esta obra de Alice Vieira. Por que
razão terá a autora escolhido para título “Chocolate à Chuva?”
A autora escolheu este título porque, tal como no primeiro dia de escola, a Mariana
enfrenta os seus medos e problemas comendo um chocolate, sobretudo se estiver a
chover. Ao longo do livro, percebemos que a Mariana funciona como um chocolate para a
Rita e a obra termina com as duas amigas a comer um chocolate à chuva.
16 – Classifica morfologicamente as palavras sublinhadas:
16.1 - A Gata Borralheira não cortara o seu lindíssimo cabelo para ir ao baile:
A – determinante artigo definido, género feminino e número singular.
cortara – forma do verbo cortar, no pretérito mais-que-perfeito do indicativo, na 3ª pessoa
do singular
seu – determinante possessivo, género masculino, na 3ª pessoa do singular
lindíssimo – adjectivo qualificativo, género masculino, número singular e grau superlativo
absoluto sintéctico
baile – nome comum, género masculino, número singular e grau normal

16.2 – A Mariana ficou triste porque aquela escola não era tão bonita como ela pensava.
Mariana – nome próprio
aquela – determinante demonstrativo, género feminino e número singular
bonita – adjectivo qualificativo, género feminino, número singular e grau comparativo de
igualdade
pensava – forma do verbo pensar, no pretérito imperfeito do indicativo, na 3ªa pessoa do
singular

17 - E para ti o que é a escola? Concordas com a Mariana? Fala das expectativas que tinhas
antes de entrar na escola e como decorreu esse primeiro dia.
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