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Adam Smith considera a economia política como um ramo dos conhecimentos do legislador e
do homem de Estado, que se propõe favorecer ao povo um rendimento abundante, ou, melhor
adequadamente, de colocá-lo a condição de adquirir por si próprio este rendimento abundante;
o segundo objeto consiste em oferecer ao Estado ou à comunidade um rendimento suficiente
para o serviço público: ela se propõe em enriquecer simultaneamente o povo e o soberano.
2. Walras não se satisfaz com nenhuma das duas definições. Por quê?
Walras não se satisfaz com as definições propostas por Adam Smith pois ele não enxerga
estas definições como ciência propriamente dita. Para ele, o caráter de uma ciência
propriamente dita assume completo desinteresse por qualquer circunstância vantajosa ou
prejudicial quando se dedica a busca de uma verdade pura. Walras exemplifica através de tal
argumentação: as verdades puras da geometria nos levam aos resultados da carpintaria, da
arquitetura, etc. Mas nem o carpinteiro e nem o arquiteto fazem ciência propriamente dita.
Logo, as definições de Adam Smith não são semelhantes ao do geômetra, mas são próximas
do que faz o arquiteto ou o carpinteiro. Pois antes de pensar em propiciar ao povo um
rendimento abundante e ao Estado um rendimento suficiente, o economista faz ciência pura.
E ao pensar desta forma, é definir a ciência por meio de suas aplicações.
3. Walras apresenta uma definição de Say do objeto da Economia Política. Qual é esta
definição, e por que ela contrasta com as de Smith?
Pois ele considera a definição de Say inexata. Pois como tais definições levam a ciência para
um âmbito puramente natural, e o homem possui razão e liberdade (o que quebra o caráter
naturalista).
5. Segundo Walras, qual é a razão para que a definição de Say tenha tido aceitação mais
ampla?
Pois é evidente que a definição de Say é distinta de Adam Smith, enquanto a exposição deste
coloca a economia política como uma arte mais do que uma ciência propriamente dita; a
daquele coloca a esta ciência como sendo toda natural. Isto levou uma maior aceitação da
definição de Say.
6. Para definir o objeto da Economia Política, Walras sugere a distinção entre ciência (pura),
arte e moral. Explique cada uma dessas categorias.
“A arte aconselha, prescreve, dirige” porque tem como objeto os fatos que tem origem no
exercício da vontade humana, e sendo, a vontade humana, até certo ponto, uma força livre e
clarividente, cabe aconselhá-la, prescrever-lhe tal ou qual conduta, dirigi-la. A ciência “observa,
expõe, explica” porque tem como objeto os fatos que tem origem no jogo das forças da
natureza, e sendo as forças da natureza cegas e fatais, não há outra coisa a fazer com elas
além de observá-las e explicar seus efeitos. Já o ramo da moral é a relação de pessoas a
pessoas, visando à coordenação dos destinos dessas pessoas entre si. Por exemplo, em
matéria de casamento ou de família, é a moral que fixará o papel e as posições do marido e da
mulher, dos pais e dos filhos.
7. “A distinção entre ciência e arte decorre da distinção entre teoria e prática”. Comente a
afirmação.
Para o autor a distinção entre ciência e arte não tem nada em comum com a distinção entre
teoria e prática. Há teorias de artes, como há teorias de ciências. A arte dita regras gerais e
não é insensato dizer que essas regras estão em desacordo com a prática em certos casos
particulares. Mas isso não acontece com a ciência que nada ordena, que nada aconselha, que
nada prescreve e que se limita a observar e a explicar. Ela não poderia encontrar-se em
oposição com a prática.
Ora, de saída, os fatos produzidos no mundo podem ser considerados de duas espécies: uns
têm sua origem no jogo das forças da natureza, que são forças cegas e fatais; outros têm sua
origem no exercício da vontade do homem, que é uma força clarividente e livre. Os fatos da
primeira espécie têm por teatro a Natureza e é por isso que os chamaremos de fatos naturais;
os fatos da segunda espécie têm por teatro a Humanidade e é por isso que os chamaremos de
fatos humanitários
As coisas úteis que existem apenas em quantidades limitadas são, pelo contrário, apropriáveis
e apropriadas. Primeiro elas são coercíveis e apoderáveis: é materialmente possível para um
certo número de indivíduos recolher a quantidade existente até que não exista nada para o
domínio comum, e obter vantagens e satisfazer suas necessidades.
12. Qual o argumento de Walras para afirmar que o preço é um fato natural?
O valor não é da vontade do comprador e nem do vendedor, pois este gostaria de vender mais
caro e aquele comprar mais barato. Mas o comprador não iria conseguir pois a coisa não vale
menos e o vendedor acharia outros dispostos a pagar o que realmente vale. Assim funciona
para o vendedor.
15. Valor de troca, propriedade e indústria são os fatos da economia. De que forma eles estão
relacionados com a arte, a ciência moral e ciência pura?
Cada um desses fatos econômicos é objeto de uma ciência ou arte específica. A ciência pura
se limita a observar e explicar os fatos naturais , independentes da vontade humana, como o
fato do valor de troca;
A propriedade (apropriação) é um fato moral, sendo a propriedade a legitimidade da
apropriação racional das coisas, sua teoria é objeto de estudo das ciências morais
(responsáveis pelo estudo dos fatos humanitários).
Sendo a arte um campo de estudo dos fatos que tem origem na vontade humana, seu
desenvolvimento se manifesta pelo da indústria ou da subordinação da finalidade das coisas à
finalidade das pessoas. A indústria é um dos meios pelos quais a arte se utiliza das ciências
para transformar e multiplicar as coisas úteis e raras.
16. Qual o argumento de Walras para afirmar que a produção e a repartição, ao contrário do
preço, não são fatos naturais.
17. Na sua opinião está correto definir preço como fato natural, e produção/distribuição como
fato humanitário?
Discordo. O preço não pode ser definido como um fato natural que independe da vontade
humana pois em situações que temos, por exemplo, cartéis, os preços são fixados e não agem
em conformidade com o caráter natural em que Walras coloca-os. E concordo, em partes, com
a relação do autor de produção/distribuição como fato humanitário, pois como, quanto e para
quem produzimos depende exclusivamente de nossa vontade.
18. “Tanto produção quanto distribuição são fatos humanitários, logo são idênticos em sua
natureza”. Comente.