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Escola Básica de Santa Catarina da Serra

APOIO PEDAGÓGICO INDIVIDUALIZADO


7.º ANO 2018/2019
DE PORTUGUÊS
Nome do Aluno: _________________________________________ Nº:_______

GRUPO I
Lê o texto. Se necessário, consulta o vocabulário.

Texto A
Peregrino fez 105 mil quilómetros
Miguel Amorim

É peregrino, chama-se José Antonio García, tem 65 anos e já calcorreou1 mais de


105 mil quilómetros. Antes de voltar a casa, em Cádiz (Espanha), visitou o JN, numa
paragem de um percurso iniciado na Bósnia, há cinco meses, e que, entre outras, inclui a
visita ao Vaticano, em Roma, onde terá tido um breve contacto com o Papa Francisco.
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José Antonio está em rodagem há 10 anos. Trabalhava na pesca do bacalhau e o
seu barco naufragou na Noruega. “Dos 17 tripulantes, 16 morreram. O único a salvar-se
fui eu”, revela para justificar a devoção a Nossa Senhora do Carmo, a padroeira2 dos
marinheiros, e explicar as longas caminhadas que o têm levado a diferentes pontos do
globo. “É uma promessa”, reforça.
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Quando começou a “aventura”, tinha 35 mil euros na conta. As viagens
consumiram todo esse dinheiro. Hoje, vive de uma pequena pensão e, sobretudo, da
ajuda dos outros peregrinos. “Um dia sem rir é um dia perdido”, dá conta, para ilustrar o
seu modo de vida e com o qual pretende contagiar quem o rodeia.
Faz 45 quilómetros diários. Só mete um travão à marcha para as refeições e
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quando as pernas lhe pedem descanso. Médicos e hospitais não são com ele. Apesar dos
seus 65 anos (perfaz 66 no sábado), a saúde não lhe tem pregado sustos. A estrada é,
mesmo, a sua praia.
Resistiu, por exemplo, às baixas temperaturas do Tibete, da Sibéria e do Alasca.
A brincar, diz ter “pele de foca”, apesar de a cidade-berço ter sido a ensolarada Cádiz,
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onde mantém residência. Sempre a pé, conheceu os principais templos religiosos do
Mundo, fosse na China ou no Brasil.
Tem telemóvel, mas sem GPS
Nesta última odisseia, com partida na Bósnia, fez o caminho até Santiago. Agora, o
25 Porto atravessou-se na rota. Fátima é o próximo destino. Conta lá chegar em quatro dias.
Pelos países por onde tem passado, tem sido notícia. Há dias, foi capa no Diário
de Pontevedra. Aos outros peregrinos aconselha que “andem com calma, sem corridas”, e
salienta a importância de “uma boa noite de sono”. Quanto à mochila que carrega às
costas, os 20 quilos exigem espírito de sacrifício. Lá dentro transporta o essencial: bebida,
30 comida, roupa, saco-cama, toalha e uma botija de gás.
Apesar de ter telemóvel, não dispõe do sistema GPS. “Sigo-me sempre pelas
setas na estrada. Quando me engano, volto atrás e recomeço a peregrinação”, diz, no seu
jeito simplista.

In Jornal de Notícias, 23/09/2015

VOCABULÁRIO
1percorreu, palmilhou; 2patrona, protetora.

1. Seleciona, em cada item, a alínea que completa cada frase de forma adequada, de acordo com o sentido do
texto.
1.1. Na linha 3, a palavra “outras” refere-se a
a) paragens.
b) cidades.
c) visitas.
d) capitais.

1.2. A expressão “A estrada é, mesmo, a sua praia.” (linhas 16-17) contém uma
a) comparação.
b) metáfora.
c) personificação.
d) hipérbole.

1.3. Na linha 19, o conector “apesar de” apresenta uma ideia de


a) confirmação.
b) alternativa.
c) contradição.
d) oposição.
2. As frases a seguir apresentadas correspondem a afirmações sobre José Antonio García.
Transcreve, para cada um dos itens, uma expressão do texto que comprove a veracidade das afirmações
efetuadas.
A. Nasceu na cidade de Cádiz, em Espanha.
B. Encetou a sua peregrinação devido a um milagre.
C. Durante a sua romaria, conheceu Sua Santidade.
D. Visitou os monumentos de culto religioso de referência mundial.
E. Despendeu as suas economias nas jornadas.

Texto B

Lê o texto. Se necessário, consulta o vocabulário.

E três dias depois o Cavaleiro deixou Florença.


Viajava agora com pressa para embarcar no porto de Génova num dos navios que,
no princípio do verão, sobem da Itália para Bruges, Gand e Antuérpia.
Mas já no fim do caminho, a pouca distância de Génova, adoeceu. Foi talvez do
5 sol que o escaldava enquanto cavalgava por vales e montes ou foi da água que bebeu de
um poço onde iam à noite beber os sardões.
Tremendo de febre, foi bater à porta dum convento. Os frades que o recolheram
tiveram grande trabalho para o salvar, pois o Cavaleiro parecia ter o sangue envenenado
e delirava dia e noite. Nesse delírio imaginava que nunca mais conseguia chegar ao seu
10 país, pois Veneza erguia-se das águas e arrastava-o consigo para o fundo do mar, e as
estátuas de Florença formavam exércitos de bronze e mármore que não o deixavam
passar.
Os frades trataram-no com chás de raízes de flores, com pílulas de aloés, com
xaropes de mel e vinho quente, com pós misteriosos e emplastros de farinha e ervas. A
15 febre foi baixando lentamente e só acabou de todo ao fim dum mês e meio. Então o
Cavaleiro quis seguir viagem, mas estava tão fraco, magro e pálido que os frades não o
deixaram partir.
Teve de esperar mais um mês no pequeno convento calmo e silencioso. Estendido
na sua cela caiada escutava o murmurar das fontes na cerca e os cânticos dos religiosos.
20 Depois, à tarde, passeava no claustro1 quadrado admirando nas paredes as suaves
pinturas dos frescos2 que contavam os milagres maravilhosos dos santos. Na parede da
direita via-se Santo António pregando aos peixes e na parede da esquerda via-se São
Francisco fazendo um pacto3 com o lobo de Gubbio.
No meio do claustro corria uma fonte e em sua roda cresciam cravos e rosas
25 brancas. No céu azul as andorinhas cruzavam o seu voo.
E das colunas, do murmúrio da fonte, das flores, das pinturas e das aves erguia-se
uma grande paz como se os homens, os animais, as plantas e as pedras tivessem
encontrado um reino de aliança e de amor.
Nesta paz as forças do Cavaleiro cresciam dia a dia até que, ao cabo de cinco
30 semanas de descanso, ele pôde despedir-se dos frades e continuar o seu caminho.
Então dirigiu-se para Génova.

Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca, Porto, Figueirinhas, 2004.

VOCABULÁRIO
1pátio interior de um convento; 2 técnica aplicada em paredes e tetos que consiste em pintar sobre reboco fresco e húmido com tinta
diluída em água e cal; 3 acordo, combinação.

3. “Mas já no fim do caminho, a pouca distância de Génova, adoeceu.” (linha 4)


3.1. Explicita as eventuais causas da doença do Cavaleiro.
3.2. Indica dois sintomas da doença, manifestados pelo Cavaleiro.

4. Comprova, com uma frase do texto, que os frades curaram o Cavaleiro por meio de remédios caseiros.

5. “Teve de esperar mais um mês no pequeno convento calmo e silencioso.” (linha 18)
5.1. Indica os motivos pelos quais o Cavaleiro teve de adiar a sua partida.

6. O Cavaleiro “passeava no claustro quadrado admirando nas paredes as suaves pinturas dos frescos que
contavam os milagres maravilhosos dos santos.” (linhas 20-21)
6.1. Usando palavras tuas, esclarece de que “milagres” se trata.

7. Atribui um título adequado ao texto que acabaste de ler.


Justifica devidamente a tua resposta.

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