Você está na página 1de 11

1.

Razão e fé e são a mesma coisa


2. A religião como algo natural
3. O ceticismo ateísta
4. As duas virtudes da vida
5. O inferno da substância pensante
6. Amor catóptrico
7. A inexistência da razão
8. Cogito, ergo nilum
9. A subjetividade da razão
10. A existência é uma conjectura
Niilismo agnóstico
I
A religião é uma doença, demonstrou-se ser uma característica inerente
às sociedades humanas, visto que na maioria das civilizações, sempre existiu
religiões. Com isso, exclui-se a possibilidade de a religião ser uma doença,
pois ela não altera um estado natural, mas é intrínseca ao estado natural de
racionalidade do ser humano, o qual busca explicar a própria existência e o
significado da existência e dos fenômenos abrangentes no mundo inteligível
através de coisas supraterrestres e seres divinos. O próprio desconhecimento
do ser sobre a natureza real das coisas, leva-o a procurar respostas que
expliquem tais fenômenos, utilizando-se daquilo que já conhece e
experienciou para formular um aclaramento sobre esses fenômenos. Melhor
dizendo: a necessidade de dar significado às coisas suscita as religiões. É
importante enfatizar que a formação das religiões se utiliza de experiências
empíricas e, elas são compostas por esses... Isto é: as religiões, assim como
a ciência, originam-se daquilo que se experiencia no mundo externo à
percepção da substância pensante. São tentativas de explicar os fenômenos
extrínsecos à percepção; a ciência baseando-se nas causalidades e
observações empíricas, a religião utilizando as experiências empíricas para
afirmar que há algo superior àquilo que a substância pensante está limitada.
Portanto, tanto a religião quanto a ciência são doenças, na concepção
daqueles que veem a religião como uma. Afinal, ambas têm as experiências
empíricas através da percepção como alicerces. A religião acreditando em
deuses e simbologias inspiradas nos objetos observados no mundo
inteligível, a ciência estudando os padrões dos eventos para explicar a
existência. Mais profundamente, não há diferença entre religião e ciência, as
duas são igualmente duvidáveis e, não respondem com excelência as
questões acerca da existência da substância pensante. Contudo, as duas
levam à mesma resposta: a substância pensante é incapaz de conhecer o
mundo por excelência, mas apenas interpretar conforme sua noção eventos
experienciados através da aisthetike. A fé e a razão são, mormente, a mesma
coisa... Ambas oriundas da racionalidade humana; manifestações da
necessidade racional do indivíduo de explicar a própria existência e os
eventos que o cercam. De acordo com o materialismo, é impossível surgir
uma ideia sem antes preceder a experiência... Nisso, conclui-se que é
impossível que uma religião seja criada sem que o indivíduo que a criará
primeiro experiencie eventos no mundo inteligível que o levem a criar tal
religião. Historicamente falando, é impossível que uma pessoa que jamais
ouvira falar sobre a existência dos oceanos, crie o deus dos oceanos, tal como
é impossível imaginar uma cor a qual nunca se enxergara, é impossível criar
deuses ou seres sobrenaturais que simbolizem objetos ou eventos os quais
nunca foram observados. Assim como ele jamais poderia criar um deus sem
antes ter a necessidade de explicar a própria existência baseado naquilo que
experienciou no mundo externo. Percebe-se aqui que, essencialmente, é a
mesma coisa que a razão faz. A razão utiliza-se dos mesmos eventos a priori
para explicar os possíveis padrões ocorrentes no mundo inteligível. Assim
como a fé, falha ao tentar explicar pois, continua-se sem ter respostas
definitivas e excelentes sobre os eventos extrínsecos à substância pensante.
Aqui, sai-se do materialismo e entra-se no idealismo, no qual se acredita que
é impossível conhecer o objeto por excelência, mas apenas estudá-lo
infinitamente através de ideias, contradições e conclusões (dialética
hegeliana). Essa concepção condiz com os meios usados pela própria
ciência, que se baseia no método científico para corroborar as teses e teorias
existentes na ciência. Ou seja, tanto a ciência quanto a razão, desistiram do
objeto em si, pois elas têm a noção de que não o podem conhecer por
excelência, mas apenas estudar sua superfície, por estarmos limitados à
percepção (argumento da ilusão) e, portanto, não podermos enxergar o
mundo de forma realista, mas sim idealista. Tanto a fé quanto a razão, de
forma agnóstica, desistiram de estudar a real natureza do objeto. A ciência
limitando-se a estudar os objetos observáveis, a fé criando entidades e
eventos sobrenaturais a partir daquilo que observamos.
II
A linguagem gera a cultura, pois é através da linguagem que a cultura
nasce. A linguagem existe entre os seres humanos há milhares de anos,
através dela vem gerando culturas e civilizações... A linguagem também
abriu portas para a religião que existe e existiu em várias culturas e
sociedades. Tal como a matemática, vem se formando em diversas
sociedades de forma quase que proporcional, com bases similares, o que
denuncia o fato de que a religião é uma característica intrínseca ao estágio
racional do ser humano, tal como a linguagem e a cultura se produzem, a
racionalidade gera a religião. Obviamente como criaturas que atingiram a
capacidade de questionar a própria existência, é natural que procurem as
respostas em entidades sobrenaturais que fogem daquilo que é tangível e
perceptível, embora essas entidades sejam baseadas naquilo que fora
experienciado empiricamente em momentos diversos da vida dos indivíduos
que as criaram. Isso ocorre porque a substância pensante é limitada e, não
pode enxergar os eventos e objetos do mundo inteligível de forma realista,
mas apenas idealista. Ele absorve a linha mais tênue daquilo que o objeto
realmente é, portanto é comum que procure respostas mais simples para a
existência e essência básica dos objetos e eventos ocorrentes. As primeiras
religiões visavam responder as dúvidas acerca da morte, algumas os objetos
abrangentes aos indivíduos, sempre calcadas de acordo com as épocas nas
quais surgiram. Acreditavam que a morte em si, não representava o fim de
tudo, no caso, o fim do indivíduo..., mas uma transição para uma vida
supraterrestre. Grande parte das religiões abrangem esta mesma questão, um
fator que demonstra que, como criaturas racionais fadadas à morte, os seres
humanos tendem a explicar a morte que simboliza a ausência de animação
dos indivíduos externos à substância pensante como: uma passagem para
uma realidade melhor, na qual provavelmente ter-se-ia um conhecimento
mais pleno e satisfatório sobre os objetos que cercam o indivíduo. Como
criaturas sociais, os humanos tendem a viver em grupos e nesses há
hierarquia. Baseado nessa observação sobre a hegemonia de grupos em
sociedades humanas, chegou-se à conclusão de que há um ser supremo a
todos os humanos..., em algumas religiões, um ser supremo em todas as
instâncias: de suprema beleza, inteligência, bondade, etc... Nisso, percebe-
se que tal como a hierarquia é algo extremamente comum nas sociedades
humanas, pôr entidades excelentes acima dos seres humanos, é algo natural
e inerente às civilizações, visto que isso ocorreu na maioria delas. Vale
ressaltar que a religião é também usada como forma de filtrar uma sociedade,
reprimindo indivíduos de atos que são julgados como imorais de acordo com
as doutrinas da religião. As entidades sobrenaturais das religiões (deuses)
são na verdade representações humanas... Uma forma de projetar
características inerentes aos seres humanos, àquilo que os cercam.
III
O ateísmo em si, não é uma crença ignóbil, embora de alguma forma a
crença em seres sobrenaturais seja algo intrínseco à raça humana, e por isso,
manifeste-se de forma genuína independentemente do indivíduo “acreditar”
não crer em deuses. Portanto a negação nessa crença, é a negação de algo
natural. Seria como negar que se pensa, imagina, conjectura, pondera...
Bem, negar isso não fará com que o indivíduo pare de ponderar. Ele
continuará ponderando independente de negar tal naturalidade. Contudo,
não é a negação dessa crença natural que torna o ateu ignorante, mas sim o
fato de que parte dos ateus são céticos diante de sua crença, ao mesmo tempo
dizem que a ciência e a razão são irrefutáveis. Claramente desconhece a real
natureza desses dois, visto que, essencialmente, razão e fé são a mesma
coisa. Tanto a ciência quanto a religião limitam-se àquilo que podemos
observar e experienciar, portanto as duas são falhas e inconfiáveis.
Colocando assim o ateu no mesmo patamar do religioso, de uma pessoa que
confia nas silhuetas que observa através da percepção; desconhecendo a
coisa-em-si por excelência. O que na verdade torna uma parte dos ateus
ignóbeis, é o fato de acreditarem que, por suas crenças basearem-se em
objetos observáveis e comprovados através da percepção (ciência), significa
que suas crenças são mais verídicas que as crenças teológicas de se baseiam
em fé. Porém, na prática tanto o ceticismo sobre os eventos quanto a fé são
dois frutos da racionalidade humana que dependem do mundo inteligível
para criar interpretações e ideias, as duas são igualmente dubitáveis. A
ignorância do ateu é acreditar que apenas experienciar empiricamente
causalidades, torna sua crença mais verídica..., mas não, não torna... Pois
continuam sendo observações superficiais do objeto, não a coisa-em-si.
IV
Na vida da substância pensante, como ser pensante, no seu mundo mental
e ideal... Há as tão proclamadas virtudes pelos seres externos a ele e por ele
mesmo. A verdade é que não há virtudes porque não há instâncias, ou seja,
não há níveis. Tais como: bem ou mal, bom ou ruim, bonito ou feio... São
apenas sublimações inerentes aos seres humanos, são interpretações
relativas à substância pensante e aos outros seres externos. Portanto não há
virtudes nem vícios, apenas PREconceitos prepostos pelas sociedades
humanas para humanizar o mundo inteligível. Torná-lo entendível de acordo
com a perspectiva da substância pensante. Contudo, se há algo próximo a
virtudes, dir-se-ia que são o sono e a morte... Embora seja impossível para a
substância pensante saber o que ocorre na morte e, depois transcrevê-la,
assume-se que a morte é algo como o sono, porém, no qual a substância
pensante simplesmente não pense, portanto não exista, pois para que ela
exista é necessário que ela “pense”. E se há algo próximo ao inferno, dir-se-
ia que é a “vida”. Tem-se em mente que o conceito aqui discutido sobre vida
é que: a vida é o estágio no qual a substância pensante é capaz de cogitar os
objetos e eventos que o cercam.
V
vida é um inferno porque o indivíduo que pensa é obrigado a lidar com o
próprio ego, com falsos conceitos objetivos que na verdade são catóptricos
e narcísicos. Está constantemente tentando provar àqueles externos a ele o
quão ele é especial e, tendo que lidar também com os egos alheios a ele.
Apenas o pensar e a ignorância da substância sobre tudo aquilo que a cerca
já torna com que a experiência do pensar seja sobremaneira, angustiante.
Nisso, conclui-se que os únicos momentos virtuosos na vida são aqueles nos
quais o ser pensante não está pensando. São eles: o sono e a morte. Porque
enquanto pensando, tudo o que ele tem são felicidades efêmeras, vontade de
poder e um amor inexistente, pois é impossível para o ser pensante amar as
coisas externas a ele. Como dito, não se deseja o objeto, deseja-se o desejo.
Apenas o tolo iria querer viver numa realidade infernal e limitada para
sempre... Na qual ele desconhece suas reais vontades e vive de veleidades,
constantemente mente para si mesmo, mente sobre amar pessoas as quais
não ama, mente sobre rir, forçando risadas não genuínas. A substância
pensante finge para si mesma, tudo para velar sua inconformidade geral,
pois tal inconformidade é inerente à capacidade de questionar o mundo.
Tornando assim, incapaz de sentir-se “contente” de verdade, embora possa
ter contentamentos momentâneos, ela jamais se sentiria plenamente
contente e satisfeita, pois é impossível se sentir satisfeito num mundo de
incertezas. Num mundo onde aquele que pensa e raciocina é ignorante e,
não pode enxergar o mundo de verdade, mas apenas ideias que lhe são
passadas através da percepção. O pensante está sempre buscando a
felicidade, o amor, acreditando que ele mesmo existe porque é capaz de
cogitar, de contemplar o mundo e a própria “existência” ... Porém, ele não
pode ter onisciência e certeza absoluta de sua existência genuína, ela
escorrega de seus dedos como água, afinal a capacidade limitada de
conhecimento do pensante, jamais o deixaria ter uma noção excelente sobre
o real significado do mundo, se é que ele tem.
VI
Uma mãe não ama seu filho, mas sim o sentimento de força que o filho
lhe dá. Isto é, um sentimento de utilidade que o ego está buscando desde o
surgimento da substância pensante. Ele está sempre procurando a aprovação
alheia e, quando se sente forte, útil e necessário, ele ama aquilo que o faz ter
tal sensação. Aqui suscitam todos os tipos de amores... Românticos,
maternos, amor ao próximo, aos entes... Todos os amores são narcísicos,
pois a substância pensante não pode amar coisas externas a ela, justamente
porque o amor não existe.... O masoquismo por exemplo, é um amor pelo
poder... Tanto aquele que surra quanto aquele que é surrado, o que surra por
sua capacidade de fazer com que um ser externo a ele sinta dor, o surrado
por dar esse prazer a alguém. A capacidade de dar prazer aos outros também
é uma vontade de poder e, a pessoa que se sente poderosa ama o alvo que
reconhece seu poder. Portanto seria o amor algo inerente ao ego, visto que
o amor é simplesmente o sentimento de força, de poder que o só é necessário
para o ego. O ódio, por sua vez, demonstra-se essencialmente ainda mais
repulsivo que o amor, pois o amor é o apego às coisas que dão prazer ao ego,
que o fazem sentir-se vivo... Enquanto o ódio, é a incapacidade de
conformidade do ego, que está constantemente atrás de algo para nutrir o
vazio que a ignorância causa ao ser. Buscando a felicidade e outros prazeres
efêmeros, sem saber que jamais sentir-se-á completo, porque a substância
pensante é por natureza incompleta. Afinal, cogita um mundo ilusório
limitada a uma realidade dolorosa e falsa, na qual ele só pode se contentar
com as mentiras existentes nesse mundo inteligível, tornando-o incapaz de
se conformar com a própria ignorância. O ódio em si não existe, ele é apenas
a corporificação da inconformidade e infelicidade latente da alma humana.
Uma alma fadada a justiças injustas, contentamentos descontentes e, à
morte. Sem mencionar a própria ignorância da substância pensante diante
da morte, a qual ela não sabe o que é, que ela desconhece e precisa de estudos
empíricos e crenças religiosas para explicar algo ao qual ela acredita estar
de fato fadada. O amor e o ódio não são sentimentos opostos, mas sim dois
conceitos tragados pelo ego... Dum lado o amor, que é o apego às coisas que
dão ao ser o sentimento de poder, de sentir-se forte, útil e necessário... Do
outro o ódio, que é a manifestação da inconformidade da alma humana com
o mundo externo. Contudo, tem-se em mente que, de alguma forma, o
sentimento amor, segundo sua definição técnica, é de fato um dos
sentimentos mais belos da humanidade.
VII
A razão não existe, contudo é ilógico e contraditório explicar a própria
inexistência da razão através da razão. O problema geral é que: é impossível
ditar que algo exista sem sequer ter uma noção excelente sobre o real suposto
significado de existência, isto é, não se sabe o que existência seja. Acredita-
se em argumentos como a do pensador, nos quais a própria existência do
pensador corrobora o fato dele existir. Em outras palavras: é necessário
existir para cogitar (cogito, ergo sum). Percebe-se que esse argumento, de
forma geral, possui uma quantidade enorme de lacunas que o tornam
duvidável. Como por exemplo: a incerteza da substância pensante, que no
caso seria, a incapacidade do ser de gozar do mundo em sua excelência. O
indivíduo (substância pensante) percebe um construto, que é apenas um
modelo interpretativo do mundo. Modelo criado a partir de estímulos
sensoriais daquilo que somos capazes de perceber. No caso, não é o
indivíduo que vê o mundo, mas seus sentidos que filtram limitadamente
enquanto o ser pensante interpreta-o baseado em suas experiências
empíricas posteriores àquela situação. Levando-nos ao ponto chave que é:
“se não há certezas, significa que não há existência. Pois a própria certeza
da existência seria uma certeza” percebe-se que este argumento se auto
contradiz, pois ele mesmo seria uma certeza, a certeza de que não há
certezas. Porém, não necessariamente se auto exclui, pois ele só reforça a
tese da inexistência dos dogmas. Sendo assim: “Não há certezas, nem
mesmo a certeza de que não há certezas” Guiando o indivíduo à aceitação
de sua condição, cujo único dever é esperar a morte, por estar limitado a um
mundo no qual ele não goza da verdade, mas apenas de meras silhuetas
interpretadas pela percepção. Em outras palavras: um mundo ilusório.
VIII
Se há um pensamento, é necessário que haja um pensador. Sendo assim,
conclui-se superficialmente que o pensador existe. Então a existência seria
algo tão incerto a ponto de a substância pensante necessitar dar significado
às coisas mesmo que, aparentemente, elas não tenham. Esse argumento
epistemológico não explica a existência em si, apenas usa-se de algo
superficial e inteligível para explicar algo que, intrinsecamente, teria um
significado agudo: a existência. O ponto principal é que a existência inexiste,
pois não há um mundo, há apenas incertezas, incluindo a própria incerteza
de sua existência (agnosticismo). Nisso, conclui-se que a existência da
existência é tão factual quanto qualquer teoria absurda que se possa criar
sobre determinado objeto. Visto que a teoria é incerta, a existência também.
Aqui então entra o apego ao empirismo, no qual o indivíduo usa-se de
argumentos a posteriori que visam explicar através de experiências que a
existência é sim algo factual, um exemplo breve disso é o próprio cogito.
Esse tenta explicar a existência através de experiências, no caso a
experiência de cogitar os objetos, os eventos e a própria existência através
da percepção. Outro seria: “Se a existência inexiste, isso significa que a
inexistência existe, logo a existência existe”. Por mais confuso e irrefutável
que pareça, essa falácia também é empírica e, quaisquer pensamentos
baseados na a posteriori ou a priori, não podem ser tidos como verídicos ou
factuais. Isto é, devido ao fato de que há condições que enganam o
indivíduo, fazendo com que a percepção não seja um meio confiável de
comprovar coletivamente os fenômenos ocorrentes sobre determinado
objeto.
XI
Não se pode provar que a existência é factual através das experiências,
porque as experiências do indivíduo são falsas e, há vários fatores tangíveis
e inteligíveis que denunciam isso. O mundo é incerto porque o indivíduo se
auto desconhece e desconhece os objetos que o cercam. Tendendo assim a
estudar a si mesmo e ao objeto de forma superficial através da razão. Que
não visa o objeto de forma realista, mas de forma idealista. Embora haja
concordância coletiva sobre a razão, isso não a torna objetiva justamente por
não estudar o objeto em si, mas apenas estímulos do espectro mais
superficial enviados à percepção do ser pensante. Por assim entende-se que:
a razão é subjetiva. Na ideia de que existimos porque pensamentos, acredita-
se que o ser existe a partir do momento que consegue se diferir da coisa, ou
seja: no momento em que o sujeito recebe a noção da própria existência e
passa a cogitar o objeto, ele existe. Uma das maiores lacunas encontradas
nessa ideia é que: não se pode ter certeza da morte e, arrisca-se a dizer que
nem mesmo do nascimento. O argumento que embasaria essa ideia seria:
“Se os sujeitos extrínsecos à sustância pensante que supostamente também
seriam pensantes morressem, significa que o destino da substância pensante
também é o mesmo” Fazendo com que a ciência baseie-se em estudos
empíricos e observações para explicar o que aconteceria com o outro sujeito
que supostamente seria uma substância pensante como aquela que observa
o sujeito e, empiricamente contesta sua morte. Em contrapartida, a fé baseia-
se em suposições que teoricamente não são empíricas, por isso são tidas
como fé.
X
Na prática a fé e a ciência têm a mesma base: as experiências e o
conhecimento empírico, ambas são falácias finalistas, onde a crença da
existência de determinado objeto é explicado através de experiências que
supostamente explicam os fenômenos ocorrentes no objeto. A ciência por
sua vez, explica isso através do método científico, enquanto a fé precisa
duma experiência posterior para que exista. O indivíduo não pode ter fé
sobre algo com o qual nunca teve qualquer tipo de contato antes. A fé
também nasce da necessidade de dar explicação e existência às coisas, aqui
percebe-se que o ceticismo sobre a existência é tão grande que se passa a ter
necessidade de dar explicação à suposta existência dela. A ciência não é
muito diferente, o mesmo ceticismo existe na ciência, porém essencialmente
divergente, onde o indivíduo encontra-se até num estado ainda mais
alienante, no qual ele é incapaz de entender por que tais crenças são
falaciosas e não passam de preconceitos. Isto ocorre porque o indivíduo está
inteiramente apegado à crença empírica de que de fato existe e, de que todos
os sujeitos pensantes extrínsecos a ele também existem, mesmo que estes
últimos sejam impossíveis de serem comprovados através do tão amado
método científico que ele cegamente acredita. As lacunas na tese da morte
são: Como a substância pensante pode contestar a possibilidade da morte
baseado na morte dos outros sujeitos que supostamente seriam pensantes
também? Preso à percepção, o indivíduo é incapaz de saber o que ocorrerá
no amanhã, embora o amanhã já exista, pois, o futuro é inerentemente
predeterminado, mas utilizando-se de ideias tragadas por experiências
posteriores, ele é capaz de conjecturar o amanhã, tal como ele é capaz de
conjecturar o passado. Ele também é capaz de conjecturar tanto a fé quanto
a ciência, concluindo que todos os estudos científicos e todas as crenças
teológicas sejam apenas conjecturas. Isto é baseado naquilo que ele
experienciou, ele também é capaz de imaginar como será o amanhã, como
foi o passado e, é capaz também de “criar” religiões, crenças, histórias e
ademais. Tornando assim toda a existência uma enorme conjectura, onde
todas as figuras históricas e cronológicas não passam de apenas invenções
do presente, onde sua suposta existência no passado não passa duma
experiência empírica que suscitou a própria conjectura. Em breves palavras:
nem o passado, nem o presente ou o futuro existem, mas há a falsa ideia das
experiências que acaba por si gerando aquilo que se acredita existir. Não só
as figuras históricas, mas também tudo aquilo que cerca a substância
pensante, tal como a própria noção ilusória de existência.

Você também pode gostar