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OLHARES E REFLEXÕES SOBRE AS TECNOLOGIAS

VERDE E AS GESTÕES AMBIENTAIS


Wilk Oliveira dos Santos1, Clovis Gomes da Silva Junior2

Universidade de Pernambuco campus Garanhuns


Rua Capitão Pedro Rodrigues, 105, São José – Garanhuns/PE

wilk.upe@gmail.com1, gomesclv@ig.com.br2

Resumo
Com o advento da Tecnologia da Informação e Comunicação, e por meio dela o uso e a
fabricação de produtos eletrônicos de forma desmedida, acabaram por causar graves danos ao
meio ambiente. Preocupados com isto, empresas da área de TIC, governos de países
desenvolvidos ou em desenvolvimento, além de instituições de modo geral, sentiram a
necessidade de propor e colocar em prática atitudes que tornem o desenvolvimento de novas
tecnologias da informação e comunicação, algo não prejudicial ao meio ambiente, além de
práticas que de alguma forma recuperem os danos causados até o momento em função do
consumo e da fabricação desmedida dos produtos eletroeletrônicos. Porém, o que de fato já
foi feito? Até que ponto as atitudes já tomadas geraram de fato uma solução? O que ainda
precisa ser feito por parte de empresas, governos ou até mesmo de forma individual? Este
texto apresenta de forma linear um relato a respeito de novas tecnologias sustentáveis, em
paralelo com as metodologias de gestão ambiental utilizadas por instituições governamentais
e não governamentais, em um panorama inicialmente internacional e posteriormente nacional
das políticas de gestão ambiental por meio da TIC Verde. O texto apresenta-se em um caráter
reflexivo, com intuito de interagir com os leitores, visando responder as perguntas
anteriormente lançadas, além de propor uma análise individual a respeito do tema abordado,
pretendendo de modo geral a conscientizar os leitores a respeito do tema, a fim de buscarem
na prática atitudes em conjunto que promovam a sustentabilidade.

Palavras-chave: TIC Verde, Educação ambiental, tecnologia da informação, Gestão


Ambiental.

Abstract
With the advent of Information Technology and Communication, and through the use and
manufacture of electronic products so rampant, eventually causing serious damage to the
environment. Concerned about this, the area of ICT companies, governments of developed
and developing countries, as well as institutions in general, felt the need to propose and
implement actions that make the development of new information technologies and
communication, something not harmful the environment, and practices that somehow recover
the damage caused so far due to excessive consumption and manufacture of electronic
products. But what actually has been done? The extent to which attitudes have in fact taken
generated a solution? What still needs to be done by companies, governments or even
individually? This paper presents a linear one report about new sustainable technologies, in
parallel with the environmental management methodologies used by governmental and non-
governmental, in an international panorama initially and subsequently national policies for
environmental management through Green ICT. The text is presented in a reflective nature, in
order to interact with readers, aiming to answer the questions previously released, and

1
propose an individual analysis about the subject matter, generally intending to educate
readers on the subject, to seek practical attitudes together to promote sustainability..

Key-words: Green IT, Environmental Education, Information Technology, Environmental


Management.

Introdução
No ano de 1945 surgiu o ENIAC1 (Electronic Numerical Integrator and Computer)
primeiro computador 100% eletrônico do mundo, sendo considerado até os dias atuais um dos
principais inventos da humanidade na área da computação, posteriormente diversos outros
inventos surgiram e modificaram a sociedade, abrindo espaço para uma população cada vez
mais focada no uso de produtos que pudessem automatizar suas tarefas do dia-a-dia,
originando assim o conceito de TI2 (Tecnologia da Informação) hoje mais conhecida por TIC
(Tecnologia da Informação e Comunicação).
Inventos como o do celular, maquina fotográfica digital e dos próprios computadores
pessoais foram somando-se e fortalecendo uma sociedade cada vez mais voltada à tecnologia
da informação, empresas voltadas ao desenvolvimento de produtos eletrônicos começaram a
se estruturar e equipar-se para produções em grande escala, além de trazerem consigo outras
empresas com o mesmo intuito. Fazendo com que esta geração se tornasse a principal
contribuinte para o desgaste ambiental vivenciado atualmente, “[...] a partir da Revolução
Técnico-Industrial e o crescimento econômico é que tem-se um marco de agressão
significativa ao meio ambiente.” (PIERANGELI; SOUZA, 2000, p 109).
Esta situação permaneceu inalterável por muito tempo, ou seja, uma sociedade
extremamente consumista e empresas produzindo cada vez mais, para satisfazer as
necessidades desta sociedade, sem pensar ou manifestar qualquer tipo de preocupação com os
problemas futuros que poderiam ser causados em função deste consumo desenfreado.
Não demorou muito tempo para a população começar a pagar um preço bem caro
pelo seu consumismo excessivo e pelas produções inconscientes das grandes empresas da
área. O lixo eletrônico3 ou e-waste que começou a se multiplicar graças ao descarte incorreto
dos produtos que foram se tornando obsoletos, os materiais tóxicos usados na fabricação
destes produtos, além de outros fatores diretamente ou indiretamente trazidos pelo consumo
exagerado e pelas produções desordenadas dos produtos eletrônicos foram peça chave no
desenvolvimento de problemas ambientais ocorridos em função deste consumo desordenado.
Segundo relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) produzido no ano de
2010 são produzidas em média 40 milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano no mundo,
deixando expostos aos seres humanos e ao meio ambiente em geral uma grande quantidade de
substâncias químicas perigosas como Chumbo (Pb) e o Cádmio (Cd) encontrados
respectivamente em e em monitores de tubo e baterias, estas substâncias se manuseadas
erradamente podem causar até mesmo o câncer, ou o Dióxido de Carbono (CO2) gerado pelos
sistemas de ar-condicionado utilizados para resfriar os datacenters, que ao ser exposto na
natureza se torna um dos grandes culpados pelo aquecimento global.

1
O ENIAC foi o primeiro computador eletrônico do mundo capaz de realizar cinco mil somas e 360
multiplicações por segundo. Pesava 32 toneladas e media 30 metros, e no local onde funcionava, a temperatura
se elevava a uns 50 graus.
2
TI (Tecnologia da Informação) denominada como sociedade do conhecimento acontece e se desenvolve,
tornando, portanto, imprescindível ao indivíduo o domínio dos artefatos eletrônicos constantes no dia-a-dia.
(Koefender, Cadorini, et al, 2006, p 2) atualmente também denominada TIC (Tecnologia da Informação e
Comunicação).
3
Lixo eletrônico são os resíduos de produtos tecnológicos jogados na natureza, também é chamado de e-wast
que é sua denominação em língua inglesa.
2
Em função disso, nas últimas décadas a sociedade começou a sofrer com um número
cada vez mais crescente de tragédias no cenário ambiental, como tsunamis, furacões, etc. É
fato que o nosso clima está passando por grandes mudanças, e como percebemos boa parte
destas mudanças ocorreram entre outros fatores por conta do advento da tecnologia da
informação, ocorrido de forma inconsciente, graças ao consumismo exagerado, e das grandes
produções sem controle de produtos eletrônicos.
É neste contexto que surge a ideia de TI Verde ou TIC Verde, que visa prover os
mesmos recursos da TI ou TIC, causando o mínimo de impactos ou até mesmo impacto algum
ao meio ambiente. Neste texto usaremos de modo geral o termo TIC Verde por ser mais
abrangente e atual, porem em alguns momentos apresentaremos o termo TI por ser também
usado e referenciado por alguns pesquisadores. Segundo Hess (2009, 1) “A TI Verde é um
conjunto de práticas para tornar mais sustentável e menos prejudicial o nosso uso da
computação”. Neste contexto ela é, portanto, um conjunto de toda e qualquer iniciativa,
empresarial, política, econômica, social ou individual que de alguma forma promova um
desenvolvimento sustentável dos produtos eletrônicos em geral.
Desde o surgimento da chamada TIC Verde algumas entidades governamentais e não
governamentais, internacionais e também nacionais vem procurando de alguma forma realizar
projetos que ponham em prática atitudes de incentivo a TIC Verde, e que visem continuar a
produzir os produtos da área de TIC, porém realizando esta produção de forma controlada,
sem causar grandes danos ao meio ambiente.
Ao mesmo tempo em que as empresas precisam se adequar as novas formas de
produção, elas tem o desafio de realizar esta adequação de uma forma que não prejudique sua
estrutura financeira, item que ainda dificulta a adesão de certas empresas as “políticas
verdes”, como discutiremos a seguir. Contudo, até o momento sabemos que a maioria das
empresas ainda não se adequou ou mesmo não tem projetos de adequação às políticas de
desenvolvimento tecnológico sustentável, como também, sabemos que a maioria dos
governos dos países ricos, principais produtores dos eletroeletrônicos, não tem nenhuma
norma ou lei rígida e eficaz para o controle destas produções. Apesar disso, a de se destacar
algumas atitudes realizadas por empresas, governos, entre outras instituições nacionais e
internacionais que já colocaram ou pretendem colocar em prática projetos que buscam
desenvolver produtos da área de TIC entre outras produções, sem causar prejuízos ao meio
ambiente.
Discutiremos cada um destes tópicos levantados até o momento de uma forma linear
no decorrer deste texto, realizando uma abordagem inicialmente informativa, procurando
destacar novas formas sustentáveis de produção tecnológica da informação e comunicação,
em paralelo a políticas de gestão ambiental, partindo de um panorama governamental e
empresarial internacional, e partindo para um caráter menos abrangente abordando o
panorama governamental e empresarial nacional, não deixando de lado o panorama
econômico da TIC Verde que também será abordado, realizando em paralelo uma discussão a
respeito do tema, visando discutir internamente no texto questões como: o que de fato já foi
feito? Até que ponto as atitudes já tomadas geraram de fato uma solução? O que ainda precisa
ser feito por parte de empresas, governos ou até mesmo de forma individual? Visando uma
reflexão por parte dos leitores, de forma que os mesmos busquem novas soluções em conjunto
para a problemática levantada ao longo do texto.

1 Estado da Arte

1.1 Panorama empresarial internacional:


Como dito anteriormente algumas entidades nacionais e internacionais,
governamentais e não governamentais já começaram a se preocupar com o desenvolvimento
3
tecnológico descontrolado, observado na sociedade atual, e deram início a projetos que visam
desenvolver a tecnologia da informação de forma segura e que não venha a prejudicar o meio
ambiente, ao mesmo tempo em que não tenham nenhum tipo de prejuízo financeiro.
Realizando um panorama empresarial internacional com relação ao desenvolvimento
de recursos para TIC Verde, observamos que algumas empresas já procuram adotar a política
de TIC Verde, entre as empresas que já adotam as políticas sustentáveis a um maior período
de tempo, temos exemplos como a tradicional Dell que já não utiliza mais o Chumbo na
fabricação dos seus produtos a mais de uma década, a empresa também já realizou campanhas
de incentivo a reciclagem. A respeitada HP a mais de dez anos procura fazer a reciclagem dos
cartuchos usados nas suas impressoras, procurando criar um ciclo de produtividade não
prejudicial ao meio ambiente. A Motorola desde o ano de 1998 faz a reciclagem correta de
suas baterias, além de afirmar que seus telefones já são totalmente isentos de produtos
químicos nocivos aos seres humanos como Cádmio (Cd) e Mercúrio (Hg). Recentemente até
mesmo empresas do Vale do Silício4 começaram a se render ao assunto e gigantes como
Microsoft, Google e Intel já começam a adotar normas que imponham a si mesmo regras para
fabricação, manutenção e recolhimento de seus produtos de forma a não agredir o meio
ambiente, a Intel, por exemplo, já tem em funcionamento projetos que visam diminuir o
consumo de energia nas fábricas de sua empresa, e por consequência, diminuir a liberação de
gases que causam o efeito estufa, a empresa ainda substituiu o Chumbo (Pb) usado em seus
chips e placas por outras substâncias que não agridem o meio ambiente.
A empresa Google citada anteriormente é outra que vem pensando em projetos
internos com os mesmos objetivos das empresas destacadas anteriormente, a gigante norte-
americana vem investindo em prol da sustentabilidade, através a redução física dos seus
datacenters para uma menor necessidade do uso de ar-condicionado, o que promove uma
redução na emissão do dióxido de carbono (CO2) na natureza, além disso, a empresa destaca-
se por investimentos na “Computação em Nuvem” do Ingles cloud computing, permitindo que
parte ou todo o núcleo de dados da empresa se amplie na Internet sem limites físicos e tenha
por consequência uma menor necessidade dos datacenters físicos emissores do dióxido de
carbono (CO2), ela também investe no desenvolvimento de aplicativos em nuvem que exigem
menos do hardware, a empresa vem ganhando elogios por parte de grandes pesquisadores da
área. Outra gigante do Vale do Silício que está movendo seus esforços em favor da TIC Verde
é a Microsoft, a empresa anunciou que irá neutralizar a emissão de dióxido de carbono dos
seus datacenters, laboratórios, e escritórios a partir de julho de 2012, segundo Steve Ballmer
em entrevista ao portal olhar digital, a Microsoft é responsável por comprar mais de 1,5 bilhão
de kWh por ano de energia limpa5, a empresa é a terceira maior compradora de energia limpa
dos Estados Unidos.
Porém não são somente as gigantes Norte Americanas que promovem atitudes em
incentivo a política de TIC Verde, mais recentemente a famosa empresa japonesa Panasonic
uma das maiores produtoras de pilhas e baterias do mundo anunciou o desenvolvimento de
um sistema que com luz solar, transforma dióxido de carbono (CO2) em combustível, segundo
reportagem do site olhar digital, de acordo com a empresa, o seu sistema possui 0,2% de
eficiência em condições de laboratório. Segundo a Panasonic, o índice é semelhante ao de
vegetais reais e superior a quaisquer experimentos anteriores realizados na área.

1.2 Panorama empresarial nacional

4
Vale do Silício, está situado na Califórnia, Estados Unidos, região esta denominada polo industrial e que
concentra diversas empresas de tecnologia da informação, computação entre outras (Info escola, 2011).
5
Energia limpa se refere a toda energia produzida através de fontes que ocorrem repetidamente na natureza.
4
Além das grandes empresas internacionais que promovem atitudes de colaboração a
TIC Verde, empresas nacionais também já começam a aderir as politicas de desenvolvimento
sustentável, a maioria delas começaram a aderir a estas políticas, a pouco tempo, porem
algumas já começam a se destacar neste cenário, atualmente segundo relatório da Symantec,
51% das empresas privadas brasileiras já implantam de alguma forma a TIC Verde, projetos
que a muito tempo tinham sido feitos mais nunca tinham sido colocados em prática,
começaram a ser desenvolvidos de forma prática, seja por força de alguma lei, ou mesmo por
forças internas da própria empresa. Neste cenário entre as empresas nacionais podemos
destacar empresas como a Itaú, que promove campanhas para o recolhimento de e-waste, o
lixo eletrônico, além de projetos para a virtualização de seus bancos de dados, com o objetivo
de reduzir o consumo de energia da empresa. Segundo João Bezerra Leite diretor da área de
infraestrutura e operações de tecnologia da informação do banco Itaú, há várias razões para
buscar ações ambientalmente sustentáveis, ainda segundo Leite o seu banco conseguiu uma
economia anual de R$ 500.000 no consumo de energia, graças ao seu projeto de virtualização
de seus bancos de dados citado anteriormente. Alias a empresa foi a única brasileira finalista
do prêmio de TIC verde do Instituto Uptime, uma das maiores autoridades mundiais em
certificação de datacenters no ano de 2010.
Ainda no Brasil o grupo AES Eletropaulo já pensa em atitudes para redução do
consumo de energia, principalmente por meio de campanhas de esclarecimento a população,
visando levar informações a respeito dos males causados pelo consumo desenfreado de
energia, além de prover recompensas financeiras a empresas e pessoas físicas que se
adequarem as políticas verdes.
Outra empresa nacional que implanta ideias verdes é a empresa de Internet e
Telefonia Vivo, recentemente a empresa anunciou em parceria com a editora Gol o
lançamento de uma “biblioteca virtual” projeto chamado “Nuvem de Livros” que visa
disponibilizar livros de forma virtual para Smartphones de forma popular. Apesar deste
projeto não esta ligado diretamente a política de TIC Verde ele deverá provocar em curto
espaço de tempo uma redução significativa na produção de papel que usa como matéria prima
as árvores, o que mostra que algumas empresas já adotam até mesmo de forma inconsciente
políticas de sustentabilidade, mesmo que ainda seja em pequeno número.

1.3 Panorama político internacional


Além das atitudes tomadas de forma individual e interna pelas empresas citadas
anteriormente, também temos de destacar algumas atitudes oficiais tomadas por alguns
governantes que tomaram atitudes relacionadas ás políticas verdes, apesar disso, na verdade,
oficialmente poucos países sancionaram até o presente momento leis oficiais direcionadas a
preservação do meio ambiente por meio da TI Verde, entretanto algumas atitudes tomadas
pelos governos de alguns países podem servir de exemplo aos demais, entre as leis e normas
postas em prática por governantes, podemos destacar países como Japão e alguns estados
norte-americanos além da União Europeia.
O Japão foi um dos primeiros países a propor leis de incentivo as políticas verdes, o
país atualmente é um dos principais destaques na fabricação de produtos eletroeletrônicos, e
já põe em prática algumas leis e normas que incentivam a produção sustentável destes
materiais, entre as leis governamentais já postas em práticas no país podemos citar a Law for
the Promotion of Effective Utilization of Resources (Lei de Incentivo a Utilização Eficaz de
Recursos) que prevê incentivos fiscais e financeiros para empresas que façam uma utilização
correta dos recursos da TIC.
Ainda em um panorama político internacional, nos Estados Unidos, alguns estados já
agem de forma separada para a criação e implantação das chamadas “leis verdes”, entre os
estados que de alguma forma implantaram leis para tais fins, é válido citar o estado do Texas
5
onde seu governo tem voltado suas preocupações e seus esforços para o tratamento do e-
waste, o estado aprovou a lei House Bill que obriga os fabricantes a disponibilizarem
informações completas a respeito da fabricação dos seus produtos, informando até mesmo
sobre possíveis produtos nocivos aos seres humanos, os fabricantes também devem assumir a
responsabilidade pela reciclagem dos seus produtos quando se tornarem obsoletos, a lei
também prevê punições para as empresas que não cumprirem com a regulamentação estadual.
Ainda nos Estados Unidos o estado da Califórnia, potência mundial na área de
tecnologia aprovou a Law Electronic Waste Recycling Act of 2003 (Lei de reciclagem de
resíduos eletrônicos) que tem seus esforços voltados para a diminuição da poluição causada
pelo e-waste, e impõe aos fabricantes, limites na utilização de substâncias perigosas usadas na
fabricação de seus produtos.
Destacamos também a União Europeia que propôs a regulamentação da polêmica
Law lead-free (Lei do Sem Chumbo) que proibi parcialmente ou por total a utilização de
certas substâncias na concepção de produtos de TIC, esta lei teve grande repercussão entre as
empresas pertencentes aos países membros da União Europeia, estes países tiveram e
continuam tendo de se reestruturarem constantemente para se adequar aos pedidos contidos na
lei.

1.4 Panorama político nacional


No cenário nacional, algumas observações se fazem necessária, antes de analisarmos
as normas e leis voltadas às políticas verdes regulamentadas em nosso país. É válido observar
que segundo a ONU no relatório feito pelo programa Pnuma (Programa da ONU para o meio
ambiente, 2010) o Brasil foi considerado o país emergente com maior índice de produção de
lixo eletrônico por pessoa, segundo o mesmo relatório o Brasil é um dos líderes mundial no
descarte incorreto de celulares e impressoras, e por isso criticado por ativistas e estudiosos da
área pela falta de leis federais que busquem alguma redução nestes índices.
De fato até o momento nenhuma grande mudança ocorreu neste cenário, porém
algumas atitudes começam a ser tomadas, neste panorama político nacional, podemos destacar
a certificação ISO 140016 tal certificação não foi pensada diretamente ou exclusivamente para
a área de tecnologia, porem atinge de forma direta as grandes empresas da área de TIC. Esta
certificação específica os principais requisitos a serem identificados pelas empresas da área de
TIC durante a fabricação de seus produtos, bem como o monitoramento e controle de sua
produção, este monitoramento e controle, é feito por meio de um sistema de gestão ambiental,
incorporado à própria certificação citada anteriormente.
Ainda neste aspecto, podemos citar atitudes simples de incentivo a TIC Verde, feitas
em parceria, entre governo federal e empresas privadas, como é o caso de algumas das arenas
que abrigarão jogos da copa de mundo de 2014, estas arenas serão alimentadas em parte por
energia solar, que consegue transformar a luminosidade solar em energia, para alimentar parte
destas arenas, é valido salientar que tais atitudes não têm apenas impacto positivo em relação
ao meio ambiente, como também em aspectos financeiros.
Seguindo no panorama político nacional, não podemos deixar de citar leis que já
estão em vigor a certo tempo, como as Leis 6.938/1981 (Política Nacional do Meio
Ambiente), Lei 9.605/1968 (Lei de Crimes Ambientais) e Lei da Ação Popular nº 4.717/1965,
em seus aspectos relacionados à lesão e a proteção ao meio-ambiente. Porem é preciso deixar
bem claro que, nenhuma destas leis fazem referência direta a TIC Verde, elas são leis
puramente ambientais, e que não cernem em momento algum a TIC Verde de forma direta.

6
ISO 14001 é uma norma internacionalmente aceita que define os requisitos para estabelecer e operar um.
Sistema de Gestão Ambiental.
6
Deixando claro a falta de normas e leis federais que façam referência direta ao
desenvolvimento tecnológico no Brasil.

1.5 Panorama econômico da TIC Verde


Realizando um panorama econômico da TIC Verde, podemos observar que, se um
dia foi problema financeiro para as empresas aderir às políticas verdes, este problema já não
existe mais. As grandes empresas citadas anteriormente já conseguem realizar seus projetos
de colaboração ambiental sem nenhum tipo se prejuízo financeiro, ou até mesmo aumentando
os lucros da empresa, como também as médias e pequenas empresas que já aderiram às
políticas verdes, também já conseguem aumentar seus lucros, em função de incentivos
governamentais, mais principalmente por meio do lucro direto gerado pelos projetos de apoio
a TIC Verde.

1.6. Aspectos gerais e inovações da TIC Verde


Em aspectos gerais, referentes ao desenvolvimento de atitudes voltadas a TIC Verde,
não podemos deixar de destacar atitudes tomadas de forma quase individuais como, é o caso,
das atitudes tomadas por estudantes de algumas instituições de ensino em alguns países
desenvolvidos ou em desenvolvimento, geralmente estas atitudes se dão por meio de
campanhas de conscientização da população a respeito dos prejuízos causados pelo lixo
eletrônico, ou mesmo das atitudes erradas que cometemos diariamente, por vezes de forma até
imperceptível. Ou ainda campanhas de reciclagem de matérias eletrônicos obsoletos, como é
o caso do CCE (Centro de Computação Eletrônica) da USP (Universidade de São Paulo) que
tem em funcionamento um projeto, que mantêm campanhas de recolhimento de lixo
eletrônico, que passa a ser tratado de forma correta por meio de sistemas de reciclagem. Os
produtos gerados após a reciclagem, geralmente são doados a instituições do próprio estado.
Com relação às atitudes tomadas por empresas, governos e instituições de modo
geral Milagre (2008) aborda que “Estas são apenas algumas iniciativas que anunciam uma
nova era de reflexões e posturas em face da revolucionaria ingerência tecnológica: A TI ou
informática verde”, “informática verde” é outro termo usado por pesquisadores da área para
abordar.
Concluímos assim que as atitudes de modo geral, anteriormente citadas, são apenas
os primeiros passos diante das necessárias atitudes que ainda precisam ser tomadas, e que já é
notória a preocupação por parte de algumas empresas, governos, instituições e da própria
sociedade de modo geral em relação ao meio ambiente, no que se diz respeito aos problemas
causados pelo uso e fabricação inconsciente dos produtos de TIC, apesar dos notórios avanços
ainda necessários neste cenário.

2 Considerações e reflexões finais


Ao analisarmos o que foi abordado anteriormente, podemos concluir que algumas
empresas de países desenvolvidos ou em desenvolvimento já pensam ou produzem “atitudes
verdes”, ou seja, atitudes pelas quais possam seguir com sua produção normal, porém sem
causar danos graves ou até mesmo sem causar dano algum ao meio ambiente, sem também
deixar de ter seu lucro normal diante de sua produtividade, em alguns casos, até mesmo
aumentando seus lucros em relação à produtividade anterior a implantação da política verde
em seu meio produtivo.
No panorama político ficou claro que, os governos de alguns países também já
pensam e executam normas e leis de incentivos a TIC Verde, geralmente determinando regras
para o desenvolvimento dos produtos tecnológicos de grandes empresas, prevendo incentivos
para quem cumprir com essas regras e punições para quem não as cumprir.

7
Traçando um panorama geral, fica claro que tudo isto ainda é muito pouco diante do
modo de produção atual, e principalmente, diante do modo de produção vigorado nas últimas
décadas, o que acarretou nas graves consequências em nosso meio social, como abordado
anteriormente. Isto torna evidente que as atitudes tomadas até o momento são muito poucas
diante do que já foi feito, e do cenário onde queremos chegar com relação ao meio ambiente.
Contudo, acreditamos que a tecnologia da informação e comunicação é um fato real
em nosso dia-a-dia, e que tende somente a crescer. A cada dia que passar novos produtos
serão desenvolvidos, e nós sentiremos cada vez mais necessidade e vontade de adquirir estes
produtos, deixando seus antecessores obsoletos de forma muito rápida, também é fato que as
grandes empresas dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, bem como, seus governos,
precisam realizar efetivamente atividades e leis que busquem soluções contundentes aos
problemas causados por tais motivos.
As empresas necessitam investir fortemente na própria produção, porém sem agredir
o meio ambiente, e tendo ainda o desafio de fazer esta produção de forma lucrativa. E é quase
certo que isto aconteça, é quase certo que em pouco tempo as empresas de TIC estarão
realizando suas produções de forma ecologicamente correta, também é quase certo que os
governos comecem a fiscalizar de perto a produção das grandes empresas, pondo em vigor
leis que incentivem a produção correta de seus produtos e punindo aquelas que não sigam tais
adequações, muito provavelmente a mídia de modo geral, até o presente momento pouco
interessada no assunto, estará aliada as empresas e ao governo incentivando as políticas
verdes.
Porem, acima de tudo, acreditamos que é fundamental, que antes mesmo de se
analisar as atitudes colocadas por parte de empresas e governos, pensemos na
responsabilidade individual de cada ser, destacando a responsabilidade de cada um dentro de
seu contexto social, elevando os princípios éticos dentro do patamar de responsabilidade
individual, como dito por Milagre e Sormani (2012): “Materialmente, os princípios são
superiores às demais normas, já que incorporados à Constituição e desta forma ao direito
positivo, tornando-se conceitos básicos jus fundamentais”. Isto visto nos faz refletir que ao
falarmos em TIC Verde não podemos deixar de analisar a ponta de um processo consumista,
aonde a grande produção de resíduos provenientes do uso de produtos tecnológicos vem do
descarte pelo consumidor final.
Sendo assim, concluímos que acima de regras e demais atitudes desenvolvidas por
gigantescas empresas ou ate mesmo, normas e leis definidas por governos dos principais
países do mundo, cada um de nós necessitamos conscientizar-nos de nossas próprias atitudes
dentro do planeta, e das consequências geradas por elas, para desta forma, conscientizar-nos
de nossa responsabilidade social perante seu meio social, além de buscar conscientizar ao
demais que nos rodeiam. Tendo em vista os dados e resultados levantados durante nossa
pesquisa e apresentados neste texto, acreditamos que ainda são poucas e sutis as atitudes
tomadas tanto por empresas quanto por governos dos principais países do mundo, também
observamos que muitas coisas ainda precisam ser feitas, e principalmente acreditamos que a
gestão ambiental por meio da TIC Verde só se dará de forma correta quando cada ser humano
conscientizar-se da sua própria responsabilidade social perante o planeta e trabalhar em
conjunto para que de fato seja promovido à sustentabilidade no planeta.
Ainda no contexto ora apresentado, constatamos a necessidade do desenvolvimento
de projetos de cunho acadêmico, que ponham em prática atitudes de responsabilidade social, e
que promovam a conscientização da população a respeito dos problemas causados pelo uso
desordenado de materiais eletrônicos, do descarte incorreto destes materiais, além de outros
fatores preponderantes, anteriormente abordados no texto e que contribuem para a solução da
problemática ambiental ora levantada, além das vantagens da adoção das políticas de TIC
Verde. Para referenciarmos tais projetos citamos o caso do projeto realizado por alunos do
8
curso de graduação em licenciatura em Computação da Universidade de Pernambuco campus
Garanhuns, que promove a conscientização da população da cidade de Garanhuns no interior
do estado, por meio de palestras, apresentações e oficinas, além de recolher produtos
eletrônicos obsoletos, e encaminhar para centros de reciclagem, onde podem ser
transformados e doados para serem reutilizados por instituições sociais da região.
Projetos como o citado promovem a conscientização dos indivíduos, além de realizar
atitudes praticas de uso da TIC Verde, como a reciclagem. Acreditamos que projetos como o
citado anteriormente apresenta-se como solução de partida, em especial do ponto de vista
acadêmico como mecanismo de educação ambiental, para as questões abordadas durante este
texto, em função das características reflexivas e de conscientização do ínvido que acreditamos
ser, a mais contundente forma de aplicação e incentivo à TIC Verde, pois ao ser praticada em
conjunto por todos os indivíduos dentro de uma sociedade, os mesmos promovem atitudes
sustentáveis a partir de cada cidadão, tornando estas práticas sustentáveis, práticas naturais ao
nosso dia-a-dia.

Agradecimentos
A Deus por minha vida e por tudo que nela põe. A minha família e amigos, em
especial minha mãe Ana Maria pelo apoio incondicional. A minha prima Camila Almeida
pela paciência, aos meus amigos Aline Ferreira, Eraylson Galdino, Fagner Luiz, e Sebastião
Rogerio e pelos diversos incentivos. A Universidade de Pernambuco pela oportunidade de
realização do curso. Ao professor Dr. Clovis Gomes da Silva Junior pela confiança e apoio
oferecidos em todos os momentos do trabalho. Ao PROEC pelo incentivo financeiro
oferecido durante a elaboração do trabalho.

Referências

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9
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