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A obra Ponciá Vivêncio, de Conceição Evaristo, autora negra, ao retratar a vida de uma protagonista também negra cujo

avô fora escravo, é uma forte representação da luta dos povos negros no Brasil, e demonstra como a escravidão de
outrora continua a reverberar nas relações sociais até os dias de hoje.
Com O banquete dos deuses, Daniel Munduruku, indígena nascido no Pará, transmite pela via da literatura escrita
tradições, cultura e ancestralidade dos povos originários.
No Brasil, tanto o povo negro quanto os indígenas foram escravizados, massacrados, sofreram e sofrem, até hoje, com a
imposição de um modo de vida eurocêntrico: seja pelo silenciamento de suas culturas, seja pela invasão e devastação de
seus territórios, ou pelo massacre de seus povos, que continua a acontecer, mais de 500 anos após a chegada dos
europeus e 130 anos sucedidos da sanção da Lei Áurea.
Nesse sentido, enquanto a obra de Conceição Evaristo é dotada de uma força tamanha na representação dos ecos da
abolida escravidão e do racismo contemporâneo; e enquanto as palavras de Munduruku transferem ao âmbito da
tradição escrita a resistência cultural e identitária dos povos originários, os registros fotográficos de Andressa Zumpano,
feitos em comunidades quilombolas e indígenas do Maranhão, retratam a luta constante e atual dessas comunidades pela
própria existência, por suas terras e identidades culturais, constantemente ameaçadas pela violência e pelas armas de
fogo de fazendeiros, grileiros e pelo próprio Estado.

Akroá-Gamella. Comunidade Engenho, Paço do Lumiar, Maranhão, 2018.

Quilombo Monte Alegre, Maranhão, 2018. Território indígena Akroá-Gamella, Maranhão, 2018.
Dona Dijé. Quilombo Monte Alegre, Maranhão.
“Tambor para São Benedito”. Quilombo Santa Rosa dos Pretos, Maranhão.

Dalva visita o
que restou do
Igarapé
Sumauma após
a construção da
ferrovia da
Vale. Quilombo
Santa Rosa dos
Pretos,
Itapecuru-
Mirim,
Maranhão.
Território Krenyê. Tuntum, Maranhão.

Quilombo Olho d’água dos Grilos, Maranhão.


Povo Krenyê. Maranhão.

Akroá-Gamella, povo indígena que sofreu um massacre em 2017, no qual, dentre os feridos,
pelo menos dois tiveram suas mãos decepadas.
Quilombo Nazaré, Maranhão.

Compilação: Christiana Andrès


Fotografias: Andressa Zumpano

UFSC
Florianópolis, 2018.

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