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2.

As características que deve possuir o dinheiro são: 1) ser meio de troca, 2) padrão de
valor, 3) reserva de valor e 4) medida de dívida.

Relativamente à primeira característica, é complicado utilizar o ouro como meio de


troca; não é fácil transportar e salvaguardar grandes quantidades de ouro, até é difícil
usá-lo no dia-a-dia. Porém já foi utilizado assim noutros séculos.

2) Padrão de valor: é um problema parecido, estabelecer o “valor” das coisas ou se


preferir o preço pelo ouro é complicado, mais quando, atendendo ao seu “valor
nominal” sempre elevado, devíamos fazer contas de mercearia com gramas e unidades
mais pequenas. Porém, também não impediria o seu uso como dinheiro.

O problema prende-se com as características 3 e 4, que estão relacionadas. De acordo


com o conceito de inflação representado pela equação x(t2) = x1eαt2, o número de
unidades de dinheiro em circulação deverá acompanhar o aumento dos recursos, isto
é, o trabalho, para manter a equivalência entre o mesmo e o dinheiro. Por outro lado,
por definição o dinheiro a devolver num empréstimo sempre será maior do que o valor
inicial, por motivos similares, para garantir uma troca justa. Porém, não é possível
aumentar indefinidamente a quantidade de ouro em circulação, que depende da
produção mineira.

2.2

Se estamos a falar de meio de pagamento, como o clássico papel-moeda ou meios


eletrónicos, o Bitcoin oferece inúmeras vantagens de rapidez, segurança e taxas de
comissões baixíssimas ou inexistentes. O maior problema prende-se com o facto de só
ser aceite em poucos negócios físicos, e online não tantos assim.

Ora bem, como dinheiro no sentido restrito do termo tem o mesmo problema
apontado ao ouro: pelas normas estabelecidas pelo criador do protocolo, os Bitcoins
são criados em uma taxa decrescente e previsível. O número de novos Bitcoins criados
cada ano é automaticamente reduzido para metade com o passar do tempo até que a
"emissão" de novos Bitcoins seja completamente suspensa em 2140 com um total de
21 milhões de unidades. Logo, também não pode acompanhar a inflação e a
necessidade de criar mais moeda.

“Nada impediria, à partida, o Bitcoin de ser uma moeda de facto, mas o facto é que
não é. Para o ser precisava de representar trabalho humano do passado, precisava de
ter comprado trabalho no passado para conseguir ser uma promessa de trabalho
futuro. E para isso precisava de ser produzido à medida que crescesse o trabalho que
eu, consumidor, preciso. Diz-se escasso. O Bitcoin confunde o conceito económico de
escassez com raridade. Mais raro que o aeroporto de Beja seria difícil e, no entanto,
não vale nada. Escassez é um conceito abstrato (mais um) que reflete a necessidade
que tenho de consumir algo que, normalmente, se reduz à medida que consumo. Mas
cuja ligação a raridade não existe. Ora o senhor que inventou o Bitcoin achou que se o
dinheiro usava o ouro como padrão era porque o ouro era raro e, portanto, o fabrico
de Bitcoins é muito difícil e consome quantidades de recursos computacionais
gigantescos. Devo dizer que muitas cabeças bem-pensantes acreditam a mesma coisa,
por isso devo ser suave nas minhas críticas, dizendo que isto é apenas pateta (afinal já
posso ser CEO do JP Morgan porque também consigo ser simpático).
O Bitcoin é apenas um bem sem qualquer utilidade, cuja produção é cara como foi o
aeroporto de Beja. Sim, custou muito a produzir, até deu muito trabalho, mas não
serve para nada. O valor económico de um Bitcoin é, pois, igual ao do aeroporto de
Beja. Então como explicar que seja transacionado àquele valor? Pois, não tem
explicação. Tal como as obrigações do subprime eram enroladas em matemática com
um ar sofisticado, o Bitcoin é enrolado em tecnologia com um ar sofisticado,
o blockchain, que há muitos anos se diz o futuro, mas cuja utilidade prática parece
difícil de encontrar. Muita gente tem feito a analogia entre esta bolha especulativa em
torno do Bitcoin com a crise das túlipas na Holanda do século XVII. As semelhanças são
grandes, mas os bolbos de túlipa, pelo menos, serviam para alguma coisa.”

(https://observador.pt/opiniao/o-bitcoin-o-paradoxo-do-oxigenio-e-a-estupidez-
humana/)

2.3
O que aconteceria se o governador do Banco de Portugal ordenasse imprimir biliões de
euros? Ao dividir todo o conjunto de bens e serviços por um número muito maior de
unidades de dinheiro, o preço das coisas aumentaria brutalmente mas não os
ordenados, o que diminuiria o poder de compra, o consumo e portanto a economia
(em toda a zona euro se não houver algum controlo central) entraria em recessão.

2.4
Terá acontecido uma enorme inflação (hiperinflação) que obrigou a emitir notas de
triliões de dólares.

2.5
A criação de mais moeda para aumentar a massa monetária além da substituição das
notas danificadas é um recurso recorrente e perigoso de governos que têm problemas
de financiamento. Emitir mais moeda provoca uma desvalorização da mesma, o que
diminuiu as importações e aumenta as exportações, a custa de um grande aumento da
inflação.
Em termos físicos aumenta o número de unidades em que é dividido o trabalho, com
perda do valor das mesmas, o que acarreta um aumento da inflação muito superior ao
necessário pelo incremento da quantidade de trabalho no sistema económico.

2.6
O capital de uma empresa não poderia ser considerado nem ativo nem passivo.
Estritamente não é um instrumento de entrada de dinheiro para a empresa, logo não é
um ativo, mas a empresa não tem que pagar por ele, logo também não é passivo.

2.7
O edifício da sede de uma empresa pode ser considerado um ativo. Em contabilidade,
o ativo fixo ou ativo imobilizado de uma empresa é formado pelo conjunto de bens e
direitos necessários à manutenção das suas atividades, sendo caracterizados por
apresentar-se na forma tangível (edifícios, máquinas, etc.). São, portanto, bens que a
empresa não tem intenção de vender a curto prazo ou que dificilmente podem ser
convertidos imediatamente em dinheiro. Têm, pois, um caráter de permanência,
sendo chamados bens patrimoniais.

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