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ATIVIDADES MATEMÁTICAS A PARTIR DA ORGANIZAÇÃO DE

UMA EXPOSIÇÃO DE ARTE


Adriano Edo Neuenfeldt1, Rogério José Schuck2, Derli Juliano Neuenfeldt3,
Lara Kalkmann Goulart4, Vinícius Camini5, Clayton Chemin6
1
Centro de Ciência Exatas e Tecnológicas – CETEC/UNIVATES
2
Programa de Pós-Graduação em Ensino – PPGEnsino/UNIVATES
3
Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCHS/UNIVATES
4
Acadêmica do Curso de Psicologia - UNIVATES
5
Acadêmico do Curso de Engenharia Civil – UNIVATES
6
Acadêmico do Curso de Engenharia Ambiental – UNIVATES

adrianoneuenfeldt@univates.br, rogerios@univates.br, derlijul@univates.br,


lara.goulart@univates.br, vinicius.camimi@universo.univates.br,
clayton.chemin@universo.univates.br
Resumo. Este trabalho tem por objetivo apresentar uma proposta de estratégia de ensino
na qual se buscou desenvolver conteúdos matemáticos a partir de uma exposição de arte,
durante a Semana da Arte da Universidade. A proposta foi desenvolvida numa disciplina
de primeiro semestre, denominada de Introdução às Ciências Exatas, com estudantes de
cursos de Engenharia de uma instituição de Ensino Superior do Vale do Taquari-RS.
Metodologicamente, foram utilizados os três momentos pedagógicos de Delizoicov e
Angotti (2000), sendo que, num primeiro momento, foi apresentada a proposta em linha
gerais, destacando os conhecimentos prévios dos estudantes; num segundo momento, em
conjunto, foram elaborados os elementos da exposição; e, num terceiro momento, os
estudantes retomaram os assuntos, aplicando o conhecimento adquirido durante a
proposta. A partir das atividades realizadas destacamos: a importância do papel do
professor que atuou como mediador, buscando alternativas metodológicas ativas,
(MORAN, 2015), para envolver o aluno no processo de ensino e de uma aprendizagem
significativa, (MOREIRA E MASSONI, 2016), e a organização e o desenvolvimento de
conteúdos a partir do uso de portfólios (BERNARDES E MIRANDA, 2003)
relacionando-os com a proposta da exposição.
Palavras-chave: Artes. Introdução às Ciências Exatas. Estratégias de Ensino e de
Aprendizagem. Portfólios. Metodologias Ativas.

Introdução
Estudantes do Ensino Superior, de modo geral, possuem certos receios ao frequentarem
as disciplinas que envolvem matemática, seja por acharem que a matemática é algo difícil
de ser compreendida ou mesmo por duvidarem da funcionalidade dos assuntos que são
apresentados ou desenvolvidos no Ensino Superior. Isso transparece na forma de
questionamentos que circundam a sala de aula, como por exemplo: “Onde vou usar isso?”.
Diante disso, surgiu o problema dessa proposta, se os conteúdos de matemática,
são difíceis de serem compreendidos ou aparentemente possuem pouco significado para
os estudantes, que estratégias de ensino poderiam ser utilizadas para melhorar esse
processo? Assim, tentando contribuir com a solução desse problema, uma das alternativas
encontradas foi envolver os estudantes a partir de uma proposta articulando artes plásticas
e matemática, na qual os estudantes tinham a finalidade de construir uma teia de aranha
para expor no pátio da Instituição, na Semana da Arte da Universidade. Destaca-se ainda
que os relatos das atividades foram registrados na forma de portfólio. Coube ao professor
o papel de mediador para buscar alternativas metodológicas que suscitassem um maior
envolvimento dos estudantes com os conteúdos, com a disciplina, e mesmo com a
Universidade.

Procedimentos Metodológicos
As atividades correspondentes ao portfólio foram organizadas a partir dos Três Momentos
Pedagógicos (TMP), proposta por Delizoicov e Angotti (2000). A dinâmica dos três
momentos foi escolhida por que se entende que a mesma propicia o movimento de
construção de conhecimentos por parte dos alunos.
Nessa dinâmica, o primeiro momento também denominado Problematização
Inicial (PI), caracteriza-se por estimular a curiosidade, através de questionamentos, bem
como permite ao professor o acesso às ideias prévias dos alunos a respeito do tema a ser
abordados. Nesse caso foi perguntado se os estudantes conheciam teias de aranha, se já
tinham observado a sua formação, dentre outros questionamentos. O segundo momento
ou Organização do Conhecimento (OC), caracteriza-se pelo desenvolvimento de
atividades que auxiliem o aluno a compreender e partilhar os conhecimentos
sistematizados. Nesse ponto além da própria construção teia, conforme as figuras 1, 2 e
3, os estudantes procuraram relacionar com conteúdos matemáticos. Já, no terceiro
momento ou Aplicação do Conhecimento (AC) é o momento de retomada das questões
iniciais e da proposição de novos questionamentos, novas situações problemas que
possibilitem aos estudantes a utilização dos conhecimentos desenvolvidos e ao professor
um acompanhamento do processo de ensino e de aprendizagem.

Figuras 1, 2 e 3. Alguns pontos do processo de construção da exposição.


Além disso fez-se uso do portfólio como um meio para discutir e organizar as
atividades desenvolvidas em sala de aula, uma vez que se almejou um ensino e uma
aprendizagem mais significativa. De acordo com Bernardes e Miranda (2003, p. 17), um
portfólio pode ser visto como “[...] uma colecção significativa dos trabalhos do seu autor
que ilustram os seus esforços, os seus progressos e as suas realizações”.
Após, foi solicitado um trabalho de pesquisa relacionada com os conteúdos que
poderiam ser relacionados com a exposição, como por exemplo, triângulo retângulo,
geometria, ângulos, dentre outros. Esse exercícios foram desenvolvidos no decorrer do
semestre. A quantidade de exercícios que foi resolvida dependeu do número de
integrantes de cada grupo de trabalho, sendo que cada estudante deveria pesquisar e
resolver no mínimo dois exercícios. No final todos os exercícios foram compartilhados
criando-se um portfólio compartilhado de exercícios resolvidos.

Resultados e Discussão
Ao avaliar as atividades desenvolvidas percebeu-se que, quando elas são organizadas de
forma articulada com outras áreas de conhecimento, o processo de ensino e aprendizagem
também adquire outros significados. É possível utilizar os saberes que os estudantes
trazem consigo, pois esses conhecimentos prévios podem colaborar para a organização
das aulas. De acordo com Moreira e Massoni (2016, p. 84), na aprendizagem significativa
“aprendemos a partir do que já sabemos e aprendemos se queremos”.
Além disso, para êxito da proposta, foi necessário envolvimento da turma e foi
necessário explicar claramente quais seriam os objetivos a serem desenvolvidos durante
a construção da teia de aranha e das atividades sendo que o professor atuou como
mediador do processo. Notou-se que também as tecnologias digitais podem ser utilizadas
para a realização desse tipo de atividade, como o registro fotográfico, que auxiliaram na
organização do portfólio, tornando as aulas mais dinâmicas e metodologicamente mais
ativas (MORAN, 2015).

Conclusão
Percebeu-se que a totalidade da turma realizou as atividades propostas sendo que no final
das atividades foi solicitado um trabalho de pesquisa no qual os alunos pesquisaram e
resolveram mais exercícios a respeito do assunto integrando-os ao portfólio.
Por fim, relatos de estudantes e do monitor da turma apontam que as atividades
desenvolvidas a partir dos objetivos propostos se mostraram proveitosas uma vez que
perceberam na elaboração dos portfólios uma relação entre as atividades desenvolvidas e
conteúdos matemáticos, como geometria, triângulo retângulo, unidades de medida, dentre
outros, ressaltando a forma diferenciada como esses assuntos puderam ser abordados e o
compartilhamento de atividades realizadas com os colegas de turma.
Referências Bibliográficas
BERNARDES, C; MIRANDA, F. B. Portefólio: uma escola de competências. Porto:
Porto Editora, 2003.
DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José A. P. Metodologia do Ensino de Ciências.
São Paulo: Cortez, 2000. (Coleção magistério. 2º grau. Série formação do professor).
MORAN, José. Mudando a educação com metodologias ativas. Convergências
Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens. Vol. II. Coleção Mídias
Contemporâneas. Carlos Alberto de Souza e Ofelia Elisa Torres Morales (orgs.)
PROEX/UEPG, 2015. p. 15-33. Disponível em: <http://www2.eca.usp.br/moran/wp-
content/uploads/2013/12/mudando_moran.pdf>. Acessado em: 22 mar. 2017.
MOREIRA, M. A.; MASSONI, N. M. Noções básicas de epistemologias e teorias de
aprendizagem como subsídios para a organização de sequências de ensino-
aprendizagem em ciências/física. São Paulo: Livraria da Física, 2016.

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