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Aula 01 - Prof Flavio Martins - 06 - 02 - 2017 - Pre-Aula PDF
Aula 01 - Prof Flavio Martins - 06 - 02 - 2017 - Pre-Aula PDF
1. Material pré-aula
a. Tema
b. Noções Gerais
c. Legislação
d. Julgados/Informativos
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“A Primeira Turma, por maioria, deu provimento a recurso ordinário
em “habeas corpus” para trancar ação penal em que se imputa ao
recorrente a suposta prática de crime de racismo, por meio de
incitação à discriminação religiosa (Lei 7.716/1989, art. 20, § 2º). No
caso, sacerdote da Igreja Católica Apostólica Romana publicou livro
no qual, segundo a acusação, explicitou conteúdo discriminatório a
atingir a doutrina espírita. O Colegiado equacionou que, em um
cenário permeado por dogmas com fundamentos emocionais, os
indivíduos tendem a crer que professam sua fé dentro da religião
correta e que aquela é a melhor, e essa certeza contém intrínseca
hierarquização. Nesse ambiente, é necessário avaliar a observância
dos limites do exercício das liberdades constitucionais. Por sua vez,
não cabe ao Judiciário censurar manifestações de pensamento.
Assim, eventual infelicidade de declarações e explicitações escapa do
espectro de atuação estatal. Ponderou que a liberdade religiosa
possui expressa proteção constitucional (CF, art. 5º, VI e VIII) e
abrange o livre exercício de consciência, crença e culto. Além disso,
alcança a escolha de convicções, de optar por determinada religião ou
por nenhuma delas, de empreender proselitismo e de explicitar atos
próprios de religiosidade. Assim, a liberdade de expressão funciona
como condição de tutela efetiva da liberdade religiosa, assegurando-
se a explicitação de compreensões religiosas do indivíduo e atuações
conforme a crença. Caso contrário, em vez de liberdade, haveria
mera indiferença religiosa. Por outro lado, a liberdade religiosa não
ostenta caráter absoluto e deve ser exercitada de acordo com a
delimitação constitucional, segundo o princípio da convivência das
liberdades públicas. Nessa perspectiva, o repúdio ao racismo figura
como um dos princípios que regem o País em suas relações
internacionais (CF, art. 4º, VIII). Ademais, o tipo penal em debate
decorre de mandamento de criminalização expresso no art. 5º, XLII,
da CF. No caso, cumpre perquirir se as opiniões explicitadas pelo
recorrente estão em conformidade com a Constituição ou se
desbordam dos limites do exercício das liberdades
constitucionalmente asseguradas. A Turma assinalou que a
característica plural da Constituição impõe que determinados
interesses, na hipótese em que colidentes, sejam contrastados a fim
de alcançar a máxima efetividade de ambos. É necessário que as
posições divergentes sejam mutuamente respeitadas, reclamando-se
tolerância em relação ao diferente. Por sua vez, os limites de
discursos religiosos não coincidem, necessariamente, com
explicitações atinentes aos demais elementos normativos do tipo em
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questão, quais sejam, raça, cor, etnia ou procedência nacional. A
mensagem religiosa não pode ser tratada exatamente da mesma
forma que a não religiosa. Sob esse aspecto, diversas religiões
ostentam caráter universalista, ou seja, almejam converter o maior
número possível de pessoas. Em especial, o catolicismo e o
cristianismo perseguem esse objetivo. Nessa medida, tolher o
proselitismo indispensável à consecução das finalidades de religiões
universalistas configura ataque ao núcleo essencial da liberdade de
expressão religiosa. O proselitismo religioso, em diversas
oportunidades, é implementado à luz de um contraste entre as mais
diversas religiões. O indivíduo que busca a conversão de outrem
geralmente o faz sob argumentos de hierarquização entre religiões,
almejando demonstrar a superioridade de suas próprias crenças, de
modo que, corriqueiramente, as religiões pretendem assumir
contornos de doutrinas de primeira ordem. Esse proselitismo,
portanto, ainda que acarrete incômodas comparações religiosas, não
materializa, por si só, o espaço normativo dedicado à incriminação de
condutas preconceituosas. Essa ação constitui não apenas
desdobramento da liberdade de expressão religiosa, mas figura como
núcleo essencial desse direito, de modo que negar sua prática
configuraria excessiva restrição às liberdades constitucionais. Assim,
eventual animosidade decorrente de observações desigualadoras não
configura, necessariamente, preconceito ou discriminação. A
desigualação desemboca em discriminação na hipótese em que
ultrapassa, de forma cumulativa, três etapas. A primeira delas
relaciona-se a um juízo cognitivo em que se reconhecem as
diferenças entre os indivíduos. Na segunda, implementa-se um juízo
valorativo direcionado à hierarquização. Na hipótese de discursos
religiosos, a comparação entre crenças e a ocorrência de explicitações
quanto à mais adequada entre elas é da essencialidade da liberdade
de expressão religiosa. Por fim, a terceira fase consiste em um juízo
em que se exterioriza a necessidade ou legitimidade de exploração,
escravização ou eliminação do indivíduo ou grupo considerado
inferior. Desse modo, não apenas a finalidade de eliminação, mas
também o intuito de supressão ou redução de direitos
fundamentais sob razões religiosas já configura, em si, conduta
discriminatória e, nessa medida, não albergada pela Constituição e
sujeita, em tese, à censura penal. Necessário, portanto, precisar o
sentido de exploração e eliminação, que se relaciona à avaliação de
que o suposto superior tem o dever e, ao mesmo tempo, a
prerrogativa de subjugar o indivíduo considerado inferior. Por sua
vez, nas hipóteses em que se reconhece caber ao pretenso superior a
prestação de auxílio ao considerado inferior, verifica-se a presença
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somente das primeiras etapas, de modo que, nesses casos, não se
cogita de conduta discriminatória apta a merecer reprimenda penal.
O discurso proselitista, nessas hipóteses, associa-se ao dever de
auxílio a adeptos de outras religiões, vistas como equivocadas.
Objetiva-se assegurar que o outro alcance o mesmo nível moral em
que o agente se vê inserido. O discurso que persegue alcançar, pela
fé, adeptos de outras crenças não se qualifica intrinsecamente como
discriminatório. Sendo assim, no embate entre religiões, a tolerância
é medida a partir dos métodos de persuasão (e não imposição)
empregados. No contexto religioso, a tentativa de convencimento
pela fé, sem contornos de violência ou desrespeito à dignidade
humana, está dentro das balizas da tolerância. Também descabe
potencializar o proselitismo, por si, para fins de reconhecimento de
realização de uma espécie de guerra santa, mantida com base em
discurso odioso, tampouco para legitimar atos de violência ou de
perseguição aptos a macular a dignidade humana. No caso concreto,
a publicação escrita pelo recorrente, sacerdote católico, dedica-se à
pregação da fé católica, e suas explicitações detêm público específico.
Não se pode depreender a intenção de proferir ofensas às pessoas
que seguem a doutrina espírita, mas sim de orientar a população
católica da incompatibilidade verificada, segundo sua visão, entre o
catolicismo e o espiritismo. Ainda que, eventualmente, os dizeres
possam sinalizar certa animosidade, não há intenção de que os fiéis
católicos procedam à escravização, exploração ou eliminação dos
adeptos do espiritismo. A vinculação operada entre o espiritismo e
características malignas cinge-se à afirmação da suposta
superioridade da religião professada pelo recorrente. Não se trata de
tentativa de subjugação dos adeptos do espiritismo, portanto. Assim,
a explicitação de aspectos de desigualação, bem como da suposta
inferioridade decorrente de aspectos religiosos não perfaz, por si, o
elemento típico. É indispensável que se verifique o especial fim de
supressão ou redução da dignidade do diferente. Sendo assim, a
afirmação de superioridade direcionada à realização de um suposto
resgate ou salvação, apesar de indiscutivelmente preconceituosa,
intolerante, pedante e prepotente, encontra guarida na liberdade de
expressão religiosa, e não preenche o âmbito proibitivo da norma.
Vencido o ministro Luiz Fux, que não trancava a ação penal por
entender não haver elementos suficientes para tanto”. RHC
134682/BA, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em
29.11.2016. (RHC-134682). Íntegra do Informativo 849
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ofício em favor de pacientes presos cautelarmente em razão do
suposto cometimento dos crimes descritos nos arts. 126 e 288 do
Código Penal (CP) (aborto consentido e formação de quadrilha), para
afastar a custódia preventiva. Assentou não estarem presentes os
requisitos que legitimam a prisão cautelar (Código de Processo Penal,
art. 312). Afinal, os pacientes são primários e com bons
antecedentes, têm trabalho e residência fixa, têm comparecido aos
atos de instrução e cumprirão pena em regime aberto, na hipótese de
condenação. Reputou ser preciso conferir interpretação conforme à
Constituição aos arts. 124 a 126 do CP, que tipificam o crime de
aborto, para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção
voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. A
criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos
fundamentais da mulher, bem como o princípio da
proporcionalidade. Vencido o ministro Marco Aurélio, que concedia a
ordem”. HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em 29.11.2016. (HC-
124306). Íntegra do Informativo 849.
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demonstra preocupação maior com a manutenção, em prol dos
cidadãos de hoje e de amanhã, das condições ecologicamente
equilibradas para uma vida mais saudável e segura. O Tribunal
asseverou ter o autor juntado laudos técnicos comprobatórios das
consequências nocivas à saúde dos bovinos, tais como fraturas nas
patas, ruptura dos ligamentos e dos vasos sanguíneos, traumatismos
e deslocamento da articulação do rabo e até seu arrancamento, das
quais resultariam comprometimento da medula espinhal e dos nervos
espinhais, dores físicas e sofrimento mental. Ante os dados empíricos
evidenciados pelas pesquisas, é indiscutível o tratamento cruel
dispensado às espécies animais envolvidas, em descompasso com o
preconizado no art. 225, § 1º, VII, da CF. À parte das questões
morais relacionadas ao entretenimento à custa do sofrimento dos
animais, a crueldade intrínseca à “vaquejada” não permite a
prevalência do valor cultural como resultado desejado pelo sistema
de direitos fundamentais da Constituição. Portanto, o sentido da
expressão “crueldade” constante da parte final do inciso VII do § 1º
do art. 225 da CF alcança a tortura e os maus-tratos infligidos aos
bovinos durante a prática impugnada, de modo a tornar intolerável a
conduta humana autorizada pela norma estadual atacada. Vencidos
os ministros Edson Fachin, Gilmar Mendes, Teori Zavascki, Luiz Fux e
Dias Toffoli, que julgavam o pedido improcedente. ADI 4983/CE,
rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 6-10-2016.
REPERCUSSÃO GERAL. Íntegra do Informativo 842
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transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização
da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento
e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra,
a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais. Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente,
são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os
ascendentes ou os descendentes. Art. 21. A vida privada da pessoa
natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará
as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato
contrário a esta norma”), sem redução de texto, em consonância com
os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua
expressão, de criação artística, de produção científica, de liberdade
de informação e de proibição de censura (CF, artigos 5º, IV, V, IX, X
e XIV; e 220). O Colegiado asseverou que, desde as Ordenações
Filipinas, haveria normas a proteger a guarda de segredos. A partir
do advento do CC/1916, entretanto, o quadro sofrera mudanças.
Ademais, atualmente, o nível de exposição pública das pessoas seria
exacerbado, de modo a ser inviável reter informações, a não ser que
não fossem produzidas. Nesse diapasão, haveria de se compatibilizar
a inviolabilidade da vida privada e a liberdade de pensamento e de
sua expressão. No caso, não se poderia admitir, nos termos da
Constituição, que o direito de outrem de se expressar, de pensar, de
criar obras biográficas — que dizem respeito não apenas ao
biografado, mas a toda a coletividade, pelo seu valor histórico —
fosse tolhido pelo desejo do biografado de não ter a obra publicada.
Os preceitos constitucionais em aparente conflito conjugar-se-iam em
perfeita harmonia, de modo que o direito de criação de obras
biográficas seria compatível com a inviolabilidade da intimidade,
privacidade, honra e imagem. Assim, em suma, o Plenário
considerou: a) que a Constituição asseguraria como direitos
fundamentais a liberdade de pensamento e de sua expressão, a
liberdade de atividade intelectual, artística, literária, científica e
cultural; b) que a Constituição garantiria o direito de acesso à
informação e de pesquisa acadêmica, para o que a biografia seria
fonte fecunda; c) que a Constituição proibiria a censura de qualquer
natureza, não se podendo concebê-la de forma subliminar pelo
Estado ou por particular sobre o direito de outrem; d) que a
Constituição garantiria a inviolabilidade da intimidade, da privacidade,
da honra e da imagem da pessoa; e e) que a legislação
infraconstitucional não poderia amesquinhar ou restringir direitos
fundamentais constitucionais, ainda que sob pretexto de
estabelecer formas de proteção, impondo condições ao exercício de
liberdades de forma diversa da constitucionalmente fixada.
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O Ministro Roberto Barroso ponderou que, embora os artigos 20 e 21
do CC produzissem legítima ponderação em favor dos direitos da
personalidade e em desfavor da liberdade de expressão, esta deveria
prevalecer, por algumas razões. Em primeiro lugar, o país teria
histórico de graves episódios de censura, de modo que, para que não
se repetissem, a liberdade de expressão deveria ser sempre
reafirmada. Em segundo lugar, a liberdade de expressão não seria
apenas um pressuposto democrático, mas também um pressuposto
para o exercício dos outros direitos fundamentais. Por último, a
liberdade de expressão seria essencial para o conhecimento histórico,
o avanço social e a conservação da memória nacional. Como
consequências de se estabelecer a prevalência da liberdade de
expressão, haveria o ônus argumentativo de aquele que pretendesse
cerceá-la demonstrar o seu direito. Além disso, quaisquer
manifestações de cerceamento de liberdade de expressão deveriam
sofrer forte suspeição e escrutínio rigoroso. Por fim, seria vedada a
censura prévia ou a licença. Apontou que, se a informação sobre
determinado fato tivesse sido obtida por meios ilícitos, isso poderia
comprometer a possibilidade de vir a ser divulgada legitimamente.
Ademais, a mentira dolosa, com o intuito de fazer mal a alguém,
poderia também ser fundamento para considerar-se ilegítima a
divulgação de um fato, e que essas transgressões seriam reparáveis
por meio de indenização. De toda forma, qualquer intervenção
jurisdicional haveria de processar-se sempre “a posteriori”. Assinalou
que a liberdade de expressão não necessariamente significaria
a prevalência da verdade ou da justiça, mas seria um valor em
si relevante para as democracias. A Ministra Rosa Weber salientou
a possibilidade de existirem várias versões sobre um mesmo fato
histórico, de modo que controlar biografias significaria tentar
controlar a história. O Ministro Luiz Fux lembrou que apenas pessoas
notórias seriam biografadas, e que, na medida do crescimento da
notoriedade, diminuir-se-ia a reserva de privacidade. O Ministro Dias
Toffoli sublinhou que o autor de biografia não estaria impedido de
requerer autorização para que sua obra fosse publicada, no intuito de
evitar eventual controle jurisdicional. Entretanto, essa seria uma
mera faculdade. O Ministro Gilmar Mendes ressalvou que a
indenização não seria o único meio capaz de reparar eventual dano
sofrido, tendo em vista a possibilidade de, por exemplo, exigir-se a
publicação de nova obra, com correção, a funcionar como exercício
do direito de resposta. O Ministro Marco Aurélio considerou que
escrever biografia mediante autorização prévia não seria biografar,
mas criar publicidade. A pessoa com visibilidade social geraria
interesse por parte do cidadão comum, e caberia a terceiro revelar o
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respectivo perfil. O Ministro Celso de Mello frisou o pluralismo de
pensamento como um dos fundamentos estruturantes do Estado de
Direito, e a garantia do dissenso seria condição essencial à formação
de opinião pública livre, em face do caráter contramajoritário dos
direitos fundamentais. O Ministro Ricardo Lewandowski
(Presidente) apontou a existência das publicações em meio digital, o
que facilitaria a disseminação de conteúdo apócrifo e com alcance
mundial. Portanto, a problemática seria complexa, e haveria de
existir meios para coibir abusos dessa natureza”. ADI 4815/DF, rel.
Min. Cármen Lúcia, 10.6.2015. Informativo nº 789-STF.
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ainda que por censurável omissão, em grave comportamento
inconstitucional. (...) O reconhecimento judicial da validade jurídica
de programas de distribuição gratuita de medicamentos a pessoas
carentes, inclusive àquelas portadoras do vírus HIV/aids, dá
efetividade a preceitos fundamentais da Constituição da República
(arts. 5º, caput, e 196) e representa, na concreção do seu alcance,
um gesto reverente e solidário de apreço à vida e à saúde das
pessoas, especialmente daquelas que nada têm e nada possuem, a
não ser a consciência de sua própria humanidade e de sua essencial
dignidade." (RE 271.286-AgR, Rel. Min. Celso de Mello,
julgamento em 12-9-2000, Segunda Turma, Plenário, DJ de 24-11-
2000.) No mesmo sentido: RE 368.564, Rel. p/ o ac. Min. Marco
Aurélio, julgamento em 13-4-2011, Primeira Turma, DJE de 10-8-
2011; STA 175-AgR, Rel. Min. Presidente Gilmar Mendes,
julgamento em 17-3-2010, Plenário, DJE de 30-4-2010.
"O Magno Texto Federal não dispõe sobre o início da vida humana
ou o preciso instante em que ela começa. Não faz de todo e
qualquer estádio da vida humana um autonomizado bem jurídico,
mas da vida que já é própria de uma concreta pessoa, porque
nativiva (teoria ‘natalista’, em contraposição às teorias
‘concepcionista’ ou da ‘personalidade condicional’). E, quando se
reporta a ‘direitos da pessoa humana’ e até a ‘direitos e garantias
individuais’ como cláusula pétrea, está falando de direitos e garantias
do indivíduo-pessoa, que se faz destinatário dos direitos
fundamentais ‘à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade’, entre outros direitos e garantias igualmente
distinguidos com o timbre da fundamentalidade (como direito à saúde
e ao planejamento familiar). Mutismo constitucional
hermeneuticamente significante de transpasse de poder
normativo para a legislação ordinária. A potencialidade de
algo para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante
para acobertá-la, infraconstitucionalmente, contra tentativas
levianas ou frívolas de obstar sua natural continuidade
fisiológica. Mas as três realidades não se confundem: o embrião é o
embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana.
Donde não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de
pessoa humana. O embrião referido na Lei de Biossegurança (in
vitro apenas) não é uma vida a caminho de outra vida virginalmente
nova, porquanto lhe faltam possibilidades de ganhar as primeiras
terminações nervosas, sem as quais o ser humano não tem
factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível. O Direito
infraconstitucional protege por modo variado cada etapa do
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desenvolvimento biológico do ser humano. Os momentos da vida
humana anteriores ao nascimento devem ser objeto de proteção pelo
direito comum. O embrião pré-implanto é um bem a ser protegido,
mas não uma pessoa no sentido biográfico a que se refere a
Constituição." (ADI 3.510, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em
29-5-2008, Plenário, DJE de 28-5-2010.)
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compensatória. A lei como instrumento de reequilíbrio social. Toda a
axiologia constitucional é tutelar de segmentos sociais brasileiros
historicamente desfavorecidos, culturalmente sacrificados e até
perseguidos, como, verbi gratia, o segmento dos negros e dos índios.
Não por coincidência os que mais se alocam nos patamares
patrimonialmente inferiores da pirâmide social. A desigualação em
favor dos estudantes que cursaram o ensino médio em escolas
públicas e os egressos de escolas privadas que hajam sido
contemplados com bolsa integral não ofende a Constituição pátria,
porquanto se trata de um descrímen que acompanha a toada da
compensação de uma anterior e factual inferioridade (‘ciclos
cumulativos de desvantagens competitivas’). Com o que se
homenageia a insuperável máxima aristotélica de que a verdadeira
igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os
desiguais, máxima que Ruy Barbosa interpretou como o ideal de
tratar igualmente os iguais, porém na medida em que se igualem; e
tratar desigualmente os desiguais, também na medida em que se
desigualem." (ADI 3.330, rel. min. Ayres Britto, julgamento em 3-
5-2012, Plenário, DJE de 22-3-2013.)
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1º, 33 e 41 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). (...) No mérito,
rememorou-se posicionamento da Corte que, ao julgar o HC
106.212/MS (DJE de 13-6-2011), declarara a constitucionalidade do
art. 41 da Lei Maria da Penha (...). Reiterou-se a ideia de que a
aludida lei viera à balha para conferir efetividade ao art. 226, § 8º,
da CF. Consignou-se que o dispositivo legal em comento coadunar-
se-ia com o princípio da igualdade e atenderia à ordem jurídico-
constitucional, no que concerne ao necessário combate ao desprezo
às famílias, considerada a mulher como sua célula básica. Aplicou-se
o mesmo raciocínio ao afirmar-se a constitucionalidade do art. 1º da
aludida lei (...). Asseverou-se que, ao criar mecanismos
específicos para coibir e prevenir a violência doméstica contra
a mulher e estabelecer medidas especiais de proteção,
assistência e punição, tomando como base o gênero da vítima,
o legislador teria utilizado meio adequado e necessário para
fomentar o fim traçado pelo referido preceito constitucional.
Aduziu-se não ser desproporcional ou ilegítimo o uso do sexo como
critério de diferenciação, visto que a mulher seria eminentemente
vulnerável no tocante a constrangimentos físicos, morais e
psicológicos sofridos em âmbito privado. Frisou-se que, na seara
internacional, a Lei Maria da Penha seria harmônica com o que
disposto no art. 7º, item c, da Convenção de Belém do Pará (...) e
com outros tratados ratificados pelo país. Sob o enfoque
constitucional, consignou-se que a norma seria corolário da incidência
do princípio da proibição de proteção insuficiente dos direitos
fundamentais. Sublinhou-se que a lei em comento representaria
movimento legislativo claro no sentido de assegurar às mulheres
agredidas o acesso efetivo à reparação, à proteção e à justiça.
Discorreu-se que, com o objetivo de proteger direitos
fundamentais, à luz do princípio da igualdade, o legislador editara
microssistemas próprios, a fim de conferir tratamento distinto e
proteção especial a outros sujeitos de direito em situação de
hipossuficiência, como o Estatuto do Idoso e o da Criança e do
Adolescente (ECA)." (ADC 19, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento
em 9-2-2012, Plenário, Informativo 654.)
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4.364, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 2-3-2011,
Plenário, DJE de 16-5-2011.)
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e. Leitura sugerida
15
DOS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO. Revista de Direitos
Fundamentais e Democracia, Curitiba, v. 16, n. 16, p. 184-199,
julho/dezembro de 2014. Disponível em:
http://revistaeletronicardfd.unibrasil.com.br/index.php/rdfd/article/vi
ew/504/408
f. Leitura complementar
16