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ADVOCACIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO


ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ___________/___

AUTOR, brasileiro, trabalhadora rural, nascido em


__/__/__, portador do RG nº. _________e CPF nº.____________, residente
e domiciliada na Av______, ____, Cidade de Matão_____________, por seu
advogado que esta subscreve, vem, à presença de Vossa Excelência,
propor a presente:

AÇÃO ORDINÁRIA DE APOSENTADORIA POR


IDADE DE TRABALHADOR RURAL

contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS) ,


autarquia federal, com endereço à ________________

Endereço: _______________________________________

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I- PRELIMINARMENTE

1) DA AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS

O Advogado que esta subscreve declara serem


autênticos todos os documentos que acompanham a Petição Inicial,
desta forma requerendo o reconhecimento e aplicação a esta lide o
disposto no provimento COGE nº 34 do Egrégio Tribunal Regional
Federal da 3ª Região, bem como conforme autoriza o artigo 365, IV.
Do Código de Processo Civil.

2) DO PRINCÍPIO DA CELERIDADE

A fim de contribuir com o bom andamento


processual, requer que seja dada prioridade na tramitação processual,
nos termos da lei 10.173/2001.

I - DA EXPOSIÇÃO FÁTICA

O requerente possui ___ anos de idade e


mais de ____ anos de registro em carteira de trabalho, todos
como rurícola.

Nesse sentido, ingressou com pedido


administrativo no INSS - Instituto Nacional do Seguro Social,
objetivando a concessão da aposentadoria por idade como
trabalhadora rural, contudo, referido pedido foi indeferido (NB
______________)

O pedido de aposentadoria por idade com


trabalhador rural, foi indeferido, sob a alegação de não ter
comprovado o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma
descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do
beneficio, por tempo igual ao número de meses correspondente à
carência do benefício.

Diante do fato da Requerente entender possuir


direito a concessão do benefício de aposentadoria rural por idade
rural e vem buscar amparo para sua pretensão perante a este r.
juízo.

Endereço: _______________________________________

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II - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A) Do Efetivo Exercício da Atividade Rural imediatamente


anterior ao requerimento administrativo

O requerente fez pedidos administrativos de


aposentadoria por idade junto a autarquia ré. Contudo, referidos
pedidos restaram indeferidos (docs. em anexo).

Em breve síntese, entende a autarquia ré a


necessidade de ser comprovado o efetivo exercício de
atividade rural, em período imediatamente anterior ao
requerimento administrativo.

Contudo, o C. Superior Tribunal de Justiça,


por unanimidade e de forma reiterada já teve a oportunidade de
decidir, que não é necessário que o trabalhador rural continue a
trabalhar na lavoura até a véspera do dia em que irá efetuar o
requerimento, quando já tiver preenchido o requisito etário e
comprovado o tempo de trabalho campesino em número de meses
idêntico à carência do benefício (RESP 1.115.892-SP (2009/0005276-
5), MINISTRO FÉLIX FISCHER, STJ - QUINTA TURMA, 14/09/2009,
unânime).

Da mesma forma, o E. Tribunal Regional Federal da


3º Região, em 30/05/2012, por meio da Sétima Turma, nos
autos do processo 0000349-37.2012.4.03.9999, cujo Relator foi o
Desembargador HELIO NOGUEIRA, decidiu:

(...) 3- Especificamente acerca do trabalho rural


que deve ser exercido em período imediatamente
anterior ao requerimento do benefício, o Superior
Tribunal de Justiça decidiu, por unanimidade, que
não é necessário que o trabalhador rural continue
a trabalhar na lavoura até a véspera do dia em que
irá efetuar o requerimento, quando já tiver
preenchido o requisito etário e comprovado o
tempo de trabalho campesino em número de
meses idêntico à carência do benefício.

A requerente possui mais de ____ anos de


registro em carteira de trabalho, todos como rurícola, e tem
_________anos de idade.

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A parte autora deixou de laborar como rurícola em


qualquer outra função por motivo de doenças e idade avançada.

O artigo 39, I da Lei 8.213/91 regula o direito a


aposentadoria do trabalhador rural e demonstra quais os requisitos
necessários para a sua concessão:

Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no


inciso VII do art. 11 desta Lei, fica garantida a
concessão:I - de aposentadoria por idade ou por
invalidez, de auxílio-doença, de auxílio-reclusão ou
de pensão, no valor de 01 (um) salário mínimo,
desde que comprove o exercício de atividade rural,
ainda que de forma descontínua, no período,
imediatamente anterior ao requerimento do
benefício, igual ao número de meses
correspondentes à carência do benefício requerido.

Então deste artigo podemos extrair os


seguintes requisitos: 1) Desempenho de atividade rural em regime de
economia familiar (tendo em vista o disposto no artigo 11, VII da Lei
8.213/91) e 2) Cumprimento do prazo de carência (Art. 142 da Lei
8.213/91).

Entretanto, o artigo 48, § 1º e 2º da Lei 8.213/91,


também informa sobre o terceiro requisito necessário para a
concessão da aposentadoria por idade para trabalhador rural, ou seja,
idade mínima de 60 (sessenta) anos para homens e de 55 (cinqüenta
e cinco) para mulheres.

O Superior Tribunal de Justiça também exige os


requisitos acima citados para a concessão de aposentadoria rural por
idade, vejamos:

"A comprovação do tempo de serviço para os


efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação
administrativa ou judicial, conforme o disposto no
artigo 108, só produzirá efeito quando baseada em
início de prova material, não sendo admitida prova
exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência
de motivo de força maior ou caso fortuito,
conforme disposto no Regulamento." (artigo 55,
parágrafo 3º, da Lei 8.213/91). 2. O início de prova
material, de acordo com a interpretação
sistemática da lei, é aquele feito mediante
documentos que comprovem o exercício da
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atividade nos períodos a serem contados, devendo


ser contemporâneos dos fatos a comprovar,
indicando, ainda, o período e a função exercida
pelo trabalhador. 3. Para a obtenção da
aposentadoria por idade, o trabalhador rural
referido na alínea "a" dos incisos I e IV e nos
incisos VI e VII do artigo 11 da Lei nº 8.213/91,
além da idade mínima de 60 anos (homem) e 55
(mulher), deverá comprovar o efetivo exercício de
atividade rural, ainda que de forma descontínua,
no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, por tempo igual ao
número de meses de contribuição correspondente
à carência do benefício pretendido (artigo 48 da Lei
nº 8.213/91), sendo prescindível que o início de
prova material abranja necessariamente esse
período, dês que a prova testemunhal amplie a sua
eficácia probatória ao tempo da carência, vale
dizer, desde que a prova oral permita a sua
vinculação ao tempo de carência. 4. A certidão de
casamento e o certificado de reservista, onde
constam a profissão de lavrador do segurado,
constituem-se em início razoável de prova
documental. Precedentes. 5. Agravo regimental
improvido. (AgRg no REsp 298.272/SP, Rel. Ministro
HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado em
03.06.2002, DJ 19.12.2002 p. 462)

Para a obtenção da aposentadoria rural por idade,


no valor de um salário mínimo, é necessária a idade de 55 anos, se
mulher, e 60 anos, se homem (§1º do art. 48 da Lei 8213, de 24 de
julho de 1991) e o efetivo exercício de atividade rural, ainda que
descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do
benefício, por tempo igual ao número de carência do referido
benefício.

O art. 143 da Lei n.º 8.213/1991, com redação


determinada pela Lei n.º 9.063, de 28.04.1995, assim dispõe:

"O trabalhador rural ora enquadrado como


segurado obrigatório no Regime Geral de
Previdência Social, na forma da alínea "a" do inciso
I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, pode
requerer aposentadoria por idade, no valor de um
salário mínimo, durante 15 (quinze) anos, contados
a partir da data de vigência desta Lei, desde que
comprove o exercício de atividade rural, ainda que
descontínua, no período imediatamente anterior ao
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requerimento do benefício, em número de meses


idêntico à carência do referido benefício."

Não se exige para a sua concessão, comprovação


de recolhimentos de contribuições ou período de carência, mas
apenas idade mínima e prova do exercício de atividade campesina,
dentro do período estabelecido no artigo 142 da referida lei.

O Colendo Superior Tribunal de Justiça consolidou o


entendimento de que a comprovação da atividade rural requer a
existência de início de prova material, a qual poderá ser corroborada
com a prova testemunhal, conforme entendimento cristalizado na
Súmula 149, que assim dispõe: "A prova exclusivamente testemunhal
não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da
obtenção do benefício previdenciário".

Por outro, o próprio Superior Tribunal de Justiça


entende não ser imprescindível que a prova material abranja todo o
período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, desde
que a prova testemunhal amplie a sua eficácia, permitindo sua
vinculação ao tempo de carência.

Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL.


APOSENTADORIA POR IDADE. RURÍCOLA.
CERTIDÃO DE CASAMENTO. MARIDO LAVRADOR.
INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL. 1. A
comprovação da atividade laborativa do rurícola
deve-se dar com o início de prova material, ainda
que constituído por dados do registro civil, como
certidão de casamento onde consta à profissão de
lavrador atribuída ao marido da Autora.
Precedentes da Terceira Seção do STJ. 2. Recurso
especial conhecido em parte e provido. (REsp
707.846/CE, Rel. Min. LAURITA VAZ, Quinta Turma,
DJ de 14/3/2005) PROCESSUAL CIVIL E
PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. DEPÓSITO
PRÉVIO. JUSTIÇA GRATUITA. DESNECESSIDADE.
TUTELA ANTECIPADA. PEDIDO GENÉRICO.
INDEFERIMENTO. DOCUMENTO NOVO.
SOLUÇÃO PRO MISERO . CERTIDÃO DE
CASAMENTO. QUALIFICAÇÃO DE LAVRADOR DO
MARIDO DA AUTORA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL
CONFIGURADO. SÚMULA N.º 149 DO STJ
AFASTADA. (...) 5. Para fins de concessão de
aposentadoria rural por idade, é prescindível que o
início de prova material se refira a todo período de
carência legalmente exigido, desde que robusta
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prova testemunhal amplie sua eficácia probatória,


vinculando-o àquele período, como ocorre na
espécie. 6. Ação julgada procedente para,
em judicium rescindens , cassar oacórdão
rescindendo e, em judicium rescisorium , negar
provimento ao recurso especial do INSS. (AR
3.402/SP, Rel. Min. LAURITA VAZ, Terceira Seção,
DJe de 27/3/2008)

A idade mínima exigida para a obtenção do


benefício restou comprovada pela documentação pessoal do autor
acostada à inicial.

No que tange a prova material, a CTPS com mais


de _________ anos de vínculos rurais, configura o início de prova
estabelecido pela jurisprudência e doutrina.

Logo, data venia, entendemos que atingida a


idade estabelecida em lei e comprovado o exercício de labor
rural em número de meses idênticos à carência do benefício,
conforme tabela constante do artigo 142 da Lei n.º
8.213/1991, adquire-se o direito à obtenção da aposentadoria
por idade rural.

Embora o conjunto probatório tenha se


mostrado apto para afiançar que autora exerceu a maior
parte da atividade rural anteriormente ao advento da Lei n.º
8.213/1991, tal fato não obsta a concessão, em seu favor, do
benefício pleiteado na inicial.

Antes da edição da Lei n.º 8.213/1991, os


benefícios do sistema previdenciário rural eram disciplinados pela Lei
Complementar n.º 11, de 25 de maio de 1971. Nessa época, a
aposentadoria por idade era denominada de aposentadoria por
velhice e era devida ao trabalhador rural que tivesse completado 65
(sessenta e cinco) anos de idade, conforme disciplinava o art. 4º,
caput, da lei em comento. Todavia, o parágrafo único do dispositivo
citado determinava que o benefício somente cabia ao chefe ou arrimo
da família.

Porém, os trabalhadores rurais que não puderam


se aposentar por idade sob a égide da Lei Complementar n.º 11/1971,
tiveram a possibilidade de obtenção do benefício da aposentadoria
por idade com o ingresso da Lei de Benefícios, em 1991, uma vez
preenchidas as condições nela estipuladas.

O surgimento de nova lei previdenciária no


ordenamento jurídico, instituindo direitos, passa a disciplinar os fatos
nela previstas, a não ser que houvesse determinação em sentido
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contrário. Em outras palavras, a novel lei de benefícios


previdenciários regulou os efeitos jurídicos sobre as situações
consignadas em seu seio. In casu, a incidência dos efeitos jurídicos da
nova lei sobre fatos pretéritos à sua vigência somente seria obstada,
no caso da imposição de sanções ou quando expressamente previsto
no texto legal.

Dessa maneira, havendo o exercício de labor rural


pelo prazo determinado na Lei n.º 8.213/1991, bem como o
implemento da idade por ela estipulada, as situações fáticas que
importam na aquisição de direito a benefícios previdenciários, mesmo
que constituídas anteriormente à sua vigência, se subsumem aos
seus efeitos jurídicos.

Esse entendimento pode ser extraído dos julgados


abaixo colacionados:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL.


AGRAVO LEGAL. BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA
POR IDADE RURAL. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO
VIGENTE À ÉPOCA. CONDIÇÃO DE CHEFE OU
ARRIMO DE FAMÍLIA. NÃO RECEPÇÃO PELA CF/88.
LEI 8.213/91. ART. 226, § 5º. RECURSO
DESPROVIDO.No tocante às concessões de
benefícios no sistema previdenciário rural,
anteriormente à edição da Lei 8.213/91, a matéria
era regida pela LC 11/71, que criou o Programa de
Assistência ao Trabalhador Rural (PRORURAL),
executado pelo FUNRURAL, com personalidade
jurídica de natureza autárquica. A referida Lei
Complementar instituiu as regras para a concessão
e manutenção de vários benefícios ao trabalhador
rural, dentre os quais a aposentadoria por idade. 2.
O quesito etário restou preenchido antes da
vigência da Carta Magna e, a despeito de nesta
data ainda estivesse em vigor a lei anterior, há que
considerá-lo como implementado desde a entrada
em vigor da Constituição Federal. 3. Ante o
conjunto probatório apresentado - tendo a prova
testemunhal corroborado a documentação trazida
como início de prova material -, é de rigor a
concessão do benefício, sendo que nada obsta ao
exercício de direito adquirido, em momento
posterior ao preenchimento dos requisitos. 4. A
Constituição Federal de 1988 não recepcionou o
disposto no Art. 4º, parágrafo único, da LC 16/73,
que estabelecia ser a aposentadoria por velhice
devida apenas ao chefe ou arrimo da unidade
familiar. 5. A teor do Art. 226, § 5º, da CF, homens
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e mulheres passaram a exercer a chefia da


sociedade conjugal, em igualdade de condições.
Precedentes desta Corte. 6. Pedido da ré não
amparado por entendimento do Superior Tribunal
de Justiça, sendo inequívoco que a causa, ainda
que com conclusão diversa da pretensão da parte
agravante, restou enfrentada. 7. Recurso
desprovido.(AC 200961220006690, JUIZ BAPTISTA
PEREIRA, TRF3 - DÉCIMA TURMA, 01/06/2011)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE


RURAL. REQUISITOS. ATIVIDADE RURAL. INÍCIO DE
PROVA MATERIAL. TEMPO ANTERIOR À VIGÊNCIA
DA LEI Nº 8.213. RESIDÊNCIA NA CIDADE.
EMPREGADOR RURAL II-B. ITR. ASSALARIADOS.
QUALIFICAÇÃO COMO DOMÉSTICA. ANTECIPAÇÃO
DE TUTELA. 1. O tempo de serviço rural pode ser
comprovado mediante a produção de prova
material suficiente, ainda que inicial,
complementada por prova testemunhal idônea. 2.
Desimporta o fato de a legislação previdenciária
anterior a 1991 admitir a contagem de tempo de
serviço rural, para fins de aposentadoria, apenas
para o chefe ou arrimo de família. Uma vez que a
Lei nº 8.213/91 prevê a possibilidade de
reconhecimento de atividade rural, anteriormente
à sua vigência, para qualquer trabalhador, é pelas
suas regras que se deve dar o reconhecimento da
atividade agrícola da autora. 3. O fato de a autora
residir em perímetro urbano não é óbice ao pleito
de concessão de benefício de natureza rurícola,
desde que reste comprovado o efetivo exercício de
atividades agrícolas. 4. A denominação de
empregador II-B nos comprovantes de pagamento
do Imposto Territorial Rural ou certificados de
cadastro do INCRA, a teor do art. 1º, II, 'b', do
Decreto-Lei n. 1.166/71, não descaracteriza a
qualidade de segurado especial. 5. A existência de
assalariados nos comprovantes de pagamento do
Imposto Territorial Rural não descaracteriza a
condição de segurado especial, na medida em que
o conjunto probatório demonstrou a ausência de
contratação de mão-de-obra específica, porquanto
utilizado o sistema de "troca de dias de trabalho"
entre vizinhos, muito comum em épocas de
colheita justamente para evitar a contratação de
empregados. 6. A qualificação da mulher como
"doméstica" ou "do lar" na certidão de casamento
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não desconfigura sua condição de segurada


especial, seja porque na maioria das vezes
acumula tal responsabilidade com o trabalho no
campo, seja porque, em se tratando de labor rural
desenvolvido em regime de economia familiar, a
condição de agricultor do marido contida no
documento estende-se à esposa. 7. Implementado
o requisito etário (55 anos de idade para mulher e
60 anos para homem) e comprovado o exercício da
atividade agrícola no período correspondente à
carência (art. 142 da Lei n. 8.213/91), é devido o
benefício de aposentadoria por idade rural. 8.
Preenchidos os requisitos exigidos pelo art. 273 do
CPC - verossimilhança do direito alegado e
fundado receio de dano irreparável - deve ser
deferida a antecipação dos efeitos da tutela.
(APELREEX 200504010075031, JOÃO BATISTA
LAZZARI, TRF4 - QUINTA TURMA, 06/07/2009)

Depois de demonstrados os requisitos necessários


para a concessão do benefício de aposentadoria por idade na
qualidade de trabalhadora rural, passamos ao cumprimento de todas
essas formalidades exigidas no caso dos autos.

Em relação à idade necessária para a percepção do


benefício pretendido, podemos visualizar de maneira bem fácil o
preenchimento deste requisito, levando em consideração a data de
nascimento da Requerente, ou seja, contando com 64 (sessenta e
quatro) anos.

Passando para o exercício de atividade rural, os


registros em carteira de trabalho da requerente representam
___________

Os períodos nos quais o Requerente exerceu labor


rural e que possui grande início de prova material conforme anotação
em sua carteira de trabalho e demais documentos em anexo.

Conforme, dito anteriormente, todos esses


documentos constituem início de prova material que podem ser
calcados com a prova testemunhal e conseqüentemente
comprovando o período necessário de labor rural em regime de
economia familiar para demonstrar o cumprimento da carência.

Diante dos fatos alegados, ou seja, preenchimento


dos requisitos atinentes à idade, comprovação de labor rural em
regime de economia familiar e ainda pelo tempo igual ao número de
meses de contribuição correspondente à carência do benefício pela
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Requerente, a concessão do benefício de aposentadoria por idade


torna-se uma medida de inteira justiça.

B) DA PROVA DA ATIVIDADE RURAL EXERCIDA PELO AUTOR EM


REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR

A parte autora exerceu atividade rural, contudo


referida atividade não foi reconhecida pela autarquia ré.

Em breve síntese, o autor exerceu atividade rural


em regime de economia familiar.

O conceito de segurado especial é dado pela Lei


8.213/91, cujo artigo 11, inciso VII, dispõe o seguinte:“Art. 11. São
segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas
físicas: (Redação dada pela Lei nº 8.647, de 1993)(...) VII – como
segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em
aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou
em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de
terceiros, na condição de: (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)

a) produtor, seja proprietário, usufrutuário,


possuidor, assentado, parceiro ou meeiro
outorgados, comodatário ou arrendatário rurais,
que explore atividade: (Incluído pela Lei nº 11.718,
de 2008)

1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos


fiscais; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça


suas atividades nos termos do inciso XII do
caput do art. 2º da Lei nº 9.985, de 18 de
julho de 2000, e faça dessas atividades o
principal meio de vida; (Incluído pela Lei nº 11.718,
de 2008)

b) pescador artesanal ou a este assemelhado que


faça da pesca profissão habitual ou principal meio
de vida; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior


de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este
equiparado, do segurado de que tratam as alíneas
a e b deste inciso, que, comprovadamente,
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trabalhem com o grupo familiar


respectivo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

§ 1º Entende-se como regime de economia familiar


a atividade em que o trabalho dos membros da
família é indispensável à própria subsistência e ao
desenvolvimento socioeconômico do núcleo
familiar e é exercido em condições de mútua
dependência e colaboração, sem a utilização de
empregados permanentes. (Redação dada pela Lei
nº 11.718, de 2008)”

A redação do citado dispositivo,


anteriormente ao advento da Lei 11.718/2008, dava-se nos
seguintes termos:

“Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência


Social as seguintes pessoas físicas:

(...)VII – como segurado especial: o produtor, o


parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o
garimpeiro, o pescador artesanal e o assemelhado,
que exerçam suas atividades, individualmente ou
em regime de economia familiar, ainda que com o
auxílio eventual de terceiros, bem como seus
respectivos cônjuges ou companheiros e filhos
maiores de 14 (quatorze) anos ou a eles
equiparados, desde que trabalhem,
comprovadamente, com o grupo familiar
respectivo. (O garimpeiro está excluído por
força da Lei nº 8.398, de 07.01.92, que alterou a
redação do inciso VII do art. 12 da Lei nº
8.212, de 24.07.1991)

§ 1º Entende-se como regime de economia familiar


a atividade em que o trabalho dos membros da
família é indispensável à própria subsistência e é
exercido em condições de mútua dependência e
colaboração, sem a utilização de empregados.”

De início, tem-se que a primeira alteração


perceptível feita pela Lei 11.718/2008 ao texto da Lei 8.213/91 refere-
se à inserção no conceito de segurado especial de informação
pertinente à residência da pessoa física (considerada segurado
especial) “no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo
a ele”. Assim, a lei não exige que o segurado especial seja residente
no imóvel rural no qual exerce sua atividade agropecuária ou
extrativista. Basta que resida em zona urbana ou zona rural
próxima do imóvel rural onde exerce sua atividade.
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Ainda, percebe-se que, com as alterações


promovidas pela Lei 11.718/2008 no texto da Lei 8.231/91, houve um
maior detalhamento das condições das pessoas físicas consideradas
segurados especiais, quais sejam: a) o produtor, seja proprietário,
seja usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro
outorgado, comodatário ou arrendatário rural, que explore atividade
agropecuária, de seringueiro ou extrativista vegetal; b) o pescador
artesanal ou a este assemelhado; c) o cônjuge ou companheiro, bem
como o filho maior de 16 anos ou a este equiparado, dos segurados
especiais mencionados nos itens a) e b) acima.

Quanto ao produtor rural, a exploração


agropecuária deve se dar em área não superior a 04 (quatro) módulos
fiscais. Verifica-se que a Lei 11.718/2008 ampliou o número de
módulos fiscais suscetíveis de exploração agropecuária até o limite de
04 (quatro) para a configuração da condição de segurado especial.
Anteriormente, a exploração tinha que se dar em até 02 (dois)
módulos fiscais, nos termos do art. 1º, inciso I, alínea b, do Decreto-
Lei 1.166/71, que conceitua empresário ou empregador rural: “quem,
proprietário ou não, e mesmo sem empregado, em regime de
economia familiar, explore imóvel rural que lhe absorva toda a força
de trabalho e lhe garanta a subsistência e o progresso social e
econômico em área superior a dois módulos rurais da respectiva
região”.

No tocante à consideração dos cônjuges,


companheiros ou filho maior de 16 anos ou equiparado como
segurados especiais, é de se ver que a Lei 11.718/2008 não trouxe
inovação ao rol existente na redação anterior da Lei 8.231/91.
Todavia, a fim de adequar a alteração em sede constitucional,
promovida pela EC nº 20/98, de vedação ao trabalho das pessoas
menores de 16 anos (art. 7º, inciso XXXIII, da CF/88), a Lei 8.213/91,
na sua redação atual, apenas considera segurado especial o filho ou a
ele equiparado maior de 16 anos.

Também para a consideração, como segurados


especiais, do cônjuge, companheiro, filho maior de 16 anos ou a ele
equiparado, devem os mesmos comprovadamente laborar com
o grupo familiar respectivo.

A ideia de segurado especial está intrinsecamente


relacionada ao regime de economia familiar.

O parágrafo 1º do art. 11 da Lei 8.213/91 conceitua


o regime de economia familiar da seguinte forma:

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ADVOCACIA

“1º Entende-se como regime de economia familiar


a atividade em que o trabalho dos membros da
família é indispensável à própria subsistência e ao
desenvolvimento socioeconômico do núcleo
familiar e é exercido em condições de mútua
dependência e colaboração, sem a utilização de
empregados permanentes.”

A inovação da nova redação consiste em permitir a


contratação eventual de empregados, sem que se descaracterize o
regime de economia familiar. Assim, a título exemplificativo, se o
trabalho ou a atividade é, na maior parte do tempo, exercido pelo
grupo familiar respectivo, mas se há a contratação temporária, por
poucos meses, de empregados para auxiliarem em um período de
incremento da atividade, como, por exemplo, na época de uma
colheita, não há descaracterização do regime de economia familiar.

Por fim, quer-nos parecer que o regime de


economia familiar é aquele em que o trabalho da família é
indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento
socioeconômico do núcleo familiar, consoante a dicção legal, de modo
que, se houver rendas provenientes de outras fontes, reputadas como
fontes principais de renda, relegando os recursos provenientes da
atividade de segurado especial a um segundo plano,
descaracterizado estará o regime de economia familiar, por não ser
indispensável à subsistência do núcleo familiar, e consequentemente
os protagonistas da atividade não poderão ser considerados
segurados especiais.

Assim, no caso dos autos, o autor passou por


entrevista na agência da autarquia ré, sob as penas da lei, retratando
que laborou em regime de economia familiar nas terras de seu pai
entre ___________________________________

Ainda, juntou documentos e declarações que


atestam o fato.

Contudo, referido período restou não reconhecido


pela autarquia ré.

III - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, a parte autora pugna pela total


procedência da presente ação e requer:

a) a citação da autarquia requerida, no endereço acima


Endereço: _______________________________________

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ADVOCACIA

mencionado, na pessoa do Sr. Procurador Geral, para os termos da


presente ação, querendo, conteste-a, no prazo legal, sob as
advertências do art. 285 do CPC;

b) O julgamento procedente da presente ação, com a condenação


da requerida na concessão da aposentadoria por idade na
qualidade de trabalhadora rural da Requerente, a partir do
requerimento administrativo do NB. ___________que negou referido
pedido, (COMUNICADO DE DECISÃO EM ANEXO), devidamente
atualizado e corrigido.

c) Seja reconhecido o período de atividade rural laborado em


regime de economia familiar entre ___/__/___até ___/___/___
(conforme entrevista rural e documentos anexos).

d) a juntada do procedimento administrativo pela requerida,


no prazo da constestação,conforme comunicados de decisão em
anexo, especial em relação ao NB ____________________

e) Seja concedida a requerente os benefícios da Justiça Gratuita,


nos termos da Lei nº 1.060/50 e artigo 5º, LXXIV da Constituição
Federal.

f) Requer a produção de prova testemunhal, que serão


apresentadas independentemente de intimação, caso seja necessário,
bem como a juntada de novos documentos e outras mais que se
fizerem necessários.

g) Requer-se, por fim que todas as publicações sejam realizadas, em


nome dos advogados da parte autora, sob pena de nulidade:

1. advogado:______________________ OAB _____________


2.advogado:_______________________OAB______________

Atribui-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez


mil reais) para fins fiscais;

P. deferimento.
_________, ___/___/2015

Endereço: _______________________________________

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ADVOCACIA

Advogado
OAB/ nº ___________________

Endereço: _______________________________________

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