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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE


CURSO DE ENFERMAGEM

Clara Coelho de Carvalho


Edivânia Ribeiro de Souza Machado
Keila Pinto de Carvalho
Vagmar Carlos Soares

O USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS PELOS ADOLESCENTES:


fatores predisponentes e consequências

Governador Valadares
2009
CLARA COELHO DE CARVALHO
EDIVÂNIA RIBEIRO DE SOUZA MACHADO
KEILA PINTO DE CARVALHO
VAGMAR CARLOS SOARES

O USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS PELOS ADOLESCENTES:


fatores predisponentes e consequências

Monografia para obtenção do grau de


bacharel em Enfermagem, apresentada à
Área de Ciências Biológicas da Saúde da
Universidade Vale do Rio Doce.

Orientador: Prof.ª Ana Maria Germano

Governador Valadares
2009
CLARA COELHO DE CARVALHO
EDIVÂNIA RIBEIRO DE SOUZA MACHADO
KEILA PINTO DE CARVALHO
VAGMAR CARLOS SOARES

O USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS PELOS ADOLESCENTES:


fatores predisponentes e consequências

Monografia para obtenção do grau de


bacharel em Enfermagem, apresentada à
Área de Ciências Biológicas da Saúde da
Universidade Vale do Rio Doce.

Governador Valadares, 25 de novembro de 2009.

Banca Examinadora:

___________________________________________________________________

Prof.ª Ana Maria Germano – Orientadora


Universidade Vale do Rio Doce

___________________________________________________________________

Prof.ª Carmem Helena Barbosa do Vale


Universidade Vale do Rio Doce

___________________________________________________________________

Prof. Danilo Nunes Anunciação


Universidade Vale do Rio Doce

___________________________________________________________________

Prof.ª Patrícia Malta Pinto


Universidade Vale do Rio Doce
Dedicamos a conclusão desse
trabalho, primeiramente a Deus
que até aqui nos ajudou e aos
nossos familiares.
AGRADECIMENTOS

A Deus, que sempre esteve conosco nos momentos alegres, de aflição e tristezas.

Aos nossos familiares que souberam entender nossas ausências e nos deram o
apoio, carinho e amor que tanto precisávamos.

À orientadora, professora Ana Maria Germano, pelo apoio, sabedoria no ensinar e


dedicação e esmero na difícil arte de educar.

A todos os nossos queridos professores que souberam ser verdadeiros mestres e


nos ensinaram a trilhar o caminho do saber.

Aos colegas de classe pelo tempo passado junto, nas alegrias, nas dores e nos
momentos em que apenas a esperança de um mundo melhor nos impulsionou a
seguir adiante.

Enfim, a todos que, de maneira direta ou indireta, contribuíram para que esse
trabalho fosse realizado.
“Beber inicia num ato de liberdade,
caminha para o hábito e, finalmente, afunda
na necessidade”.

Benjamin Rush apud Gigliotti e Bessa


(2004)
RESUMO

A adolescência é caracterizada por mudanças biológicas, cognitivas, emocionais e


sociais, constituindo-se em importante momento para a adoção de novas práticas,
comportamentos e ganho de autonomia. Nesta fase o jovem torna-se mais
vulnerável a comportamentos que podem fragilizar sua saúde, como alimentação
inadequada, sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool e de drogas. O uso de
bebidas alcoólicas e outras substâncias psicoativas constituem um problema
relevante nas sociedades contemporâneas. Isto ocorre em todos os segmentos da
sociedade, não importando a idade e o nível socioeconômico para sua existência
entre os indivíduos. Portanto, o presente estudo tem como objetivos identificar os
fatores que induzem os adolescentes a iniciar o consumo de bebidas alcoólicas,
investigar as consequências do uso abusivo de bebidas alcoólicas no organismo do
adolescente e destacar o papel do enfermeiro na educação para saúde e prevenção
do uso do álcool. O estudo tem como características, pesquisa exploratória e
descritiva com abordagem analítica. Para a elaboração do presente trabalho e dada
à relevância do problema de Saúde Pública, optamos por abordar artigos sobre o
tema: “álcool e adolescentes”, publicados entre os anos de 1983 a 2009. Em
conclusão, observa-se que o consumo cada vez mais precoce de bebidas alcoólicas
deve-se ao seu fácil acesso nos estabelecimentos comerciais e às vastas
propagandas que incentivam o consumo do álcool. Muitos adolescentes bebem
porque os colegas bebem e exercem pressão sobre eles para que se juntem ao
grupo. Acredita-se que todos estes problemas apresentados tornam o consumo de
álcool entre os jovens uma questão de saúde pública. E por ser público, compete a
toda a sociedade a busca para a solução deste problema. Cabe ao profissional
enfermeiro utilizar estratégias de ação em escolas, igrejas, grupos de jovens e
famílias, na atenção primária de saúde com a finalidade de promover o despertar do
risco do uso abusivo de bebidas alcoólicas.

Palavras-chave: Adolescentes. Uso de bebida alcoólica. Enfermagem.


ABSTRACT

Adolescence is characterized by biological changes, cognitive, emotional and social,


constituting an important moment for the adoption of new practices, behaviors and
gain autonomy. At this stage the young person becomes more vulnerable to
behaviors that can undermine your health, such as improper diet, sedentary lifestyle,
smoking, alcohol and drugs. The use of alcohol and other psychoactive substances
is a major problem in contemporary societies. This occurs in all segments of society,
regardless of age and socioeconomic status for its existence among individuals.
Therefore, this study aims to identify factors that lead teens to start drinking, to
investigate the consequences of abuse of alcohol in the body of adolescents and
highlight the role of the nurse in health education and prevention of use alcohol. The
study has the characteristics, exploratory and descriptive qualitative approach. For
the preparation of this work and given the relevance of public health problem, we
chose to address on the topic: "alcohol and adolescents, published between the
years 1983 to 2009. In conclusion, we observed that the increasing consumption of
alcohol early due to its easy access of shops and large-scale advertisements that
encourage alcohol consumption. Many teens drink because their friends drink and
put pressure on them to join the group. It is believed that all these problems
presented make the consumption of alcohol among young people a public health
issue. And because it is public, it is for everyone to search for the solution of this
problem.

Keywords: Adolescents. Use of beverage. Nursing.


LISTA DE SIGLAS

DST - Doença Sexualmente Transmissível


OMS - Organização Mundial da Saúde
PIB - Produto Interno Bruto
SC - Santa Catarina
SP - São Paulo
SESMG - Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais
UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10
2 OBJETIVOS...........................................................................................................14
2.1 GERAL ................................................................................................................14
2.2 ESPECÍFICOS ....................................................................................................14
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................15
3.1 ALCOOLISMO E ADOLESCÊNCIA ....................................................................15
3.1.1 Adolescência ..................................................................................................15
3.1.2 O uso do álcool ..............................................................................................16
3.1.3 Epidemiologia do consumo de álcool em adolescentes ............................17
3.1.4 Consequências do uso de álcool nos adolescentes...................................18
3.2 SINAIS E SINTOMAS DO USO ABUSIVO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS ...........20
3.3 RELEVÂNCIA DO USO ABUSIVO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NO CONTEXTO
SOCIAL .....................................................................................................................24
3.4 FATORES QUE INFLUENCIAM O CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS....29
3.5 O PAPEL DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE
E PREVENÇÃO DO USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS ...........................................32
4 METODOLOGIA ....................................................................................................37
4.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTUDO ....................................................................37
4.2 ESCOLHA DO TEMA ..........................................................................................37
4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO................................................................................38
4.4 LOCALIZAÇÃO DO ESTUDO .............................................................................38
4.5 TRATAMENTO DOS DADOS .............................................................................38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................39
REFERÊNCIAS.........................................................................................................41
10

1 INTRODUÇÃO

O uso de bebidas alcoólicas e outras substâncias psicoativas constituem um


problema relevante nas sociedades contemporâneas (BASTOS et al., 2008). Isto
ocorre em todos os segmentos da sociedade, não importando a idade e o nível
socioeconômico para sua existência entre os indivíduos (LORDELLO, 1998).
Apesar das diferenças socioeconômicas e culturais entre os países, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o álcool como substância psicoativa
mais consumida no mundo e também como a droga de escolha entre crianças e
adolescentes (VIEIRA et al., 2008).
Segundo Vieira et al. (2008), a adolescência é caracterizada por mudanças
biológicas, cognitivas, emocionais e sociais, constituindo-se em importante momento
para a adoção de novas práticas, comportamentos e ganho de autonomia. Nesta
fase o jovem torna-se mais vulnerável a comportamentos que podem fragilizar sua
saúde, como alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool
e de drogas. Essa necessidade de autonomia leva o adolescente a rejeitar a
proteção dos adultos e a enfrentar situações e condutas de risco.
A vontade de sentir-se especial pode levá-lo a acreditar que é invulnerável e
que não sofrerá as consequências dos riscos que corre (GIL et al., 2008).
A adolescência é um período caracterizado por pouca capacidade de lidar
com situações de estresse na vida, como, por exemplo, a morte de um membro da
família. Isso faz com que aumente sua vulnerabilidade em relação às drogas e
bebidas alcoólicas (ANDRADE; HEIM, 2008).
Um exemplo dessa situação é o consumo de álcool cada vez mais precoce
pelos adolescentes. Além de sua alta prevalência, dois outros fatores são
relevantes: a idade de início e o padrão de consumo. Estudos sugerem que a idade
de início vem se tornando cada vez mais precoce. No Brasil, a média de idade para
o primeiro uso de álcool é 12,5 anos. Por sua vez, quanto mais cedo a
experimentação, pior as consequências e maior o risco de desenvolvimento de
abuso e dependência do álcool (MELONI; LARANJEIRA, 2004).
Quanto ao padrão de consumo, a literatura revela que quando adolescentes
bebem, tendem a fazê-lo de forma pesada, apresentando episódios de abuso agudo,
ou seja, bebem cinco ou mais doses em uma ocasião. Tal comportamento aumenta
11

o risco de uma série de problemas sociais e de saúde, incluindo: doenças


sexualmente transmissíveis, gravidez não planejada, infarto do miocárdio, acidentes
de trânsito, problemas de comportamento, violência e ferimentos não intencionais
(MELONI; LARANJEIRA, 2004).
Carlini et al. (2000), num estudo toxicológico com 5960 amostras de sangue e
vísceras de vítimas com ferimentos fatais realizados em 1994 no Instituto de
Medicina Forense, em São Paulo, mostrou que 48,3% das vítimas tinham alcoolemia
positiva. As proporções, entretanto, variavam com a causa da morte. Foi detectada a
presença de álcool no sangue em 64,1% das vítimas de afogamento; 52,3% dos
homicídios; 50,6% das vítimas de acidentes de trânsito e 32,2% dos casos de
suicídios.
Por se tratar de um problema de saúde pública, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) acredita que, como tal, é preciso enfrentá-lo a partir da formulação de
políticas governamentais. No caso do Brasil, a OMS sugere que se adote nessa área
uma política inspirada na do controle do tabaco, em que o país virou referência
mundial (SOARES, 2006).
A principal bandeira dos especialistas que tentam incluir a discussão sobre o
álcool na agenda nacional é a proibição total da propaganda de bebidas. Países que
adotaram essa medida reduziram em 30% os acidentes fatais de carro (MELO,
2001).
De acordo com Crives e Dimenstein (2003), os diversos modelos de
intervenção nos casos de uso e abuso de substâncias passíveis de causar
dependência estão relacionados à seguinte questão: é possível uma sociedade livre
de todas as drogas? Se se parte de uma perspectiva positiva, é possível
compreender as políticas internacionais e nacionais voltadas para reduzir a
comercialização, distribuição e consumo dessas substâncias, as quais terminam
penalizando o usuário, estimulando o enriquecimento ilícito e a organização do
crime, potencializando os sistemas policiais, judiciais e penitenciários. Se se
considera que não há possibilidade de uma sociedade que não faça uso de
psicoativos, uma perspectiva, então, volta-se para a redução de danos, sejam
individuais ou coletivos.
Para Vieira et al. (2008), a população jovem é vulnerável às consequências
negativas, e muitas vezes trágicas, do uso de bebidas alcoólicas.
12

Nos Estados Unidos, o álcool está envolvido nas quatro primeiras causas de
morte entre indivíduos na faixa de 10 a 24 anos: acidentes de trânsito, ferimentos
não intencionais, homicídio e suicídio (GALDURÓZ et al., 2004).
Dados brasileiros associados ao uso de álcool e suas consequências ainda
são escassos. Sabe-se, porém, que os acidentes de trânsito são frequentemente
relacionados à alta concentração de álcool no sangue, maior do que 0,6 g/l, limite de
alcoolemia permitido pelo Código de Trânsito Brasileiro (VIEIRA et al., 2008).
A ingestão do álcool na infância e na adolescência é hoje um tema
importante, dado o consumo cada vez mais frequente dessa substância pela
população. Quanto mais cedo se inicia o uso de álcool e tabaco, maior a
vulnerabilidade de se desenvolver o abuso e a dependência das mesmas
substâncias e, concomitantemente, o uso de drogas ilícitas (FERIGOLO et al.,
2004).
Especificamente quanto à relação entre uso de álcool e homicídio, estudo
realizado em 1990 e 1995 na cidade de Curitiba (Paraná) mostrou que 53,6% das
vítimas e 58,9% dos autores dos crimes estavam intoxicados no momento do crime
(CARLINI et al., 2000).
Portanto, o presente estudo justifica-se pela necessidade de se conhecer os
principais fatores que levam os adolescentes a iniciar o consumo de bebidas
alcoólicas e suas principais consequências para a saúde. Desse modo, nota-se que
a compreensão dos problemas relacionados ao consumo de álcool entre
adolescentes deve se estender para além da prevalência do uso, e considerar
também os diversos fatores que influenciam o comportamento de beber. Conhecer
os motivos que levam os adolescentes a abusar do álcool e as consequências deste
ato é particularmente necessário para a implementação de políticas públicas de
prevenção e combate ao consumo de bebidas alcoólicas pelos jovens.
O ponto de partida para a realização deste trabalho foi a leitura de artigos que
mostram que o consumo de álcool pelos adolescentes é um fato real e esta situação
é especialmente preocupante devido à idade de início cada vez menor. Variados
fatores de risco como: baixo apego escolar, ter amigos ou familiares consumidores
de alguma droga, o estresse e outros, levam a esta iniciação.
Esta situação, por abranger um grave problema de saúde pública, não admite
soluções apenas no campo da saúde, mas sim deve envolver uma abordagem
amplamente intersetorial, que trate dos problemas da violência urbana, das
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injustiças sociais, das graves desigualdades de acesso à educação, ao trabalho, ao


lazer e à cultura (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1989).
Através do conhecimento adquirido com esta pesquisa, serão sugeridas
ações de saúde dirigidas para a prevenção do uso do álcool, e assim, fortalecer os
fatores protetores e motivar o adolescente a ser seu próprio agente de mudança.
Sudbrack (2006) assegura que o trabalho de prevenção do uso de drogas
evoluiu da repressão ao usuário e do amedrontamento da população para um novo
enfoque, voltado para a educação e para a saúde, centrado na valorização da vida e
na participação da comunidade.
14

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Descrever os fatores que induzem os adolescentes a iniciar o consumo de bebidas


alcoólicas.

2.2 ESPECÍFICOS

Investigar as consequências do uso abusivo de bebidas alcoólicas no organismo do


adolescente;

Destacar o papel do enfermeiro na educação para saúde e prevenção do uso do


álcool.
15

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 ALCOOLISMO E ADOLESCÊNCIA

3.1.1 Adolescência

A adolescência pode ser considerada como um período crucial na vida de um


indivíduo, pois se constitui em uma etapa decisiva no processo natural e normal de
crescimento. Segundo Aberastury e Knobel (1984), esta fase marca o ingresso no
mundo dos adultos e a definitiva perda da condição de criança.
O jovem tem que enfrentar o desejado e ao mesmo tempo temido mundo dos
adultos para o qual não se encontra preparado. É importante desprender-se do
conhecido mundo infantil onde, em geral, vivia seguro e prazerosamente a
dependência que lhe garantia a satisfação de suas necessidades básicas e onde os
papéis estão claramente estabelecidos. Esta trabalhosa tarefa de abandonar o
mundo infantil e construir a identidade adulta é o objetivo deste momento de vida
(ABERASTURY; KNOBEL, 1984).
Essa etapa da vida é marcada por importantes e profundas transformações,
as quais produzem desequilíbrios e instabilidades extremas. Esta fase perturbada e
perturbadora, embora definitivamente necessária, implica o fundamental processo
de estabelecimento da identidade (ABERASTURY; KNOBEL, 1984).
A experiência do rompimento dos laços emocionais com a família, a
descoberta da sexualidade e a receosa, e porque não temida e excitante, entrada
numa vida nova que lhe acena, é acompanhada de sentimentos de isolamento e
fragilidade, o que gera defesa, caracterizando confrontos e oposições ao meio
familiar e social (ABERASTURY; KNOBEL, 1984).
Esse período pode ser marcado por maior ou menor risco, dependendo das
condições ambientais nas quais os indivíduos estiverem inseridos. O término desta
fase somente se concretiza quando o jovem elabora o luto pelo corpo de criança,
pela identidade infantil, pela relação com os pais na infância (MARCONDES FILHO,
1998).
16

Como resultante deste processo de desequilíbrios e instabilidades é comum o


famoso enclausuramento do jovem, fuga na qual busca proteger sua fragilidade,
afastando-se das pessoas habituais, refugiando-se em si mesmo ou em grupos de
pares, na vida de turma (TEIXEIRA; LUIS, 1997).
Não há como definir o momento exato em que começa e em que termina a
adolescência. A transformação maior acontece por volta dos 18 anos e pode
avançar até os 25 anos. Cientistas acreditam que esse longo período de
desenvolvimento do cérebro pode ser a explicação para comportamentos típicos da
adolescência, como busca por situações novas e potencialmente perigosas, entre
elas experimentar álcool e outras drogas (SOARES, 2006).
É nessa fase que, segundo Andrade e Heim (2007) o adolescente apresenta
pouca capacidade de lidar com situações de estresse na vida, como, por exemplo, a
morte de um membro da família. Isso faz com que aumente a sua vulnerabilidade
em relação às drogas, principalmente o álcool.

3.1.2 O uso do álcool

O uso exagerado e indevido de bebidas alcoólicas é considerado um grave


problema de saúde pública. O consumo de álcool pode ser advindo do estilo de vida
atual, dos elevados níveis de estresse, de ansiedade, de baixa auto-estima,
sentimentos depressivos, susceptibilidade à pressão dos pares e problemas
relacionados à escola (MANSUR; MONTEIRO, 1983).
No estudo de Cardenal e Adell (2000), além da prevalência do exagero no
uso de bebidas alcoólicas na população adulta, esse comportamento está presente
igualmente entre adolescentes, repercutindo na sua saúde física e mental.
Em todos os tempos, sempre houve pessoas que utilizavam substâncias que
alteravam o comportamento, os pensamentos e/ou as emoções. Hoje em dia, as
drogas consumidas habitualmente incluem o álcool, a maconha, os alucinógenos, a
heroína, a cocaína, os barbitúricos e as anfetaminas (KAIL, 2004).
Constitui-se um tema naturalmente controverso no meio social e acadêmico
brasileiro, o uso de álcool entre a população adolescente. Ao mesmo tempo em que
a lei brasileira define como proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de
17

18 anos (Lei nº. 9.294, de 15 de julho de 1996), é prática comum o consumo de


álcool pelos jovens, seja no ambiente domiciliar, em festas, ou mesmo em
ambientes públicos. Isso demonstra que a sociedade como um todo adota atitudes
paradoxais frente o alcoolismo e o adolescente. Por um lado, condena o abuso de
álcool pelos jovens, mas é permissiva ao estimular o consumo de bebidas alcoólicas
por meio de propagandas (PECHANSKY; SZOBOT; SCIVOLETTO, 2004).

3.1.3 Epidemiologia do consumo de álcool em adolescentes

Dados epidemiológicos sobre o consumo de álcool e outras drogas entre os


jovens no mundo e no Brasil mostram que é na passagem da infância para a
adolescência que se inicia esse uso. Nos Estados Unidos, calcula-se que o álcool é
usado pelo menos uma vez por mês por mais de 50% dos estudantes das últimas
séries, sendo que 31% chegam a se embriagar mensalmente. O estudo encontrou
na população jovem americana (13 a 18 anos) a seguinte taxa: 15% são bebedores
pesados (cinco ou mais doses por dia em três ou mais dias dos últimos 15 dias).
Seu consumo varia de acordo com o sexo e, em meninos, esse uso aparece
associado com mais frequência à delinquência (CARON; RUTTER, 1991; CLARK;
WATSON; REYNOLDS, 1995).
Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS (1997) estima-se que 25%
da população mundial seja constituída por adolescentes e que na América Latina
residam aproximadamente 30% de adolescentes e jovens na faixa etária de 10 a 24
anos. E ainda, de acordo com o Ministério da Saúde (1996), cerca de 22,0% dos
brasileiros têm de 10 a 19 anos. A maioria destes jovens vive em setores marginais
da zona urbana, o que dificulta ainda mais o acesso à educação, trabalho e saúde, e
isso favorece a delinquência e a violência juvenis e aumenta ainda mais as taxas de
mortalidade por causas externas, em especial, homicídios, suicídios e acidentes de
trânsito (SOUZA; ASSIS, 1996; COSTA, 1999; FEIJÓ; RAUPP; JOHN, 1999).
Estima-se que o álcool é uma das substâncias psicoativas mais
precocemente consumidas pela população jovem. Vários estudos, tanto nacionais
quanto estrangeiros, confirmam que, se o álcool é facilmente obtido e possui uma
18

farta propaganda em torno de seu consumo, isto se reflete em seu uso precoce e
disseminado (SOARES, 2006).
Pechansky e Barros (1995) realizaram um estudo com uma amostra de
adolescentes representativa da população de Porto Alegre, coletaram dados de 950
jovens entre 10 e 18 anos. Os achados indicavam ser frequente (71%) a
experimentação das bebidas alcoólicas mais comuns na faixa etária estudada,
chegando a quase 100% na idade de 18 anos.
De acordo com os autores citados acima, um dos achados importantes do
estudo foi o de que havia mudanças na forma, local de consumo e volume de etanol
ingerido de acordo com a idade dos entrevistados, assim como com relação ao
gênero: os meninos começavam a beber fora de casa e com amigos mais
precocemente, enquanto as meninas eram mais conservadoras, mantendo o hábito
de consumo familiar e doméstico por mais tempo.

3.1.4 Consequências do uso de álcool nos adolescentes

Para Lewis e Wolkmar (1993), o uso do álcool, bem como do fumo e das
drogas, vem aumentando consistentemente entre os adolescentes. Numa pesquisa,
63% dos meninos e 53% das meninas entre doze e treze anos revelaram ter
experimentado bebidas alcoólicas, e um em sete adolescentes de dezessete anos
revelou embriagar-se uma vez por semana. Quase todos (93%) os estudantes do
último ano da escola secundária, em 1997, relataram ter provado bebidas alcoólicas,
e 6 % bebiam diariamente.
Usualmente, a administração do etanol ocorre através da via oral na forma de
bebidas alcoólicas (cerveja, vinho ou aguardentes), nas quais a sua concentração
oscila de aproximadamente 4% nas cervejas, a 11 – 12 % nos vinhos e de 38 a 54%
nas aguardentes (LARINI; SALGADO, 1997).
A absorção de substâncias pelo trato gastrointestinal é, em sua maior parte,
explicável em termos de simples difusão não iônica através dos poros lipóides da
membrana gastrintestinal. O epitélio é pouco permeável ou impermeável às formas
polarizadas dos compostos administrados e a absorção quase sempre ocorre pela
difusão das suas formas lipossolúveis não ionizadas (LARINI; SALGADO, 1997).
19

Assim, o etanol, um não eletrólito lipossolúvel, é rapidamente absorvido para


corrente sanguínea através do estômago, do intestino delgado e do cólon
(proporções reduzidas). Após a administração oral do etanol, cerca de 20% é
absorvido na mucosa estomacal, e o restante, nas primeiras porções do intestino
delgado. A absorção é variável em função do tipo de bebida alcoólica, da
concentração do etanol, do pH do meio, do estado da vacuidade ou repleção do
estômago, do período gasto na ingestão da bebida, além de outros fatores
fisiológicos individuais (LARINI; SALGADO, 1997).
A absorção no intestino delgado é extremamente rápida, completa e
independente da concentração de etanol e da presença de alimentos no estômago
ou no próprio intestino (LARINI; SALGADO, 1997). Observa-se, portanto que os
efeitos do álcool dependerão das características fisiológicas de cada indivíduo, a
forma como é ingerida, a quantidade e o tipo de bebida consumida.
Trindade e Correia (1999), reafirmam que o consumo de álcool além de
influenciar de forma direta, a médio e a longo prazo, a saúde física e mental, pode
relacionar-se, a curto prazo, com a diminuição do rendimento escolar e
comportamentos de risco para a saúde, no âmbito de comportamentos sexuais de
risco e de comportamentos de risco na condução de veículos motorizados.
Nesse contexto, Kail (2004) revela em seu estudo que muitos fatores
contribuem para que um adolescente vá se juntar à maioria que bebe. Os pais são
fundamentais nesta questão. Quando beber é parte importante da vida social dos
pais – por exemplo, parar em um bar depois do trabalho ou convidar os amigos para
um drinque.
Ainda considerando as consequências do consumo de álcool, este
potencializa a propensão dos jovens a se engajarem em comportamentos de risco.
Mesmo o consumo eventual revelou poder expô-los a problemas como acidentes de
trânsito, comportamento sexual de risco (doenças sexualmente transmissíveis,
gravidez não planejada), violência, ferimentos não intencionais, problemas
acadêmicos (LARANJEIRA; ROMANO, 2004; REBOUSSIN et al., 2006).
Vieira et al. (2008), realizaram um estudo com 1990 alunos de idade entre 11
e 21 anos, de ambos os sexos, matriculados em escolas públicas e privadas de
Paulínia - SP. O estudo apresentou como objetivo traçar o perfil de estudantes em
relação ao consumo de álcool e comportamentos de risco. Os resultados
demonstraram que a prevalência de uso do álcool foi de 62,2% e que 17,3% dos
20

alunos revelaram que tiveram pelo menos um episódio de abuso agudo do álcool.
Os adolescentes reportaram que adquiriram facilmente bebidas alcoólicas de
estabelecimentos comerciais e também em contextos sociais com parentes e
amigos. Apenas 1% dos menores de idade relatou que tentou, mas não conseguiu
comprar bebida alcoólica. Como consequências negativas do consumo nos últimos
12 meses, os estudantes relataram ter passado mal por ter bebido (17,9%),
arrependimento por algo que fizeram sob o efeito do álcool (11%), blackout (9,8%) e
ter brigado após beber (5%). Mais da metade (55%) dos estudantes conhecia
alguém que sofreu acidente de trânsito provocado por motorista embriagado.
Concluindo, diante dos dados, observa-se uma alta prevalência de consumo de
álcool entre os adolescentes estudados e um fácil acesso às bebidas alcoólicas,
inclusive por menores de idade. Portanto, percebe-se a necessidade de ações
imediatas em relação às políticas públicas para o consumo de álcool no Brasil.
Porém, Romano et al. (2007), associam que o baixo preço de bebidas
alcoólicas torna o álcool facilmente acessível aos adolescentes, que são também as
maiores vítimas das poucas restrições à propaganda de bebidas nos meios de
comunicação. Autores como Lewis e Wolkmar (1993) e Kail (2004), apontam um
elevado consumo de álcool entre os adolescentes, com consequente aumento dos
riscos causado pelo mesmo. De acordo com a literatura isso se deve ao fácil acesso,
fatores sociais predisponentes, não cumprimento da Lei nº. 9.294, de 15 de Julho de
1996 pelos revendedores de bebidas alcoólicas e bombardeamento pelas
campanhas publicitárias.

3.2 SINAIS E SINTOMAS DO USO ABUSIVO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

O consumo de bebidas alcoólicas ocorre em todos os segmentos de todas as


sociedades, independente do nível socioeconômico para a sua existência, entre os
indivíduos, diferenciando-se sim, os vários tipos de bebidas alcoólicas
predominantes em cada classe econômica (LORDELLO, 1998).
Além do tipo de bebida, a frequência em que é consumida influencia nos
sinais e sintomas. O uso de bebida alcoólica é classificado como consumo
esporádico; o abuso como o uso continuado, ou seja, é o uso compulsivo e
21

frequente desta substância que o usuário tem dificuldade de manter sob controle,
acarretando abandono de outros interesses e danos para a sua vida afetiva, social e
profissional e, por último a dependência, que é o uso excessivo e incontrolado
(SESMG, 2006).
O uso abusivo de bebida alcoólica pode provocar tolerância, caracterizada
pela necessidade de doses cada vez maiores de álcool para que exerça o mesmo
efeito, ou diminuição do efeito do álcool com as doses anteriormente tomadas; e por
síndrome de abstinência um quadro de desconforto físico e/ou psíquico quando da
diminuição ou suspensão do consumo etílico. Nesta situação já se trata de
dependência (GIGLIOTTI; BESSA, 2004).
Muitos jovens consomem a bebida alcoólica em busca de uma sensação de
desinibição que ela provoca num primeiro instante, uma sensação de que tudo pode
e nada o atinge. Porém logo depois vem a sonolência, a visão turva, diminuição das
capacidades de reação e atenção, problemas estomacais, vesicais e intestinais. E
se o consumo for em excesso o álcool pode provocar intoxicação podendo levar à
morte (MELO, 2001; SESMG, 2006).
Fishman (1988) e Vieira et al. (2008) revelam que um dos efeitos imediatos do
álcool é o de tranquilizante ou de causador de euforia e bem-estar. Um indivíduo que
esteja enfrentando momentos de tensão, nervosismo, conflitos com a família, com
amigos ou dificuldades no relacionamento pode entregar-se ao álcool para suprimir
temporariamente a depressão, a ansiedade e os sentimentos de medo.
Estudos e trabalhos no campo da psicologia apresentados por Leite (2007)
confirmam a afirmativa acima, onde mostra que os adolescentes de hoje fazem uso
das drogas para escapar das terríveis realidades de seu mundo e, desta forma,
alcançar uma sensação de bem-estar. O abuso de álcool pode evoluir para outras
manifestações clínicas, por isso se constitui como um problema clínico importante,
pelos danos que traz à vida do paciente e de seu círculo socioeconômico familiar.
De acordo com a Linha Guia de Atenção em Saúde Mental da Secretaria de
Estado de Saúde de Minas Gerais (SESMG, 2006) as manifestações clínicas que
podem estar presentes no uso abusivo de bebida alcoólica são:
a) transtornos mentais agudos e sub-agudos:
- intoxicação alcoólica,
- síndrome de abstinência alcoólica,
- Delirium tremens,
22

- Delirium alcoólico sub-agudo,


- alucinose alcoólica.
b) transtornos amnésticos:
- síndrome de Wernick, ou encefalopatia alcoólica,
- síndrome de Korsakoff.

Larini e Salgado (1997), também ressaltam os sinais e sintomas do abuso de


bebidas alcoólicas. Para eles, a principal manifestação da intoxicação pelo etanol é
a depressão do sistema nervoso central.
Para Bellé, Sartori e Rossi (2007), a ingestão de álcool, mesmo em pequenas
quantidades, principalmente para os adolescentes, mais vulneráveis aos seus
efeitos, diminui a coordenação motora e os reflexos, comprometendo a capacidade
de dirigir veículos ou operar outras máquinas, podendo levar a situações mais
graves que impliquem em ferimentos ou mortes não-intencionais.
Outros sinais e sintomas que frequentemente são encontrados no alcoolismo,
citados por Bellé, Sartori e Rossi (2007), são anorexia, instabilidade e tontura,
náuseas, vômitos, emagrecimento, febre e dores abdominais; além do mais pode
causar envelhecimento prematuro das funções neuropsicológicas e possivelmente
do cérebro. Sabe-se que o uso de drogas, tanto com finalidade terapêutica, como
exposição a substâncias químicas e tóxicas podem causar perda parcial ou total da
função vestibular e/ou coclear. Dentre estas substâncias exógenas está o álcool.
Para autores como Pechansky, Szobot e Scivoletto (2004), Buchalla (2007) e
Paim (2009) o consumo exagerado de álcool na adolescência pode causar
alterações neurofisiológicas profundas, causando graves danos à memória, ao
aprendizado, à inteligência, à capacidade de abstração além de aumentar a
propensão dos jovens ao alcoolismo.

Os jovens constituem o grupo populacional que apresenta maiores


problemas de consumo de bebidas alcoólicas. Estudos mostram que
mesmo o baixo consumo está relacionado à maior risco de acidentes, a uso
de drogas psicotrópicas e comportamento de risco, incluindo sexo
desprotegido do uso de preservativo. Ao longo prazo, o consumo de
bebidas alcoólicas pode levar ao suicídio e a doenças crônicas, incluindo
desordens mentais, câncer, hipertensão arterial sistêmica, obesidade,
acidente vascular cerebral, polineuropatias, demência, convulsões e
neoplasias do tubo digestivo (STRAUCH et al., 2009, p.648).
23

Segundo Pechansky, Szobot e Scivoletto (2004), os prejuízos associados ao


uso de álcool estendem-se ao longo da vida. Os seus efeitos repercutem na
neuroquímica cerebral, em pior ajustamento social e no retardo do desenvolvimento
de suas habilidades, já que um adolescente ainda está se estruturando em termos
biológicos, sociais, pessoais e emocionais.
O maior problema é a precocidade no início do uso de álcool, pois constitui
um dos fatores predisponentes mais relevantes em futuros problemas de saúde,
socioculturais e econômicos. O consumo antes dos 16 anos aumenta
significativamente o risco para beber excessivamente na idade adulta, em ambos os
sexos (STRAUCH et al., 2009).
Porém não se pode esquecer que os prejuízos decorrentes do uso de álcool
em um adolescente são diferentes dos prejuízos evidenciados em um adulto, seja
por especificidades existenciais desta etapa da vida, seja por questões
neuroquímicas deste momento do amadurecimento cerebral. Alguns riscos são mais
frequentes nesta etapa do desenvolvimento, pois expressam características próprias
desta etapa, como o desafio a regras e à onipotência (PECHANSKY; SZOBOT;
SCIVOLETTO, 2004).
Baseado na literatura constata-se que realmente o álcool provoca sérios
danos ao organismo, principalmente no organismo do adolescente, por se encontrar
em desenvolvimento.
Outros danos cerebrais incluem modificações no sistema dopaminérgico,
como nas vias do córtex pré-frontal e do sistema límbico. Alterações nestes sistemas
acarretam efeitos significativos em termos comportamentais e emocionais em
adolescentes (PECHANSKY; SZOBOT; SCIVOLETTO, 2004).
De acordo com Strauch et al. (2009) é importante destacar que durante a
adolescência, o córtex pré-frontal ainda está em desenvolvimento. Como ele pode
ser afetado pelo uso de álcool, uma série de habilidades que o adolescente
necessita desenvolver e que são mediadas por este circuito, como o aprendizado de
regras e tarefas focalizadas, ficará prejudicado. O hipocampo, associado à memória
e ao aprendizado, é afetado pelo uso de álcool em adolescentes, apresentando-se
com menor volume em usuários de álcool do que em pessoas que não fazem o uso,
e tendo sua característica funcional afetada pela idade de início do uso de álcool e
pela duração do transtorno.
24

Nesta fase da vida, a pessoa passa por intensas mudanças físicas e


emocionais. Mapeamentos do cérebro mostram que as estruturas responsáveis pelo
controle dos impulsos e que ajudam os indivíduos a definir o que é certo e o que é
errado ainda não estão completamente formados. Portanto, o adolescente por
natureza, não tem condições de avaliar as consequências de seus atos e vive se
metendo em encrenca – daí a noção, muito comum, de que se trata de uma fase
problemática (MELO, 2001).
Para a psicóloga Ilana Pinsky, da Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP), apud Melo (2001), na adolescência ocorre uma série de transformações
que fazem com que a pessoa fique confusa. É uma confusão boa, de descobrir o
que ela vai fazer da vida. Mas, se nesta confusão entram álcool e drogas, fica tudo
mais difícil.
Para disfarçarem, muitos jovens estão misturando a bebida alcoólica com
refrigerantes. Dessa forma, a garrafa pet, com mais de 1,5 litros, está se tornando a
preferida entre os jovens (PAIM, 2009).
Fazendo a coleta, eles conseguem comprar qualquer destilado barato e o
refrigerante para fazer o “tubão” que passará de boca em boca. Para isso, já não
têm mais local e hora, pode ser na saída da escola, como na pracinha a qualquer
momento. Isso se tornou o principal programa da semana, facilitado pelo fato de que
o acesso a bebidas alcoólicas está cada vez mais fácil (PAIM, 2009).

3.3 RELEVÂNCIA DO USO ABUSIVO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NO CONTEXTO


SOCIAL

Carrilo e Mauro (2003) revelam que estar alcoolizado aumenta a chance de


violência sexual, tanto para o agressor quando para a vítima. Muitos adolescentes
relataram ter sido forçados a ter relação sexual com alguém que tinha bebido; e
também relatam que, por eles próprios terem bebido, já tinham forçado alguém ou
foram forçados a ter relação sexual com alguém. Os autores ainda ressaltam que o
uso abusivo do álcool interfere na elaboração do juízo crítico. O consumo em si é um
comportamento auto-destrutivo.
25

Segundo Lima (2003) a relação entre uso de álcool antes ou durante o ato
sexual na população geral é comumente justificada pela crença de que o consumo
dessa substância poderia favorecer um desempenho sexual desejável e,
consequentemente, aumentaria o prazer. O uso de álcool nesse contexto também é
associado à diminuição da ansiedade ou da inibição, facilitando certos atos referidos
como difíceis de serem realizados sem o efeito de uma bebida alcoólica.
De acordo com Carrilo e Mauro (2003), Pechansky et al. (2005) e
Wesselovicz et al. (2008) é grande a incidência de relações sexuais sem o uso de
preservativos entre pessoas alcoolizadas, oferecendo sérios riscos de contaminação
por alguma Doença Sexualmente Transmissível (DST) ou até mesmo uma gravidez
não planejada. Estes fatos parecem estar relacionados com a quantidade de álcool
consumido.
O consumo abusivo de álcool entre os jovens pode trazer graves
consequências e prejuízos para a família, para as empresas e para a comunidade
em geral. O número de acidentes automobilísticos relacionados à ingestão de álcool
é significativo, e em sua maioria, neles estão envolvidos os jovens (PECHANSKY et
al., 2005).
Segundo Abreu, Lima e Alves (2005) os acidentes de trânsito constituem hoje
uma verdadeira e urgente questão de saúde pública no mundo moderno. O
aumento da morbimortalidade, devido à violência no trânsito, já é considerado uma
epidemia, face à sua extensão. São muitas as evidências de que os abusos de
álcool são responsáveis por sérios agravos para saúde.
Atualmente, há diversos levantamentos sobre o consumo de bebidas
alcoólicas no Brasil e indícios importantes do peso desse hábito na saúde pública.
Apenas para citar dados mais amplos, desde a década de 80, foram feitos cinco
levantamentos entre estudantes de ensino fundamental e médio, um mesmo número
de estudos entre crianças em situação de rua, dois levantamentos domiciliares e
vários seguimentos do índice de internações por conta de dependência química
(GALDURÓZ; CAETANO, 2004).
Para Camargo e Bertoldo (2006), o consumo de álcool é considerado
comportamento de risco pelas alterações cognitivas que tornam o indivíduo mais
vulnerável a outras situações de risco, como o contágio por Doença Sexualmente
Transmissível.
26

Rydygier et al. (2000), Lima (2003) e Pechansky et al. (2005), acrescentam


que o álcool, mesmo sendo uma droga lícita e o seu consumo seja socialmente
aceito, contribui para aumentar a incidência dos acidentes de trânsito, de trabalho,
domésticos, atos de agressão pessoal contra outrem, contra mulher, contra si
próprio (suicídio) e homicídios. O álcool tem sido apontado como um dos principais
fatores de risco, estimando-se que 70% dos casos fatais dos acidentes de trânsito
estão relacionados com o uso e o abuso de bebidas.
De acordo com os dados levantados por Strauch et al. (2007) todos sabem
que um grande número de mortes secundárias aos acidentes de trânsito se deve a
influência do álcool (colisões, atropelamentos e outros). O Brasil ocupa lugar
destacado no rol dos países que mais matam nas estradas: mais de 37.000 pessoas
/ ano (ou quase 20 / 100.000 hab./ano) em 2006; o que faz com que seja esta a
primeira causa de morte entre os jovens de 18 a 29 anos em nosso país.
Para Galduroz et al. (2004), Lima et al. (2007) e Wesselovicz et al. (2008) a
prevalência de acidentes automobilísticos fatais associados com o álcool, entre os
jovens com idade entre 16 e 20 anos, é mais do que o dobro em relação à
prevalência encontrada nos maiores de 21 anos. Isso pode ser explicado pelo fato
dos adolescentes apresentarem tolerância menor aos efeitos do álcool. Nos Estados
Unidos, o álcool está envolvido nas quatro primeiras causas de morte entre
indivíduos na faixa de 10-24 anos: acidentes de trânsito, ferimentos não intencionais,
homicídio e suicídio.
Segundo Strauch et al. (2009), dados brasileiros associados ao uso de álcool
e suas consequências ainda são escassos. Sabe-se, porém, que os acidentes de
trânsito são frequentemente relacionados à alta concentração de álcool no sangue.
Tais acidentes acontecem mais frequentemente à noite e aos finais de semana e a
maioria dos envolvidos são homens, majoritariamente jovens e solteiros.
De acordo com Carrilo e Mauro (2003) os custos para o Estado e para a
sociedade em geral, decorrente destes, são também conhecidos e bastantes
elevados, algo que beira aos 7% do Produto Interno Bruto - PIB. O consumo de
drogas lícitas é um agravo de saúde pública que tem se expandido no Brasil e no
mundo, particularmente o alcoolismo, considerando que 12 % da população adulta,
em algum momento da vida, têm problemas associados ao uso de álcool, e 6% é
dependente (SESMG, 2006). Buchalla (2007) concorda que o consumo de bebida
alcoólica é uma questão de saúde pública, justificando que ele é a quarta droga mais
27

nociva à saúde física e mental, e é de livre acesso a toda a população por se tratar
de uma droga lícita.
O Boletim dos Alcoólicos Anônimos citado por STRAUCH et al. (2009) relata
que os custos do alcoolismo e problemas relacionados ao uso do álcool já alcançam
148 bilhões de dólares, no período entre 1985 a 1992. Duas terças partes
corresponderam aos custos relacionados com a produtividade, devido às doenças
causadas pelo álcool e o absenteísmo.
Para Souza et al. (2003) estes dados são importantes, pois demonstram
haver um efeito cerebral consequente ao consumo de álcool em adolescentes; os
efeitos ocorrem em áreas cerebrais ainda em desenvolvimento e associadas a
habilidades cognitivo-comportamentais que deveriam iniciar ou se firmar na
adolescência. Entende-se que o adolescente ainda está construindo a sua
identidade. Mesmo sem um diagnóstico de abuso ou dependência de álcool, pode
se prejudicar com o seu consumo, à medida que se habitua a passar por uma série
de situações apenas sob efeito de álcool.
Vários adolescentes costumam, por exemplo, associar lazer com consumo de
álcool, ou só conseguem tomar iniciativas em experiências afetivas e sexuais se
bebem. Assim, aprendem a desenvolver habilidades com o uso de álcool e, quando
este não se encontra disponível, sentem-se incapazes de desempenhar estas
atividades, evidenciando outra forma de dependência (PECHANSKY et al., 2005).
Souza et al. (2003), Lima et al. (2007) e Passinhos (2007), mostram que o
impacto social do alcoolismo inclui tanto a incapacidade individual como o fardo
familiar associado à doença, sendo que o álcool normalmente provoca sérias
perturbações psíquicas. Altera a capacidade de percepção (dificuldade de perceber
as coisas) e a capacidade intelectual (dificuldade de aprender). Assim, a memória é
prejudicada, muda o caráter, estraga a vida afetiva e pode arruinar a personalidade
definitivamente.
Para Passinhos (2007), distinguidas dos problemas de saúde, as categorias
de problemas sociais relacionadas ao álcool incluem: vandalismo; desordem pública;
problemas familiares, como conflitos conjugais e divórcio; abuso de menores;
problemas interpessoais; problemas financeiros; problemas ocupacionais, que não
os de saúde ocupacional; dificuldades educacionais; e custos sociais.
De acordo com Moreira et al. (2008), ainda que uma causalidade direta não
possa ser estabelecida, o estudo dessas categorias de danos - incluindo variáveis
28

como volume de álcool consumido, padrões de consumo e outros fatores interativos


- demonstrou que as consequências sociais do uso do álcool colocam esse produto,
no mínimo, como um fator adicional ou mediador entre outros que contribuem para a
ocorrência de determinado problema, similar àquela válida para problemas de
saúde.
Para Laranjeira e Romano (2004), Pinsky e Pavarino (2007), a avaliação do
custo social relacionado ao álcool demonstra que o ambiente social no qual o álcool
é consumido, conforme sua estrutura econômica e regras de convívio, determina
diversos matizes de inserção do consumo alcoólico, ao mesmo tempo em que é
diretamente influenciado pelos padrões de uso vigentes.
Os artigos de autoria de Laranjeira e Romano (2004), Pinsky e Pavarino
(2007), apontam a relação entre privação social, violência e densidade de pontos de
vendas de álcool em uma região periférica pobre da área metropolitana de São
Paulo, ilustram claramente esta dinâmica. A privação social está relacionada à
enorme densidade de pontos de vendas de álcool e à grande violência urbana.
Dados nacionais apontam para uma associação entre uso de álcool, maconha
e comportamentos sexuais de risco, o início precoce de atividade sexual, não uso de
preservativos, pagamento por sexo e prostituição (PECHANSKY; SZOBOT;
SCIVOLETTO, 2004).
Os resultados desses vários estudos apontam para a bebida alcoólica como
uma substância psicotrópica bastante conhecida pelos adolescentes, com uma
idade média de início do uso de pouco mais de 12 anos de idade, ou seja, bem
antes da idade legal para consumo (GALDURÓZ; CAETANO, 2004).
Na pesquisa realizada por Carlini et al. (2004) apud Andrade e Heim (2008), o
V Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do
Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras
chama a atenção de especialistas, autoridades e educadores, pois a idade em que o
estudante brasileiro entra em contato com as drogas é entre 10 e 12 anos. Mais de
12% já usaram algum tipo de droga nessa faixa etária.
Segundo Andrade e Heim (2008), as consequências da ingestão do álcool na
adolescência são várias, podendo referir a diminuição no rendimento escolar, bem
como alterações na conduta social, sintomas agressivos, diminuição na
comunicação intrafamiliar e mudança nos hábitos usuais, como perda de motivação
social com apatia e lacunas na concentração e no direcionamento das atividades.
29

3.4 FATORES QUE INFLUENCIAM O CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

O álcool é uma das substâncias psicoativas mais precocemente consumidas


pelos jovens. Diferentes estudos, nacionais e estrangeiros, sistematicamente
confirmam a impressão genérica de que, se o álcool é facilmente obtenível e
fartamente propagandeado, isto se reflete em seu consumo precoce e disseminado
(PECHANSKY; SZOBOT; SCIVOLETTO, 2004).
Para Lima et al. (2008) a literatura tem sugerido que o ambiente familiar pré-
separação apresenta características altamente estressantes, não só para os
cônjuges, mas, principalmente, para os filhos. Algumas pesquisas revelaram risco
para o uso de drogas em jovens pertencentes a famílias com pais separados ou com
relacionamentos muito deteriorados.
Ronzani e Paiva (2009) reforçam a instituição familiar sendo considerada um
dos elos mais fortes dessa cadeia multifacetada que pode levar ao uso abusivo de
álcool e drogas, além de também atuar como importante fator de proteção.
Segundo Pechansky, Szobot e Scivoletto (2004), elementos relacionados à
estrutura de vida do adolescente desencadeiam um papel fundamental na gênese
da dependência de drogas. Os autores ainda ressaltam que existem evidências de
fatores dentro do ambiente familiar, como a negligência, o distanciamento
emocional, a rejeição dos pais e a tensão familiar, que estão relacionados com o
consumo de bebidas alcoólicas.
Porém, para Soldera et al. (2004), nas famílias sem violência, nas quais os
problemas são conversados e os pais vivem juntos e se preocupam com os filhos,
haveria menor probabilidade de um uso abusivo de álcool e drogas.
O que mais impressiona é que um dos maiores estimuladores deste consumo
desenfreado é a própria sociedade em que vivemos. Com suas propagandas cada
vez mais chamativas, ela leva os jovens a acreditar que tudo podem e que estão na
moda. Mas que moda é esta (PAIM, 2009)? Desde quando é moda acabar com a
própria vida e a vida de inocentes?
Estudos empíricos têm apontado que os diferentes estilos parentais de
socialização e as práticas educativas que permeiam a relação entre pais e filhos
30

funcionam como variáveis psicossociais capazes de exercer grande influência na


adoção de diferentes comportamentos prejudiciais à saúde entre os jovens
(RONZANI; PAIVA, 2009).
Em um levantamento realizado por Pechansky, Szobot e Scivoletto (2004) a
presença somente da mãe no domicílio do adolescente estava associada a um
aumento de 22 vezes na chance deste ser dependente de drogas, quando
comparado com adolescentes que viviam com ambos os pais.
Pratta e Santos (2006), ressaltam que o bom funcionamento familiar, que
tenha coesão e adaptabilidade moderadas, correlaciona-se positivamente com os
fatores protetores e preventivos do consumo de drogas na adolescência.
Recio (1999) apud Pratta e Santos (2006), relata que as condutas dos pais
podem estar associadas ao consumo de álcool e drogas pelos filhos. Os pais com
menor probabilidade de terem filhos adolescentes envolvidos com drogas ou que
desenvolvam condutas anti-sociais são aqueles que estabelecem uma boa relação
afetiva e de apego com os filhos, que não consomem nenhum tipo de drogas - lícitas
ou ilícitas.
Segundo Melo et al. (2008), a família tem um papel muito importante na
formação dos jovens, entre suas funções cumpre função de mediadora, o indivíduo
adquire as noções do certo e do errado, sem a imposição dos agentes externos da
sociedade.
Levisky (1998) cita que a família só protege a criança das determinações da
sociedade durante um determinado período de tempo. Acredita que os fatores
sociais desempenham papel fundamental na constituição do sujeito, nas suas
escolhas, no seu projeto identificatório.
No estudo de Vieira et al. (2008), 35,5% dos alunos disseram que amigos
foram os primeiros a lhes oferecer bebida alcoólica e 62,4% relatam beber mais
frequentemente na companhia de amigos.
Moraes (2007) acredita que entre os jovens o grupo de amigos possui uma
grande influência sobre seus padrões de comportamento. Beber é um ritual de
sociabilidade, sendo uma auto-afirmação frente aos amigos. Nos grupos, a bebida
pode ser também um fator de aproximação e de identificação entre seus membros.
Existe uma associação também entre o ato de beber e a masculinidade do homem,
a construção do ser homem a partir de certos parâmetros, a construção social do
homem adulto.
31

Bertolote (1997), Primo e Stein (2004), Llambrich (2005), Gallego et al.


(2005), descrevem que os amigos dos adolescentes são considerados como os
principais motivadores para o início do consumo de bebidas alcoólicas, pois o fato
de consumirem tais bebidas é uma maneira de inserir-se no mundo adulto,
representando uma prova de maturidade; no caso dos adolescentes do sexo
masculino, é uma forma de provar sua masculinidade frente ao grupo.
A classe social é uma das variáveis mais importantes. Estudo realizado em
2002, com estudantes de uma escola pública em Florianópolis (SC), verificou que a
classe socioeconômica alta tinha um risco duas vezes maior de uso de álcool do que
a classe baixa (LIMA, 2003).
Para Moraes (2007), a religiosidade, ou ter alguma religião, é apontada como
inibidor do consumo de bebidas alcoólicas, dependendo de cada religião também,
funcionando como uma forma de proteção contra o uso.
As bebidas alcoólicas são encontradas facilmente, em qualquer lugar e com
preços acessíveis aos jovens. Apesar de existirem leis que proíbem a venda de
bebidas para menores de 18 anos, essa é uma prática comum e que deve ser
combatida (LEPRE; MARTINS, 2007).
Para Costa et al. (2007), destaca-se o incentivo social veiculado pela mídia,
através de propagandas exaustivas de bebidas alcoólicas e cigarros, transmitindo
bons momentos e sentimentos - sucesso, beleza, felicidade, humor - atendendo,
portanto, às expectativas do público mais jovem.
Gomide e Pinsky (2004), Lepre e Martins (2007), concordam que além da
exposição a propagandas muito bem elaboradas, os jovens e a sociedade de uma
forma geral não associam bebidas alcoólicas a drogas.
Para Pinsky e Pavarino (2007) a publicidade influencia o consumo de bebidas
alcoólicas de acordo com fatores como a exposição, lembrança e apreciação das
propagandas. Assim, adolescentes mais expostos às propagandas relataram
expectativas mais positivas em relação aos efeitos do álcool, bem como a intenção
de beber quando mais velhos.
Lembrando a Lei nº. 9.294, de 15 de julho de 1996, que proíbe a venda de
bebidas alcoólicas a menores de 18 anos, seria bom se ela fosse aplicada também
dentro dos próprios lares, pois o consumo de bebidas alcoólicas por menores de
idade é uma pratica não só tolerada como às vezes incentivada pelos próprios
pais(SOARES, 2006).
32

Sônia A. Felde Maia, coordenadora do Conselho Estadual Antidrogas do


Paraná apud Paim (2009) afirma que propagandas ditando como ser, agir, se vestir
e a falta de monitoramento dos pais na vida de seus filhos podem ser consideradas
ações contundentes para os jovens que não tem maturidade para discernir sua
postura diante os fatos corriqueiros da vida. O consumo de álcool precisa deixar de
ser apenas um assunto pessoal, restrito ao usuário, deve-se pensar no assunto
como um problema que a sociedade precisa atuar na família e no contexto familiar.
O bom exemplo conta muito, pois existem lares em que o próprio comportamento
dos pais acaba se tornando negativo. Os filhos se acostumam a ver os pais tomando
comprimidos para relaxar, um drinque para aliviar a tensão do dia difícil que tiveram.
O álcool, muitas vezes, vem associado ao bem-estar e ao prazer.
Ela também relata ser fundamental que a sociedade, o Estado, a igreja e a
família tenham consciência dos problemas causados pelo uso abusivo do álcool, e
incentivem os jovens a praticar esportes, a envolver-se com atividades artísticas e
com trabalho voluntário. Sem dúvida, é uma maneira de orientá-los a adquirirem
hábitos saudáveis. Os jovens, em sua maioria, não procuram informações sobre os
males que o álcool causa no organismo, por isso mesmo são necessárias
campanhas de conscientização, como já vem sendo feitas com o cigarro, sendo
importante também estimulá-los a adquirirem uma visão crítica das propagandas
que incentivam o uso e abuso do álcool como falso modelo de saúde. Isso faz os
jovens mudarem a visão que possuem sobre a bebida e seus efeitos (PAIM, 2009).

3.5 O PAPEL DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE


E PREVENÇÃO DO USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

O consumo mundial de álcool, tabaco e outras substâncias lícitas, segundo a


Organização Mundial da Saúde (OMS), vem crescendo entre as populações e tem
contribuído para a carga de doença em todos os países do mundo (CARRARO;
RASSOOL; LUIS, 2005).
Daí a importância de perceber esse fenômeno numa perspectiva ampla, pois
somente dessa forma será possível identificar as possibilidades e limites da ação do
profissional enfermeiro na educação para a saúde e prevenção do alcoolismo. No
33

Brasil o primeiro levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas foi


realizado em 2001, com o objetivo de verificar como a sociedade brasileira de uma
maneira geral se comporta frente ao uso de drogas e, com isso, propiciar a
elaboração de políticas de Saúde Pública com vistas à prevenção do abuso de
drogas (CARRARO; RASSOOL; LUIS, 2005).
Porém, os números mostram que as medidas nacionais são ainda muito
tímidas para atacar o problema e que o impacto na saúde pública é muito
importante. Em um país escasso em recursos e, principalmente, em vontade política
para lidar com essas situações, o enorme investimento publicitário adquire contornos
mais relevantes (PINSKY; PAVARINO FILHO, 2007).
Para Romano et al. (2007) adiar o consumo de bebidas alcoólicas do início da
adolescência para seu final deve constituir parte importante dos esforços de
prevenção dos problemas relacionados ao consumo do álcool nesta faixa etária.
No Brasil ainda está longe de se ter um balanço entre investimentos
preventivos e o incentivo aos comportamentos de consumo de álcool. Os já limitados
recursos para a promoção da educação sofrem, ainda, contingenciamentos ou
desvios de seus destinos. Nesse quadro, os educadores, os profissionais da saúde e
os comunicadores que operam em favor da segurança têm um trabalho penoso de
promover uma revisão e reconstrução de valores, remando contra a prevalência de
padrões de atitudes arraigados (PINSKY; PAVARINO FILHO, 2007). Estudos
mostram que apesar das tentativas de medidas preventivas contra o uso abusivo do
álcool, observa-se que no Brasil esses métodos não surtem o efeito esperado,
principalmente para os jovens.
Para o Ministério da Saúde essa situação é assumida como grave problema
de Saúde Pública, afirmando considerar sua abordagem como responsabilidade de
todos os níveis de atenção do SUS (SESMG, 2006). Conforme o documento A
Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e de
Outras Drogas, a universalidade de acesso, a integralidade e o direito à assistência
devem ser assegurados a esses usuários, por meio de redes assistenciais
descentralizadas, mais atentas às desigualdades existentes, ajustando de forma
equânime e democrática as suas ações às necessidades da população (SESMG,
2006).
Esse importante reconhecimento do Ministério da Saúde não nos deve fazer
esquecer que o abuso de álcool e de outras drogas, por sua gravidade e
34

abrangência, não admite soluções apenas no campo da Saúde, mas deve envolver
uma abordagem amplamente social, que trate dos problemas da violência urbana,
das injustiças sociais, das graves desigualdades de acesso à educação, ao trabalho,
ao lazer e à cultura (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1989).
O enfermeiro pode desempenhar importante papel na promoção da saúde
perante vários aspectos, dentre eles a formação e capacitação dos profissionais de
saúde visando à redução da demanda de álcool e drogas. Entendendo que com
mudanças de paradigmas, atuando na formação dos enfermeiros, poderão ocorrer
novas configurações no cuidado dos diversos grupos da sociedade nos níveis de
promoção, prevenção e integração social (CARRARO; RASSOOL; LUIS, 2005).
Porém o que nos revela a literatura é que existe uma necessidade de
qualificação dos profissionais enfermeiros no que diz respeito à promoção e
educação da sociedade. Para Carraro, Rassool e Luis (2005), esse é um desafio
que está posto para os enfermeiros do século XXI, saber lidar com essas situações
que são cotidianas, com segurança, conhecimento e liderança, para o
encaminhamento das questões e as tomadas de decisões em diferentes âmbitos.
Portanto, habilitar o enfermeiro para enfrentar esse desafio é uma iniciativa que deve
ser desencadeada na sua formação básica, ou seja, a graduação.
Assim, Carraro, Rassool e Luis (2005) afirmam que o saber que o enfermeiro
adquire na sua formação acadêmica, que leva em consideração as necessidades
das pessoas, numa visão ampla, choca-se no confronto com uma infinidade de
questionamentos ao lidar com pessoas usuárias de bebidas alcoólicas no
enfrentamento de situações difíceis da vida como a miséria, pobreza, marginalidade,
discriminação, violência, silêncio, uso de drogas, dependência química, solidão,
dentre tantas outras adjetivações.
Para tanto, é fundamental a inserção do enfermeiro na equipe de saúde
colaborando no enfrentamento do problema, mas há necessidade de uma ampla
estrutura de conhecimento sobre promoção e prevenção para a saúde de toda a
sociedade e as medidas de controle do uso e abuso de bebidas alcoólicas
(CARRARO; RASSOOL; LUIS, 2005).
Tal prática poderá ser viabilizada com o estabelecimento de três fatores
fundamentais e inter-relacionados: mudança de atitudes, busca de conhecimentos e
aperfeiçoamento de habilidades (VARGAS; LABATE, 2006).
35

Segundo Diniz e Ruffino (1996), o enfermeiro historicamente tem


desempenhado um importante papel na educação para a saúde na sociedade,
usando intervenções e estratégias marcantes em resposta às necessidades do
contexto social. Ele deve se inteirar do processo metabólico, interferindo nos
problemas sociais e psíquicos para desempenhar o seu papel de educador em
saúde com mais segurança.
Nesse mesmo sentido, Horta et al. (2007) relata ser fundamental que se
identifiquem, sempre de modo ágil, populações com tendência ao incremento no
consumo de álcool, tabaco e outras drogas, procurando identificar, também, fatores
determinantes ou associados à mudança de comportamentos. Para ele isso pode
melhor orientar ações nos campos da prevenção e do tratamento dos problemas
decorrentes do uso de substâncias psicoativas, hoje largamente deficientes.
Esta caracterização orienta na programação da prevenção primária do
alcoolismo. Uma vez detectados, na comunidade, pela equipe de saúde, como
primeiro passo do programa, os indivíduos sob risco especial, poderiam ser
ensaiadas medidas corretoras específicas (HORTA et al., 2007).
Além da busca dos fatores de risco, outras ações podem ser realizadas para
reduzir a probabilidade de adolescente começar a ingestão de bebidas alcoólicas:
a) mudanças no estilo de vida, como a redução de fontes de estresse,
busca de um equilíbrio entre prazer e o trabalho, realização de
exercícios físicos, tentativa de melhorar a alimentação por meio de uma
dieta mais balanceada, ioga, meditação ou outra forma de relaxamento
(RANGE; MARLATT, 2008);
b) investimento em ações educativas e sensibilizadoras para as crianças e
adolescentes quanto ao uso abusivo de álcool e suas consequências;
c) produzir e distribuir material educativo para orientar e sensibilizar a
população sobre os malefícios do uso abusivo de álcool e suas
consequências;
d) promover campanhas municipais em interação com as agências de
trânsito no alerta quanto às consequências da “direção alcoolizada”;
e) desenvolvimento de iniciativas de redução de danos pelo consumo de
álcool e outras drogas que envolvam a co-responsabilização e
autonomia da população;
36

f) investimento no aumento de informações veiculadas pela mídia quanto


aos riscos e danos envolvidos na associação entre o uso abusivo de
álcool e outras drogas e acidentes/violências;
g) apoio à restrição de acesso a bebidas alcoólicas de acordo com o perfil
epidemiológico de dado território, protegendo segmentos vulneráveis e
priorizando situações de violência e danos sociais;
h) promoção de discussões intersetoriais que incorporem ações educativas
à grade curricular de todos os níveis de educação;
i) articulação de agendas e instrumentos de planejamento, programação e
avaliação, dos setores diretamente relacionados ao problema;
j) apoio às campanhas de divulgação em massa dos dados referentes às
mortes e sequelas provocadas pelo uso abusivo de bebida alcoólica;
k) investimento na sensibilização e capacitação dos gestores e
profissionais de saúde a identificação e encaminhamento adequado de
situações de uso abusivo de bebida alcoólica (SARAGOZZA, 2009);
l) mobilização da sociedade civil oferecendo-lhes condições de participar
de práticas preventivas, terapêuticas e reabilitadoras, bem como
estabelecer parcerias locais para o fortalecimento das políticas
municipais e estaduais;
m) incentivo a iniciativas locais, em parcerias entre organizações
governamentais e não-governamentais, que possibilitem o acesso a
atividades sociais, esportivas, artísticas;
n) promoção de políticas sociais de habitação, trabalho, lazer, esporte,
educação, cultura, enfrentamento da violência urbana, assegurando a
participação intersetorial em relação a outros Ministérios, organizações
governamentais e não-governamentais e demais representações e
setores da sociedade civil organizada (SESMG, 2006).
37

4 METODOLOGIA

4.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTUDO

Trata-se de uma pesquisa de natureza exploratória, descritiva e analítica com


abordagem fundamentada em revisões bibliográficas.
Siqueira (2005) define que fase exploratória é a reunião de informações que
auxiliem compreensão do todo para melhor delimitação da unidade a ser estudada.
Esta fase é fundamental para definição mais precisa do objeto de estudo. É o
momento de especificar as questões ou pontos críticos, de estabelecer os contatos
iniciais para entrada no campo, de localizar os informantes e as fontes de dados
necessários para o estudo (LUDKE; ANDRE, 1986).
A revisão literária consiste em uma relação profunda do tema a ser abordado,
buscando informações através de um levantamento realizado em base de dados,
com o objetivo de detectar o que existe descrito sobre o tema.
Abordagem esta, feita através da busca de literatura corrente e retrospectiva
com a finalidade de conhecer as contribuições científicas que se efetuaram sobre o
assunto assumido como tema de pesquisa pelo investigador de acordo com
Rampazzo (1998).

4.2 ESCOLHA DO TEMA

A primeira etapa foi a escolha do tema, sugestão feita por um integrante do


grupo que é professor de uma escola pública e convive com o problema do uso
precoce de bebida alcoólica por adolescentes e conseguiu envolver os demais
integrantes.
O trabalho foi realizado através da busca na leitura de artigos que mostram
que o consumo de álcool pelos adolescentes é um fato real e esta situação é
especialmente preocupante devido à idade de início cada vez menor.
38

4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Para a elaboração do presente trabalho e dada à relevância do problema de


Saúde Pública, optamos por abordar livros, artigos científicos e artigos de periódicos
e jornais sobre o tema: adolescentes, uso de bebidas alcoólicas e enfermagem.
Foram levantados 160 artigos que relatavam o uso de bebida alcoólica e
aproveitados 78 que abordavam o uso de álcool em adolescentes, publicados entre
os anos de 1983 a 2009. Os demais foram excluídos por não abordarem o uso do
álcool no tema proposto.

4.4 LOCALIZAÇÃO DO ESTUDO

Para realização deste levantamento bibliográfico, foram utilizados como fonte


de pesquisa os dados encontrados em livros da biblioteca da UNIVALE, artigos
científicos disponíveis na biblioteca virtual SCIELO, artigos de periódicos e jornais.

4.5 TRATAMENTO DOS DADOS

A coleta de dados deu-se através da leitura e análise do material selecionado


sobre o tema proposto, “álcool e adolescentes”, e o papel do profissional enfermeiro
na prevenção e promoção da saúde dos adolescentes, buscando a correspondência
ao interesse da pesquisa, possibilitando assim compreensão, verificação e análise
dos dados coletados.
39

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A adolescência é uma fase de transição difícil para o indivíduo, pois o mesmo


sai de uma situação de segurança e passa a tomar suas próprias decisões. Porém,
não se encontra preparado para tal atitude, o que pode levá-lo a tomar decisões
erradas e desviar-se por caminhos incorretos, principalmente devido a pressões nos
grupos sociais. É nesta fase que o adolescente se envolve com drogas e com o
consumo abusivo e precoce de bebidas alcoólicas.
A literatura mostra que o consumo de álcool transformou-se em uma
preocupação mundial nos últimos anos, em função de sua alta incidência e uso cada
vez mais precoce, de forma cada vez mais freqüente, e dos riscos relacionados à
saúde.
Dentre os fatores que induzem os adolescentes a iniciar o consumo de
bebidas alcoólicas está o seu fácil acesso nos estabelecimentos comerciais e às
vastas propagandas que incentivam o consumo do álcool. Cabe ao poder público, a
aplicação de políticas voltadas ao controle de venda de bebidas alcoólicas com mais
rigor.
Outro fator que está relacionado é a desestruturação das famílias, conflitos,
separação, falta impor limites aos filhos, controlar consumo social dentro da própria
organização familiar.
Devido à falta de maturidade emocional, o convívio com grupos, amigos
também podem induzir a iniciação precoce do uso de bebidas alcoólicas. Muitos
adolescentes bebem porque os colegas bebem e exercem pressão sobre eles para
que se junte ao grupo.
Como consequência desse uso abusivo de bebidas alcoólicas observa-se no
adolescente diminuição do rendimento escolar e presença de comportamentos de
risco para a saúde, como comportamentos sexuais inadequados, condução de
veículos motorizados, violência, agressividade, aumento do uso de outras drogas,
levando o indivíduo a conviver com um mundo de crimes, causando a
marginalidade, desarmonia familiar e social.
Assim pode-se perceber que o uso de álcool por adolescentes está associado
a uma série de prejuízos no desenvolvimento da própria adolescência e em seus
resultados posteriores. Acredita-se que todos estes problemas apresentados tornam
40

o consumo de álcool entre os jovens uma questão de saúde pública. E por ser
público, compete a toda a sociedade a busca para a solução deste problema.
Os estudos nessa área ainda precisam ser aprofundados, mas as
descobertas feitas até agora são alarmantes. As pesquisas são unânimes em
apontar que o uso exagerado de álcool na adolescência afeta principalmente a
habilidade cognitiva do cérebro, como memória e aprendizado.
Infelizmente neste mundo tão globalizado, tão distante dos “valores”, passa-
se a seguir um caminho muito conturbado e no meio dele estão às drogas. É difícil
imaginar uma sociedade livre do uso destas substâncias. Muito se é feito nacional e
internacionalmente falando, para diminuir a distribuição e comercialização e acima
de tudo o consumo de drogas, visto que, o maior prejudicado é o usuário.
Além de tudo acontece o enriquecimento ilícito e o fortalecimento e
organização do crime que vem crescendo a cada dia. Melhor seria que todos
entendessem que não há uma sociedade livre do uso de drogas, talvez assim os
danos fossem menores.
Sabe-se, portanto, que é uma utopia uma sociedade que não consuma álcool,
tornando mais difícil o trabalho do enfermeiro na educação para a saúde e
prevenção, em se tratando de mudança de comportamento social.
Os próprios pais que dizem “amar” seus filhos deveriam se preocupar mais
com a família, trabalhando na educação dos mesmos para prevenção do alcoolismo
dentro da família, porém, aqueles que o fazem na maioria das vezes não alcançam
sucesso. Estes devem procurar ajuda de profissionais habilitados a fim de receber
suporte psicológico. Mas nem por isto cabe desistir, pois, é papel do enfermeiro
trabalhar a promoção da saúde para redução dos danos em todos os seguimentos
da sociedade, igrejas, escolas, família e grupos de jovens.
Acolher o jovem, trabalhando o indicador de suma importância, o acesso
facilitado ao uso cada vez mais precoce de bebidas alcoólicas.
Este trabalho dependerá da busca de conhecimento para mudança de atitude
para cada vez mais aperfeiçoar habilidades para a promoção e educação de
qualidade, contribuindo assim, para uma sociedade mais saudável.
41

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