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Figura 2.2 - Distribuição das linhas de indução geradas pela corrente i em um enrolamento:
(a) com núcleo de ar; (b) com núcleo de material de alta permeabilidade magnética relativa.
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Ou, como se costuma dizer, a bobina tem núcleo de ar.
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Uma exceção seria um mineral conhecido como magnetita, que naturalmente apresenta-se magnetizado; é,
portanto, o único ímã natural que se conhece.
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ser permanente, isto é, subsistir após a retirada do campo externo, dependendo do valor do
mesmo.
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2.4. HISTERESE
Suponha-se que uma amostra de material magnético seja submetida a um campo
magnético de intensidade H variável com o tempo (este é o caso típico de núcleos em torno
dos quais são feitos enrolamentos excitados por CA). Se a amostra estiver inicialmente
desmagnetizada e o campo for aumentando até o valor H1, a curva B H segue a linha 0a
mostrada na Fig. 2.6. Caso o valor de H1 seja suficientemente elevado para atingir a região
II da curva de magnetização, quando o campo externo decrescer a curva seguirá pela linha
ab, de modo que para H = 0 o valor de B será dado pela ordenada 0b; este valor é chamado
de magnetização residual, pois é a magnetização que "resta" no material após o campo
externo ter-se reduzido a zero.
Para desmagnetizar a amostra será necessário inverter o sentido do campo e
aumentar sua intensidade até H2, valor conhecido
como força coercitiva3. Se o campo continuar
aumentando até o valor – H1 (isto é, no sentido
contrário ao inicial), a curva B B seguirá a linha
cd. No semiciclo seguinte o raciocínio é o mesmo,
de forma que após completado um ciclo obtém-se
uma curva semelhante à mostrada na Fig. 2.6,
chamada curva de histerese.
A forma do laço de histerese de um dado
material depende do máximo valor do campo
atingido no ciclo (H1). A curva obtida pela ligação
dos vértices dos laços de histerese obtidos para
diferentes valores de H1é chamada curva normal de
magnetização,.
Quando um material é submetido a um campo
magnético externo alternado, seus domínios estarão
em contínuo movimento, buscando alinhar-se com
H. Isso causa um "atrito" entre os domínios,
aquecendo o material e ocasionando as chamadas
perdas por histerese. Demonstra-se que essas
perdas são proporcionais à área encerrada na curva
de histerese.
Comprova-se experimentalmente que a
potência dissipada por unidade de volume de
Figura 2.6 – Formação do laço de material durante um ciclo de histerese é dada por
histerese Ph Kh .f.BMn (2.3)
onde Kh e n são constantes que dependem do
material e da própria densidade do campo
magnético, enquanto f é a freqüência do campo magnético (em Hz) e B M é o máximo valor
de B alcançado durante o ciclo.
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Este termo é derivado do verbo coagir, que significa obrigar, forçar. De fato este valor de H2 obriga o
material a se desmagnetizar.
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Figura 2.6 - Bobina toroidal: (a) aspecto físico; (b) circuito elétrico análogo
Pode-se deduzir que o campo magnético no interior desse núcleo não é uniforme, já
que as espiras estão mais próximas entre si na parte interna do que na externa, o que
significa que o campo vai enfraquecendo em direção à parte exterior do núcleo. Para
contornar esse problema, que dificulta o processo de cálculos, toma-se a linha de indução
correspondente a um raio médio R, representada por uma linha tracejada na Fig. 2.7(a) e
aplica-se a Lei de Ampère (Eq. 1.13). Como cada uma das espiras transporta a corrente I e
contribui para a formação do campo no interior do núcleo, a corrente total é NI, então
H dl Hl NI
onde l = 2R corresponde ao comprimento médio do núcleo.
Uma vez que a corrente no enrolamento é a "fonte" geradora do magnetismo, o
termo NI é chamado de força magnetomotriz (abreviadamente f.m.m.), simbolizada por F.
Então
F NI H l (2.4)
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Exemplo 2.1
Uma bobina é confeccionada com 500 espiras enroladas em torno de um núcleo
toroidal semelhante ao da Fig. 2.7(a), sendo a = 11 cm e b = 9 cm. Desejando-se
estabelecer no interior desse núcleo um fluxo magnético médio igual a 0,2 mWb,
determinar a corrente I necessária, supondo-se que o material é: (a) plástico; (b) ferro
fundido; (c) aço fundido.
Solução
O circuito elétrico análogo é mostrado na Fig. 2.7(b), Pelas dimensões dadas, segue-
se que o raio médio é R = 10 cm = 0,1 m e o comprimento médio do núcleo é
l 2R 0,63 m
Como o raio da área de seção transversal é r = 1 cm = 0,01 m, a área desta seção será
S r 2 3,14 104 m2
Qualquer que seja o material do núcleo, a indução magnética em seu interior é dada pela
Eq. 1.2
B 0, 64 T
S
(a) No caso de plástico, bem como qualquer material não-magnético, pode-se considerar o
valor da permeabilidade magnética muito próxima ao do vácuo; logo, conforme a Eq. 1.13
B Ae
H 506.862,88
o m
Então
Hl
F NI H l I 638,65 A
N
(b) Na curva de magnetização do ferro-fundido (Fig. 2.5) vê-se que a saturação é atingida
para valores de B ligeiramente superiores a 0,4 T; assim, um núcleo desse material, com as
dimensões dadas, não é capaz de atingir o valor desejado de 0,64 T, o que significa, em
outras palavras, que não é possível obter-se o fluxo de 0,2 mWb nesse núcleo.
(c) Na curva de magnetização do aço fundido, para B = 0,64 T H = 420 A-e/m, logo
420 0, 63
I 0,53 A
500
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Figura 2.7 - Efeito de espalhamento: (a) deformação das linhas de indução no entreferro;
(b) dimensões usadas para a correção.
Outro fator que deve ser considerado em cálculos mais precisos é o fluxo de
dispersão, já mencionado na Seção 2.1. Porém, desde que o material tenha permeabilidade
magnética relativa muito alta, este fluxo tem valor muito baixo e sua influência nos
resultados é desprezível.
Um último aspecto a ser considerado nos
cálculos em circuitos magnéticos é que
normalmente os núcleos são laminados, como
forma de redução das correntes parasitas. Então, a
espessura do isolamento que separa cada par de
lâminas deve ser descontada no cálculo da área; em
Figura 2.8 - Laminação do núcleo outras palavras, a área efetivamente disponível para
o fluxo (Sf) é menor que a área total do núcleo (S).
A relação entre essas duas áreas é chamada de fator de empilhamento 4 (f), isto é
Sf
f (2.9)
S
valor que também pode ser expresso em termos percentuais.
A analogia entre os circuitos magnéticos e elétricos pode ser estendida. A relutância
ao longo de um dispositivo eletromagnético pode variar, devido à mudança de dimensões,
de permeabilidade (quando se usam materiais diferentes, por exemplo) ou à existência de
entreferros. Então, a relutância de cada um desses trechos pode ser considerada um
"elemento", de sorte que haverá circuitos série ou paralelo.
a) Circuito magnético série: quando todos os elementos são "atravessados" pelo mesmo
fluxo magnético . Se n for o número de elementos associados em série, a f.m.m. total será
dada pela soma das f.m.m. parciais, isto é
FT F1 F2 ... Fn (2.10)
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Est relação também é conhecida como fator de ferro ou fator de laminação.
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Exemplo 2.2
O circuito magnético da Fig. 2.10(a) tem enrolamento de 1.500 espiras. Determinar
a corrente I necessária para estabelecer um fluxo de 10 mWb nos entreferros, sabendo que o
fator de empilhamento do elemento de aço-silício é igual a 90%, enquanto que o elemento
de aço fundido é maciço. Desprezar o efeito do espalhamento e o fluxo de dispersão.
Solução
Na Fig. 2.10(b) é mostrado o circuito elétrico análogo. A f.m.m. deve ser calculada
em cada um dos elementos.
Figura 2.9 - Exemplo 2.2: (a) circuito magnético; (b) circuito elétrico análogo
Entreferros
lef = 0,1 cm = 10-3 m Sef = 10 cm 20 cm = 200 cm2 = 0,02 m2
10 103
Eq. 1.2 : Bef 0,5T
Sef 0, 02
Bf 0,5 Ae
Eq. 1.12 : H ef 7
397.887,36
o 4 10 m
Eq. 2.1: F f H ef lf 397.887,36 103 397,89 A e (para cada entreferro)
Elemento de aço-silício:
las = 2 (30 + 5) + 30 + (2 5) = 110 cm = 1,1 m
Sas = f (10 20) = 180 cm2 = 0,018 m2
10 103
Bas 0,56T
Sas 0, 018
Entrando com este valor na curva BH do aço-silício (Fig. 2.5): Has = 80 A-e/m
Fas = Haslas = 80 1,1 = 88 A-e.
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Exemplo 2.3
O núcleo da Fig. 2.11(a) é de aço fundido maciço, sendo o enrolamento dividido em
duas partes, cada qual com número N de espiras. Sabendo que uma corrente de 0,8 A
produz no entreferro um fluxo magnético igual a 5 mWb, determinar o valor de N.
Desprezar o efeito do espalhamento e o fluxo de dispersão.
Figura 2.10 - Exemplo 2.3: (a) circuito magnético; (b) circuito elétrico análogo
Solução
O circuito elétrico análogo é mostrado na Fig. 2.11(b). Considerando que os
enrolamentos são idênticos e que existe total simetria do núcleo, pode-se deduzir que cada
parte do enrolamento fornecerá a metade do fluxo magnético na "perna" central. Assim
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c
e d 2,5 mWb
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onde e, d e c correspondem, respectivamente ao fluxo nas pernas esquerda, direita e
central do núcleo.
Entreferro
lef = 0,1 cm = 0,001 m Sef = 10 10 = 100 cm2 = 0,01 m2
Bef c 0,5 T
Sef
Bef Ae
H ef 397.887,36
o m
Fef = Heflef = 397,89 A-e
Perna esquerda
le = 30 + 40 + 30 = 100 cm = 1 m Se = 10 10 = 100 cm2 = 0,01 m
Ae
Be e 0, 25 T He 230
Se m
Fe = Hele = 230 A-e
Perna central (trecho bghe), excetuando o entreferro
lc = 40 – 0,1 = 39,9 cm = 0,399 m Sc = 10 10 = 100 cm2 = 0,01 m
Ae
Bc c 0,5 T H c 350
Sc m
Fc = Hclc = 139,65 A-e
Aplicando a Eq. 2.10 ao trecho abghde: FT = Fe + Fc + Fef = 767,54 A-e. O número de
espiras é dado pela Eq. 2.4:
F
N T 959,43 espiras 960 espiras
I
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Exemplo 2.4
Dado o núcleo maciço de aço fundido da Fig. 2.12(a), determinar o fluxo magnético
em seu entreferro, sabendo-se que I = 0,5 A e N = 1.000 espiras. Desconsiderar os efeitos
do espelhamento e do fluxo de dispersão.
Solução
O circuito elétrico análogo é mostrado na Fig. 2.12(b). A f.m.m. real é F = NI = 500
A-e. As medidas neste exemplo são:
Entreferro: lef = 0,1 cm = 0,001 m Sef = 5 10 = 50 cm2 = 0,005 m2
Núcleo : ln = 4 15 – 0,1 = 59,9 cm = 0,599 m S n = 5 10 = 50 cm2 = 0,005 m2
1aAproximação – desconsidera-se a relutância do núcleo, portanto Fn = 0 e
F Ae
Fef = F = Heflef H f 500.000
l ef m
Bef = oHef = 0,63 T
Vê-se, porém, que o valor de Bef será menor do que este, já que a f.m.m. no núcleo deve ser
considerada.
Figura 2.11 - Exemplo 2.4: (a) circuito magnético; (b) circuito elétrico análogo
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