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COMARCA DE BARREIRAS/BA
CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO
Pede deferimento.
PAULO MALAGUTTI
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Ínclitos Julgadores,
Douto Relator,
CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO
O art. 240 do CPP disciplina a busca pessoal a ser efetuada pelas forças
policiais em cidadãos. O § 2º do dispositivo citado é explícito ao impor que a busca
pessoal só pode ser feita diante de fundada suspeita de que a pessoa carrega
consigo ou oculta objeto ilícito.
O pior é a vista grossa que se faz quanto a tais abusos. Ora, realmente se
acredita que os suspeitos permitiriam, de livre e espontânea vontade, o ingresso de
policiais em suas casas? E o mais chocante: realmente se acredita que os suspeitos
ainda apontariam docilmente aos policiais onde objetos ilícitos se encontram?
Não se esta aqui imputando má-fé aos policiais nem aos demais agentes
do sistema de justiça. Porém, analisando objetivamente a questão, no mínimo, é
possível afirmar que algo não ortodoxo aconteceu dentro da casa. Isto já é suficiente
para se questionar a validade do flagrante.
A lei não diz quem seria a pessoa idônea, de modo a trazer algumas
dificuldades interpretativas. Porém, no âmbito da análise dos conceitos jurídicos
indeterminados, pode o intérprete identificar as seguintes zonas: (i) Zona de Certeza
Positiva; (ii) Zona de Certeza Negativa; e (iii) Zona de Penumbra – incerteza.
Sucede que em fl. 10 dos autos a autoridade policial que lavrou o auto de
prisão em flagrante nomeou os policiais ELPIDIO PEREIRA DE SOUZA NETO E
GUTEMBERG GUARABIRA DA ROCHA VAZ para realizarem o exame de constatação
prévia.
Ora, é mais do que óbvio que o laudo de constatação é nulo, pois como
explanado em linhas anteriores, policiais não podem ser considerados “pessoas
idôneas” para os fins do art. 50, § 1º, da Lei 11.343/2006. Assim, pode-se afirmar que,
para os fins de identificação da “pessoa idônea” indicada no art. 50, § 1º, da Lei
11.343/2006, policiais civis ou militares estão na zona de certeza negativa.
4. MÉRITO
4.1. DA INEXISTÊNCIA DE LAUDO PERICIAL DAS ARMAS DESCRITAS NA
DENÚNCIA: DA ABSOLVIÇÃO QUANTO AO CRIME DO ART. 16 DO ED.
3. PREQUESTIONAMENTO
2. PEDIDO
Diante do exposto, requer seja negado provimento ao recurso de apelação
interposto pelo Ministério Público do Estado da Bahia, mantendo a sentença do
Pede deferimento.
PAULO MALAGUTTI