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ESCOLA TÉCNICA UNISUAM – ETUS

AULA 4

DATA: 28/06/13

DISCIPLINA: SOLOS E FUNDAÇÕES

PROFESSOR: MARLON FIGUEIREDO

1 - INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO
1.1 - Introdução

Qualquer projeto de engenharia, por mais modesto que seja, requer uma identificação e
avaliação adequada das características e propriedades dos solos onde a obra irá ser
implantada.

Usualmente, a estimativa de custo de um programa de investigação do subsolo está


entre 0,5 a 1% do custo da obra.

“Todas as sondagens são caras mas as mais caras são aquelas que não foram
feitas.”

Quando um projetista se defronta com informações insuficientes ou inadequadas ele


compensa essa falha com um superdimensionamento; quando um empreiteiro recebe
informações incompletas ele aumenta seu orçamento para cobrir possíveis imprevistos,
tais como a mudança de projeto ou do processo construtivo. Como consequência, o
custo de informações inadequadas é consideravelmente maior que o custo da
investigação.

Os principais objetivos de um programa de prospecção do subsolo são:

- Determinação da profundidade e espessura de cada camada do solo possibilitando a


construção de perfis longitudinais do subsolo;

- Determinação da natureza do solo: compacidade dos solos grossos e consistência dos


solos finos;

- Profundidade do topo rochoso e suas características, tais como: litologia, mergulho e


direção das camadas, espaçamento das juntas, presença de falhas e a ação do
intemperismo ou estado de decomposição;

- Localização do nível d'água (NA);

- Obtenção de amostras (deformadas e/ou indeformadas) de solo e rocha para

determinação das propriedades de engenharia;


- Determinação das propriedades "in situ" do solo por meio de ensaios de campo.

O programa de investigação do subsolo deve levar em conta o tipo e a importância da


obra a ser executada. Isso quer dizer que, determinadas estruturas como túneis,
barragens e grandes edificações exigem um conhecimento mais minucioso do subsolo
do que aquele necessário à construção de uma pequena.

1.2 Etapas de uma investigação do subsolo

Uma investigação completa é realizada em diferentes etapas, sendo que cada


etapa de reconhecimento destaca os problemas que requerem investigação na etapa
seguinte. São elas:

a) Investigações de reconhecimento, nas quais se determina a natureza das


formações locais, as características do subsolo e definem-se as áreas mais
adequadas para as construções.
b) Explorações para o anteprojeto, realizadas nos locais indicados na etapa anterior,
permitindo a escolha de soluções e o dimensionamento das fundações.
c) Explorações para o projeto executivo, destinadas a complementar as
informações geotécnicas disponíveis, visando a resolução de problemas
específicos do projeto de execução.
d) Explorações durante a construção quando surgem problemas não previstos nas
etapas anteriores.

Dependendo do vulto da obra e de suas condições peculiares, algumas das etapas


assinaladas podem ser dispensadas.

1.3 Métodos de prospecção geotécnica

1.3.1 Métodos Indiretos

São processos de base geofísica. Não fornecem os tipos de solo prospectados, mas tão
somente correlações entre estes e suas resistividades elétricas ou suas velocidades de
propagação de ondas sonoras.

1.3.2 Métodos semidiretos

Fornecem apenas características mecânicas dos solos prospectados. Os valores obtidos,


por meio de correlações indiretas, possibilitam informações sobre a natureza dos solos.
1.3.3 Métodos diretos

São perfurações executadas no subsolo, destinadas a observar diretamente as diversas

camadas do solo, em furos de grande diâmetro, ou obter amostras ao longo do perfil, em


furos de pequenos diâmetros. Os métodos diretos podem ser classificados em manuais
(poços, trincheiras e sondagem a trado) e mecânicos (sondagem a percussão, rotativa e
mista). Há, entretanto, em todos eles, o inconveniente de oferecer uma visão pontual do
subsolo.

1.3.3.1 Poços

Os poços são perfurados manualmente com o auxílio de pás e picaretas, sendo a

profundidade máxima limitada pela presença do nível d'água ou desmoronamento das

paredes laterais. Os poços permitem, através do perfil exposto em suas paredes, um


exame visual das camadas do subsolo e de suas características de consistência e
compacidade, bem como, a coleta de amostras indeformadas na forma de blocos.

1.3.3.2 Trincheiras

São valas escavadas mecanicamente por meio de escavadeiras. Permitem um exame


visual e contínuo do subsolo, segundo uma direção e permitem, também, coleta de
amostras deformadas e indeformadas.

1.3.3.3 Sondagem a trado

A sondagem a trado é uma perfuração executada manualmente no subsolo com o auxílio


de trados, Figura 01.

A sondagem a trado é, usualmente, utilizada em investigações preliminares do subsolo,


até uma profundidade da ordem de 10m e acima do NA. Tem como principal vantagem
a de ser um procedimento simples, rápido e econômico. Porém as informações obtidas
são apenas do tipo de solo, espessura de camada e posição do lençol freático, sendo
também possível à coleta de amostras deformadas e acima do NA. O material coletado é
levado para o laboratório onde é realizada a identificação táctil visual das camadas e
determinação da umidade do solo.

(a) Trado cavadeira

(b) Trado espiral ou “torcido”


(c) Trado elicoidal

Figura 01 – Trados manuais mais utilizados.

1.3.3.4 Sondagem a percussão ou de simples reconhecimento (SPT)

É o método de sondagem mais empregado no Brasil, principalmente em prospecção do

subsolo para fins de fundações. Permite tanto a retirada de amostras deformadas e

determinação do NA, quanto à medida do índice de resistência a penetração dinâmica


(SPT).

É um ensaio de baixo custo, simples de executar, permitindo ainda a obtenção de

informações do estado de consistência e compacidade dos solos.

O procedimento do ensaio é normalizado pela ABNT através da norma NBR 6484/01.


Oequipamento para execução da sondagem à percussão é constituído de um tripé
equipadocom roldanas e sarilho que possibilita o manuseio de hastes metálicas ocas, em
cujasextremidades fixa-se um trépano biselado (faca cortante) ou um amostrador padrão
(Figura 02) Fazem parte do equipamento, tubos metálicos com diâmetro nominal
superior ao da haste de perfuração, coxim de madeira, martelo de ferro com 65 kg para
cravação das hastes e dos tubos de revestimento, sendo este último destinado a revestir
as paredes do furo a fim de evitar instabilidade. O equipamento possui, ainda, um
conjunto motor-bomba para circulação de água no avanço da perfuração, bem como
amostrador de parede grossa, trados cavadeira e espiral e trépanos.
Figura 28 – Equipamento de sondagem à percursão – SPT.
O amostrador padrão ou amostrador Raymond-Terzaghi, possui três partes: (i) engate,
(ii) corpo e (iii) sapata. É constituído de um tubo de 50,8 mm de diâmetro externo e
34,9 mm de diâmetro interno, com uma extremidade cortante biselada; a outra
extremidade é fixada à haste, que a leva até o fundo da perfuração (Figura 03). O engate
tem dois orifícios laterais para saída da água e ar e contém, interiormente, uma válvula
constituída por esfera de aço inoxidável.
1.3.3.4.1 Procedimento para realização do SPT

Em linhas gerais, o procedimento de execução de sondagens de simples reconhecimento


é um processo repetitivo, de modo que em cada metro de solo, são realizadas as
operações, abertura do furo (perfuração), ensaio de penetração e amostragem.

Figura 05 – Etapas na execução de sondagem a percursão: (a) avanço da sondagem por

desagregação e lavagem e (b) ensaio de penetração dinâmica (SPT).


O ensaio SPT é realizado seguindo-se as seguintes operações:

a) Perfuração:

A perfuração do terreno é iniciada com trado tipo cavadeira, com 10 cm de diâmetro.


Em cada metro, faz-se a realização do ensaio de penetração dinâmica e amostragem,
envolvendo 45 cm de solo ao total, sendo posteriormente realizado o avanço por
escavação do furo por um comprimento igual a 55 cm. A Figura 32 mostra um esquema
de execução da sondagem. Nos primeiros 45 cm é comum que o ensaio de penetração
não seja realizado. A repetição destas operações vai aprofundando o furo e o material
recolhido vai sendo classificado quanto à sua composição. Atingida certa profundidade
(cerca de 1 m), introduz-se um tubo de revestimento, com duas e meia polegadas de
diâmetro, que é cravado com o martelo que será também usado para a amostragem. Por
dentro deste tubo, a penetração progride com trado espiral.

b) Determinação do Nível d’água:

A perfuração com trado é mantida com trado espiral até atingir o nível d'água. Quando
isto ocorre, registrasse a cota do nível d’água e interrompe-se a operação, aguardando-se
para determinar se o nível se mantém na cota atingida ou se ele se eleva no tubo de
revestimento.

c) Perfuração abaixo do NA:

Abaixo do NA, a perfuração passa a ser feita por processo de lavagem por circulação de
água, usando o trépano com ponta afiada e com dois orifícios pelos quais a água sai com
pressão. A lama, resultante da desagregação do solo e água injetada, retornará à
superfície pelo espaço entre o tubo de revestimento e hastes de perfuração, sendo
depositada em um reservatório próprio. Durante a lavagem, o mestre sondador ficará
observando, na saída, as amostras de lama para identificar possível mudança de camada
de solo. A perfuração por lavagem é mais rápida do que pelo trado. Ela só deve ser
empregada abaixo do nível d’água porque acima dele estaria alterando a umidade do
solo e, consequentemente, as condições de amostragem, além de dificultar a
determinação do NA.

d) Amostragem:

A cada metro de profundidade, são colhidas amostras pela cravação dinâmica do


amostrador padrão. Essas amostras são deformadas e se prestam à caracterização do
solo. O amostrador é cravado por um martelo de 65 kg, que é elevado a uma altura de
75 cm e deixado cair livremente. A cravação é obtida por quedas sucessivas do martelo
até a penetração de 45 cm. As amostras colhidas são submetidas a exame tátil-visual e
suas características principais são anotadas. Estas amostras são, então, guardadas em
recipientes impermeáveis para análises posteriores.

e) Resistência à penetração:

A partir de um ponto fixo qualquer, marca-se na haste de perfuração um segmento de 45


cm, dividido em três trechos de 15 cm (Figura 10.5). Durante a amostragem, é obtido o
índice de resistência à penetração do solo e ele indica o estado do solo (consistência e
compacidade). São anotados os números de golpes do martelo necessários para cravar
cada trecho de 15 cm do amostrador. O SPT (Standard Penetration Test) é definido pelo
número de golpes (N) necessários para cravar os últimos 30 cm do amostrador.

Figura 06 – Esquema de execução de sondagem a percursão


1.3.3.4.2 Procedimentos de classificação dos solos

Com a amostra colhida no amostrador e com o valor o SPT. A identificação e


classificação do solo e realizada segundo NBR 7250/80, utilizando testes tácteis-visuais
com a finalidade de definir as características granulométricas, de plasticidade, presença
acentuada de mica, matéria orgânica e cores predominantes. De acordo com a norma
acima, o nome dado ao solo não deverá conter mais do que duas frações e sugere as
cores: branco, cinza, preto, marrom, amarelo, vermelho, roxo, azul e verde, podendo-se
usar claro e escuro, para o máximo de duas cores e o termo variegado quando não
houver duas cores predominantes.

Com o valor do SPT obtido em cada metro, os solos são classificados, quanto à
compacidade (solos grossos) e consistência (solos finos), conforme mostram as Tabela
8 e Tabela 9. Nestas tabelas também estão apresentados para os solos arenosos os
valores estimados de ângulo de atrito e resistência de ponta do cone (qc), e para os solos
argilosos estimativa da resistência a compressão simples (Su).

1.3.3.4.3 Fatores que alteram o resultado do SPT

É importante ressaltar que os valores de N podem ser alterados por fatores ligados ao
equipamento usado, técnica operacional, bem como erros acidentais.

Os fatores ligados ao equipamento são:

- Forma, dimensões e estado de conservação do amostrador. O amostrador deve ter,

rigorosamente, as dimensões indicadas pela norma. Quanto maior a sua seção ou

mais espessa sua parede, maiores serão os valores do SPT;


- Estado de conservação das hastes e uso de hastes de diferentes pesos. Hastes com

massa maior levam a índices maiores, por absorver uma maior quantidade da energia

aplicada. As hastes devem ter massa variando entre 3,2 a 4,4kg/m;

- Martelo não calibrado e natureza da superfície de impacto (ferro sobre ferro). O coxim

de madeira deve estar, sempre, em boas condições, não deverão ocorrer golpes

metal-metal;

- Diâmetro do tubo de revestimento: quanto maior o diâmetro do tubo de revestimento

maior a alteração que o solo, abaixo da ponta do tubo, poderá sofrer. Os tubos de

revestimento devem ser de aço, com diâmetro nominal interno de 67 mm ou 76 mm.

Os fatores ligados à técnica de operação são os seguintes:

- Variação da energia de cravação: o martelo deve cair em queda livre de uma altura

constante (75 cm). É muito comum, com o transcorrer do dia, haver uma tendência,

devido ao cansaço, da altura de queda ir diminuindo e com isso aumentando-se os

valores dos índices;

- Processo de avanço da sondagem, acima e abaixo do nível d'água subterrâneo;

- Conforme já comentado, a lavagem por circulação de água somente é permitida

abaixo do NA, devendo-se acima do NA usar o trado espiral;

- Má limpeza do furo. Presença de material no interior da perfuração. Furo não alargado

suficientemente para a livre passagem do amostrador.

Quanto aos erros acidentais, como erro na contagem do número de golpes, são na
maioria das vezes cometidos devido ao baixo nível de escolaridade da equipe de
sondadores, são os mais difíceis de serem constatados.
1.3.3.4.4 Critérios de paralisação da sondagem:

a) Quando em 3,0 m sucessivos, se obtiver índices de penetração maiores do que 45/15

(quarenta e cinco golpes para os quinze primeiros cm de penetração);

b) Quando, em 4,0 m sucessivos, forem obtidos índices de penetração entre 45/15 e

45/30;

c) Quando, em 5,0 m sucessivos, forem obtidos índices de penetração entre 45/30 e

45/45.

d) Caso a penetração seja nula em 5 impactos do martelo, o ensaio deverá ser

interrompido, não havendo necessidade de obedecer o critério estabelecido acima. No

entanto, se esta situação ocorrer antes de 8,0m de profundidade, a sondagem deverá

ser deslocada até o mínimo de 4 vezes em posições diametralmente opostas,

distantes 2,0 m da sondagem inicial.

e) Atingida a condição de impenetrável à percussão anteriormente descrita, a mesma

poderá ser confirmada pelo ensaio de avanço por lavagem, por 30minutos, anotando-

se os avanços para cada período de 10 minutos. A sondagem será dada como

encerrada quando nessa operação forem obtidos avanços inferiores a 5 cm em cada

período de 10 minutos, ou quando após a realização de 4 ensaios consecutivos não

for alcançada a profundidade de execução do ensaio penetrométrico seguinte.

1.3.3.4.5 Apresentação dos resultados do SPT

Os resultados de uma sondagem deverão ser apresentados em forma de relatório


contendo o perfil individual de cada furo, com as cotas, diâmetro do tubo de
revestimento, posições onde foram recolhidas amostras, posição do N.A., resistência à
penetração (SPT) e descrição do solo, bem como um corte longitudinal (seção), onde
podem ser evidenciadas as sequências prováveis das camadas do subsolo. O relatório
fornecerá dados gerais sobre o local e o tipo de obra, descrição sumária do equipamento
e outros dados julgados importantes. A Figura 07 apresenta um perfil individual de
sondagem à percussão e Figura 34 um perfil longitudinal do subsolo.

Quando o primeiro golpe do martelo gera uma penetração superior a 45 cm, o resultado
da cravação é expresso pela relação entre esse golpe e a profundidade atingida, por
exemplo, 1/50. Do mesmo modo caso haja uma penetração superior a 45 cm, devido
apenas ao peso próprio da composição sem a necessidade de execução de nenhum golpe
do martelo, esta deve ser expressa pela letra “P” seguida da profundidade atingida, por
exemplo, P/90.

Figura 07 – Perfil individual de sondagem


1.3.3.4.6 Considerações sobre o ensaio SPT

- Espaçamento entre cada sondagem

O espaçamento ou o número de sondagens e sua distribuição em planta dependerá do


tipo, tamanho da obra e da fase em que se encontra a investigação do subsolo.
Praticamente, é impossível estipular o espaçamento entre as sondagens antes de uma
investigação inicial, pois este será em função da uniformidade do solo. Quando a
estrutura tem sua localização bem definida dentro do terreno, a ABNT (NBR 8036)
sugere o número mínimo de sondagens a serem realizadas, em função da área
construída, conforme mostra a Tabela 10 ou um mínimo de 3 sondagens por obra. Os
furos devem ser internos à projeção da área construída. Quando as estruturas não
estiverem ainda localizadas, o número de sondagens deve ser fixado, de modo que, a
máxima distância entre os furos seja de 100 m e cobrindo, uniformemente, toda a área.
A sondagem deverá ser executada até o impenetrável ao amostrador ou até a cota
estimada pelo engenheiro projetista.
- Observação do nível d'água

Durante a execução da sondagem são feitas as determinações do nível d'água,


registando-se a sua cota e/ou a pressão que se encontra em campo (verificação da
existência de artesianismo). Quando detectar um grande aumento da umidade do solo
retirado com o trado helicoidal, a perfuração deverá ser interrompida e passa-se a
observar a elevação da água no furo até a sua estabilização, efetuando-se leituras a cada
5 minutos, durante 30 minutos. As leituras são efetuadas utilizando um pêndulo ou pio
elétrico. Sempre que houver paralisação dos serviços, antes do reinicio é conveniente
uma verificação da posição do nível d'água.

1.3.3.5 Sondagem rotativa

A sondagem rotativa é empregada na perfuração de rochas, matacões e solos de alta


resistência. Tem como objetivo principal a obtenção de testemunhos (amostras de
rocha) para identificação das descontinuidades do maciço rochoso, mas permite ainda a
realização de ensaios "in situ", como por exemplo o ensaio de perda d'água ou
infiltração. O equipamento para a realização da sondagem rotativa compõe-se de uma
haste metálica rotativa dotada, na extremidade, de uma ferramenta de corte, denominada
coroa, bem como de barriletes, conjunto motor-bomba, tubos de revestimento e sonda
rotativa. A coroa é uma peça constituída de aço especial com incrustações de diamante
ou vídia nas extremidades na Figura 35b são apresentados os diferentes tamanhos de
coroas.
As sondas rotativas imprimem o movimento de rotação, recuo e avanço nas hastes.
Através desse movimento, a coroa, vai desgastando a rocha e permitindo a descida do
tubo de revestimento e alojamento do testemunho no interior do barrilete. As hastes são
ocas, para permitir a injeção de água no fundo da escavação a fim de refrigerar a coroa e
carregar os detritos da perfuração até superfície (Figura 36).
A utilização de tubos de revestimento é indispensável quando as paredes do furo
apresentarem-se instáveis, com tendência ao desmoronamento, pondo em risco a coluna
de perfuração. Os revestimentos também são necessários quando se atravessa uma
formação fraturada ou muito permeável, causando perdas consideráveis de água de
circulação. Os revestimentos são tubos de aço com paredes finas, mas de elevada
resistência mecânica, com comprimento de 1 a 3m, rosqueados nas extremidades. A
execução da sondagem rotativa consiste basicamente na realização de manobras
consecutivas de movimento rotativo para o corte da rocha. O comprimento da manobra
é determinado pelo comprimento do barrilete, em geral 1,5 a 3,0m. Terminada a
manobra, o barrilete é retirado do furo e os testemunhos são cuidadosamente retirados e
colocados em caixas especiais com separação e obedecendo a ordem de avanço da
perfuração (Figura 37).

Os resultados da sondagem são apresentados na forma de um perfil individual de cada


furo, contendo cotas e descrição dos testemunhos. A descrição dos testemunhos inclui a
classificação litológica (gênese, mineralogia, textura e cor), o estado de alteração da
rocha e o grau de fraturamento. O estado de alteração é um fator qualitativo e subjetivo
para expressar o grau de alteração da rocha, a saber: rocha extremamente alterada ou
decomposta, muito alterada, medianamente alterada, pouco alterada. O grau de
fraturamento é expresso através do número de fragmentos por metro, o qual é obtido
dividindo-se o número de fragmentos recuperados em cada manobra pelo comprimento
da manobra.
O critério adotado na classificação é o seguinte:

Em 1960, Deere apresentou o Rock Quality Designation (RQD), um método simples e


prático para a descrição da qualidade do maciço rochoso amostrado em testemunhos de
sondagens, ilustrado na Figura 38. A Tabela 12 apresentada a classificação da rocha em
função do RQD.
1.3.3.6 Sondagem mista

Sondagem mista é aquela em que são executados os processos de percussão associados


ao processo rotativo. Os dois métodos são alternados de acordo com as camadas do
terreno. É recomendada para terrenos com presença de blocos de rocha, matacões,
sobrejacentes a camadas de solo. A maioria dos casos de sondagem mista inicia-se, pelo
método à percussão, atingindo o impenetrável por esse método, reveste-se o furo e
passa-se ao processo rotativo. Quando ocorre novamente a mudança de material (rocha
para solo), interrompe-se a manobra e o furo prossegue por percussão com medida do
índice de resistência à penetração. Os resultados são apresentados conforme já
comentado anteriormente para cada caso.

1.2.3.7 Amostragem

A amostragem é o processo de retirada de amostras de um solo com o objetivo de


avaliar as propriedades de engenharia do mesmo. As amostras obtidas podem ser de
dois tipos: (i) amostras deformadas e (ii) amostras indeformadas.

- Amostras deformadas: As amostras deformadas são aquelas que conservam as

composições granulométrica e mineral do solo "in situ" e se possível sua umidade

natural, entretanto, a sua estrutura foi perturbada pelo processo de extração. São

obtidas por meio de pás, picaretas, trados e etc. As amostras deformadas são

utilizadas para execução dos ensaios de caracterização do solo (granulometria, limites

de consistência, massa específica dos sólidos), ensaios de identificação táctil-visual,

ensaios de compactação e moldagem de corpos de prova.

- Amostras indeformadas: São aquelas que conservam tanto as composições

granulométrica e mineral do solo, quanto o teor de umidade e a estrutura. O termo

indeformada quer dizer que a amostra foi submetida ao mínimo de perturbação

possível, pois qualquer método amostragem sempre produz uma modificação no

estado de tensão o qual está submetido à amostra. As amostras indeformadas são

usadas na execução de ensaios de laboratório para obtenção dos parâmetros de

resistência ao cisalhamento e compressibilidade do solo. Podem ser obtidas por meio

de blocos indeformados ou por meio de amostradores de parede fina.

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