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Interação em Psicologia, 2007, 11(1), p.

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Dimensões transdisciplinares do trabalho de equipe


em intervenção precoce

Vítor Franco
Universidade de Évora – Portugal

RESUMO
O reconhecimento da importância dos primeiros tempos de vida no desenvolvimento da criança
mudou significativamente os campos da educação, saúde e proteção social. A Intervenção Precoce
representa a preocupação intencional de intervir ao nível do desenvolvimento, nomeadamente junto
das crianças mais pequenas que se encontram em risco de ter o seu percurso afetado. Mais do que a
solução para problemas específicos, falhas ou deficiências, o que está em causa é o desenvolvimento
global, presente e futuro, da criança, bem como da família e do contexto que a rodeiam. Esta
perspectiva global do desenvolvimento exige que o ponto de referência para os cuidados terapêuticos
e educativos seja, sempre, a pessoa encarada como um todo. A multiplicidade de profissionais e de
saberes não pode implicar o retalhamento da individualidade da criança ou a segmentação das suas
necessidades. A abordagem transdisciplinar permite ultrapassar as limitações de cada formação
disciplinar específica e ir ao encontro desta criança complexa, mas una, e do seu contexto.
Pretendemos refletir sobre as principais características e potencialidades do trabalho transdisciplinar
no âmbito da Intervenção Precoce, mostrando exemplos de como a sua utilização pode ser
concretizada nos domínios da detecção, avaliação, intervenção e acompanhamento das crianças.
Palavras-chave: intervenção precoce; transdisciplinaridade; equipe de intervenção.

ABSTRACT
Transdisciplinary dimensions of team work in early intervention
The recognition of the importance of the early life in the development of children has lead to
significant changes in care, education and health systems. Early intervention represents an intentional
concern to interfere in the development of the children, especially those who, showing a real or
potential disturbance, are in great danger of having their development affected. However, instead of
finding solutions to specific problems or handicaps, the aim here is to see the child present and future
development as a whole, as well as its family and background. This global approach demands that
both therapeutical and educative cares always view the Person as a whole. The multiplicity of
professionals and acquirements cannot lead to the fragmentation of the child individuality o its needs.
On the other hand, a transdisciplinary perspective allows passing beyond the limitations of each
specific subject training in order to meet this complex, yet one only child and its context. We intend to
think about the features and potentialities of transdisciplinary work in early intervention, introducing
examples on how it can be used on detection, evaluation, intervention and care of these children.
Keywords: early intervention; transdisciplinarity; intervention team.

DIMENSÕES TRANSDISCIPLINARES DOS O próprio progresso da ciência e dos saberes práti-


SABERES TEÓRICOS E PRÁTICOS cos assenta nesta possibilidade de segmentar o real de
forma a melhor podermos lidar com ele, ou seja, de o
São os quadros de referência teóricos e técnicos
conhecermos mais profunda e minuciosamente e sobre
que habitualmente utilizamos que nos conduzem nas
ele produzirmos conhecimento.
nossas abordagens da realidade. Olhando para uma
mesma realidade, as formas que dela emergem estão
de acordo com o que nos habilita a vê-las: a nossa O nascimento da ciência moderna e contemporânea
trouxe como conseqüência um deslocamento do es-
experiência, expectativas, valores, formação e perso- tatuto da verdade do sujeito para o objeto... Nós nos
nalidade. dirigimos, na busca da verdade, muito mais ao
objeto que ao sujeito... esta suposição de que a ver-
dade opera assim, ou seja, que está absolutamente
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colada ao objeto... permeia a Psicologia e, portanto, intervir sobre a realidade. Em que a Pessoa, no seu
permeia as diversas disciplinas que se alimentam todo, é subalternizada pela lógica da segmentação em
dela. E uma vez que se supõe que a verdade está no função dos saberes, práticas e técnicas.
objeto, quanto menor o objeto, maior o nível de cer-
teza que sobre ele se pode atingir. Assim é que surge Apesar de tudo, a expressão “Pessoa portadora de
a fragmentação que vai dar nas especializações... É deficiência” remeteu para uma abordagem em que a
por isso que o discurso das especialidades faz a pessoa readquire o primeiro lugar. Esta pequena mu-
resistência à interrogação sobre a subjetividade. dança é relevante a dois níveis. Primeiramente, situa
(Kupfer, 2000, p. 86) as necessidades e problemáticas no campo dos direitos
da pessoa, dos direitos humanos, dando uma nova
Ao nível da formação e das práticas profissionais, dimensão às questões da inclusão, mas também, de
isto tem conduzido a uma maior especialização, em um modo mais específico, a todas as práticas e servi-
que cada profissional sabe cada vez mais do seu do- ços prestados a essas pessoas. A um segundo nível,
mínio (que se vai estreitando) sabendo cada vez me- aquele que agora mais nos interessa, remete-nos para
nos dos restantes. Nessa medida, o distanciamento em a necessidade de retomar uma perspectiva holística,
relação ao real total tenderá a aumentar por parte da integrada e multidimensional de pessoa. A questão é:
generalidade dos profissionais. quem trata da Pessoa? Sabemos quem cuida dos as-
Também no que se refere ao desenvolvimento das pectos motores, dos problemas com os dentes ou o
crianças com deficiência ou com algum tipo de per- estômago, das aprendizagens ou até das carências
turbação, este mesmo movimento levou a que tives- sociais específicas. Mas se a Pessoa é mais do que
sem sido entregues a especialistas. Primeiro aos espe- isso, quem é, ou quem são, os técnicos capazes de
cialistas em educação, peritos em perturbações do abordar e responder às suas necessidades? Nem preci-
desenvolvimento, ou educação especial, entregando o samos colocar a nossa interrogação numa perspectiva
problema para ser resolvido por quem melhor se espe- existencial, podemos começar mesmo por nos interro-
rava que o pudesse entender, numa perspectiva unifa- gar no domínio pragmático dos cuidados.
torial. A Pessoa é o sujeito e o objeto dos cuidados. E o
A primeira conseqüência deste movimento foi que valor de uma intervenção específica (seja educativa ou
à idéia de Pessoa se sobrepôs a de deficiente, ou de médico-cirúrgica) tem de ser sempre avaliada tendo
patologia, problema e limitação. O objetivo passou a em conta este princípio. Por isso temos de reencontrar
ser a reabilitação, e esta seria a finalidade de toda a hoje alguns movimentos de busca da totalidade e da
intervenção, ou conjunto das diferentes intervenções. síntese complexa de cada indivíduo.
Tratava-se de resolver, minorar ou atenuar as conse- Se pensarmos ainda que a Pessoa é ela e mais os
qüências e implicações do problema num domínio seus contextos e as suas relações, qual poderá ser o
especifico. Os serviços passaram a organizar-se tendo profissional capaz de cuidar de toda essa complexida-
em conta a especificidade da patologia, ou deficiência, de? Esta exigirá um novo profissional ou mais uma
e os técnicos passaram a ser chamados em função do nova profissionalidade? Certamente uma nova prática
contributo específico trazido para a compreensão ou profissional que não perca de vista o todo e o multi-
intervenção naquela patologia. dimensional. A necessidade de trabalhar com o outro,
Num segundo momento, foi a própria concepção de se ultrapassar o domínio disciplinar, é, assim, um
de deficiência que se pulverizou face à diversificação imperativo para um trabalho deste tipo que aponta
e especialização dos saberes. Perdida a importância da para a inclusão educativa plena (Correia, 1997;
noção de Pessoa, facilmente o, até aí, “deficiente” Simon, 1991; Unesco, 1994).
passou a ser atendido por múltiplos especialistas, cada Cuidar das crianças no seu todo exige também uma
um na área da sua especialidade e de acordo com as perspectiva de desenvolvimento, e a humildade de
patologias ou as necessidades específicas. Os cuida- reconhecermos a nossa inevitável incompetência para
dos que passaram a ser prestados foram os derivados resolver o problema, ou a parte mais importante do
ou requeridos por essa patologia, sendo que tudo o problema. Para assim podermos aceitar que tudo
mais deixou de ser considerado por se situar fora do aquilo que encontremos no quadro do nosso pensa-
âmbito desse especialista. mento profissional é apenas uma parte desse problema
A segmentação disciplinar dos saberes relaciona-se ou da sua solução, limitada sempre pelo papel que a
diretamente com uma forma de abordar, pensar e família e os outros técnicos possam ter nela. Quando

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hoje pensamos sobre a necessidade de cuidarmos do tal, que podem limitar a capacidade da criança tirar o
desenvolvimento das crianças desde muito cedo, máximo de partido de experiências de aprendizagem
especialmente daquelas que por alguma razão o têm fundamentais, fatores de risco biológico (por exemplo,
ameaçado, temos de o fazer a partir desta perspectiva, as resultantes de um quadro de prematuridade) e fatores
sem a ilusão de soluções simples e milagrosas. de risco decorrentes de condições médicas específicas
A Intervenção Precoce, como cuidado do desen- ou síndromes (Apolónio, Rubin, Castilho & Franco,
volvimento infantil, vai ao encontro da necessidade de 2000).
perspectivas de Pessoa e de Desenvolvimento que A Intervenção Precoce assenta sobre os contributos
ultrapassem as limitações disciplinares. A transdisci- conceptuais que lhe são fornecidos por três grandes
plinaridade oferece-se à Intervenção Precoce como áreas do saber: as neurociências, a investigação sobre
uma abordagem promissora e profícua, que pode desenvolvimento dos bebês e as perspectivas contex-
ultrapassar as limitações de uma prática educativa tuais e ecológicas do desenvolvimento. Das Neuro-
meramente disciplinar, e também oferecer uma meto- ciências recebeu a ênfase na fragilidade e maleabili-
dologia de trabalho mais abrangente e integradora. É dade neurológica dos bebês e das crianças pequenas, o
nossa intenção refletir sobre as principais característi- que por um lado as torna mais vulneráveis às situa-
cas e potencialidades do trabalho transdisciplinar no ções de risco, mas, por outro, faz com que também
âmbito da Intervenção Precoce, mostrando como a sua tenham uma maior plasticidade, permitindo que uma
utilização pode ser concretizada nos domínios da de- intervenção que ocorra mais precocemente possa ter
tecção, avaliação, intervenção e acompanhamento das maior impacto e maior probabilidade de alcançar bons
crianças até aos seis anos. resultados.
A investigação na área do desenvolvimento infan-
A TRANSDISCIPLINARIDADE NA til, por seu lado, permitiu atribuir uma importância
INTERVENÇÃO PRECOCE fundamental à relação interpessoal mãe-bebê, mos-
trando que a boa qualidade das relações desempenha
A Intervenção Precoce um papel fulcral no desenvolvimento das crianças,
assim como também conhecer melhor o papel ativo do
A Intervenção Precoce tem deixado de ser um ser- bebê e as competências do recém-nascido, salientando
viço de estimulação pontual das crianças com defi- o seu potencial para agir socialmente. Isto contribuiu
ciência, transtornos do desenvolvimento ou objeto de para se passar a dar mais atenção e valor às interações
algum tipo de maltrato social (Bailey, Hebbeler, precoces no processo de desenvolvimento, levando a
Scarborough, Spiker & Malik, 2004). O conceito de que, de uma intervenção centrada exclusivamente na
Estimulação Precoce, que a precedeu, centrava-se criança, se evoluísse para uma intervenção mais preo-
especificamente sobre a necessidade de estimular a cupada com a qualidade e natureza das interações.
criança, pondo em ação as suas competências motoras
e sensoriais, de forma a obter maior qualidade nesses Por outro lado, as perspectivas contextuais e eco-
domínios. Hoje, o conceito de Intervenção Precoce é lógicas do desenvolvimento evidenciaram que este
mais vasto e dimensional, podendo ser definido como não se encontra apenas relacionado com os processos
o conjunto das intervenções dirigidas às crianças, até internos ou as interações, mas também com as rela-
aos 6 anos, com problemas de desenvolvimento ou em ções com os diferentes contextos que circundam a
risco de os virem a apresentar, suas famílias (Correia criança, desde um nível de maior proximidade a um
& Serrano, 1998) e contextos, tendo por objetivo res- nível mais abrangente e lato.
ponder, o mais cedo possível, às necessidades, transi- A Intervenção Precoce pode ser definida também
tórias ou permanentes que apresentam. Torna-se assim como
parte essencial dos sistemas educativos, de saúde e de
proteção social à infância nos diferentes países. uma medida de apoio integrado centrada na criança
São crianças com perturbações do desenvolvi- e na família, mediante ações de natureza preventiva
e habilitativa, designadamente do âmbito da educa-
mento todas as que apresentam qualquer alteração no ção, saúde e ação social, que permite assegurar con-
curso normal de desenvolvimento, e em situação dições facilitadoras do desenvolvimento da criança
de risco aquelas em que se detecta a probabilidade de com deficiência ou em risco de atraso grave de
ocorrer uma alteração desse tipo. Entre os fatores desenvolvimento, potenciar as interações familiares
de risco incluem-se as situações de privação ambien- como suporte da sua progressiva capacitação e auto-

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nomia face à problemática da deficiência. (Diário da ambiente, com o objetivo de criar condições favorá-
República, 1999, p. 15.566) veis ao seu desenvolvimento.
Estas intervenções devem considerar sempre a glo-
Esta definição enuncia-nos os três grandes princí- balidade da criança, sendo planificadas e implementa-
pios da Intervenção Precoce: o princípio da globalida- das por uma equipe de diferentes profissionais, numa
de, na medida em que encara a criança como um todo orientação interdisciplinar ou transdisciplinar (Shonkoff
e o apoio como integrado. Defende que as ações a & Meisels, 2000).
desenvolver nos diferentes domínios devem ser con-
jugadas e integradas. O princípio da contextualidade,
TRABALHO DE EQUIPE EM
porque a criança é vista no quadro do seu contexto de
vida, não apenas familiar, mas também social e cultu-
INTERVENÇÃO PRECOCE
ral. É, por isso, importante que na intervenção se Todas estas fases são levadas a cabo por equipes
conjuguem esforços de diferentes áreas e saberes, formadas por diferentes profissionais, com formação
considerando-se não só os processos intrapessoais, especializada nos respectivos domínios, que lhes dá a
mas também os interpessoais e as transações no âm- qualificação adequada para exercer eficazmente as
bito do contexto social mais alargado. Por fim, o prin- suas funções. Cada equipe de Intervenção Precoce é
cípio da oportunidade, porque a intervenção deve “uma unidade funcional composta por indivíduos com
ocorrer no tempo certo. Quer esse tempo certo seja formação especializada e variada e que coordenam as
antes do problema (perspectiva de prevenção) quer suas atividades a fim de prestar os seus serviços às
seja logo que possível (problema da detecção precoce), crianças e famílias” (Golin & Ducanis, 1981, p. 24).
mas sempre de imediato. Se é certo que a Intervenção Precoce exige uma
Os grandes objetivos da Intervenção Precoce são multiplicidade de saberes, formações e intervenções
assim: criar as condições mais facilitadoras do bom que têm de se fazer conjugadamente, podemos consi-
desenvolvimento e que permitam eliminar ou diminuir derar que existem três grandes modelos de organiza-
o risco; facilitar a integração da criança no meio fa- ção e trabalho em equipe: multidisciplinar, interdisci-
miliar, escolar e social e a sua autonomia pessoal, plinar e transdisciplinar. A forma como estas equipes
através de uma redução dos efeitos de uma deficiência se organizam pode diferir bastante. Os profissionais,
ou déficit; reforçar as boas relações e competências oriundos das diferentes áreas do saber, tanto podem
familiares através da promoção de uma boa base emo- atuar conjuntamente como de uma forma individuali-
cional de suporte; e introduzir mecanismos de com- zada com uma mesma criança, numa mesma proble-
pensação e de eliminação de barreiras. Tudo isto con- mática, consoante o modelo de intervenção que a
siderando sempre a criança como sujeito ativo no equipe adotou na sua prática.
processo, envolvendo a comunidade na integração e O modelo multidisciplinar reconhece a necessidade
fomentando redes de suporte emocional à criança e à de múltiplos profissionais que avaliem e intervenham,
família. de acordo com a situação e necessidades da criança,
A Intervenção Precoce é um processo que se com- nomeadamente a sua patologia. No entanto, o resultado
põe de diferentes fases. A fase de detecção consiste no é mais o somatório das atividades individuais dos
procurar, em toda a população, de forma sistemática, diferentes técnicos, que tendem a trabalhar e a tomar
os indicadores para futuras medidas individualizadas. decisões isoladamente, não sendo postas em questão
De seguida temos as fases de identificação ou sinali- as suas perspectivas pessoais, porquanto se parte do
zação, em que se procuram os sinais ou sintomas que princípio que cada um sabe o que é melhor para
sugerem que o desenvolvimento da criança pode estar aquela situação. A orientação que cada técnico vai
em risco ou a progredir de forma atípica. Esta é uma seguir depende da sua perspectiva profissional e da
formação que possui e cada um tenderá a tomar deci-
dimensão preventiva fundamental porque para se
sões e a trabalhar isoladamente, sendo fraca a interli-
intervir precocemente há que identificar e orientar
gação e a coordenação entre as ações e os programas
precocemente. As fases de avaliação, diagnóstico e
de intervenção. Este modelo pode conduzir a inter-
planejamento da intervenção, visam caracterizar a
venções ou orientação dos casos eventualmente con-
natureza da problemática em causa, as necessidades
traditórias ou concorrentes, sendo difícil a definição
que daí decorrem, e planejar o bom uso dos recursos de prioridades. Assim como faz com que seja difícil
disponíveis. Por fim, a intervenção inclui todas as
atividades dirigidas à criança, à sua família e ao
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chegar a entender a pessoa na sua globalidade e totali- em vez de elaborar logo o seu próprio programa de
dade. intervenção setorial ou de remeter a criança para múl-
O modelo interdisciplinar é mais integrado que o tiplas avaliações.
anterior. Nele passa a existir uma estrutura formal de b) Avaliação da criança – No modelo transdisci-
interação e de trabalho de equipe. A partilha de infor- plinar a avaliação é feita por todos os membros da
mação é mais freqüente e assumida como fundamen- equipe de forma compreensiva e global, em conjunto
tal. No entanto, o fator decisivo nas tomadas de deci- com a família que participa ativamente em todas as
são sobre o planejamento ou a intervenção continua a fases. Procura não duplicar processos de avaliação e
ser a perspectiva de cada disciplina ou de cada especia- que cada observação efetuada recolha o máximo de
lista. Como é cada profissional que faz a sua própria informação sobre o desenvolvimento global e cada
avaliação e seleção de prioridades, a tomada de deci- uma das áreas de competência da criança. Enquanto
são quanto à orientação do caso tende a refletir as que nas equipes multidisciplinares ou interdisciplinares
relações de poder entre os técnicos, mais do que as a avaliação é feita em separado, por cada especialista,
reais necessidades da criança ou da família. podendo existir mais ou menos partilha de informa-
O modelo que mais poderá adequar-se ao trabalho ção, neste modelo procuram-se formas de avaliação
em Intervenção Precoce é o transdisciplinar. Em pri- que perturbem minimamente a atividade da criança, as
meiro lugar supõe a existência de um conceito de suas relações.
equipe mais forte, estruturado e dinâmico em que: c) Participação das famílias – A família participa
a) há total co-responsabilidade, de todos os mem- ativamente em todo o processo, desde a avaliação até
bros da equipe, nas tomadas de decisão e na ao planejamento, implementação das ações e progra-
avaliação dos resultados; mas. Esta participação é um elemento fundamental,
b) o dinamismo de toda a equipe, incluindo as in- podendo considerar-se que a própria intervenção é
terações de suporte mútuo entre os seus mem- centrada na família. Nos outros modelos a família,
bros, é vivido como elemento fundamental do mesmo reunindo individualmente com cada técnico,
próprio trabalho e da respectiva qualidade; ou com o representante da equipe, continua a ser sem-
c) é fundamental o suporte mútuo e a partilha de pre um elemento completamente exterior às tomadas
informação e conhecimento; e de decisão técnicas.
d) cada técnico integra conhecimentos e estratégias d) Responsabilidade pela intervenção – Na pers-
que ultrapassam a sua formação de base. pectiva de funcionamento transdisciplinar, todos os
Além disso, centra-se, fundamentalmente, nas ne- elementos da equipe são co-responsáveis por todos os
cessidades da Pessoa e não na especialização dos téc- momentos da intervenção. É sempre a equipe que
nicos. Em termos conceptuais, corresponde a um mo- assume, coletivamente, a responsabilidade pela inter-
vimento mundial no sentido da integração dos saberes venção, independentemente das tarefas concretas atri-
e da produção de novos tipos de conhecimento buídas aos seus membros, contrariamente ao que
(CRET, 1994) e tem a sua concretização prática na acontece nas outras perspectivas, em que a responsa-
forma de estruturar o trabalho em equipa (Iribarry, bilidade é do técnico que faz a intervenção direta.
2003). e) Planejamento da intervenção – Este é um dos
domínios em que mais facilmente podemos verificar a
Dimensões práticas do modelo transdisciplinar mudança que uma perspectiva transdisciplinar traz
O modelo transdisciplinar vai diferir bastante dos para uma equipe de Intervenção Precoce. Enquanto
diferentes modelos de equipes multidisciplinares e que, nas outras perspectivas, cada técnico apenas par-
interdisciplinares na abordagem das várias dimensões ticipa no planejamento da intervenção no seu domínio
do trabalho em Intervenção Precoce (Ferreira, 2001). específico de ação e, quando muito, na sua conjugação
Vejamos como se organizam essas diferenças: com outros interventores, aqui a equipe é responsável
a) Detecção e sinalização dos casos para interven- pela definição de um plano integrado, em que a famí-
ção – Relativamente à detecção e identificação de lia é igualmente chamada a participar, que tem em
casos elegíveis, o modelo transdisciplinar assenta no conta a globalidade das necessidades e dos recursos, e
princípio da cooperação e articulação entre técnicos e em que as prioridades são definidas em função da
serviços. Qualquer que seja o profissional que detecta própria criança e família.
a criança, encaminha-a o para a equipe de intervenção,

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f) Implementação do programa de intervenção – Temos encontrado muitas equipes fazendo a apo-


No modelo transdisciplinar todos os técnicos são co- logia do funcionamento transdisciplinar que nas suas
responsáveis pela implementação do programa, inde- práticas não conseguem fazer as alterações necessárias
pendentemente de quem o executa. Todos os técnicos para ultrapassar as disciplinares (Correia & Franco,
têm permanentemente em consideração os objetivos 2005). Se nem os membros de uma mesma equipe
definidos para a intervenção, havendo um responsável possuem informação convergente sobre a criança, a
pela sua execução, o responsável de caso. Se um téc- família ou o trabalho que está a ser desenvolvido, isso
nico desconhece o trabalho que a equipe está a desen- é certamente um indicador claro de reduzido trabalho
volver ou a forma como os pais estão envolvidos na em equipe. Para podermos pensar mais profunda-
intervenção (Correia & Franco, 2005) certamente não mente sobre as implicações do trabalho transdiscipli-
estamos perante uma prática transdisciplinar. nar, apresentamos dois exemplos de como um modelo
g) Pressupostos de funcionamento da equipe – To- deste tipo exige mudanças mais ou menos radicais.
dos os técnicos estão comprometidos em ensinar,
aprender e trabalhar em conjunto para implementar Espaço da equipe
planos de intervenção que ultrapassam os limites da Habitualmente os próprios espaços físicos são de-
sua disciplina. O que é bem mais do que o mero reco- finidos em função das especificidades profissionais e
nhecimento ou atribuição de espaço e valor às outras das relações de poder entre profissionais ou suas hie-
disciplinas. É assumir que as crianças e as famílias rarquias. Essas relações marcam-se, muitas vezes, pelo
necessitam de uma boa equipe mais do que de um próprio espaço físico de que cada um dispõe (gabinete,
bom técnico. sala de trabalho etc.).
h) Comunicação entre técnicos – As equipes Os serviços de atendimento de crianças também
transdisciplinares apostam na comunicação e partilha tendem a organizar-se assim: a sala do psicólogo, a
dos diversos saberes, integrando os conhecimentos e sala o técnico de serviço social, a sala da educadora. A
estratégias dos diferentes profissionais através de reu- perspectiva subjacente é disciplinar, ou seja, a criança
niões estruturadas e de uma ligação permanente. Nou- deve deslocar-se ao espaço próprio de um profissional
tros tipos de equipe, a comunicação entre membros que ali a acolhe, na sua privacidade. A criança é sem-
tende a ser mais esporádica, em reuniões periódicas, pre uma visita, um intruso num espaço que tende a ser
encontros formais e consultas ou faz-se fundamental- bem marcado e demarcado (pelas fotos, imagens, ob-
mente através de registros e relatórios escritos. jetos pessoais, casacos, malas etc.) do profissional.
i) Aprendizagem e formação dos técnicos – A for- Por outro lado, o contacto entre profissionais exige
mação dos técnicos assenta numa aprendizagem trans- que cada um deixe o seu espaço próprio e vá ao en-
disciplinar, centrada nas problemáticas e não na for- contro do outro num espaço neutro (sala de reuniões)
mação de base. Cada um aprende com (ou a partir de) ou no de alguém hierarquicamente superior (e por isso
os outros elementos da equipe. com um gabinete maior). Tal organização e distribui-
j) Implicações organizacionais – A prática trans- ção do espaço é dificilmente conciliável com uma
disciplinar aponta para uma organização em equipes perspectiva de trabalho de equipe e, mais ainda, com
maleáveis, com partilha de responsabilidades, sendo o uma perspectiva transdisciplinar.
responsável de caso quem articula a equipe com a Tivemos oportunidade de implementar um outro
família. Fugindo assim à estrutura orgânica mais cor- conceito de definição e distribuição dos espaços no
porativa, por departamentos criados em função das Centro de Desenvolvimento e Intervenção Precoce da
especialidades (psicólogos, fisioterapeutas etc.). Associação de Paralisia Cerebral de Évora, instituição
que trabalha com crianças com paralisia cerebral e
Exemplos de dimensões transdisciplinares doenças neurológicas afins, possuindo uma equipa
As mudanças que a transdisciplinaridade exige e multidisciplinar. Foi decidido que não haveria gabi-
oferece na forma de trabalhar repercutem-se em múl- netes definidos e atribuídos em função dos técnicos,
tiplos aspectos, muito particularmente no trabalho mas sempre em função das tarefas e dos serviços.
técnico e das equipes. É impossível pretender uma Daqui decorreram diretamente duas conseqüências:
prática transdisciplinar querendo manter intacta a 1ª – Os espaços passaram a ser definidos para as
organização até aí multidisciplinar. crianças. É cada criança, e cada binômio criança/ati-
vidade, que se apropria do espaço próprio. A sala de

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educação, o ginásio, a sala de atividade motora etc., vimento é fundamental em toda a Intervenção Precoce
pertencem à criança e é onde cada técnico vai traba- e no sentido em que a informação e o conhecimento
lhar, ou não, consoante aquilo que está definido pelo que traz são relevantes para a intervenção, participa
seu próprio plano de intervenção. Os espaços tornam- ativamente nas diferentes fases do processo, as suas
se mais polivalentes e, sendo partilhados pelos técni- necessidades (explicitas ou não) são tidas em conside-
cos, são mais marcados e assumidos pelas crianças do ração e aprende com os técnicos quando eles parti-
que por estes. lham informação e a tornam assim mais capaz. Mas,
2ª – Passou a existir uma sala de equipe, sala de por outro lado a família é também o usuário de um
trabalho de todos os técnicos quando não estão no serviço e, por isso, tem direitos que se ligam com a
atendimento direto das crianças. Esse espaço é não qualidade do apoio que recebe. Não pode pois, ser
apenas o de reunião formal da equipe, como de en- responsabilizada e culpabilizada pelo que possa não
contro informal e permanente entre técnicos. Funcio- correr bem no processo. Tem também direito a ser
nando como espaço permanente interlocução e de cuidada no seu próprio desenvolvimento (Franco &
suporte, os técnicos deixaram de trabalhar no isola- Apolónio, 2002) e tem de ser respeitada e entendida
mento dos seus gabinetes para passarem a dispor de nas suas limitações, fragilidades e necessidades. E
um contexto verdadeiramente promotor do trabalho de isso é responsabilidade dos profissionais, ou seja, da
equipe, promovendo também a proximidade afetiva, equipe.
imprescindível ao trabalho com crianças com pertur-
bações graves do desenvolvimento. CONCLUSÃO
A crescente importância dada aos primeiros tem-
Responsável de caso pos de vida tem levado ao questionamento dos cuida-
Um segundo exemplo refere-se à figura do respon- dos com o desenvolvimento das crianças menores e à
sável de caso, alguém que pode ter também uma fun- procura da máxima eficácia na resposta às suas neces-
ção transdisciplinar. sidades. A Intervenção Precoce surge, neste contexto,
A competência de gestão de um caso, ou seja, da como uma procura intencional de intervir no desen-
situação de uma criança/família implicada num pro- volvimento das crianças, especialmente aquelas que,
cesso de Intervenção Precoce, é específica e ultrapassa pela perturbação existente, suspeitada ou apenas po-
os limites de qualquer formação especializada. Muitas tencial, se encontram, de algum modo, em risco de ter
vezes os técnicos se questionam como é possível o seu desenvolvimento afetado.
explicar às famílias o que está a acontecer nesta ou No entanto, não se trata de uma tentativa de reme-
naquela terapia e se tal explicação não terá de ser diar problemas específicos ou recuperar falhas objeti-
sempre dada pelo técnico que a está realizando. Inde- vas e delimitadas, como o conceito, mais antigo, de
pendentemente desse técnico ser ou não chamado a Estimulação Precoce poderia sugerir. O que está em
estar com a família, com maior ou menor regularida- causa é todo o desenvolvimento da criança, a família e
de, numa equipe transdisciplinar o responsável de o contexto em que ele decorre.
caso tem de estar em condições de se tornar interlo- Esta perspectiva global do desenvolvimento exige,
cutor e suporte de cada família. Este não é trabalho assim, que os cuidados, terapêuticos, educativos ou
apenas do psicólogo, ou do técnico de serviço social. outros, tenham de ter sempre como referência uma
Talvez, pela sua formação, estes possam estar mais totalidade: a criança na sua complexidade e na multi-
preparados para desempenhar tal tarefa, tão intrinse- dimensionalidade das suas características e qualida-
camente relacional, mas esse é o desafio formativo da des. A multiplicidade de profissionais e saberes não
transdisciplinaridade: o desenvolvimento de compe- pode conduzir ao retalhamento da individualidade da
tências múltiplas que ultrapassem definitivamente o criança, ou à segmentação das suas necessidades.
treino técnico que corresponde a uma especialidade. A
formação transdisciplinar exige certamente o desen- A abordagem transdisciplinar é mais do que uma
volvimento de competências no domínio das relações forma de organização de equipe. Permite cuidar da
interpessoais e do trabalho de equipe. criança (e família) como uma globalidade, indo ao
encontro desta criança complexa, com o seu contexto.
Por vezes afirma-se que a própria família deve ser Pretende e permite cuidar da criança no seu todo, crian-
considerada como parte integrante da equipe transdis- ça-familia-contexto porquanto desenvolve uma atitude
ciplinar. Talvez o seja na medida em que o seu envol- face aos determinantes da intervenção que assume

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uma perspectiva global, sistêmica, contextual ou eco- rentes saberes) e do exterior, funcionando cada técnico
lógica da Pessoa. como via de alimentação formativa de toda a equipe.
Ao nível da organização da equipe, a perspectiva A atitude face ao outro passa, em primeiro lugar,
transdisciplinar é também multidisciplinar porquanto pela possibilidade de aceitar e valorizar as suas compe-
subentende que a equipe é composta por profissionais tências, ultrapassando as tentações corporativas. Passa,
de múltiplas formações e proveniências e, de certo depois, pela ênfase nas relações humanas, interpessoais,
modo, é também sempre interdisciplinar no sentido da dentro do próprio grupo. É a qualidade dessa relação
interação e comunicação que tem de existir entre os que vai ser decisiva no desenvolvimento da qualidade
seus membros. No entanto, além disso, pressupõe uma e competência da equipe, sendo também o suporte
atitude quanto ao funcionamento da equipe, alicerçada emocional do trabalho, emocionalmente duro, que se
na valorização da equipe enquanto instrumento pres- desenvolve na Intervenção Precoce. Passa ainda pelo
tador dos cuidados e em sentimentos de pertença e encontrar estruturas organizacionais em que o con-
empenhamento. Tem em conta também a possibilidade ceito de equipe transdisciplinar não se choque com
de cada um encontrar o seu lugar no seio da equipe, estruturas hierárquicas rígidas, em que os processos de
com os confrontos necessários e a contestação que decisão possam ser demasiado afetados por fatores
pode ser frutuosa. Outra das marcas fundamentais da exteriores ao funcionamento técnico da equipe.
transdisciplinaridade, a este nível do funcionamento
de equipe, é a da co-responsabilidade.
Permite também ultrapassar as limitações da for-
REFERÊNCIAS
mação disciplinar, para melhor saber responder às Apolónio, A., Rubin, L., Castilho, C., & Franco, V. (2000). Inter-
venção precoce no desenvolvimento de crianças com paralisia
necessidades reais da criança. Ultrapassa os limites do cerebral. Em C. Machado e cols. (Org.), Interfaces da psicolo-
saber disciplinar na medida em que exige que os téc- gia: Vol. I (p. 138-145). Évora: Universidade de Évora.
nicos tenham uma atitude de partilha face aos seus Bailey, D. B., Hebbeler, K., Scarborough, A., Spiker, D., & Malik,
próprios saberes, de disponibilidade para dar e receber S. (2004) First experiences with early intervention: a national
informação, o que coloca exigências ao nível da utili- perspective. Pediatrics, 113(4), 887-896
zação de uma linguagem, terminologia e conceitos Correia, E., & Franco, V. (2005). Envolvimento parental no tra-
que possam ser partilhados por toda a equipe e pelas balho terapêutico – Representações dos técnicos das equipes de
próprias famílias. Isso passa também pela atitude face Intervenção Precoce. Em F. Vicente Castro e cols. (Org.),
à comunicação e à transferência de conhecimentos e Psicologia y educación: Nuevas investigaciones (p. 167-184).
Infad: Universidad de Extremadura.
competências. Essa é sem dúvida a atitude funda-
mental do funcionamento transdisciplinar: exige um Correia, L. M. (1997). Alunos com necessidades educativas espe-
ciais nas classes regulares. Porto: Porto Editora .
posicionamento de aceitação, receptividade e valori-
zação perante o saber do outro. Correia, L. M., & Serrano, A. M. (1998). Envolvimento parental
em intervenção precoce – das práticas centradas na criança à
As dificuldades em desenvolver uma prática trans- práticas centradas na família. Porto: Porto Editora.
disciplinar em Intervenção Precoce situam-se geral- CRET – Centre de Recherche et Études Transdisciplinarité (1994).
mente a dois níveis: o da formação transdisciplinar e Carta da transdiciplinaridade. Arrábida, Portugal: CRET.
da atitude face ao outro. Diário da República (1999). Despacho Conjunto 891/99, Orienta-
A prática transdisciplinar exige que, para além das ções reguladoras da intervenção precoce para crianças com de-
ficiência ou em risco de atraso grave do desenvolvimento e su-
competências técnicas específicas, os diferentes pro- as famílias. 19.10.1999. p. 15.566-15.568.
fissionais estejam preparados para o trabalho de equipe,
Ferreira, M. C. (2001). Organização das equipes técnicas. Em C.
nomeadamente para a cooperação. Exige ainda com- Louro (Org.), Acção social na deficiência (p. 78-94). Lisboa:
petências relacionadas com a comunicação e a partilha Universidade Aberta.
de informação e com o domínio da terminologia e Franco, V., & Apolónio, A. (2002). Desenvolvimento, resiliência
conceitos que permitam o trabalho transdisciplinar. e necessidades das famílias com crianças deficientes. Revista
Cada profissional deve ser capaz de se situar perante Ciência Psicológica, 8, 40-54.
cada caso ou problema (ou seja, situar a sua perspectiva Golin, A. K., & Ducanis, A. J. (1981). The interdisciplinary team:
de abordagem específica), mas sem deixar de situar o A handbook for the education of special children. Aspen:
seu lugar no processo, sabendo identificar o seu con- Rockville.
tributo específico para todos os processos de tomada Iribarry, I. N. (2003). Aproximação sobre a transdisciplinaridade:
de decisão da equipe. Ainda ao nível da formação, a Algumas linhas históricas, fundamentos e princípios aplicados
transdisciplinaridade exige uma postura de formação ao trabalho de equipe. Psicologia: Reflexão e Crítica, 16(3),
483-490.
permanente a partir da própria equipe (e dos seus dife-
Interação em Psicologia, Curitiba, jan./jun 2007, (11) 1, p. 113-121
Trabalho de equipe em intervenção precoce 121

Kupfer, M. C. (2000). Notas sobre o diagnóstico diferencial da Unesco (1994). Declaração de Salamanca e enquadramento da
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105. Especiais: Acesso e Qualidade. Lisboa: Ministério da Educação.
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intervention. Cambridge University Press. Recebido: 18/10/2006
Revisado: 31/05/2007
Simon, J. (1991). A integração escolar das crianças deficientes. Aceito: 09/06/2007
Rio Tinto: Asa.

Sobre o autor:
Vítor Franco: Professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Évora – Portugal.
Endereço para correspondência: vfranco@uevora.pt.

Interação em Psicologia, Curitiba, jan./jun. 2007, (11) 1, p. 113-121

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