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Aberturas de xadrez

Os Movimentos de Abertura, ou simplesmente Aberturas, ou Defesas, são sequências de


movimentos iniciais do jogo de xadrez, desenvolvendo-se as peças de forma a garantir uma
disposição sólida de defesa e um ataque eficientemente bom. É a batalha pelo centro, se
desenvolve as peças menores em certas linhas retas de ação, iniciando a pressão sobre o centro.

Existem dezenas de aberturas diferentes, com centenas de variantes catalogadas, onde a Oxford
Companion to Chess reconheceu 1 327 aberturas e variantes. Estas possuem nomes como por
exemplo Defesa Siciliana ou Gambito da dama recusado, que geram variações desde posições
tranquilas (por exemplo Abertura Réti e algumas linhas do Gambito da Dama Recusado) a táticas
de jogo arrojadas (por exemplo Gambito Letão e Defesa dos dois cavalos). Em algumas linhas de
aberturas, os movimentos considerados melhores têm sido estudados até o vigésimo lance,
onde enxadristas profissionais dedicam anos de estudos em aberturas, e a teoria das aberturas
continua a evoluir.

Os trabalhos que catalogam as sequências padrão de movimentos de aberturas, são


denominados "Livro de Movimentos" (como trabalho de referência The Encyclopaedia of Chess
Openings). Estes trabalhos em sua maioria apresentam as aberturas usando notação algébrica
(representação das casas do tabuleiro) e árvores de aberturas. Quando um jogo começa a se
desviar da teoria de aberturas conhecidas, os jogadores dizem estar "fora do livro".[2]

a b c d e f g h

Chessboard480.svga8 preto torreb8 preto cavaloc8 preto bispod8 preto rainhae8 preto reif8
preto bispog8 preto cavaloh8 preto torrea7 preto peãob7 preto peãoc7 preto peãod7 preto
peãoe7 preto peãof7 preto peãog7 preto peãoh7 preto peãoa2 branco peãob2 branco peãoc2
branco peãod2 branco peãoe2 branco peãof2 branco peãog2 branco peãoh2 branco peãoa1
branco torreb1 branco cavaloc1 branco bispod1 branco rainhae1 branco reif1 branco bispog1
branco cavaloh1 branco torre

7 7

6 6

5 5

4 4

3 3
2 2

1 1

a b c d e f g h

Objetivo da abertura

Embora exista uma larga variedade de abertura, os objetivos na essência são semelhantes. O
primeiro e mais importante objetivo é evitar perda de peças valiosas. Num conceito clássico, o
objetivo das brancas é atacar e das pretas é defender.[3] Entretanto modernamente já existem
aberturas que proporcionam o ataque das pretas.

Em uma análise detalhada, levando em consideração que os jogadores não irão cometer um erro
grave na abertura, os objetivos principais incluem:

Desenvolvimento: Mobilizar as peças para casas úteis, onde irão ter impacto no jogo. Para este
fim, cavalos são normalmente desenvolvidos os brancos para f3 e c3 e os pretos para f6 e c6
(algumas vezes e2, d2, e7, d7) e ambos os peões de e- e d- são movidos para os bispos poderem
se desenvolver (alternativamente, o bispo pode ser flanqueado com uma manobra em g3 e Bg2),
mobilização rápida é a chave. A rainha entretanto não é normalmente utilizada numa posição
central no início do jogo, pois é provável de ser atacada obrigando o jogador a perder tempo no
salvamento.

Controle do centro: Controlar as casas centrais permitem as peças serem movidas para qualquer
parte do tabuleiro com relativa facilidade, e pode ter um efeito devastador. Em uma visão
clássica, o melhor controle do centro é estabelecendo peões em d4 e e4 (ou d5 e e5 para as
pretas). Entretanto a Escola Hipermoderna demonstrou que não é necessário ocupar o centro
desta maneira, pois um peão muito avançado pode ser atacado, deixando a arquitetura de
defesa vulnerável.[4] A Escola Hipermoderna prega o controle do centro a distância, destruindo
a ocupação do oponente no centro, e apenas o tomando posteriormente no jogo. Isto leva a
aberturas tais como a Defesa Alekhine numa linha de 1. e4 Nf6 2. e5 Nd5 3. d4 d6 4. c4 Nb6 5. f4
(o Ataque dos quatro peões), a branca tem um formidável centro com peões, mas as pretas
esperam miná-lo posteriormente no jogo, deixando a posição das brancas exposta.

Proteger o Rei: O Rei fica um pouco desprotegido no meio do tabuleiro, assim ações são
tomadas para reduzir esta vulnerabilidade. É comum então os jogadores rocarem na abertura,
levando o rei para o canto por meio de um roque artificial.

Fraqueza dos peões: A maioria das aberturas tentam evitar a criação de peões fracos (isolados,
dobrados ou atrasados), sacrificando as considerações de fim de jogo para um rápido ataque.
Algumas aberturas desbalanceadas das pretas fazem uso dessa ideia para conseguir uma forma
dinâmica de jogar; tais como a Holandesa e a Siciliana. Enquanto outras, tais como a Alekhine e a
Benoni convidam o oponente a estender e formar uma fraqueza de peões.

Coordenação das peças: Como cada enxadrista movimenta suas peças, cada movimento tenta
assegurar que elas estão trabalhando harmoniosamente em direção às casas chaves.

Além dessas ideias, outras estratégias usadas no meio do jogo podem também ser desenvolvidas
na abertura. Estas estratégias incluem preparar os peões para um contra-ataque, visando criar
uma fraqueza na estrutura de peões do oponente, manter o controle de casas-chave, fazer
trocas favoráveis de peças menores (por exemplo, ganhando o par de bispos, ou ganhando a
vantagem do espaço seja no centro ou nos flancos).

Muitos escritores (por exemplo, Reuben Fine em As ideias por trás das aberturas de xadrez)
comentam que a tarefa das brancas na abertura é preservar e incrementar a vantagem conferida
pelo primeiro movimento, enquanto que das pretas é igualar o jogo. Entretanto já existem
aberturas que fornecem a chance das pretas jogarem agressivamente para adquirir vantagem
desde o início.

De acordo com o MI Jeremy Silman, o propósito da abertura é criar um balanço dinâmico entre
os dois lados, que irá determinar a característica do meio-jogo e os planos estratégicos.[5] Por
exemplo, na variação Winawer da abertura francesa, as brancas irão tentar usar seu par de
bispos e a vantagem do espaço para atacar a ala do Rei, enquanto as pretas irão simplificar
trocas (em particular, trocando um dos bispos brancos para destruir a estratégia) e irão contra-
atacar a fraca linha de peões na Ala da Dama.

Nomenclatura das aberturas

Além do termo Abertura, termos comuns incluem: Defesa, Gambito, e Variante; termos menos
comuns são Sistema, Ataque, Contra-ataque, Contra-gambito, e Invertido.

A maioria das mudanças nas regras do xadrez no final do século XV aumentaram a velocidade do
jogo, consequentemente desenvolvendo a importância do estudo das aberturas. Assim, os
primeiros livros de xadrez (por exemplo de Luis Ramirez de Lucena em 1497) apresentam
análises de aberturas (assim como Pedro Damiano de Odemira em 1512 e Ruy López de Segura
em 1561). A discórdia de Ruy López com Damiano relativo aos méritos de 2…Cc6 levando a
3.Bb5 (depois de 1.e4 e5 2.Cf3 Cc6) ser nomeado por ele como Ruy Lopez ou Abertura
Espanhola.[6]

A teoria das aberturas foi estudada mais cientificamente a partir da década de 1840, e muitas
variações de aberturas foram descobertas e nomeadas neste período. Infelizmente a
nomenclatura das aberturas se desenvolveu ao acaso, e a maioria dos nomes são mais acidentes
históricos do que baseados em qualquer sistema. As mais antigas tenderam a ser nomeadas por
localidades geográficas e nome de pessoas. As aberturas são comumente conhecidas por nomes
de enxadristas, não sendo sempre o nome do criador, algumas vezes é o nome do enxadrista que
a popularizou ou publicou uma análise sobre ela.
Aberturas eponímicas incluem a Ruy Lopez, Defesa Alekhine, Defesa Morphy, e o Sistema Réti.
Alguns poucos nomes de aberturas homenageiam duas pessoas, tais como a Defesa Caro-Kann.
Existem as aberturas conhecidas por nacionalidades, por exemplo a Inglesa, Espanhola,
Escandinava, Siciliana, etc. Cidades também são utilizadas, tais como Vienna, Berlim, e Wilkes-
Barre. O sistema catalão é referência a região da Espanha chamada de Catalunia.

Poucas aberturas têm nomes descritivos, como a Giuoco Piano (Italiana: "jogo calmo").
Descrições mais prosaicas incluem a de Dois Cavalos e Quatro Cavalos. Já no século XX
popularizou-se nomear as aberturas com nomes imaginários ou de animais. Como a maioria das
sequências de movimentos mais tradicionais já foram nomeados, torna-se incomum e recentes o
desenvolvimento de aberturas como Orangotango, Hipopótamo, Elefante, e Ouriço.

Considerando algumas das aberturas nomeadas por nacionalidades: Jogo Escocês, Abertura
Inglesa, Defesa Francesa, e Jogo Russo — o jogo Escocês e a Abertura Inglesa são ambas
aberturas brancas. Entretanto estas definições não são precisas, aqui estão algumas observações
gerais sobre como elas são usadas.

Jogo

Usado apenas para algumas das mais antigas aberturas, por exemplo a Escocesa, a Vienna, e o
Jogo dos quatro cavalos.

Abertura

Junto com a Variante, este é o termo mais comum.

Variante

Usualmente utilizado para descrever uma linha de uma abertura mais geral, por exemplo a
Variante de Trocas do Gambito da Dama Recusado.

Defesa

Sempre se refere a uma abertura escolhida pela pretas,tais como Dois Cavalos ou Defesa Índia
do Rei, a menos, é claro, que tenha sido 'revertida', o que a torna uma abertura para as brancas.

Gambito

Uma abertura que envolve o sacrifício de material, usualmente um ou mais peões. Gambitos
podem ser jogados pelas brancas (Gambito do Rei) ou pelas pretas (Gambito Letão). Os nomes
completos algumas vezes incluem Aceito ou Recusado dependendo se o oponente aceitou ou
não o material oferecido, como no Gambito da Dama Aceito e Gambito da Dama Recusado. Em
alguns casos, o sacrifício material é apenas temporário. Por exemplo, depois de 1.d4 d5 2.c4
dxc4 (o Gambito da Dama Aceito), as brancas podem recapturar o peão imediatamente jogando
3.Da4+ se assim o desejar.
Contra-gambito

Um gambito oferecido em resposta ao gambito do oponente, ou, qualquer gambito utilizados


pelas pretas.

Alguns exemplos incluem o Contragambito Albin para o Gambito da Dama, o Contragambito


Falkbeer para o Gambito do Rei, e o Contragambito Greco (o nome original do Gambito Letão).

Sistema

Um método de desenvolvimento que pode ser usado contra muitas configurações diferentes do
oponente. Exemplos incluem o Sistema Réti, Sistema Barcza, Sistema Colle e o Sistema porco-
espinho.

Ataque

Algumas vezes utilizada para descrever uma variação provocativa ou agressiva tal como o Ataque
Albin-Chatard (ou Ataque Chatard-alekhine), o Ataque Fígado Frito na Defesa dos dois cavalos, e
o Ataque Grob. Em outros casos se refere a um sistema defensivo das pretas quando adotado
pelas brancas, como no Ataque Índio do Rei. E ainda em outros casos o nome parece ser usado
ironicamente, como no quase inofensivo Ataque Durkin (também chamado de Abertura Durkin).

Reversa, Invertida

Uma abertura das pretas jogada pelas brancas, ou mais raramente uma abertura das brancas
jogada pelas pretas. Exemplos incluem a Siciliana Reversa (para a Abertura Inglesa), e a Húngara
Invertida.

Uma minoria de aberturas são prefixadas com “Anti-“. Estas aberturas pretendem evitar uma
linha particular disponível para o oponente, por exemplo a AntiMarshall (contra o Contra-Ataque
Marshall na Ruy Lopez) e o Gambito AntiMerano (contra a Variação Merana da Defesa Semi-
Eslava).

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