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CENTRO DE ESTUDOS TEOLÓGICOS DA ASSEMBLEIA DE DEUS NA PARAÍBA

Curso Teologia Ministerial


Disciplina Introdução ao Antigo Testamento
Professor Basílio Henrique

INTRODUÇÃO AOS LIVROS HISTÓRICOS

1. Limites e Autores da historiografia de Israel

Na tradição cristão, os livros históricos são considerados o segundo grupo de livros e são
colocados em ordem depois do Pentateuco. Começando com livro de Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel,
1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester, estes livros são chamados livros históricos.
Tradicionalmente, sobre a autoria termos: Josué ou profetas contemporâneos que escreveram livro de
Juízes e Rute, Samuel escreveu o livro de Samuel, livro de Reis por Jeremias, Mordecai escreveu o
livro de Ester, Esdras e Neemias foram escritos consecutivamente pelos mesmos respectivamente e o
livro de Crônicas foram escritos pelo conhecido de Esdras.

Sendo assim, na tradição judaica, o limite dos livros históricos começa em Josué e vai até o
livro de Ester, onde cada livro contém uma unidade própria. Devemos entender que os livros Josué,
Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, Esdras, Neemias e Ester são livros distintos, mas tem a mesma
singularidade literária teológica na tradição.

2. Análise do conteúdo e classificações históricas

Embora todos os livros que fazem parte do Antigo Testamento contenham alguma história, os
chamados Livros Históricos consistem, essencialmente, em história. Esses livros históricos são em
números de doze, a saber: Josué, Juizes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias
e Ester. Depois deles aparecem os chamados Livros de Sabedoria e, finalmente, os Livros Proféticos.
Para os hebreus, a história era uma questão muito importante; e muitas de suas proposições teológicas
estavam alicerçadas sobre os eventos históricos. Grande quantidade de evidências arqueológicas
confirmam a exatidão dos escritos históricos dos hebreus.

“A narrativa dos Livros Históricos é a história da ascensão e queda da comunidade de Israel,


ao passo que os profetas predisseram a restauração e a glória futura daquele povo, nos dias do Rei
Messias" (Scofield Reference Bibie, em sua introdução ao livro de Josué).

Podemos dividir a história de Israel em sete períodos distintos, a saber:


1. De Abraão ao Êxodo (Gên. 12 — Êxo. 22).

2. Do Êxodo à morte de Josué (Êxodo, Josué).

3. O período dos juízes, da morte de Josué ao chamado de Saul (Juí. 1.1—1 Sam. 10.24).

4. O período dos reis, de Saul aos cativeiros (I Sam. 11.1 - II Reis 17.6).

5. Os cativeiros (Ester e as porções históricas de Daniel).

6. O período da comunidade restaurada de Israel, sob a hegemonia gentílica, o fim dos setenta
anos de exílio na Babilônia, o retomo do remanescente, até 70 D. C., quando os romanos
destruíram Jerusalém. Então começou o cativeiro romano, em 132 D. C., através de Adriano.
Esse cativeiro estendeu-se até o nosso próprio século, e está começando a ser revertido (em
maio de 1948, teve início o Estado de Israel).

7. A era futura do reino, no milênio (livros proféticos).

3. Discussões sobre o conteúdo histórico

Apesar dos livros que consideramos históricos começarem a partir de Josué até o livro de Ester,
esta nomenclatura nem sempre foi considerada por muitos biblistas adequada, afinal, após uma análise
de gênero literário mais acurada, observa-se que eles não são relatos 100% históricos (historiografia)
no seu conteúdo. Pois, não são uma reconstrução da história de Israel com intenção arqueológica para
determinar o que realmente aconteceu no passado. Seu conteúdo é plural e diversificado.

É verdade que os livros históricos de Antigo Testamento contêm informações históricas. Eles
são histórias interpeladas. São descrições históricas da aliança de Deus e seu povo no ponto de vista
profético. Na tradição judaica, os livros proféticos anteriores eram de Josué até 2 Reis, pois para eles,
formam as bases do cumprimento das promessas de Deus.

Um exame dos livros históricos do Antigo Testamento desvenda o fato de que a lei era tratada
como autoritária por aqueles que a liam. Nas fronteiras da Terra Prometida, Deus orientou Josué quanto
à lei, dizendo: «Tão somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei
que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para
que sejas bem-sucedido por onde quer que andares. Não cesses de falar deste livro da lei; antes, medita
nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo a tudo quanto nele está escrito; então farás
prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido» (Jos. 1:7,8). Cf. 8:30-35; 22:5; 23:6; I Reis 2:3; II Reis
14:5; 22:8 ss.
No trecho de II Reis 23:24,25, o fraseado mostra-se particularmente significativo: «Aboliu
também Josias os médiuns, os feiticeiros, os ídolos do lar, os ídolos e todas as abominações que se
viam na terra de Judá e em Jerusalém, para cumprir as palavras da lei, que estavam escritas no livro
que o sacerdote Hilquias achara na casa do Senhor. Antes dele não houve rei que lhe fosse semelhante,
que se convertesse ao Senhor de todo o seu coração, e de toda a sua alma, e de todas as suas forças,
segundo toda a lei de Moisés; e depois dele nunca se levantou outro igual».

Conforme estamos verificando, há uma íntima ligação entre converter-se ao Senhor e obedecer
aos preceitos, da lei. Quanto ao reconhecimento da autoridade da lei, em outras porções do Antigo
Testamento, ver também Salmos 119; Daniel 9:10-13; Amós 2:4 e Malaquias 4:4

Estes livros têm narrativas históricas baseadas no ponto de vista de: Como Deus cumpriu as
suas promessas? Quais obras que Deus fez para cumprir suas promessas? E como foi a reação do seu
povo quando recebeu as promessas de Javé? Este não tem propósito de mostrar o próprio processo
como ocorreu os acontecimentos ou mostrar os resultados dos acontecimentos, mas como Deus
realizou a sua promessa e como reagiu o seu povo diante de Suas obras e principalmente, descreve
como Deus reagiu com a reação do seu povo. Sendo assim, nós devemos notar que os livros históricos
não são livros que apenas descreve a história de Israel no ponto de vista neutro, mas que consideremos
que estes livros são livros de concertos (alianças) e tem caráter também profético.

3. Resumo dos livros históricos

a.Josué. A conquista da Terra Prometida é o tema principal desse livro; o cumprimento das promessas
terrenas feitas a Abraão; a incomum dedicação e espírito decidido de Josué; as vitórias e os retrocessos
da conquista; o estabelecimento das cidades de refúgio; a distribuição do território entre as dez tribos
que ficaram na margem direita do rio Jordão; as cidades para os levitas; o desafio de Josué ao povo,
para que renovasse sua lealdade a Yahweh.

b. Juízes. As gerações subsequentes não completaram a conquista da Terra Prometida; fracassos


morais e religiosos devido ao contato com povos pagãos; o estabelecimento de juízes para governar e
libertar o povo de Israel; numerosos conflitos com povos vizinhos, com vitórias e derrotas; a tendência
de cada qual fazer o que lhe parecia melhor; tempos violentos, quando ninguém tinha a sua vida segura.
O bárbaro assassinato da concubina do levita, em Gibeá, o que o levou à punição armada contra a tribo
de Benjamim, da qual quase resultou a extinção dessa tribo.

c. Rute. Uma terna e romântica narrativa, durante o tempo dos juízes, que envolveu a moabita Rute e
sua sogra israelita, Noemi. Tendo voltado a Belém, Noemi, não abandonada por sua nora viúva, Rute,
atraiu para esta o favor de Boaz, rico solteirão e primo de Noemi. Noemi reivindicou-o como seu
parente-remidor, e Rute casou-se com ele, tornando-se uma das ancestrais do futuro rei Davi e,
consequentemente, de Jesus de Nazaré.

d. I e II Samuel. Dias finais do sumo sacerdote Eli, tutor do menino Samuel, que fora dado por sua
mãe ao serviço do Senhor; os filisteus derrotam Israel em Silo, e tomam a arca da aliança; uma praga
força os filisteus a devolverem a arca. Samuel derrota os filisteus e coroa Saul como rei. Saul entra em
inúmeras batalhas, com vitórias e derrotas. Davi desafia e derrota o herói dos filisteus, o gigante Golias.
Tendo desobedecido a Deus, Saul é rejeitado. Muitas vicissitudes, através de mais de dez anos, levam
Davi ao trono, depois de ele ter sido forçado ao exílio. Davi expressa o desejo de edificar um templo
em honra ao Senhor. As muitas conquistas militares bem-sucedidas de Davi. Revolta de Absalão, filho
de Davi; a morte violenta de Absalão. Os trinta grandes heróis de Davi. O recenseamento ordenado
por Davi é desaprovado e julgado por Deus.

e. I e II Reis. Tem prosseguimento a narrativa da monarquia hebréia, desde Salomão até Zedequias. I
Reis termina com a morte de Acabe (835 A.C.). Salomão, como rei, com seus pontos fortes e fracos
levanta o templo. Fama e riquezas de Salomão; sua grosseira poligamia; ocorre a separação permanente
entre Israel, ao norte, e Judá, ao sul. Relatos dos ministérios de Elias e Eliseu. As intermináveis lutas
de Israel e Judá, em conflito com povos vizinhos, com vitórias e derrotas. Os cativeiros assírios e
babilônico. O retorno dos judeus à Terra Prometida. As descobertas arqueológicas têm confirmado a
existência de mais de cinquenta dos reis de Israel e Judá.

f. I e II Crônicas. A história de Israel é revisada, do ponto de vista de sua relação de pacto nacional
com Deus; o sacerdócio divinamente determinado; a teocracia de Davi. Esses livros não tratam sobre
Israel, o reino do norte, porquanto esse representa uma cisma. Ênfase sobre a rica herança espiritual
dos judeus. Elevados momentos de fé, confiança e vitórias de reis como Reoboão, Asa, Josafá.
Também trágicos lapsos de fé e obediência, como o adultério e homicídio praticados por Davi, a
grosseira poligamia de Salomão e sua permissividade quanto à idolatria. Finalmente, o cativeiro
babilónico de Judá e a soltura dos judeus do cativeiro, por ordens de Ciro, imperador da Pérsia.

g. Esdras. Retorna à Palestina, em 537 A.C.; na primeira vez leva quarenta e dois mil judeus, vindos
da Babilônia. Esses fundam o segundo reino, lançam os alicerces do templo e reiniciam as atividades
religiosas dos judeus. Algumas décadas mais tarde, Esdras vem da Babilônia à Palestina, com a
aprovação do imperador, a fim de ajudar na restauração espiritual da pequena e desencorajada
província de Judá (457 A.C.). Esdras leva os judeus a se desfazerem de suas esposas estrangeiras e dá
início a uma restauração geral da lei, dos costumes e da religião.
h. Neemias. Ele era o copeiro do imperador persa, relatando-nos como foi autorizado a sen/ir como
governador de Judá (a partir de 446 A.C.). Liderou no reerguimento das muralhas de Jerusalém e
restaurou seus compatriotas a uma postura decente de defesa e auto-respeito, diante dos povos vizinhos
hostis. Várias dificuldades foram enfrentadas e ultrapassadas. Neemias promoveu um reavivamento,
por ocasião da festa dos Tabernáculos, e os judeus adquiriram um novo interesse pelas Escrituras e
pelas tradições de sua nação. Esdras determinou a expulsão de certos estrangeiros que viviam em
aposentos do templo, e insistiu sobre o pagamento de dízimos, para sustento dos ministros do templo.
O sábado passou a ser novamente respeitado, e os judeus divorciaram-se de suas mulheres estrangeiras.

i. Ester. Nesse livro relata-se o livramento da nação judaica, na Pérsia, do genocídio arquitetado por
Hamã, primeiro-ministro do imperador, que odiava os judeus. Hamã ignorava que a bela e jovem
rainha de Xerxes (Assuero), de nome Ester, era prima de Mordecai. Mordecai era o judeu que recusara
prestar homenagem a Hamã, o que deu início ao drama inteiro. Sem ter sido convidada à presença do
imperador, Ester arriscou sua vida, intercedendo em favor de sua gente. A forca preparada para
Mordecai, em vez disso, foi usada para execução de Hamã. Essa vitória é celebrada pelos judeus
mediante a festa de Purim

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