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Sabe-se que a Lei de Introdução ao Código Civil dispõe que a legislação em vigor
tem efeito imediato geral, atingindo, contudo, somente os fatos futuros, e não os
pretéritos. Ou seja, a lei nova – nesse caso, a Lei nº 10.848 - não pode alcançar os
contratos celebrados sob a vigência da lei distinta, ou seja, a Lei nº 9.427. Do
contrário, os direitos subjetivos seriam atingidos, impactando interesses legítimos
dos titulares dessas concessões, que têm em seus contratos a garantia da
prorrogação, em razão da previsão contida no referido artigo 27. A alteração da
legislação não poderia, portanto, surtir efeitos nos contratos de concessão
celebrados à época em que o artigo 27 vigorava, sob pena de infringência de
princípios jurídicos fundamentais.
Uma eventual nova licitação, além de incabível, haja vista a previsão legal e
contratual de que essa só seria necessária em caso de irregularidade, bem como
de inexistência de cláusula contratual de prorrogação, implicaria em retirar capital
novo destinado à expansão do setor, para a aquisição de ativos existentes. Além
disso, não se pode descartar o risco de os serviços serem prejudicados ou mesmo
paralisados até o fim do processo licitatório, já que não é lógico e coerente que a
concessionária cujo contrato não seja renovado fique obrigada a continuar
investindo e prestando serviço com a mesma qualidade e eficiência. Dessa forma,
uma nova licitação não se coaduna com os princípios da eficiência e razoabilidade,
deixando de atender, por óbvio, o interesse público.