Você está na página 1de 3

16/03/2019 Butão, China: sobre guerras cibernéticas e fronteiriças · Global Voices em Português

Butão, China: sobre guerras


cibernéticas e fronteiriças
[https://pt.globalvoices.org/2010/01/23/butao-china-sobre-guerras-ciberneticas-e-fronteiricas/]

Tradução publicada em 23 Janeiro, 2010 14:28 GMT

Enquanto os gigantes mundiais travam suas batalhas na arena internacional – primeiro a Índia versus China sobre
fronteiras, agora Google versus China sobre a internet – ao norte no Himalaia, o pequeno Butão (com uma população
de 600.000) também atacou a China recentemente, ainda que sem alternativa que não a diplomacia quieta e com
tato.

Em 14 de janeiro o Butão encerrou a décima nona rodada de conversas sobre a fronteira com a República Popular da
China. Segundo as conversas, os dois governos se encontrarão de novo para conduzir uma “pesquisa de campo
conjunta [http://www.kuenselonline.com/modules.php?name=News&file=article&sid=14485] ” sobre os territórios disputados no
norte, que incluem quatro áreas somando um total de 874 quilômetros quadrados.

[http://en.wikipedia.org/wiki/File:Bt-map.png]

Imagem em domínio público via Wikipédia

Um release de imprensa do Ministério das Relações Exteriores [http://kuenselonline.com/modules.php?


name=News&file=article&sid=14485] após as conversas afirmou que ambos governos resolverão a questão fronteiriça por
meio de uma consulta mútua de acordo com as bases de acordos prévios em 1988 e 1998. Eles também evitarão
empreender qualquer ação unilateral e manter o status quo na fronteira. O release também explica que as conversas
se deram de uma “maneira cordial e bastante amistosa”.

https://pt.globalvoices.org/2010/01/23/butao-china-sobre-guerras-ciberneticas-e-fronteiricas/ 1/3
16/03/2019 Butão, China: sobre guerras cibernéticas e fronteiriças · Global Voices em Português

Mas as ações do governo chinês nas fronteiras setentrionais do Butão não têm sido nada “cordiais” ou “bastante
amistosas”. Entre 2008 [http://www.kuenselonline.com/modules.php?name=News&file=article&sid=14160] e 2009
[http://www.phayul.com/news/article.aspx?article=Bhutan+reports+17+border+intrusions+by+China+in+2009&id=26178] foram
registradas várias invasões de fronteira por parte de soldados chineses dentro de território butanês.

Além disso, os soldados chineses também começaram a construir estradas que levam direto ao território butanês
[http://www.kuenselonline.com/modules.php?name=News&file=article&sid=14160] . Foram necessários vários protestos por parte
do governo do Butão e muitos debates em nível estatal para que os chineses parassem a construção das estradas.

Parece que o sentimento entre os oficiais butaneses quando se trata da China é lidar com o gigante com muito
cuidado. Afinal, o Butão é o último país que pode se dispor a despertar a ira da China. A posição oficial, então,
sempre foi dizer que as discussões eram “significativas e produtivas [http://www.bbs.com.bt/Bhutan-
China%20boundary%20talks%20concludes.html] ”, independente do que acontecesse.

Talvez seja por isso que a maioria dos escritores e blogueiros butaneses tenham mantido silêncio nessa questão, mas
Bhutantimes.com [https://www.bhutantimes.com/modules/headlines] , um sítio onde muitos butaneses interagem –
anonimamente ou usando pseudônimos – para falar sobre sua dissensão, fez uma pergunta: “A China está realmente
tentando tirar a terra do Butão sorrateiramente? [https://www.bhutantimes.com/modules/newbb/viewtopic.php?
topic_id=3180&forum=10] ”

Em um tópico, um comentarista de nome Farmer disse:

Tradução [#translation-tab-0]
Citação original [#original-tab-0]

Esse definitivamente não é um problema simples porque estamos lidando com uma poderosa (e até
agora ditatorial) nação que não tem qualquer interesse pelos direitos humanos ou a independência de
outras nações… Alguns anos atrás o tamanho do Butão era de 46 mil km2 e agora foi reduzido para 38
mil km2. Então o Butão é o único país do mundo que está encolhendo…

Bronze 2000 respondeu:

Tradução [#translation-tab-1]
Citação original [#original-tab-1]

Os chineses logo estarão criando mais estradas dentro do Butão e construindo postos. Eles vão mostrar
novos mapas com novas áreas butanesas dentro da China. Isso é que está sendo feito durante todos
esses anos. O governo deveria acordar para essa questão e priorizá-la como um tema que pode
realmente ameaçar a soberania.

E Geasar acrescentou:

Tradução [#translation-tab-2]
Citação original [#original-tab-2]

A China tem um dos piores recordes de abusos de direitos humanos. Apesar disso, nenhum país,
inclusive os Estados Unidos, parece pressionar a China a tornar-se um país disciplinado e humano. Com
um histórico desses e a imunidade virtual da pressão externa nunca poderemos descartar que o Butão
também possa ser vítima desse Gigante.

Tamerlane, um blogueiro não-butanês, apontou [http://karakullake.blogspot.com/2009/12/china-bhutan-border-dispute.html] a


razão pela qual os chineses estariam interessados em clamar essas regiões fronteiriças:

Tradução [#translation-tab-3]
Citação original [#original-tab-3]

https://pt.globalvoices.org/2010/01/23/butao-china-sobre-guerras-ciberneticas-e-fronteiricas/ 2/3
16/03/2019 Butão, China: sobre guerras cibernéticas e fronteiriças · Global Voices em Português

“A região em questão é importante geopoliticamente porque está perto do Pescoço de Galinha da Índia,
ou Corredor Siliguri. Ele foi criado quando o Paquistão Leste (Bangladesh) e o Oeste se separaram da
Índia. Seu propósito é permitir à Índia um caminho estreito para chegar aos seus estados mais
afastados ao nordeste. A área também é usada por traficantes de Bangladesh e como refúgio de
rebeldes nepaleses maoístas.
A China tem todo o desejo de agitar a instabilidade aqui, e isso inevitavelmente resultará no
enfraquecimento da Índia. A maior parte do exército indiano está no fronte oeste defendendo a
Cachemira, então a China reina quase livre no fronte leste. Tropas da PLA
[http://pt.wikipedia.org/wiki/Ex%C3%A9rcito_de_Salva%C3%A7%C3%A3o_Popular] estão entrando no Butão.
Estradas e pontes estão sendo construídas dentro do Butão (supostamente).”

A Índia, nesse meio tempo, vem mantendo-se informada sobre o desenrolar dos eventos. O Dr. S. Chandrasekharan,
diretor do Grupo de Análise do Sul da Ásia (SAAG, na sigla em inglês), em Nova Déli escreveu sobre
[http://www.c3sindia.org/bhutan/1149] os acontecimentos no sítio do Centro Chennai para Estudos sobre a China:

Tradução [#translation-tab-4]
Citação original [#original-tab-4]

“Existem dois pontos de vista na Índia sobre os problemas fronteiriços entre Butão e China. Um deles é
que o problema da fronteira no Butão será resolvido uma vez que a disputa fronteiriça entre a Índia e a
China se resolva. O outro ponto de vista é que uma vez que o Butão se afaste da Índia, os chineses
provavelmente serão mais razoáveis e podem ser mais generosos.
Enquanto a primeira perspectiva é improvável, não existem razões para acreditar que os chineses serão
generosos no segundo caso, já que a China provavelmente não abandonará sua posição nas quatro
áreas do setor oeste, que também é igualmente importante para o Butão.
No futuro próximo, grandes conflitos podem não ocorrer entre o PLA e o RBA
[http://en.wikipedia.org/wiki/Royal_Bhutan_Army] , e a China continuará a provocar e pressionar o Butão e seu
pessoal de fronteira. Essa é a China que supostamente emergirá ‘pacificamente’!”

No decorrer da história, o Butão já teve relações comerciais com o Tibete, antes da ocupação chinesa. Mas depois de
1960 o Butão fechou todas as suas fronteiras ao norte. Hoje o Butão não mantém relações diplomáticas com a China,
mas, de acordo com o assistente do Ministro de Relações Exteriores, Mr. Hu Zhengyue
[http://www.bhutanobserver.bt/2010/bhutan-news/01/boundary-talks-curtain-raiser.html] , “os dois países têm sido vizinhos amigos
desde a história”.

Mas quão amistosos esses vizinhos são é algo que ainda não foi revelado, já que as questões de fronteira seguem
sem resolução e as conversas continuam. Em março do ano passado, quando pesquisadores canadenses revelaram
um amplo sistema espião que roubava informação de computadores em 103 países
[http://www.nytimes.com/2009/03/29/technology/29spy.html?_r=1] (incluindo os do Dalai Lama), o Ministério do Exterior do
Butão também estava nessa lista.

Este site está licenciado como Creative Commons Atribuição 3.0 Alguns direitos reservados

https://pt.globalvoices.org/2010/01/23/butao-china-sobre-guerras-ciberneticas-e-fronteiricas/ 3/3

Você também pode gostar