Tuyos Cuerpos

Chovo em você e nossos corpos são geograficamente coerentes.

Meu corpo corre e desliza pelo teu relevo: teus campos, colinas e vales.

Desaguo sempre na tua boca.

Nossas mãos juntas produzem uma imensa fauna de sentimentos.

Flora de desejos, arrepios, sons e suspiros.

Poderia bastar corpo, boca, mãos e olhos, mas não.

"Além de tudo ela anda de skate!"

Além de tudo você discute, debate, aprende e ensina.

Como não sentir o entendimento diante do teu corpo sob o sol falando?

Como não amar pensar assim?

"Termos pouco tempo é ruim... Mas talvez seja bom", seu inconsciente denunciou.

Me apaixono por você, pela cidade, pela época, pelo clima.

Me apaixono por nós dois juntos aqui e agora.

Nos permitimos essa loucura com prazo de validade. Loucura - que para o bem e

para o mal - não envelhecerá. Loucura para sempre jovem.

Sem perceber já trazia a semente do teu encanto comigo.

A percebi assim que você abriu a porta. Ela cresceu durante a noite e o broto

rompeu a terra quando nos demos as mãos.

 Depois de beijos e toques já era árvore forte, já fazia sombra contra o calor e a

aridez do meu mundo.

Nessa manhã o encanto floresceu, encheu de cores e aromas a vida.

Flores que dão forma a esperança de frutos e novas sementes: incontáveis

encantamentos por vir...

Do espírito quase nada sabia, mas te olhei os olhos essa manhã.

Senti algo de sagrado ali nos nossos sorrisos.

O espírito transbordava nas minhas risadas.

Havia você em mim por toda parte.

Em breve nossos corpos estarão distantes.

Te levo comigo: em meu toque, em meu saber, em minha intuição, em meu

encantamento, no meu além de mim.

Seguimos. E eu sigo impregnado de você.