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A voz vinha do fundo do mar, não conseguia ver ao certo a quem pertencia. A
criatura estava escondida entre ondas e ventos. Apenas seus longos e fortes cabelos
podiam ser avistados da superfície. Gritei para que ela se revelasse, ela permaneceu sob
o mar. Seu canto era diferente dos outros: sua voz corria junto às minhas veias, me
esquentava, me acolhia, me acalmava, me incendiava. Todo meu corpo era abraçado por
sua canção. Eu podia sentir o cheiro de sua música, o gosto, o toque e o prazer de cada
nota e harmonia. Os outros já estavam recompostos: sem cera nos ouvidos e
desamarrado. Falei sobre a canção insurportavelmente afável, mas nenhum a podia
ouvir. Eu procurava a mulher das águas em todos os lados da embarcação, porém só via
pequenos reflexos de seus cabelos em movimento. Os homens disseram que eu havia
enlouquecido, que não havia som algum.