Você está na página 1de 2

VERDADE E PODER

FOUCAULT, M. Verdade e Poder. Em: FOUCAULT, M. (1979) Microfísica do Poder.


Rio de Janeiro: Graal.

Qual a relação entre verdade e poder?

- Problema Lyssenko (genética na URSS);


- Problema poder X saber nas ciências exatas e nas ciências humanas.
- Deve-se entender a política dos enunciados científicos;
- Acontecimento X linearidade e previsibilidade histórica;
- A história não é segue a lógica da dialética ou da linguística, mas da guerra (confronto,
estratégias, táticas).
“A "dialética" é uma maneira de evitar a realidade aleatória e aberta desta
inteligibilidade reduzindo−a ao esqueleto hegeliano; e a "semiologia" e uma maneira de
evitar seu caráter violento, sangrento e mortal, reduzindo−a à forma apaziguada e
platônica da linguagem e do diálogo” (p. 6)

Onde está o poder?


- Poder concreto e cotidiano. Não apenas como totalitarismo ou dominação de classe.

Noção de ideologia dificilmente utilizável:


1) Oposição a algo “verdadeiro”, à “verdade”. A questão é como se produzem
efeitos de verdade?
2) Refere-se necessariamente a um sujeito;
3) Depende de uma infraestrutura.
- Poder como essencialmente produtivo e não destrutivo;
- Intelectual de esquerda como portador das verdades universais sobre justiça;
Intelectual específico (físico atômico, Darwin, etc,) x Intelectual universal (escrito,
jurista).
- Crise da universalidade dada sua importância política crescente;
- A verdade é deste mundo!
“O importante, creio, é que a verdade não existe fora do poder ou sem poder
(não é − não obstante um mito, de que seria necessário esclarecer a história e as funções
− a recompensa dos espíritos livres, o filho das longas solidões, o privilégio daqueles
que souberam se libertar). A verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a
múltiplas coerções e nele produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem
seu regime de verdade, sua "política geral" de verdade: isto é, os tipos de discurso que
ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias que
permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se sanciona
uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para a obtenção da
verdade; o estatuto daqueles que têm o encargo de dizer o que funciona como
verdadeiro”. (p. 10).
- Economia política da verdade em nossas sociedades:
a) Verdade centrada no discurso científico e nas instituições que o produzem;
b) constante incitação econômica e política;
c) é objeto de imensa difusão e consumo;
d) produzida e transmitida sob o controle dominante de alguns grandes aparelhos
políticos ou econômicos (universidade, exército, escritura, meios de comunicação);
e) objeto de debate político e de confronto social (as lutas "ideológicas").
Especificidades do intelectual:
a) a especificidade de sua posição de classe (pequeno burguês a serviço do
capitalismo, intelectual "orgânico" do proletariado);
b) a especificidade de suas condições de vida e de trabalho, ligadas à sua condição
de intelectual (seu domínio de pesquisa, seu lugar no laboratório, as exigências
políticas a que se submete, ou contra as quais se revolta, na universidade, no
hospital, etc.);
c) a especificidade da política de verdade nas sociedades contemporâneas.
- Intelectuais combatem pela “verdade”. Não questão ciência/ideologia, mas verdade/
poder;

“O problema político essencial para o intelectual não é criticar os conteúdos


ideológicos que estariam ligados à ciência ou fazer com que sua prática científica seja
acompanhada por uma ideologia justa; mas saber se é possível constituir uma nova
política da verdade. O problema não é mudar a "consciência" das pessoas, ou o que elas
têm na cabeça, mas o regime político, econômico, institucional de produção da verdade”
(p. 11).

Você também pode gostar