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Departamento de História
SEQUÊNCIA DIDÁTICA:
DISCIPLINA:
Brasil Independente I
DOCENTE:
Zilda Iokoi
GRUPO:
André de Lima Oliveira
Beatriz Bigoto
Frederico Maróstica
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Sumário:
Proposta.................................................................................p.3
Campo semântico: o jongo......................................................p.4
Herança cultural e a influência no samba.................................p.6
Análise documental................................................................p.9
Considerações Finais.............................................................p.13
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Jongo: memória e resistência do povo negro no Brasil
Proposta
O seguinte material tem como objetivo relacionar o processo Histórico da
transição do Sistema Colonial para o Sistema Republicano no Brasil. Esse
conhecimento é necessário para introdução do com o Jongo como forma de música,
expressão, religiosidade afro-brasileira e resistência negra.
Através da análise das letras dos pontos e estudo de História do Brasil, o aluno
será capaz de observar o Jongo enquanto elemento importante na constituição de um
passado histórico. Com isso, o professor poderá trabalhar questões relativas à
escravidão sob um ponto de vista cultural e artístico, dando exemplos além dos que
aparecem tradicionalmente nos livros didáticos, tratando o Jongo como documento
Histórico e político.
PÚBLICO ALVO
Segundo ano do Ensino Médio, de acordo com a Proposta Curricular do Estado
de São Paulo2.
MATERIAIS NECESSÁRIOS
Para a realização desta sequência didática o (a) professor (a) precisará
de aparelhos de audiovisual tal como: rádio, computador ou projetor.
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rurais e da periferia de cidades do Sudeste do Brasil. Praticado sobretudo como
diversão, mas comportando também aspectos religiosos, o jongo originou-se das danças
realizadas por escravos nas plantações de café do Vale do Paraíba, nos estados do Rio
de Janeiro e São Paulo, e também em fazendas de algumas regiões de Minas Gerais e do
Espírito Santo.”.4
Proclamado patrimônio cultural brasileiro pelo Conselho Consultivo do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2005, o Jongo apresenta uma forte herança
da cultura negra no Brasil.
Dentro da cultura africana de língua Bantu, o Jongo se afirma como uma prática para
louvar os antepassados, manter identidades, contar histórias sagradas, lendas, cantos,
dançar e confraternizar; sendo portanto, uma complexa expressão cultural.
GLOSSÁRIO DO JONGO
Afim de compreender melhor a história e linguagem do Jongo, preparamos um
glossário que aponta os significados de cada termo dentro da dança em questão, onde o
professor pode consultar e distribuir à seus alunos. Os significados dos termos foram
retirados do livro: “Memória do Jongo: as gravações históricas de Stanley J. Stein”.
• Jongo: O termo refere-se tanto à dança de um modo geral, quanto às
cantigas.
• Pontos: Cantigas formadas por versos curtos por um participante da
roda.
• Tirar ou Jogar: Iniciar um ponto.
• Pontos de Visaria ou Bizarria: Pontos cantados para animar a dança.
• Pontos de Louvação: Pontos de saudação à pessoas ou entidades
espirituais.
• Pontos de Demanda, Gurumenta ou Porfa: Pontos que transmitem um
desafio a outro jongueiro por meio de uma adivinha à ser decifrada.
• Pontos de despedida: Pontos que encerram o jongo.
• Desatar o ponto: Desvendar uma adivinha lançada em roda.
• Umbigada: Passo de dança em que dois dançarinos encostam o ventre
um no outro.
• Caxambu: Casal de tambores, grande e estrondoso, de som mais grave.
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• Candongueiro: Tambor acompanhante, menor e de som mais agudo.
• Batuque: “Termo genérico que a maioria dos viajantes utilizou para
qualquer reunião de “pretos”. Sem dúvida, foi o nome utilizado pelos “de
fora”. O termo é encontrado também nos códigos de repressão e controle, como
nas posturas municipais de várias cidades do Brasil, ao longo do século XIX, e
nos jornais da Corte, que costumavam reclamar dos incômodos que tais
práticas causavam à vizinhança e ao trabalho.”.3
OBJETIVO
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Resgatar a memória do jongo evidenciando como é grande a sua importância e
influência para a música popular brasileira em geral. Tratar do samba significa, entre
outras coisas, aproximar o conteúdo da realidade dos alunos, do imaginário popular e
nas facetas da identidade nacional.
SUPORTE AO PROFESSOR
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As escolas
de samba, muitas
criadas na década
de 1920 por
mestres
jongueiros,
possuem até hoje
em seus desfiles
estruturas semelhantes àquelas praticadas nas rodas de jongo. Além da bateria,
composta basicamente por instrumentos de percussão (a exemplo do
Candogueiro e
Caxambu
instrumentos
fundamentais ao
jongo), a presença
de um mestre sala e
de um porta
bandeira remetem
ao casal que inicia a
roda de jongo à
frente dos instrumentos. Outra característica evidente é a presença do
“puxador” que apresenta o que vai ser cantado e é seguido pelos demais.
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No período imediatamente antecessor ao surgimento do samba como
expressão cultural, o jongo cumpria o papel de elemento cultural mais popular
nos morros e zonas rurais das regiões cafeeiras. No entanto, por todas as
simbologias e crenças que carrega, é praticado em ambientes específicos e
familiares que possuem alguma
relação de intimidade entre os
praticantes, o que torna sua
pratica limitada a poucos
lugares. O samba, também de
raiz negra, marginalizado e
criminalizado nos anos pós
abolição, por outro lado
conseguiu sua difusão em
âmbito nacional.
http://jongodaserrinha.org/
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“Coitado do Zé Maria”, do grupo musical “Jongo da Serrinha”, e “100 anos de
liberdade, realidade ou ilusão?”, de Hélio Turco, Jurandir e Alvinho, samba-enredo
do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira de 1988,
representando o Jongo e o Samba, respectivamente. Ambas as músicas servem como
crônicas da realidade opressiva imprimida aos negros e afrodescendentes no contexto
social brasileiro.
Tendo apresentado uma música de Jongo e outra de samba, o (a) professor (a)
iniciará uma descrição à cerca dos atributos afins, assim como os elementos peculiares a
cada expressão artística. Questionar os alunos(as):
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discriminação racial emprega no processo de segregação social e a emergencial
necessidade de reconfiguração dos referidos conceitos.
OBJETIVO
Estabelecer, a partir de letras dos pontos de jongo, relações que dizem respeito a
“resistência do povo negro no Brasil”. Ou seja, usar as letras como fontes históricas, que
por meio da oralidade contam (e cantam) a história de um povo, mais do que isso: a
história da luta de um povo.
SUPORTE AO PROFESSOR
“Composto de canto e dança acompanhados pelos batuques dos tambores, e
originando-se nas senzalas das fazendas de cana-de açúcar e de café, tornou-se uma
forma de comunicação em que os negros bantu-angoleses, por meio dos pontos
enigmáticos, criaram uma expressão poética e complexa de resistência, um espaço para
exercitarem a sua sociabilidade em meio a situação de cativeiro” 1
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BEZERRA-PEREZ, Carolina. “Saravá jongueiro velho! Memória e ancestralidade no Jongo Tamandaré”
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que o jongo também fora mistura de diversos povos vindos da África: Bantu, Islâmicos,
Sudaneses...
Portanto, mais uma vez o Jongo nos aparece como simbologia da resistência,
tanto quando através dos pontos nos conta as fugas e revoltas, como quando pela
utilização, pelo ato, pela dança, pelo som, como elemento cultural que fora proibido e
criminalizado frente a uma sociedade que sempre buscou a modernização europeia,
branca e cristã. Desta forma sua base ancestral, a memória se reconstrói e se transforma
a partir dos elementos do presente.
Recomenda-se que o professor busque o capítulo “ O jongo” do livro “Saravá Jongueiro Velho!
Memória e ancestralidade no Jongo Tamandaré” de Carolina dos Santos Bezerra-Perez, da
editora UFJF para aprofundamento no tema.
Aqui o (a) aluno (a) deverá entender o passado histórico dos afrodescendentes e
relaciona-lo com a atual conjuntura opressora das camadas menos abastadas de nossa
sociedade, sempre destacando os mecanismos de opressão, exploração e as formas de
resistência. A relativização do processo de emancipação pretendido pela Lei Áurea é
substancial nesse momento; servirá para sintetizar toda a discussão e encerrar o
trabalho.
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que precisavam do jongo para contar segredos e quais eram eles. A finalidade é
entender essas letras como fontes históricas: com local, tempo e sujeitos. Fontes não
tradicionais, mantidas através da oralidade, e assim, aproximar os (as) alunos (as) da
realidade de um historiador. Por exemplo:
“Tava dormindo
A ingoma me chamou
Tava dormindo
A ingoma me chamou
Cativeiro já acabou!
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PROPOSTA DE ATIVIDADE (D)
Para a última atividade desta sequência, pretendemos deixar os alunos com mais
independência e autonomia, possibilitando a pesquisa histórica. Neste exercício o (a)
professor (a) deverá apresentar o seguinte ponto de jongo:
Este ponto é atual da luta do povo negro, cantado em diversos atos e atividades
políticas do Movimento Negro, sugere-se que o (a) professor (a) mantenha os grupos
formados anteriormente pelos alunos e indique a realização pesquisas acerca dos
seguintes temas:
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Artes de resistência
A luta do povo negro
Juventude negra e o direito ao futuro
A pesquisa pode ser realizada a partir de recortes de jornais que tratam do assunto, assim, o
(a) professor (a) também aproximará a classe deste importante veículo de comunicação
social, tão formador de opinião.
Considerações Finais
Acreditamos que por meio desses temas, com aulas e atividades introdutórias os
próprios alunos irão direcionar suas pesquisas sob olhar mais crítico a respeito não só
do passado do povo negro, mas do presente, contemplando suas demandas, suas pautas,
e assim, tornar-se-ão cidadãos que pensam sua identidade, sobretudo sua identidade
racial. Recomenda-se a indicação de jornais, manuais e blogs!
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https://www.youtube.com/watch?v=XJ2nwx7khq8
http://jongodaserrinha.org/cd-vida-ao-jongo-2013/
file:///C:/Users/User/Downloads/aoutrafestanegra.pdf
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http://ufftube.uff.br/video/S9AOM4MM3ASU/O-Jongo-no-Sudeste
http://www.cachuera.org.br/cachuerav02/index.php
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