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o Engenho Colonial
Trata-se de um
Engenho Real
ou uma
Engenhoca?
Por quê?
Engenho Real, de Franz Post, 1637-1644,
Óleo sobre tela
Leia o texto apresentado abaixo:
Os engenhos movidos a água, chamados
“engenhos reais”, eram maiores, enquanto os
impulsionados por cavalos ou, mais comumente,
boi eram mais lentos e tendiam a apresentar
menor capacidade produtiva.
Fonte: SCHWARTZ, Stuart. Segredos Internos Engenhos e escravos na
sociedade colonial.
“Meu Senhor, nós queremos paz e não queremos guerra. Se meu Senhor também quiser a
nossa paz, há de ser nesta conformidade, se quiser estar pelo que nós quisermos, a saber:
Em cada semana nos há de dar os dias de sexta-feira e de sábado para trabalharmos para
nós, não tirando um destes dias por causa de dia Santo.
Para podermos viver, nos há de dar rede, tarrafa e canoas.
Não nos há de obrigar a fazer camboas, nem a mariscar e, quando quiser fazer camboas e
mariscar, mande os seus pretos Minas.
Para seu sustento, tenha Lancha de pescaria ou canoas do alto e, quando quiser comer
mariscos, mande os seus pretos Minas.
Faça uma barca grande para, quando for para a Bahia, nós metermos as nossas cargas, para
não pagarmos fretes.
Na planta de mandioca, os homens queremos que só tenham tarefa de duas mãos e meia e as
mulheres de duas mãos.
A tarefa de farinha há de ser de cinco alqueires rasos, pondo arrancadores bastantes para
estes servirem de pendurarem os tapetes. A tarefa de cana há de ser de cinco mãos – e não de
seis – e a de canas, em cada feixe.
No barco há de pôr quatro varas e um para o Leme, e um no leme puxa muito por nós.
[Quanto] A madeira que se serrar com serra de mão embaixo, hão de serrar três e um em
cima.
Continuação:
A medida de lenha há de ser como aqui se praticava, para cada medida um cortador
e uma mulher para carregadeira.
Os atuais feitores não os queremos. Faça eleição de outros, com a nossa aprovação.
Nas moendas, há de pôr quatro moedeiras, duas guindas e uma carcanha.
Em cada uma caldeira, há de haver botador de fogo e, em cada termo de taixas, o
mesmo. E no dia de sábado, há de haver irremediavelmente peija [?] no Engenho.
Os marinheiros que andam na lancha, além da camisa de bata que se lhes dá, hão
de ter gibão de bata e todo o vestuário necessário.
O canavial de Jabiru o iremos aproveitar por esta vez e, depois, há de ficar para
pasto, porque não podemos andar tirando canas entre mangues.
Poderemos plantar nosso arroz onde quisermos e em qualquer brejo, sem que para
isso peçamos licença. E poderemos, cada um, tirar jacarandás ou qualquer pau sem
darmos parte para isso.
A estar por todos os artigos acima e conceder-nos estar sempre de posse da
ferramenta, estamos prontos para o servirmos como dantes, porque não queremos
seguir os maus costumes dos mais engenhos.
Poderemos brincar, folgar e cantar em todos os tempos que quisermos, sem que nos
impeça e nem seja preciso licença.”
Confira aqui o significado dos termos destacados no
documento anterior:
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documento
Johan Moritz Rugendas
o Nasceu em Augsburg, 1802 e morreu em Weilheim, em 1859.
Desenhista e pintor, descendente de família de artistas, estudou no
ateliê de Albrecht Adam. Incentivado pelos relatos de viagem de Spix
e Martius e pela exposição, em Viena, dos desenhos de Thomas
Ender feitos no Brasil, integrou-se à expedição de Langsdorf.
Desembarcou no Rio de Janeiro em 1822. Em 1825, retornou à
Europa. Voltou a viajar pela América entre 1831 e 1846, percorrendo
diversos países, inclusive o Brasil. Registrou diversas cidades
mineiras, destacando sempre o trabalho escravo na região. Foi artista
de grande prestígio na Corte, tendo pintado, além de cenas de
florestas, vários retratos da família imperial e de outras
personalidades brasileiras. É autor de Viagem Pitoresca À Terra do
Brasil, publicada em 1835.
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