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O Adolescente Cristão e o

Culto ao Corpo

O culto ao corpo
tornou-se, nos dias atuais, 1
cada vez mais frequente na
adolescência e na juventude,
constituindo uma verdadeira
obsessão principalmente em
adolescentes e jovens.
A definição básica de
corpo é: “estrutura física e
material que, juntamente
com a alma e o espírito,
compõe o homem”. Como
servos de Deus, temos a
obrigação de cuidar muito
bem do nosso corpo, pois ele
é o templo do Espírito Santo.
E, além disso, é desejo do Pai que desfrutemos de boa saúde física, mental e
espiritual. O que não podemos concordar é com os exageros cometidos pela
sociedade pós-moderna que cultua o "corpo" em busca de um ideal de beleza
imposto pela mídia. O Soberano Criador fez o corpo (Do grego soma; do
latim corpus) para ser o invólucro da alma e do espírito, que são imateriais.
Nosso corpo deve ser o templo de Deus e para sua glória (1Co 6.19). A
mordomia do corpo implica reconhecer que o mesmo é de Deus, e deve ser
conservado santo e agradável a Ele (Rm 12.1).
I – A AUTOLATRIA E O CULTO AO CORPO
O Aurélio define idolatria como: “culto prestado a ídolos”
(FERREIRA, 2004, p. 1067). Teologicamente “a idolatria pode ser
considerada também o amor excessivo por alguma pessoa, ou objeto. Amor
este que suplanta o amor que se deve devotar, voluntária, incondicional e
amorosamente, ao único e verdadeiro Deus” (ANDRADE, 2006, p. 220).
Esse termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando
usado em seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar
a veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, etc., que tome o lugar de
Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos” (CHAMPLIN, 2004, p.
206). A palavra autolatria é formada por dois vocábulos gregos: autos, que
significa “a si mesmo” e latria, que quer dizer “adoração”. Logo, autolatria
significa “adoração a si próprio”. Esse tipo de idolatria também é conhecida
como egolatria. Encontramos alguns exemplos na Bíblia, tais como: Lúcifer
(Ez 28.11-19; Is 14.12-14) e o rei Nabucodonosor (Dn 4.29,30; 5.5.18-21).
Portanto, qualquer pessoa que use o seu próprio corpo como alvo de “culto”
comete a auto-idolatria.
II - A NATUREZA MATERIAL DO CORPO
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2.1 A estrutura do corpo humano. A Bíblia declara que Deus fez o
homem do pó da terra (Gn 2.7; 1Co 15.47-49). A ciência afirma que o corpo
é constituído de vários elementos químicos terrígenos (cálcio, carbono,
cloro, flúor, hidrogênio, iodo, ferro, magnésio, manganês, nitrogênio,
oxigênio, fósforo, potássio, silicone, sódio e súlfur), juntos eles não
ultrapassam 6% de todo o corpo e o restante é composto de água, carbono e
gases, concordando assim, com o relato bíblico quanto a constituição do
corpo humano.
2.2 Ilustrações tipológicas da natureza material do
corpo. Podemos de maneira metafórica dizer com o corpo é comparado na
Bíblia aos seguintes tipos: a) Tabernáculo ou tenda (2Co 5.1; 2Pe 1.13).
Esses textos referem-se ao corpo como algo provisório, assim como o
Tabernáculo o era para Israel, em sua peregrinação pelo deserto; b) Templo
de Deus (1Co 6.19), aqui o termo “templo” faz alusão à adoração e que
devemos prestar a Deus por intermédio do nosso corpo uma adoração (Sl
103.1), e, c) Vaso de Barro (Lm 4.2; 2Co 4.7; 2Tm 2.20,21), essa designação
tem o objetivo de mostrar a fragilidade do nosso corpo e, também, destacar
a importância e utilidade desses vasos para a obra de Deus.
III - SAÚDE OU CULTO AO CORPO
Hoje em dia, a preocupação de muitos jovens e adolescentes é com a
aparência física, influenciados pela mídia que lança comerciais dizendo,
mesmo que indiretamente, que para se ter uma vida boa obtendo sucesso no
amor e na vida profissional, é preciso ter um corpo esbelto com formas
perfeitas (um corpo igual ao do modelo, ou da modelo). Uma das
preocupações mais comuns entre os jovens é estar na moda, ter aquele tênis
famoso, aquela camisa, aquela bolsa, e para poder estar em um determinado
grupo ou para impressionar alguém.
3.1 Culto ao corpo. É óbvio que devemos cuidar do corpo, todavia, a
sociedade moderna, influenciada pela mídia, vem cometendo excessos nessa
área. O que temos visto é um verdadeiro "culto à boa forma física", onde os
padrões estéticos ditados pelos meios de comunicação são cada vez mais
altos e inatingíveis, levando milhares de adolescentes e jovens às academias
de ginásticas e às clínicas de cirurgias plásticas. Muitos, até mesmo crentes,
na busca do corpo perfeito, deixam de comer ou se submetem às dietas da
moda, sem orientação médica, prejudicando a saúde. Precisamos vigiar, pois
sabemos que " o mundo jaz do maligno" (1Jo 5.19).
3.2 O dever de cuidar do corpo. Fomos criados para a glória de Deus
(Is 43.7). Portanto, toda nossa essência deve ser conservada pura, santa e
agradável a Deus (Rm 12.1,2). Controlar o estresse, fazer uma caminhada,
manter uma dieta equilibrada é essencial para a saúde física e mental de
qualquer ser humano. De acordo com os especialistas, a melhor maneira de 3
prevenir as doenças do coração é reduzir a exposição aos fatores de risco:
obesidade, diabetes, hipertensão, níveis altos de colesterol e vida sedentária.
Cuidar do corpo é questão de bom senso, no entanto, sem os exageros ao
ponto de cultuar o próprio corpo com o intuito de ficar “em dias com a moda
atual”.
3.3 Buscando o equilíbrio. O cuidado excessivo com o físico faz com
que muitos crentes negligenciem a vida espiritual (Mc 8.36,37). Jesus
afirmou que somos o sal da terra, e o sal representa equilíbrio, harmonia,
moderação. É claro que precisamos cuidar do corpo e da nossa aparência,
mas, sem exageros cometendo a “auto-idolatria”. Não podemos nos deixar
levar pelos padrões impostos pelo mundo. Devemos, sim, nos adequar aos
modelos divinos a fim de que em tudo o Senhor seja glorificado (1Pe 4.11).
IV – MEU CORPO O TEMPLO DE DEUS
A imagem corporal é uma construção multidimensional que representa
como os indivíduos pensam, sentem e se comportam a respeito de seus
atributos físicos. A imagem corporal exerce papel mediador em todas as
coisas, desde a escolha de vestimentas, passando por preferências estéticas,
até a habilidade de simpatizar com as emoções dos outros. Pode-se dizer que
a identidade humana é inseparável de seu substrato somático. Agora, o que
deve ficar muito claro é que ninguém terá sua salvação por conta de sua
beleza, mas se estiver andando nos caminhos do Senhor. Não é que, por
sermos cristãos, não devemos cuidar do nosso corpo, pelo contrário,
devemos nos cuidar, pois, nosso corpo é templo e morada do Espírito Santo
de Deus (1Co 3.16,16). Só não devemos ter obsessão pela beleza, a ponto de
colocar o seu corpo e, a sua vaidade, em primeiro lugar, em tudo que se faça
(Mt 6.33).
4.1 Nosso corpo é santuário de Deus. A mordomia do corpo implica
em reconhecer que o mesmo pertence ao Senhor, e, portanto, deve ser santo
e agradável a Deus (Rm 12.1; 1Co 6.20). Quando recebemos a Jesus Cristo
como Salvador, mediante a fé, nosso corpo, outrora dominado pelo pecado,
torna-se um santuário ou morada do Espírito Santo. Temos, então, a
responsabilidade de mantermos esse santuário sempre arrumado, limpo e
santo, mas, não idolatrá-lo.
4.2 Nosso corpo pertence a Deus. Muitos acham que têm o direito de
fazer o que quiserem com seu corpo. Esses tais imaginam que isso é
liberdade. Porém, na realidade, não passam de escravos de seus próprios
desejos. Nosso corpo não nos pertence, pois fomos comprados por bom
preço (1Co 6.19,20). Nosso corpo é propriedade do Senhor, por isso não
podemos violar os padrões de vida estabelecidos por Ele. Exercícios físicos
são saudáveis e fazem bem. Cuidar do corpo é mais do que obrigação do
cristão, entretanto, se a motivação do que se exercita não é glorificar ao 4
Senhor através de uma saúde perfeita, peca contra o Eterno, fazendo do
corpo, um instrumento de idolatria (1Tm 4.8).
V – MEU CORPO E O CULTO RACIONAL
O culto ao corpo é uma triste realidade no meio “evangélico” hoje em
dia. Lamentavelmente milhares de moças e rapazes lotam as academias com
o objetivo único de “endeusarem a sim mesmos”. Com a pressão dos ideais
de beleza impostos pela indústria da moda e alimentados pela mídia, a
valorização do corpo perfeito tornou-se uma obsessão. Hoje cada vez mais
pessoas buscam formas de transformar o físico, em busca da perfeição de
acordo com os padrões mundanos. Doenças como anorexia, bulimia e
vigorexia [transtorno caracterizado pela prática de exercícios físicos em
excesso] tomaram um vulto assustador. Muitos colocam suas vidas em risco,
consumindo remédios para emagrecer e anabolizantes ou até mesmo fazendo
cirurgias desnecessárias. O que fazer então?
5.1 Consagrar o corpo como sacrifício vivo. No Antigo Testamento,
a liturgia tinha como uma das práticas principais o sacrifício de animais.
Estes rituais serviram para apontar para Cristo e encobrir os pecados, mas
não eram eficazes para removê-los (Hb 10.3,4). As pessoas justificadas
passam a ter acesso ao sacrifício único e perfeito realizado por meio de
Cristo, porém, isso não elimina a liturgia e a consagração a Deus, pelo
contrário, exige-se uma consagração autêntica e não simplesmente algo
mecânico e repetitivo. Paulo esclarece como entrar em comunhão com Deus,
uma vez que os antigos rituais não eram mais necessários. O culto agora
deveria ser realmente espiritual, onde o adorador entrega sua própria vida,
seguindo o exemplo de Jesus, o corpo do crente passa a ser o lugar de
encontro e da comunhão, lugar privilegiado na adoração, o templo do
Espírito Santo (1Co 3.16; 6.19).
5.2 Consagrar o corpo em santidade. O apóstolo orienta o crente a
oferecer o corpo como sacrifício vivo, mas ele acrescenta que deve ser um
corpo santo. No AT a santidade era preocupação dos sacerdotes. O povo era
responsável por levar o sacrifício a ser oferecido, mas era o sacerdote que o
oferecia, ele que deveria tomar as precauções previstas na lei mosaica, tanto
para quem oferecia como para o sacrifício em si (Êx 28.1-4; Lv 4.3; 21;
23.12; Hb 8.7,8). Devido à sua limitação, o sacrifício deveria ser repetido
várias vezes (Hb 10.3). Na nova aliança, o crente não precisa mais de
intermediário, pois cada crente possui um sacerdócio santo para oferecer o
sacrifício espiritual e agradável a Deus (1Pe 2.5). O crente passa a adorar a
Deus por meio de seu próprio corpo, de forma integral (corpo e alma).
Oferecer um corpo santo é oferecer corpo e alma de forma exclusiva
(separada) para Deus, o culto espiritual.
5.3 Consagrar o corpo de forma agradável a Deus. Deus se 5
interessa pelo interior das pessoas, onde está o verdadeiro eu, mas é inegável
que o interior reflete no exterior. Desse modo, como devemos cuidar do
templo do Espírito Santo? É um bom momento para refletirmos sobre a
mordomia do corpo, para que possamos consagrá-lo a Deus de forma
agradável. Dentre vários cuidados, pode ser citada a alimentação saudável
(Pv 23.2; Gl 5.22,23). Alguns crentes levam uma vida desregrada e quando
as consequências deflagram no corpo eles correm para Deus, como se Ele
tivesse obrigação de curar. No entanto, devemos oferecer o melhor ao nosso
corpo para que estejamos prontos para o serviço do Mestre. Isso é agradável
a Deus.
CONCLUSÃO
Na Bíblia encontramos várias mensagens que nos orientam a manter-
nos puros e saudáveis. Então, cuidemos do nosso corpo objetivando a glória
de Deus: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa,
fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31)

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