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vamos

conversar?
Cartilha de enfrentamento da violência doméstica
e familiar contra as mulheres
A Defensoria Pública, por meio do Núcleo de Defesa da Mulher, orienta as mulheres sobre seus tinha sido
direitos e presta assistência jurídica integral e gratuita a quem comprova ser hipossuficiente. feriado na
Endereço: SGAN 601, lote J, Brasília-DF O Miguel não teve
Foi numa quinta-feira, e
Telefone: (61) 3226-0458 essa sorte e ficou
sexta-feira nosso serviço
O Ministério Público tem como missão promover a justiça, a democracia, a cidadania e a dignidade emendou com trabalhando. nem
que a gente contei pra ele que
humana, atuando para transformar em realidade os direitos da sociedade. O Núcleo de Gênero o fim de
Pró-Mulher tem como objetivo o enfrentamento e a prevenção da violência doméstica e familiar se encontrou. semana. ia encontrar as
contra a mulher. meninas.
Endereço:
Núcleo de Gênero Pró-Mulher/MPDFT
Eixo Monumental, Praça do Buriti, lote 2, Sede do MPDFT, sala 144
Telefones: (61) 3343-6086/(61) 3343-9625
Fax: (61) 3343-9948
tinha muito
Oi,
A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e ao tempo que a
talvez ele nem Myla!
empoderamento das mulheres. Liderança global para os direitos de mulheres e meninas, a ONU gente não
implicasse.
Mulheres foi criada para acelerar o progresso delas na satisfação de suas necessidades em todo o se via.
mundo. A ONU Mulheres apoia os Estados-Membros das Nações Unidas, a definir padrões globais
para alcançar a igualdade de gênero, e trabalha com governos e sociedade civil para elaborar só sei que eu
leis, políticas, programas e serviços necessários para implementar estes padrões. Promove a estava ansiosa
participação igualitária das mulheres em todos os aspectos da vida, com foco em cinco áreas para ver minhas
prioritárias: aumentar a liderança e participação das mulheres; combater a violência contra amigas.
as mulheres; envolver as mulheres em todos os aspectos dos processos de paz e segurança;
reforçar o empoderamento econômico das mulheres; e fazer a igualdade de gênero central para
o desenvolvimento, planejamento e orçamento nacionais. A ONU Mulheres também coordena e
promove o trabalho do Sistema das Nações Unidas na promoção da igualdade de gênero.
Endereço: Casa da ONU, Complexo Sérgio Vieira de Mello
SEN, quadra 802, conjunto C, lote 17 – Brasília-DF – Brasil e aí, Laura, Que
Telefone: (61) 3038-9153 tudo bom? linda a
casa da
A Secretaria Adjunta de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SAMIDH)
elabora e promove políticas voltadas para segmentos historicamente invisibilizados nas políticas
helena!
públicas – mulheres, populações negra, indígena, cigana e minorias étnicas; pessoas com deficiência,
pessoas idosas, pessoas em situação de rua e pessoas LGBTs, visando uma Brasília que saiba conviver,
respeitar e incluir.
Endereço: Anexo do Palácio do Buriti, 8º andar – Brasília-DF
Telefones: (61) 3403-4903/(61) 3403-4904

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios - TJDFT, por intermédio do Centro
Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania da Mulher em Situação de Violência Doméstica
e Familiar (CJM), tem a missão de proporcionar à sociedade o acesso à justiça e a resolução dos estamos lá fora!
conflitos, por meio de um atendimento de qualidade, promovendo a paz social. O CJM do TJDFT deixa a bolsa aí no sofá
com as nossas! ...o miguel
busca um modelo de atuação judicial que favoreça o pleno atendimento à Lei Maria da Penha.
Endereço: SGAN 601, lote J, Brasília-DF não aguenta
Telefones: (61) 3103-7726/(61) 3103-7718 ficar mais de
vinte minutos
sem me mandar
mensagem.
1a EDIÇÃO Só vou
© 2016 ONU Mulheres pegar o
Todos os direitos reservados. celular...
3
amor demais, né?
sobre
o que
vocês
estão
conver-
sando?

sério? a helena tava


começando um
caso aqui agora, sim. foi uma época
né? muito difícil da
minha vida que queria
compartilhar com
vocês...

Pouca gente sabe Todos diziam que


Bem-vinda, laura!
que eu era casada éramos o casal
senta aqui com a gente! antes de me perfeito, como o
mudar para cá. de um filme.
O Fernando Quando engravidei,
era lindo, ele disse para eu
cavalheiro, parar de trabalhar
bem-sucedido... para cuidar melhor de
mim e do Davi.

Eu me culpei quando as coisas começaram


a esfriar entre a gente. Se ele chegava
cansado do trabalho, devia ser porque tinha
Ele disse que não que trabalhar a mais para nos manter.
deixaria que nada nos
faltasse e eu larguei
meu emprego. Quando Então, quando o Davi entrou
o Davi nasceu, pude na escolinha, eu voltei a
me dedicar totalmente trabalhar na parte da tarde.
a ele. O Fernando não gostou
nem um pouco disso.
O Fernando me tratava
como uma rainha.

mesmo trabalhando, mas eu Eu achei que, se as coisas


você poderia ter se achei que voltassem ao normal,
dedicado ao davi. pra fosse nosso amor se reaqueceria
isso serve a licença- a coisa e ele não ficaria mais
maternidade... certa a nervoso e nem me trataria
fazer.
com frieza.
4 5
Eu estava enganada.
Toda noite ele ficava nervoso por qualquer
coisa. Às vezes, gritava comigo e depois
pedia desculpas dizendo que me amava e
que isso não aconteceria nunca mais.
Mas acontecia.

Nossa,
ninguém amiga...
que infelizmente,
situação não, camila. nunca havia se
horrível, eu ainda não divorciado na
amiga! foi considerava minha família, e tive
aí que você divórcio uma medo do que iriam Quando eu dei entrada nos papéis de
se divor- opção. pensar sobre divórcio, ele começou a me ameaçar. Me
ciou? mim. ligava, mandava recados, às vezes me
Mas esperava na saída do trabalho... Teve uma
ainda vez que ele buscou o Davi na escolinha
teve sem me avisar e me deixou sem notícias
mais... dele a noite toda! Foi horrível, achei que
meu filho tinha sido sequestrado!
eu tinha então,
me casado com o além disso,
eu decidi
príncipe encantado! tive medo de
lutar pelo
como o davi
como eu poderia
iria reagir.
meu casa- No final, consegui o divórcio e a guarda do Davi,
simplesmente de- mento. mas continuava com muito medo. Resolvi
sistir dele? na minha
cabeça, divórcio
abandonar tudo e mudar de cidade. Eu e o
era como uma Davi começamos uma vida nova aqui. Como
fraqueza! ele era muito pequeno na época, ele se
lembra pouco do que aconteceu.

Um dia, um amigo do trabalho Eu mandei o Fernando parar,


me deu carona de volta pra mas ele não me ouvia mais e você não quis
casa porque meu carro tinha e me deu um soco no rosto. denunciar?
infelizmente,
quebrado. Acho que ele só parou porque a lei maria da
ouviu o Davi chorando. penha ainda não
O Fernando ficou furioso, existia naquela
estava louco de ciúme! Nós Aquele foi o momento em que época.
discutimos, e ele me deu eu vi que meu casamento já
um empurrão. Foi quando eu tinha acabado há muito tempo.
vi o Davi. Nossos gritos o Naquela noite, peguei o Davi e eu queria
acordaram, e ele veio ver o que fomos pra casa da minha mãe. entender melhor
estava acontecendo. essa lei...

6 7
talvez eu possa Gente,
eu ouvi
vocês
Quando sofri violência doméstica, Eu
ajudar com isso... essa é a ana, que
cuida da faxina
falando
sobre a lei deixei tudo para trás para recomeçar a
aqui de casa! maria da
penha e eu
aprendi um
vida me sentindo segura, mas ele nunca
bocado
sobre isso foi responsabilizado pelo que me fez.
há uns anos...
posso
contar pra
vocês?
claro!

basicamente,
a lei maria da penha surgiu
para proteger mulheres que
estejam sofrendo violência
doméstica.

Lei Maria da Penha Qualquer mulher que seja vítima de


Segundo a Lei n 11.340/06,
o violência pode ser protegida pela lei.
em seu artigo 5o, a
violência doméstica e
familiar contra a mulher é
Essa violência pode vir tanto de um
homem quanto de outra mulher, Não é justo que eu
sofra sozinha pelos erros dele.
“qualquer ação ou omissão contanto que exista a convivência
baseada no gênero que íntima ou doméstica.
lhe cause morte, lesão,
sofrimento físico, sexual
ou psicológico e dano
Pode ser alguém da família, como
pai, mãe, irmãos, ou mesmo um(a)
não carreguem este peso sozinhas.
moral ou patrimonial”
quando praticada no âmbito
cuidador(a). pode ser o patrão
ou patroa que convivam no mesmo Busquem ajuda, denunciem, deixem que
da unidade doméstica, da ambiente doméstico. pode ainda ser
família ou em qualquer
relação íntima de afeto.
um(a) namorado(a) ou ex, esposo (a)
ou até colega de quarto.
o agressor responda por seus atos.
Nada disso é culpa sua!
8 9
você
eu nunca parece ter uma E não
imaginei que vida tão mas isso Temos que prestar podemos
isso aconteceria perfeita... pode acontecer atenção nos detalhes. esperar
logo com com qualquer Grande Parte das mulheres chegar neste
você... mulher. assassinadas no brasil ponto
estavam em situação de pra dar
violência doméstica. um basta!

Ana, você aceita


e é importante pensarmos mais sobre a violência
um café? Gostaríamos
física, que é muito mais do que um tapa, ainda bem de ouvir sua história
um chute ou um soco. que eu não também!
esperei.

Teve uma vez, antes do Fernando me bater, que ele


gritou comigo e cuspiu na minha cara. na época, eu
não achei que era caso de violência porque não
ficaram marcas visíveis. mas a violência vai
muito além de um olho roxo. Isso já faz oito anos. Eu tinha acabado de chegar na
cidade com minha filha, Jéssica. Eu comecei a trabalhar
na casa do seu Cláudio e da dona Mariana na mesma
semana. Eles tinham um quarto nos fundos pra gente
alguns exemplos de violência física: morar, eram mais velhos e não tinham filhos.
- foi empurrada; Pareciam pessoas boas.
- foi segurada pelo braço de forma agressiva;
- puxaram seu cabelo;
- foi beliscada;
- teve sua roupa arrancada à força.
fique atenta, pois esses comportamentos podem
evoluir para agressões mais perigosas, como:
- surras;
- uso de amarras;
- cortes; Com alguns meses trabalhando
- mordidas;
- socos e chutes;
lá, eles já diziam que eu era parte
- estrangulamento;
da família. Aquilo me incomodava
- queimaduras; porque eu estava ali como
- forçar a ingerir remédios, bebidas ou drogas; trabalhadora.
- e várias outras.

10 11
no dia seguinte,
uma amiga me levou num
centro de atendimento.
O seu Cláudio, ao contrário da mulher, era
aposentado e ficava o dia todo em casa.
A gente conversava muito, e ele sempre
falava o quanto estava infeliz no casamento.
Um dia, ele começou a me dar presentes.
Eu me sentia muito desconfortável nessas
situações, aquilo não me parecia certo.

não era tão simples.


mas se você
a situação era desagradável,
não estava
mas eu não achava que tinha
gostando, Lá, eles me eles também
acontecido nada muito
por que não acolheram, me me explicaram
concreto.
falou com ele orientaram, me que violência sexual
ou com a explicaram sobre não se limita a
mulher? a lei maria da estupro...
eu tinha medo de não penha e eu decidi
acreditarem em mim e eu denunciar.
precisava do emprego e do
lugar pra morar
com a jéssica.

Ser, de alguma forma, obrigada a


A situação foi piorando aos poucos. manter, presenciar ou participar de
Ele começou a me tocar de forma relações sexuais, ou a se prostituir é
diferente e eu ficava cada vez mais violência sexual.
constrangida, até que, um dia, não deu
mais para ignorar. Ser impedida de usar métodos
contraceptivos ou forçada ao
Foi uma noite que dona Mariana matrimônio, gravidez ou aborto
demorou a chegar. Ele forçou a também.
entrada no meu quarto, me apalpou
inteira e me mostrou o órgão sexual. Existem outras situações, além
Chegou a me oferecer dinheiro em dessas. No meu caso, eu sofri
troca de sexo. assédio, que também é violência.
12 13
várias vezes, eu
me perguntei por ah, ana,
Fui assediada sexualmente pelo
que eu fui
assediada.
eu penso que
nada justifica o meu patrão. Por muito tempo,
assédio. mesmo

eu nunca
se você só usasse
shortinho, a culpa
tentei entender onde foi que
eu tinha errado.
fui muito não seria sua...
bonita...

... minhas é verdade:


roupas são a culpa do
comportadas... assédio nunca é
da vítima, e dizer o
contrário só ajuda a
será que foi perpetuar a violência.
alguma coisa É preciso refletir sobre
que eu disse? as relações de poder
que se estabeleceram
na sociedade.

é não tinha
quantos filmes mesmo, pensado por este
e novelas não né? lado...
reforçam a ideia
de que a mulher
deve sempre
obedecer ao
homem?

Hoje, entendo que a culpa


ou mesmo
que encontrar nunca foi minha! Eu tenho
um príncipe
encantado
deveria ser nosso
direito à dignidade e ao respeito
em qualquer situação,
objetivo de vida?

assim como qualquer


14
outra pessoa! 15
infeliz-
a mente, Eu tinha acabado de me mudar para
minha
acho que uma casa antiga, e a parte elétrica
história foi
você quase precisava de reparos. O Zé era
um pouco
também, todas já
estive-
eletricista e era tão charmoso que
diferente...
camila?
mos em não reclamei quando ele disse que
relacio- precisaria de vários dias para
namentos completar o serviço.
abusivos.

3 em cada 5 mulheres já
sofreram algum tipo de violência
doméstica no brasil*.
sim... Quando começamos a nos relacionar, senti que estava no controle da minha vida
sexual. Senti que eu poderia ter uma vida realizada, como eu sempre sonhei.

A gente não se via todo dia: o Zé passava lá em


casa umas duas ou três vezes por mês.
Sempre terminava em sexo, mas eu nunca
tinha sentido prazer.
Eu achava que eu é que estava fazendo alguma
coisa errada e que da próxima vez seria melhor.
Crescer com uma deficiência física não foi
fácil. Além da falta de acessibilidade em O Zé também costumava me colocar em
toda parte, foi difícil, para mim, manter a posições que eram desconfortáveis para mim,
autoestima. mas eu não queria atrapalhar o prazer dele, então
eu deixava.
Eu nunca me identifiquei com as mulheres do
cinema ou das capas de revista.

Eu nunca tinha tido nenhuma é, mas na época eu não via


experiência romântica que poxa, camila... dessa forma. eu lia todas
tivesse sido boa para mim. que situação aquelas matérias sobre
ruim! o seu “como satisfazer seu
Até hoje, não sou vista como prazer não homem na cama”, que vêm
"mulher para namorar e casar". era menos nas revistas femininas.
importante
que o dele.

16 *Fonte: Instituto Avon/Data Popular, 2014. 17


não é tão grave quanto as
e isso acontece de histórias das meninas, mas eu
Às vezes, ele me Vi que a relação não tava uma forma tão cruel também já
chamava de "anormal"” ou legal e tentei conversar. que a gente acredita me senti
“"inválida", sempre em tom Ele riu e disse que era que merece esse tipo assim...
de brincadeira. Quando melhor aguentar, porque de tratamento ou que é
nossa culpa.
será que
eu falo?
reclamei, ele me acusou de "ninguém mais iria me
não ter senso de humor. querer".

uma vez eu comentei sobre o que eu tava sentindo


com uma vizinha. sabem o que ela disse?

“A gente tem que aguentar mesmo, antes


mal-acompanhada do que só!”

O miguel
outro dia me
chamou de baleia quando questionei,
Eu odeio essas e falou que era ele disse que eu isso acontece,
“Brincadeiras”! “Brincadeira”! estava “exagerando”! mesmo! quando
“em briga de marido e mulher, não se mete a colher”
o fernando gritava
comigo, o que vocês “um tapinha “apanha porque merece!”
acham que a vizinhança
falava? eu só
não dói!” “ele pode não saber por que
ou seja, o cara
Depois, eu entendi que isso é um imagino! mas ninguém
te falta com respeito e
tipo de violência psicológica. merece violência
“ela gosta está batendo, mas ela sabe por
você que sai como a vilã
da história! alguma! de apanhar!” que está apanhando!”
Ofensas disfarçadas de
brincadeiras, humilhações, críticas
sobre tudo o que fazemos... Ou Quando terminei o Fiquei com medo do que ele podia
olha que quando tentam controlar nossa namoro, o Zé ficou fazer e denunciei. Depois fiquei
inversão! forma de vestir, comer, pensar ou bravo e disse que sabendo que ele também tinha feito
tá tudo nos expressarmos... eu não tinha como isso com outra mulher que tinha um
errado! "correr" dele. pé amputado, e ela também denunciou.
Quando nos vigiam, nos
ameaçam, chantageiam; Sei que, quando a mulher
quando nos isolam dos tem alguma deficiência,
nossos amigos e familiares... a pena do agressor pode
Tudo isso é violência ser aumentada em até
psicológica. 30 %.

18 19
Muita gente diz que “em briga E vou te conta
pra gente,
de marido e mulher não se
contar que esse
apoio me fez myla!
falta...

mete a colher” ou que “tem


mulher que gosta de apanhar”.

Eu e minha mãe nunca nos demos bem, mesmo morando


na mesma casa. Quando eu tinha uns 18 anos, ela
arranjou um namorado superesquisito. Com uns três
meses de namoro, ele foi morar com a gente.

O cara sempre me tratou mal por


ser lésbica. Ele me xingava, falava
com os vizinhos que eu era puta,
"uma“vagabunda imoral que não valia
nada e só dava despesa".
Isso, por si só, já era violência moral,
mas naquela época eu não sabia nada
sobre a Lei Maria da Penha.
Como se não bastasse, ele sempre me
Estas são grandes mentiras. olhava de um jeito estranho.

Nenhuma mulher gosta


nem merece viver numa Hoje, eu sei que Violência Moral é quando somos vítimas de
ofensas, calúnias, xingamentos, difamações e injúrias; quando
somos humilhadas publicamente ou até mesmo acusadas de um crime
relação violenta. que não cometemos.

20 21
Um dia, minha mãe não estava em casa,
e ele entrou no meu quarto dizendo que
eu era“"errada"” porque ainda não tinha
conhecido um “"homem de verdade". Parecia a salvação no início, mas depois
eu tive vários problemas com a Vanda. Ela
Naquela tarde, ele me estuprou e disse que era controladora, possessiva... Começou a
voltaria se aquilo não me "endireitasse". invadir meus e-mails, olhar meu celular e
me isolar dos meus amigos.
Mesmo com medo, eu contei tudo pra
minha mãe, mas ela ficou do lado dele e Mas aí eu já conhecia melhor meus direitos,
disse que eu estava inventando tudo. já trabalhava e ganhava o meu dinheiro. Eu
terminei com ela e fui morar numa pensão.
Se ela tivesse me perseguido igual ao ex
da Helena, eu teria denunciado, porque a
lei também age em relações homoafetivas
entre mulheres.
Eu estava desesperada para sair
de casa, mas era economicamente
dependente da minha mãe. Foi aí
que conheci a Vanda, uma mulher
doze anos mais velha do que eu,
compreensiva e independente.
ela não gostava
Ela parecia querer
A gente ainda não tinha muito que minha vida se
que eu saísse
l lindo
tempo de namoro, mas ela sabia resumisse somente a ela.
sozinha e, quando eu Miguesagens não lidas
28 men

o que eu estava passando e me saía, ela me ligava


Migue
l lindoidas
ões pe
rd

chamou para morar com ela. e mandava mensagem


o tempo todo.
5 ligaç

Disse que me ajudaria enquanto eu


precisasse.

só que a era
história ainda sufocante.
não acabou. o amor dela
AMiga, me fazia mais
que mal do que
história bem, e eu
triste! ainda bem terminei
que a vanda tudo. precisamos ficar
atentas, porque a gente
apareceu!
às vezes sofre violência
sem perceber.

22 23
Alguns comportamentos violentos se e nós
Sim. Por
exemplo, se
Pois é! até parece
que a função da mulher é

disfarçam de amor e cuidado e nem precisamos


pensar nos
aspectos
todo mundo
come e suja,
por que
satisfazer os homens! Nós
somos muito mais
do que isso!

sempre a gente percebe que está numa culturais que


fazem essas
esperam que
só a mulher temos nossas
situações cozinhe

relação abusiva.
próprias vidas e
serem tão e limpe? somos livres para
comuns sermos o que
no nosso quisermos!
país!

Claro, Laura!
Nossa, gente...
Tanta coisa já mudou,
Mas as pessoas
já conquistamos
já pensam
tantos direitos! A
assim há tanto
própria lei Maria
tempo... Vocês
da Penha!
acham mesmo
que tem jeito de
mudar? Só que ainda
há muito a ser
feito!

Mas como a A luta começa


gente pode lutar quando a gente reconhece que a
contra todo esse violência existe.
machismo?

pense Se a relação te traz força e


alegria ou medo e angústia. Acho que o primeiro passo é
justamente o que estamos fazendo:
conversar sobre o que nos
Você merece um relacionamento machuca, contar nossas histórias,
apoiarmos umas às outras e
percebermos que não estamos
que te impulsione a sozinhas. Nosso sofrimento não é
coisa da nossa cabeça, é real.

crescer e ser feliz!


24 25
exemplos de Violência patrimonial:
Não é fácil,
Eu também tenho Isso é quando o(a) agressor(a) estraga ou
para mim, falar
uma vivência que violência destrói seus pertences pessoais como
sobre isso, mas
quero dividir patrimonial, celular, roupas, maquiagem... pode ser por
me sinto segura
com vocês. não é, ciúme ou qualquer outro motivo.
com vocês.
Júlia?
pode ser também quando controlam ou
confiscam seu salário e exigem que você
preste contas de tudo o que gasta; ou
se tiram de você seus documentos ou
instrumentos de trabalho.

Como mulher transexual, eu sempre Ou ainda se o(a) parceiro(a) vende um


tive que enfrentar uma série de sim! patrimônio que é dos dois sem seu
desafios diários para conseguir consentimento e fica com todo o dinheiro.
vivenciar minha identidade nas
coisas mais básicas do cotidiano.

Voltando à história, aquele episódio me


deixou arrasada, mas a agressão não
Eu cresci numa família tradicional e conservadora parou por aí. Teve uma noite que eu estava
que nunca foi solidária com meus sentimentos e, chegando em casa e ela avançou em mim.
por isso, eu era constantemente desrespeitada.
Ela disse que queria "o menino dela de volta
de qualquer jeito". Ela arrancou minhas roupas
à força e cortou meu cabelo contra minha
Um dia, minha mãe entrou no meu quarto vontade enquanto meu pai me segurava.
enquanto eu estava no cursinho. Quando
eu voltei, ela tinha rasgado meus vestidos,
destruído minhas maquiagens e quebrado
todos os meus objetos que ela identificou Foi a pior noite da minha vida.
como "de mulher".

Sei que a lei também protege mulheres trans, mas na


época eu ainda não tinha conseguido mudar meu nome
e alterar meus documentos, de forma que não pude
denunciar baseada na Lei Maria da Penha.

Mas eu estava tão fragilizada, que não sei se


teria denunciado...

26 27
A violência é muito
grande. No Brasil, a
sim. minha avó me todos os dias, Eu enfrento
chamou para morar
expectativa de vida de
mulheres transexuais é
de apenas 35 anos*.
com certeza! E você
conseguiu sair da
com ela.
a violência por causa do
eu, que tenho 36,
sou uma sobrevi-
casa dos seus pais?
preconceito e da discriminação
vente.
contra mulheres trans.

A gente
tem uma relação Mas mesmo
bem legal. eu se sua avó não
ainda não era pudesse te ajudar,
economicamente
você teria o direito
independente e
Não sei se eu teria de solicitar Apoio
conseguido sem financeiro do
o apoio dela. governo, sabia?

De acordo com a Lei Maria da Penha, as mulheres em


situação de violência podem ser incluídas nos
cadastros de programas de assistência social
dos governos municipais, estaduais e federal, o que pode
acontecer inclusive no período de medidas protetivas de
minha LUTa contra o machismo e
urgência (ou a qualquer momento necessário).

Cada município tem sua própria organização da política


a transfobia é diária, mas
de assistência social, mas as mulheres que sofreram
violência doméstica podem ter acesso ao Bolsa Família
(se estiver dentro dos critérios desse programa) ou ao
minha identidade não se resume
chamado Benefício Eventual, em caso de vulnerabilidade
social provisória. aos meus momentos de dor e
*Fonte: IBGE, 2013.
jamais desistirei de mim mesma!
28 29
Ah! isso o impacto da violência
é verdade! é muito profundo. não foi Minha mãe tem setenta e quatro anos
só meu corpo que precisou
cicatrizar.
e se chama Celina. Ela sempre morou
na chácara da minha família.

Foi meu amor-


Quando eu próprio também. Na verdade, eu venho de uma família
estava com o de agricultores. Só eu e minha irmã
Fernando, eu fiquei
muito deprimida.
que viemos para a cidade trabalhar
minha com outras coisas.
dignidade.

Cheguei a pensar que,


minha vontade
mesmo se eu me separasse, nunca
voltaria a ser feliz como antes. de viver. Depois que o papai morreu, mamãe
Eu quase desisti de mim mesma.
ficou morando com o Renato, nosso
irmão mais velho, que passou a
tomar conta da chácara.
oito anos
se passaram e hoje sim,
sou, mesmo, mas às vezes De uns tempos para cá, a gente notou
muito feliz! é quem está que a mamãe estava desanimada, com a
de fora que voz fraca no telefone. E o Renato sempre
percebe o falando que estava tudo bem, que era coisa
Mas, às vezes,
perigo. da idade.
quem está de fora não
entende quanta força e
coragem foi preciso Um dia eu fui lá e
para sair daquele estranhei algumas
casamento. coisas.

As roupas dela estavam todas


Infelizmente,
velhas, gastas... E ela sempre
A história que eu vou contar é, na
não é uma história foi tão vaidosa! Na geladeira,
verdade, a história da minha mãe.
incomum, mas são não tinha quase nada.
muito poucas
denúncias que
acontecem nesses
casos.
Perguntei se ela estava precisando
de dinheiro, se estava com problemas
para receber a pensão... Ela só
desconversava.

30 31
a medida protetiva é um primeiro, porque ele estava sempre
recurso muito importante que bêbado e podia ficar agressivo com ela.
pode ser usado em qualquer caso
de violência doméstica e pode
Quando fomos ver, o Renato ser estendida também aos filhos Segundo, porque ela
estava pegando o cartão de e parentes da vítima. no nosso não enxergava o risco e não
mamãe pra comprar bebida! E ele caso, nós precisávamos de queria mandá-lo embora
usava quase todo o dinheiro dela, uma garantia de que o de casa.
tinha dia que faltava até pão! Renato não chegaria nem
perto da mamãe.
terceiro, ela já estava
deprimida, e ele ia
Mamãe já estava com continuar usando
princípio de depressão, todo o dinheiro que
mas não falava nada com a ela tinha.
gente, não sei se por medo ou
desgosto.

Também, sem vizinhos para apoiar, as ainda bem que vocês perceberam o
filhas distantes, nenhuma delegacia nos Então,
que estava acontecendo!
arredores... Com certeza ela se sentiu o juiz deferiu a medida
protetiva, ou seja,
muito desamparada. determinou que o
Renato não podia mais
morar com a mãe e nem
se aproximar dela.
isso também
com
é violência
certeza,
patrimonial, né?
Ju. se ele não obedecer,
pode até ser preso.

como
funciona
Quando percebemos, a medida
eu e minha irmã denunciamos prote-
eu não
o renato e pedimos a medida tiva?
percebi.
protetiva na hora!

imagina se ninguém
tivesse percebido o
problema?

32 33
por que você aquela vez que
mas nós acha que te sabe fomos no bar, e ele disse que o
percebemos. chamamos para
conversar? quando foi problema de, um dia, casar com
que percebi você era que o filho dele ia
que você “nascer preto”.
poderia estar
com proble-
mas?
ele riu depois,
mas racismo não
é piada.

conversa como racismo


com a inclusive, a violência
você é crime.
gente, contra mulheres negras vem
realmente
amiga. crescendo muito nos últimos anos,
vem se
aqui no brasil.
sentindo?
olha...
sim.
eu vejo que ele é e também acho que
controlador, me liga toda não foi a ele não enten- o
hora, quer saber onde e com primeira vez de que, por
quem estou... que ele fez
... o Miguel sempre foi muito Uma vez, tivemos uma briga feia. Ele esse tipo de
séculos, nós,
negros, sequer
protetor e eu achava romântico. rasgou nossa foto, disse que eu tinha sorte comentário fomos tratados
Mas, ouvindo as histórias dele estar comigo e me chacoalhou. racista... como gente,
de vocês, reconheci uns e isso ainda
comportamentos nele que não não acabou
têm nada a ver com amor. totalmente.

mas eu Laura,
também sei que a a decisão é sua.
gente se ama muito,
e isso torna tudo mas fique
mais difícil... atenta aos sinais de
violência.

Quando fizemos as pazes, eu


remendei a foto. Mas claro que ela
não ficou tão bonita quanto antes.

34 35
algumas coisas
não podem ser
remendadas com
fita adesiva.
e você?
Assim como a Laura, muitas mulheres se Elaboramos, então, algumas perguntas que
encontram em relacionamentos abusivos ajudam a analisar nossos relacionamentos
sem se darem conta disso. Como geralmente de forma mais objetiva. Marque apenas
existem muitos sentimentos envolvidos, “sim” ou “não” nas situações abaixo, sem
o importante é saber pode ser difícil nos reconhecermos em justificar as atitudes do(a) companheiro(a) ou
que pode contar com a gente e, uma relação que não nos faz bem. Isso não familiar – ou seja, não importa se “foi apenas
se quiser, pode também buscar é motivo para vergonha, é algo que pode uma vez” ou se “não é assim o tempo todo”.
orientação em centros de acontecer com qualquer pessoa. Confira o resultado na outra página.
atendimento especializado.
Pegue uma caneta e marque “sim” ou “Não” nas situações descritas abaixo,
de acordo com suas próprias vivências.

Seu companheiro(a) ou familiar...


você não tem sim não
que enfrentar isso ...vigia e/ou controla o que você faz?
sozinha!
...costuma demonstrar ciúmes com frequência?
...a proíbe de visitar familiares e de manter relações de amizade?
...a critica por qualquer coisa que faz, veste, come ou pensa?
...a proíbe, ou atrapalha, de trabalhar e/ou estudar ?
...a xinga ou humilha diante de familiares ou amigos?
...briga com você ou a critica sem motivos aparentes?
...a ameaça, faz chantagens e/ou a acusa de coisas que você
não fez?
...controla o dinheiro e a obriga a prestar contas, mesmo quando
você trabalha?
...já chegou a destruir seus objetos pessoais, de valor sentimental
e/ou objetos da casa?

36 37
(continuação)
BUSQUE AJUDA! Mas... como eu
posso pedir ajuda?
Seu companheiro(a) ou familiar... onde serei bem
sim não Existem centros de atendimento acolhida?
...diz que se você não for dele não será de mais ninguém, especializado onde você será ouvida
ameaçando-a caso o abandone? e encontrará o apoio de que precisa.
Você poderá contar sua história, terá
...a atinge emocionalmente, fazendo com que você se isole e todas as suas dúvidas respondidas e
tenha vergonha de contar a alguém sobre a violência vivenciada?
será orientada sobre como proceder.
...faz questão de lhe contar que tem arma de fogo ou a exibe para
você? Ninguém vai te obrigar a nada:
a escolha do que fazer será
...já chegou a agredi-la fisicamente (bater, empurrar, chutar,
sempre sua.
beliscar, puxar o cabelo etc.)?
...já a agrediu (física ou verbalmente) diante de seus filhos?
...já a agrediu ou agrediu outro membro da família?
Existem vários pontos onde você pode encontrar orientação e apoio incondicional.
...já a agrediu utilizando objetos ou utensílios domésticos? Os Centros Especializados de Atendimento à Mulher - CEAMs e a Casa da Mulher
Brasileira são ótimas opções para conhecer melhor seus direitos e encontrar apoio.
...a faz sentir culpada pela violência sofrida?
...a obriga a manter relações sexuais contra sua vontade ou se
envolver em atos sexuais que você não aprecia?
casa da mulher brasileira

as brigas e as agressões estão ficando mais frequentes e mais Localizada próxima à L2 na Asa Norte, em Brasília, a Casa da Mulher Brasileira é uma
graves? inovação no atendimento às mulheres. O objetivo é oferecer serviços humanizados
e integrados de apoio à mulher que está em situação de violência. Na Casa, você
terá acesso a equipes especializadas em diferentes áreas, como: apoio psicossocial,
Marcou uma ou mais situações? delegacia de polícia, postos do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios e
do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, Defensoria Pública; promoção de
Fique atenta! autonomia econômica, cuidado das crianças – brinquedoteca; além de alojamento de
passagem e central de transportes.

Endereço: SGAN 601, lote J, Asa Norte, atrás do SERPRO, na L2 Norte.


Situações como essas sugerem que
você pode estar em uma situação de violência. Telefones: (61) 3224-6508/(61) 3225-2429
Mas você não precisa enfrentar isso sozinha! Horário de Funcionamento: todos os dias da semana, das 8 às 20h

38 39
Centros Especializados de Atendimento à Mulher (CEAMs) Medidas protetivas de urgência (MPUs)

Os Centros Especializados de Atendimento à Mulher são integrantes do Programa As MPUs são medidas judiciais que podem ser
de Prevenção e Enfrentamento à Violência contra Mulheres. O objetivo central é solicitadas pelas mulheres em situação de violência
promover a ruptura da situação de violência e construir cidadania por meio de se você doméstica e familiar ainda na delegacia, no momento
não se sentir
atendimentos interdisciplinares. Nos CEAMs, você terá acesso a atendimento do registro do Boletim de Ocorrência - BO. Segundo
segura, peça
psicológico, social e jurídico bem como orientação e informação. a medida recentes decisões dos tribunais, caso a vítima não
protetiva! queira registrar uma ocorrência criminal, mas
Os Centros Especializados de Atendimento à Mulher estão localizados em vários tenha necessidade de proteção, é possível o
pontos do Distrito Federal e você pode escolher o mais próximo à sua casa. deferimento de Medida Protetiva de Urgência.
Além disso, as medidas aplicadas podem variar de
Endereços e telefones: acordo com a gravidade da situação.

Estação de Metrô 102 Sul – Asa Sul – Brasília


EXemplos de medidas protetivas de urgência
Telefone: (61) 3323-8676
QNM 2, conjunto F, lotes 1/3 – Ceilândia Centro
Telefone: (61) 3372-1661 Em relação ao agressor: Em relação à vítima:
Jardim Roriz, entrequadras 1/2 – Área Especial – Planaltina
Telefone: (61) 3389-0841 • afastamento do agressor do lar; • encaminhamento para programa
de proteção ou atendimento;
Horário de funcionamento: das 8 às 20hs • suspensão da posse ou restrição
de posse de armas do agressor; • pagamento de pensão
alimentícia para a mulher e/ou aos
• proibição de aproximação do dependentes;
E você O 180 é um canal direto de agressor seja da vítima e/ou dos
também pode
ligar para o 180 orientação sobre direitos e familiares dela com limite de • o juiz pode tomar providências
a qualquer hora distância mínima; para que o patrimônio das partes
do dia ou da serviços públicos para as
noite! mulheres de todo o Brasil, que seja resguardado.
• proibição de o agressor ter
funciona 24h por dia, 7 dias contato com a vítima e seus
por semana. familiares por qualquer meio de
comunicação, como telefone,
Com uma ligação, você pode IMPORTANTE!
e-mail, whatsapp etc.
ser orientada, tirar dúvidas O juiz pode decretar a prisão
e contar sua história! A • proibição do agressor de
do agressor preventivamente
ligação é gratuita. Se quiser, frequentar determinados lugares;
você pode também utilizar o
ou se ele descumprir as
• restrição ou suspensão de visitas Medidas Protetivas
aplicativo para celular chamado do agressor aos filhos ou aos
CLIQUE 180. de Urgência.
demais dependentes.

40 41
A mulher negra vive uma ficha técnica
situação ainda mais desafiadora,
Composição Administrativa da Defensoria Desembargadora Carmelita Indiano Americano do
uma vez que ela sofre tanto com o Pública do Distrito Federal Brasil Dias
machismo quanto com o racismo Defensor Público Geral: Ricardo Batista 1ª Vice-Presidente
ao longo de sua vida. Núcleo de Atendimento Jurídico da Mulher Desembargador Waldir Leôncio Júnior
Coordenadora: Dulcielly Nóbrega – Defensora Pública 2º Vice-Presidente
Responsável Técnica: Márcia Rodrigues dos Santos Desembargador Romeu Gonzaga Neiva - Corregedor
Precisamos entender o impacto que a Coordenação administrativa NUPECON:
escravidão teve e ainda tem no Brasil. Composição Administrativa do Ministério Patrícia Saad Soares Braga
Durante o período colonial, houve um Público do Distrito Federal e Territórios Amanda Paula Rêgo do Nascimento
Procurador-Geral de Justiça: Leonardo Roscoe Bessa Coordenadores do Centro Judiciário da Mulher em
processo de desumanização de pessoas
Núcleo de Gênero Pró-Mulher Situação de Violência Doméstica e Familiar CJM:
negras, que eram tratadas como Coordenador: Thiago André Pierobom de Ávila – Juiz Ben-Hur Viza
mercadoria. As mulheres eram vistas Promotor de Justiça Juiz Carlos Bismarck Piske de Azevedo Barbosa
como objetos sexuais dos senhores, sendo Promotoria de Justiça do Riacho Fundo Supervisores do CJM:
frequentemente vítimas de violência física Coordenadora: Liz-Elaine de Silvério e Oliveira Cristiane Moroishi
Mendes - Promotora de Justiça João Wesley Domingues
e sexual. Elas eram submetidas a trabalhos Responsáveis técnicas: Responsáveis técnicas:
forçados nas lavouras, trabalhavam no serviço doméstico e como amas de leite. Ednair Macedo Alves Marcia Maria Borba Lins
Izis Morais Lopes dos Reis Regina Lúcia Nogueira
As leis mudaram, mas a sociedade se acostumou a ver mulheres negras Júnia Marise de Oliveira Cotta Castro
como pessoas que nasceram para servir. Elas ainda são comumente Solange Maria da Silva Félix Colaboração:
vistas como objetos sexuais pelos seus parceiros, que são os principais Ana Julieta Teodoro Cleaver
Composição Administrativa da ONU MULHERES Carol Rossetti
agressores, e encontram grandes dificuldades no processo de ascensão Nadine Gasman Elaine Claudina dos Santos
social e profissional. A profissão de trabalhadora doméstica é ocupada em Responsável Técnica: Luana Grillo Joyce Morato de Sousa Maia
grande parte por mulheres negras. Apenas recentemente foram conquistados Miriam Cássia Mendonça Pondaag
direitos trabalhistas que lhes permitiram serem vistas como profissionais, e Composição Administrativa da Secretaria Renata Melo Barbosa do Nascimento
de Estado do Trabalho, Desenvolvimento Thays de Souza Nogueira
não como extensão da família. A própria mídia (novelas, filmes, revistas) ainda Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos
representa a mulher negra quase sempre como empregada doméstica ou como Humanos Projeto Gráfico, Ilustrações e Direção de Arte:
uma mulher sedutora e/ou sensual, raramente mostrando-a em um contexto de Secretário de Estado: Joe Carlo Viana Valle Carol Rossetti
privilégio social ou intelectual. Secretaria Adjunta de Políticas para as
Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Apoio: ONU MULHERES
O racismo é um problema real e, somando-o à violência de gênero, torna Humanos
Secretário Adjunto: Carlos Alberto Santos de Paulo Revisão: Núcleo de Revisão Textual do Tribunal de
as mulheres negras um grupo duplamente vulnerável. Sessenta por cento
Subsecretaria de Políticas para Mulheres Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
das mulheres vítimas de violência doméstica no Brasil são negras mas, enquanto o Subsecretária: Silvânia Matilde Santos Silva
assassinato de mulheres brancas diminuiu, o de mulheres negras aumentou muito*. Responsáveis técnicas: Termo de referência: Defensoria Pública do
Janaína Ferreira Bittencourt Pereira Distrito federal; Ministério Público do Distrito
Renata Parreira Peixoto Federal e Territórios; ONU MULHERES; Secretaria
Precisamos considerar o racismo como um fator fundamental Uila Gabriela de Oliveira Cardoso Adjunta de Políticas para as Mulheres, Igualdade
da violência contra as mulheres negras no nosso país! Racial e Direitos Humanos; Tribunal de Justiça
Composição Administrativa do Tribunal de do Distrito Federal e dos Territórios. Cartilha de
Justiça do Distrito Federal e dos Territórios enfrentamento da violência doméstica e familiar.
*Entre 2003 e 2013, os assassinatos de mulheres brancas caíram 9.8% enquanto os Desembargador Getúlio de Moraes Oliveira Brasília-DF, 2016.
assassinatos de mulheres negras aumentaram 54.2%. Fonte: Mapa da Violência 2015. Presidente

42 43
“Meu namorado não me deixa sair de casa sozinha”.
“Meu pai já me bateu algumas vezes”.
“Ela disse que era tudo culpa minha”.
“Meu chefe já me assediou sexualmente”.
“Ele era ciumento e controlava minhas roupas”.
“Minha irmã usava meu cartão de crédito escondida”.
“Mas foi só uma vez, ele é um cara legal”.

po padrão C100 M0 Y0 K60


Você já parou
ro Judiciário da Mulher
pra pensar sobre o que é
violência?
reduzida vertical

horizontal 1 horizontal 2
Realização: Apresentação 3
Apoio:
I A
Esta é a logomarca da O R P Ú
Defensoria Pública do Distrito S B
Federal. N
L
FE

A nova logomarca possui as


I C

cores da bandeira do Distrito


D E

Federal e um desenho da
A

estátua da Justiça, seguido das


iniciais da instituição. Ela
contém elementos modernos e
conservadores ao mesmo
tempo, formando um equilíbrio
entre o novo e o antigo.

O presente manual mostrará a


logomarca e suas diferentes
DI
AL
aplicações, posições, cores,
ST
RITO FEDER
tamanhos e tipografia.

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