02

dez/20 mar-abr/21
Escola de
Comunicação,
Criatividade e
Artes do IDP

Pagode à MENOS É MAIS VIRALIZA NA

INTERNET E CONQUISTA O BRASIL

moda capital
MAURO
MARTINS O futuro do jornalismo está nos dados
um brasiliense entre
os 200 melhores As novas ondas do áudio
ilustradores do mundo Games da capital fazem sucesso no exterior
 #SejaIDP

2 3
 IDP
Esta revista é uma publicação da Escola de
14 Criativos Concha Acústica 8
Dane-se 100% Atitude Hungria Hip Hop
Comunicação, Criatividade e Artes do IDP.

6
O menino que conquistou o mundo
Edição 2 | Ano 1 | mar.abr 2021 AconteceIDP
Diretor-geral 20 Palco
Francisco Schertel Mendes
(G7) 3 caras, 19 anos e incontáveis risadas
Coordenador da graduação
Atalá Correa

Coordenadora do curso de Jornalismo da ECOM

30 Galeria
Eduarda Toscani Gindri
Toys e OMIK Made in Brasília

Revista ECOM IDP 42 in Pauta

Editora Chefe
Bárbara Lins Metrópoles Para o alto e avante!

Coordenação de reportagem e edição

Guaíra Flor
58 Supernova 50 Saber
Projeto gráfico e design Inovação ao quadrado
5 tendências para o mercado da comunicação
Chica Magalhães

Reportagem
Adriana Caitano
64 mkt
Adriana de Araújo
Prospectando novos futuros
Alessandro Mendes Brasília recebeu a revista da Escola de Nossos estudantes de Jornalismo e
Bárbara Lins
devana babu
Guaíra Flor
Comunicação, Criatividade e Artes do IDP de
braços abertos. Nossa primeira edição circulou
Publicidade e Propaganda participaram de
reuniões de pauta antes mesmo de as aulas 68 Hashtag
por cafés, coworkings, redações, agências de começarem para entender melhor o mundo
Junio Silva Jovens, influentes e empreendedores
publicidade e pelas casas de personalidades da Comunicação. A contribuição deles está
Lilian Beraldo
Mariana Favre
Raquel Sacheto
da cidade.
Nós retribuímos tanta atenção, com uma
por toda a publicação. Do começo ao fim.
Eles fizeram entrevistas, apuraram
72 Hype
Editor

Tchérena Guimarães segunda edição ainda mais caprichada e informações, ajudaram a levantar dados e
com a cara de Brasília. E a partir de agora, sugeriram fotos e dados para complementar Atletas virtuais
Fotos

78 Insight
Kazuo Okubo ela começa a ganhar reforço com mãos e a revista. E esse é só o começo da Agência
Marília Lima mentes ativas. São os estudantes da Agência de Comunicação, que irá estar cada vez mais
Thaís Malon de Comunicação da ECOM/IDP que passam a conectado com o Distrito Federal com uma
Vinnie Gourlart fazer parte da elaboração da revista. visão jovem, antenada e aberta para o que “A sociedade é movida a dados”
temos de melhor.
Ilustrações
Kléber Sales Aproveite a leitura! 82 Extraclasse
Revisão Bárbara Lins
Luciana Pereira Editora Chefe Para ouvir e pensar

4 5
Acontece
IDP
IDP Experience Online
Pensando em proporcionar uma experiência
enriquecedora para alunos do Ensino
Médio, o IDP Experience se reinventou
em 2021. Com a proposta de apresentar
um pouco sobre como será a rotina na
faculdade, o evento traz uma programação
com duas novidades: o Pré-Graduação IDP
e o Pré college – Open Class.
No primeiro projeto, cada escola do IDP
irá oferecer um curso gratuito de longa
duração aos alunos. Assim, eles poderão
conhecer um pouco mais sobre a área de
atuação na qual desejam seguir carreira.
E para ficar ainda melhor, essas horas de
curso poderão ser convertidas em uma
disciplina optativa durante a graduação!
O segundo projeto oferece cursos
rápidos, gratuitos e de encontro único,
onde serão apresentadas às áreas de
conhecimento de cada uma das nossas
escolas: Direito,Gestão e Negócios e
Comunicação, Criatividade e Artes. Além
disso, também serão oferecidos cursos
variados, tais como: 10 técnicas para
estudar de forma eficaz, Marketing para
as redes sociais, Podcast: da pauta à
edição, Como estudar a constituição
federal? e Oficina livre de desenho.
Você pode fazer sua inscrição no site
www.idp.edu.br/experience/
6 7
Você é daquelas pessoas que ama saber dos últimos acontecimentos?!
Aqui é o espaço ideal para você ficar por dentro de todas as nossas novidades!
Por Jéssica Martins
Parceria com
Metrópoles
Na Escola de Comunicação,
Criatividade e Artes o aprendizado
é focado também nas experiências
práticas e de mercado dos alunos.
É por isso que temos o prazer
de anunciar uma parceria com o
Metrópoles para realização de uma
série de seminários apresentados
por jornalistas, fotógrafos e
publicitários do portal — um
dos dez sites jornalísticos mais
acessados do Brasil. Dentre os
Programa de temas a serem debatidos estão:
branded content, fotojornalismo,
First Year Experience
gamificação da publicidade e
Intercâmbio On-line relacionamento com a fonte. Uma
oportunidade e tanto para os
Se você já passou pela graduação, provavelmente deve se lembrar
alunos de Jornalismo e Publicidade
como foi aquele primeiro contato com as regras da ABNT ou a
Conhecer e conviver com outras culturas é sempre muito importante. conhecerem mais sobre o mercado
sensação de fazer o primeiro fichamento de sua vida. Pensando nisso,
Por isso, o IDP desenvolveu um programa de intercâmbio on-line da comunicação.
o corpo docente da Escola de Comunicação, Criatividade e Artes
em parceria com a School of Law da Universidade Nova de Lisboa.
pensou em uma série de seminários para mostrar aos calouros do
Todas as atividades acontecerão em plataformas virtuais e nossos
curso como o “peso” da vida acadêmica pode ficar mais leve.
alunos participarão de cursos e atividades da Universidade Nova de
Lisboa. Em contrapartida, alunos portugueses poderão participar O First Year Experience será realizado entre os meses de abril e maio.
das atividades virtuais do IDP, vivenciando uma experiência de troca Os conteúdos escolhidos para a primeira edição do projeto foram:
cultural mesmo sem sair de casa.
» ABNT sem sofrência
» Trabalhos do semestre sem estresse (resenha e fichamento)
» Mendeley
» Eventos Acadêmicos da Comunicação e
IDP Consciente » Qual a melhor fonte de pesquisa e por que não é o Google
Concurso de Participe!
Promover reflexões sobre temas importantes para
a sociedade é o objetivo principal da campanha IDP Fotografia
Consciente, elaborada pela graduação em Direito do IDP.
Inicialmente, o projeto pretende discutir três temas com
os alunos do Instituto: Branquitude Como forma de homenagear Brasília e as
e cotas raciais: privilégios e lembranças que nós, brasilienses, temos e da Graduação apaixonados por fotografia e pela capital federal.
ações afirmativas (realizado no na cidade, a Escola de Comunicação Mais adiante, aqui na revista, você poderá conferir as fotos
dia 15/04), Pensamento jurídico do IDP realizou seu 1º Concurso de vencedoras das duas categorias e a escolhida por voto popular.
afrodiaspórico (20/05) e Racismo Fotografia, intitulado Memórias ao E não se preocupe caso não tenha participado ou se não foi um
e LGBTQ+fobia: perspectivas Quadrado. O concurso recebeu fotografias dos fotógrafos premiados. Esse foi apenas o primeiro de muitos
interseccionais para o Direito (17/06). de estudantes do Ensino Médio concursos que a ECOM está preparando. Aguardem!
Concha
Acústica
Made in
Brasília Tem jornalista entre os
fundadores do Menos é Mais,
grupo de pagode que conquistou
o Brasil e fez questão de
homenagear o Plano Piloto em
seu primeiro álbum autoral

8 9
 Por devana babu
“O Menos é Mais é o Em uma madrugada de outubro
de 2020, os pagodeiros
amigo que você levaria Duzão, Jorge Farias, Gustavo
Goes, Paulinho Félix e Ramon
para qualquer churrasco – Alvarenga desembarcaram no
Aeroporto Pinto Martins, em
para comer churrasquinho Fortaleza, e tiveram uma grande
surpresa.
de gato ou filé mignon. Os cinco integrantes do grupo
Menos é Mais chegavam à
Sabemos entrar e sair, capital cearense para a primeira
apresentação deles naquela
independentemente do terra, a participação que fariam
em um DVD do cantor sertanejo
grupo” Matheus Fernandes. O voo
havia atrasado, mas, apesar da
Jorge Farias hora adiantada, um pequeno
comitê de fãs os aguardava
com presentes e uma recepção
calorosa.
Àquela altura, o grupo de pagode
oriundo de Brasília — cidade
conhecida na mídia como a
“capital do rock” — já era um dos
mais populares do Brasil. Eles
tinham mais de três milhões
de ouvintes mensais nas
plataformas digitais de música;
1,7 milhão de inscritos no canal
do YouTube, e 262 milhões de
visualizações. Entre os fãs,
astros do futebol, como Neymar,
Ronaldinho Gaúcho, Thiago Silva,
Marquinhos e Roberto Firmino.
Dizem, inclusive, que dá para
montar dois times de futebol
com os fãs ilustres dos músicos,
de acordo com um meme que
circula pelas redes sociais.
10
O grupo já havia assinado com
a Som Livre para a gravação do
primeiro álbum de inéditas e
um contrato de gerenciamento
de carreira com um grande
escritório do ramo; um mês
depois, se tornariam vencedores
da categoria “Experimente” do
Prêmio Multishow, decidido por
votação popular.
Apesar disso tudo, e de já terem
fã-clube consolidado na terra
natal e algumas páginas de fãs
dedicadas nas redes sociais,
os músicos não esperavam
encontrar, àquela hora, fãs tão
devotos no Nordeste — muito
menos um fã-clube organizado.
O FC Menos é Mais Oficial
Fortaleza começou as atividades
naquela noite, fundado pelo
analista de vendas Rafhael
Nascimento e por um grupo de
amigos. Outros fãs que também
estavam no aeroporto se uniram
a eles naquela ocasião.
“O que me fez gostar dos
meninos foi a musicalidade
100%, as letras das músicas. Eles
passam a verdade na música
deles, e a gente começa a se
envolver com o mundo deles, a
gostar do mundo deles”, explica
Rafhael.
Ele conheceu o grupo por meio
do YouTube (como a maioria
dos fãs), por meio da série
Churrasquinho do Menos é Mais.
Foi por meio dessa plataforma —
que o grupo soube utilizar como
poucos no Brasil e na capital
federal — que o Menos é Mais
galgou a escada para o sucesso
nacional. E o Churrasquinho
foi o grande responsável pelo
estouro da banda no início do
ano passado, com pot-porris de
sucessos do pagode dos anos
1990 e 2000 interpretados pelos
brasilienses.
11
 “O Menos é Mais é o amigo
Encontros
que você levaria para qualquer
churrasco — para comer
churrasquinho de gato ou filé
mignon. Sabemos entrar e sair,
independentemente do grupo”,
comenta Jorge Farias, que toca
tam-tam e fundou o grupo com o
amigo Gustavo Goes em 2016.
“Como eu e o Goes já tínhamos
outros projetos juntos, outros
fracassos juntos, resolvemos
fazer o Menos é Mais com
duas cabeças pensantes, o que
facilitou um pouco a tomada de
decisões”, completa Jorge.
A banda nasceu como empresa,
com a Bendito Produções. Além
de aproveitar o aprendizado com
os erros do passado, os dois
colocaram os conhecimentos
que tinham, de suas áreas de
formação, em prática — Jorge,
que estudava engenharia de
produção, passou a gerenciar a
banda e os projetos, enquanto
Goes, que estudava jornalismo,
utilizou os conhecimentos em
comunicação e marketing para
articular as redes sociais e o
relacionamento com o público.
“A partir do momento em que a gente decidiu
trabalhar com a internet e colocar o trabalho na
vitrine, nossa música acabou entrando na casa
das pessoas. O que a gente cantava era o que eles
iam querer ouvir se estivessem saindo”
Gustavo Goes
12
Aos poucos, a banda foi
integrando novos membros. O
primeiro a chegar foi Ramon
dias de glória
Alvarenga, que toca surdo e
Dias de luta,
já era um dos músicos mais
conceituados do pagode
brasiliense. Depois, veio
Paulinho Félix, artista da noite
que acompanhou o grupo como
freelancer por um ano, antes de
ser fichado na firma. No início,
era ele o responsável pelos
arranjos das músicas.
Faltava um vocalista carismático,
e foi assim que Duzão apareceu
para completar o time. Ramon
conheceu Duzão em uma
apresentação no Boteco da Boa,
em 2018, numa época em que o
cantor já estava desanimado e
prestes a dizer adeus à carreira
musical. Naquele dia, ele cantava
para uma “multidão” de cerca
de vinte pessoas, mas a voz e o
carisma impressionaram tanto
os futuros colegas que ele foi
contratado imediatamente. Foi
ele que começou a fazer as
primeiras composições do grupo.
Pensamento
Desde o início, o Menos é
Mais investiu pesado na
presença virtual, uma forma
digital
de ultrapassar fronteiras
geográficas, gerar audiência ajudaram a deflagrar o sucesso
e construir uma base de fãs das músicas Recaída e Adorei,
por meio do relacionamento e dois hits da banda.
interação com o público.
Com a chegada da pandemia,
Desde aquela época até hoje, as enquanto muitos artistas tinham
timelines das redes sociais são que se adaptar ao modelo virtual
repletas de brincadeiras, vídeos para driblar a ausência de eventos
divertidos e desafios para o presenciais, o Menos é Mais
público, como as dancinhas que já estava consolidado por lá e
eles inventaram e que, inclusive, dominava as ferramentas.
Como banda independente,
mas com visão de mercado e
futuro, o primeiro desafio do
Menos é Mais foi gerar receita.
Eles passaram a organizar os
próprios eventos, para arrecadar
bilheteria. O primeiro deles foi o
Tô fazendo amor com 8 pessoas,
que fez sucesso de cara no
Boteco da Boa.
Com cada vez mais público, o
show passou a ser realizado
semanalmente, em 2018. No
ano seguinte, já no Brazólia Bar,
o público passou de 500 para
2.000 pessoas e começou a ser
veiculado no canal do Leandro
Brito — o maior do YouTube
dedicado ao pagode.
13
Se, por um lado, a pandemia
atrapalhou a agenda nacional
da banda, que começava a
ficar intensa, por outro, ajudou
a aumentar a popularidade do
grupo.
“A partir do momento em que a
gente decidiu trabalhar com a
internet e colocar o trabalho na
vitrine, nossa música acabou
entrando na casa das pessoas.
O que a gente cantava era o
que eles iam querer ouvir se
estivessem saindo”, pontua Goes.
Quando lançou o DVD e o álbum
Churrasquinho do Menos é
Mais, websérie que vinha sendo
exibida semanalmente no canal
da banda, o grupo estourou de
vez, e se tornou o fenômeno
que vemos hoje. Já são mais
de 2,53 milhões de inscritos no
YouTube e mais de 860 milhões
de visualizações.
14
Bate-bola
Em agosto de 2020, o Menos é
Mais assinou contrato com a GH
Music — grupo que representa
também os artistas Cereja,
Dilsinho e Mumuzinho — e com
a Som Livre, para a produção
do primeiro álbum de músicas
inéditas: Plano Piloto, que
homenageia as origens do grupo,
dividido em dois EPs. O primeiro
foi lançado em novembro de
2020; o segundo, em fevereiro
deste ano.
O trabalho conta com as
participações de Dilsinho e
Xande de Pilares, ídolos do
pessoal da banda e, agora,
colegas. “Foi sensacional. O
Xande, que a gente vê desde
pequeno, foi um dos incentivos
da gente para tocar pagode.
Quem nunca ouviu Revelação?
Dilsinho é um parceiro, hoje. Um
ídolo. Tem nos dados muitas
dicas de como gerir a carreira.
Trabalhar com Dilsinho foi como
trabalhar com um ídolo que
está perto, que você conhece os
caminhos. E tocar com o Xande
é a realização de um sonho de
criança”, celebra Jorge.
Antes de selecionar as 11
composições do Plano Piloto,
o grupo recorreu a um time de
compositores de todo o país,
entre nomes renomados e novos
talentos. O produtor Rafael dos
Anjos foi o responsável por entrar
em contato com os compositores
e trazer as músicas.
Foram mais de 400 canções,
ouvidas uma a uma pelos
pagodeiros. Destas, eles
selecionaram 34, para as quais
fizeram gravações informais,
em um sistema que batizaram
de bate-bola. As melhores
foram gravadas em estúdio e
hoje fazem a alegria dos fãs da
banda.
Compor as próprias músicas
ainda é novidade para o
Menos é Mais. Duzão foi quem
tomou a frente da tarefa, mas
é um processo que ainda
está amadurecendo. “Existe
o desejo comum, entre todos
nós, de lançar cada vez mais
músicas autorais. Por isso, o
próximo álbum será recheado
delas, embora a gente pretenda
continuar dando espaço para
outros compositores”, completa
o músico.
No fim das contas, Plano Piloto
agrada pela sonoridade e pelos
DNA
Brasiliense
arranjos. “A gente conseguiu
escoar diferentes vertentes
do pagode com a mesma
identidade: romântico, dançante,
cantante, ‘para se emocionar’. “A gente apelida,
Então, eu costumo brincar que, carinhosamente, o pagode do
no nosso álbum, ‘tem de sal e Menos é Mais como ‘pagode de
tem de doce’”, brinca Jorge. DNA brasiliense’”, afirma Jorge.
Para onde vai, a banda carrega o
nome da cidade e a bandeira do
pagode brasiliense.
“Somos cria de Brasília. As
referências daqui nos ajudaram
a nos tornar o que somos hoje.
Grupos como Amor Maior, Coisa
Nossa e Sete na Roda foram
influências dentro da cidade para
nós, que conseguimos alcançar
o sucesso de forma pioneira”,
explica Jorge, pontuando a união
entre os diversos grupos da
cidade para fortalecer a cena.
15
A união faz
o pagode
Eis aí uma verdade! E essa
união, na verdade, começa
entre os próprios integrantes do
grupo. “Nós cinco somos muito
parecidos — mesma linguagem
e identidade musical, mesmos
gostos, mesmas referências”,
afirma Jorge.
“A gente acreditava nas mesmas
coisas, pensava de forma muito
parecida, e essa afinidade fez
com que a gente criasse um
projeto juntos”, diz Goes, na
mesma linha. “É algo que vai
além da estética e do som.
Gostamos, por exemplo, de trazer
um pouco de irreverência com
nossas danças e nosso jeito de
tocar”, conclui.
Cinco integrantes podem parecer
muito para os padrões de um
power trio, comuns em outros
estilos populares, como o rock ou
o jazz, mas é um número reduzido
para um grupo de pagode. “O
Menos é Mais surgiu no momento
em que a gente não tinha muitos
recursos. A gente fazia um som
mais simples, com menos gente,
mas que, ao mesmo tempo,
agradava, fez com que a gente
alcançasse um público que
gostava daquilo”, analisa Goes.
Com o tempo, porém, a formação
enxuta deu origem à sonoridade
única do grupo.
16
“Com o simples, dá para fazer
muita coisa. A gente busca uma
linguagem mais simples no
sentido de ser feita com menos
instrumentos, menos elementos
sonoros. Ao mesmo tempo, é algo
feito com muito cuidado, muito
carinho, muita qualidade”, conclui.
Tais características fizeram
também com que a percussão
se sobressaísse na música,
aproximando o som do Menos
é Mais ao de grupos mais
antigos. “Nosso estilo não se
diferencia tanto dos outros,
mas tem uma batucada muito
forte, como a de grupos como
Revelação e Exaltasamba. Eles
foram referências que ajudaram
a construir a nossa identidade,
com a percussão como fator
primordial”, explica Jorge.
Alegria,
alegria
Para além de todo esse papo de
música e produção, o que move
mesmo os músicos da banda é a
alegria, e a missão de transmiti-
la ao público. “Cada um tem seu
jeito diferente, mas, quando toca,
passa a mesma energia — e a
gente prioriza muito essa coisa
de energia”, descreve Jorge.
“Somos os porta-vozes da alegria
para se alegrar e enfrentar as
e, quando a gente toca, temos
agruras da pandemia. “Quando a
como prioridade transmitir essa
gente toca, fazemos questão de
vontade de ser feliz. Quando as
mostrar a nossa felicidade para o
pessoas veem nossos vídeos,
público. Seríamos ingratos com
elas nos veem sorrindo”, conta.
os fãs se não déssemos o nosso
E se, no dia do show, um dos melhor em cima do palco, já que
músicos da banda estiver triste? é muito importante e, às vezes,
A resposta, o Jorge tem na ponta um momento único no ano.”
da língua: “A gente procura se
Uma ótima notícia para o Rafhael
apoiar. Quando um está triste, os
e seus amigos do FC Menos é
outros quatro vão sorrir e vibrar
Mais Fortaleza Oficial, que desde
por ele, não só como uma forma
o início da pandemia esperam
de compensação, mas como
pelo primeiro show completo
uma forma de mostrar que a
do grupo na capital cearense.
gente está ali pro que der e vier”.
Para eles e para os fãs de todo o
O fato é que, hoje, o público pode Brasil, a banda garante: a alegria
contar com o Menos é Mais não vai acabar!
17
Um brasiliense
entre os melhores
do planeta
Mauro Martins é um dos
200 ilustradores mais
reconhecidos do mundo.
Apesar de ter nascido em
Minas, ele cresceu no “É curioso pensar que,
Quadradinho e se considera
filho da capital federal embora meu estilo se
enquadre em doodles, para
mim, ele surgiu através de
referências de Pop Art"

Criativos
18 19

Por Morillo Carvalho
Ainda na escola, muitos talentos
se revelam. Foi assim com
Mauro Martins, um menino
crescido entre as Asas de
Brasília (já que foi a Minas
apenas para nascer). Ele vivia
desenhando nos cadernos da
escola ou nos pedaços de papel
que apareciam na sua frente.
Eram desenhos feitos ao acaso, à
mão livre, durante uma conversa
distraída. Em português, eles
são chamados de sarrabiscos
ou gatafunhos, mas aqui vamos
utilizar o termo em inglês: doodle.
Afinal, neste caso, é preciso
admitir: o estrangeirismo é bem
mais simpático aos ouvidos.
20
Já adulto, Mauro — que hoje tem
39 anos — conseguiu transformar
esses desenhos em coisa séria.
Ele é considerado um dos 200
melhores ilustradores do mundo
pela revista austríaca Lüzer's
Archive. Trata-se da "Bíblia da
publicidade". Não à toa, alguns
de seus clientes são marcas
internacionais, como Facebook,
Absolut Vodka e ESPN.
Artista desde
Há pouco mais de cinco anos, o
sempre
designer deixou para trás mais
de uma década de trabalho em
agências de publicidade norte-
americanas, como DDB e CP+B.
Voltou para o Brasil e se instalou
no Sudoeste, em Brasília, para se
tornar autor da própria história.
Exibe, em seu site, uma galeria de
18 prêmios e honrarias nacionais
e internacionais. Em entrevista
exclusiva à Revista ECOM, ele
contou um pouco de sua história.
“Estava sempre desenhando,
seja na escola, seja esperando
minha mãe no trabalho dela”,
revela Mauro. Mesmo sem saber,
ele já fazia doodles — estilo
pelo qual ficou reconhecido
internacionalmente.
“Para a minha sorte, durante
a adolescência, morei em
uma quadra (709 Sul) onde eu
tinha três amigos que também
gostavam muito de desenhar. A
gente passava horas desenhando
e aprendendo técnicas um com o
outro”, recorda.
No colégio em que estudava,
também na Asa Sul, era o
responsável por desenhar as
camisetas da turma para a
gincana anual. Por isso, no início
do ensino médio, já tinha certeza
de que o desenho seria seu
ganha-pão. “Eu soube que queria
estudar Design desde o início do
segundo grau, por recomendação
do meu professor de Física.”
Mauro foi aprovado pelo PAS na
Universidade de Brasília, para
o curso de Desenho Industrial.
Porém, estamos em Brasília: a
capital dos concursos públicos...
E essa trajetória poderia ter
mudado. “Fiz Direito em paralelo,
à noite. Foi uma sugestão do
meu pai que acatei, mas, antes
mesmo de terminar o semestre,
já sabia que o Design era uma
área muito mais apropriada para
mim”, recorda. Resultado? Ele
abandonou o Direito e mergulhou
de vez no Design. “Comecei a
estagiar e fazer freelancers já no
segundo semestre”. Ainda bem!
21
Talento
não basta
Logo no primeiro mês de
Faculdade, no ano 2000,
Mauro conheceu Herbert
Mascarenhas, que o define
como “melhor amigo, maior
companheiro profissional e maior
concorrente”. O também designer
garante: Mauro é um exemplo
para quem deseja viver uma
paixão, e viver dessa paixão.
22
“A ilustração dele alegra, né? Pelo
menos para mim, sempre traz
um momento de prazer. Admiro
infinitamente.”
Herbert alerta que, na sua
opinião, o segredo do sucesso
do amigo não reside apenas no
talento. ”O Mauro exemplifica
o poder da dedicação e da
intenção de aprender vivendo.
Desde a época da faculdade,
acredito que talento tem pouco
poder. O poder mesmo está em
viver balanceando coragem,
dedicação e motivação.
O cabra equilibra essas coisas.
Fora o talento (risos)”.
Mauro concorda: “Eu evito usar
a palavra 'talento', porque acho
que ela carrega um significado
meio mágico, de algo que foi
inexplicavelmente cedido àquela
pessoa, quase um presente
divino. Eu acredito em aptidões.
Por motivos diversos, desde
genética até experiências e
vivências na infância, as
pessoas têm aptidões.
Eu tenho aptidão para desenho.
E, embora conheça muita gente
que desenha melhor do que eu,
penso que meu mérito está em
saber usar meu conhecimento
de desenho aliado com design,
noções de composição, cores,
marketing, atendimento,
comunicação”.
Viver de
gatafunhos
Sabe aquela palavra estranha, do
início deste texto? É como Mauro
prefere definir seu estilo. Uma
amiga do ilustrador descobriu
o termo, mais comum no
português de Portugal. “É curioso
pensar que, embora meu estilo se
enquadre em doodles, para mim,
ele surgiu através de referências
de Pop Art, como o trabalho do
Keith Haring. Mas, como eu fui
evoluindo para um estilo próprio,
acabei chegando nesse caminho
dos doodles”.
Via de regra, é muito difícil
chegar ao ponto de as pessoas
olharem um trabalho na rua e
terem certeza de que foi feito por
determinado artista. Mauro se
enquadra nessa categoria.
“É muito gratificante ter meu
estilo reconhecido. Hoje eu,
inclusive, ministro um curso de
ilustração em estilo doodles na
Domestika, uma escola virtual
da Espanha. O curso foi lançado
em junho de 2020 e já conta com
mais de seis mil alunos”, revela.
A empreitada em sala de aula
tem tudo a ver com a realidade
de quem optou por viver de
ilustrações. Para ser autônomo
— como ele — é preciso abrir
frentes diferentes de trabalho
e atuar em todas elas com
competência. “É comum escutar
coisas como 'Ah, se eu tivesse
o seu talento, me daria bem
também'. Eu garanto que não é
bem assim. Para conseguir viver
de ilustração, preciso ser brilhante
em um conjunto de atividades:
vendas; atendimento; prospecção;
construção de marca (preciso
tratar o nome 'Mauro Martins'
como uma marca); interação
em redes sociais; construção
de rede de contatos; constante
participação em concursos e
premiações; gestão financeira
e de risco; gestão de tempo; e
relacionamento com imprensa.
Ah, e também preciso saber
desenhar.”
23
Felicidade
é...
nem sempre chegar ao topo de
uma carreira significa ser feliz
no trabalho. Mauro, por exemplo,
era diretor de Arte nas agências
renomadas em que trabalhou,
nos Estados Unidos. Estava a um
passo de ser promovido a Diretor
de Criação... E estava triste com
isso! “A verdade é que eu não
queria evoluir naquela carreira.
O que eu estava fazendo ali, me
dedicando tão intensamente
em um caminho que não era o
meu?”, pensou.
Foi quando decidiu voltar pra
casa, em Brasília. E, para chegar
ao status atual, de ilustrador
autônomo e mundialmente
renomado, adotou uma
estratégia dessas que só mentes
criativas são capazes de traçar...
“Decidi documentar a minha
experiência de vida morando
no exterior. Fiz isso através
de um diário desenhado: uma
folha grande de papel onde
eu desenhava bem pequenas
as coisas marcantes que
aconteciam na minha vida.
Desenhei nesse papel durante
dois anos, até o momento em
que pedi demissão. De volta
ao Brasil, tirei umas fotos do
diário, já finalizado, e comecei
a enviar para revistas, blogues,
influencers e jornais do mundo
todo. Devo ter enviado para uns
200 veículos diferentes. O meu
diário acabou sendo publicado
em vários meios, com muitos
compartilhamentos em redes
24
sociais. E pensar que a gente
fica com medo de um dia lerem
nosso diário… De certa forma,
me senti pelado. Imagina uma
exposição dessas (risos)!”.
Mas foi justamente essa
capacidade de se desnudar que
garantiu o sucesso que alcançou
agora. “Com a visibilidade do
meu diário, algumas marcas
começaram a entrar em contato
comigo querendo que eu
desenhasse para eles, usando
Adrenalina
na veia
Mauro define seu trabalho
como ilustrador de marcas de
destaque como empolgante,
cheio de adrenalina e também
de medos. Afinal, o nível de
exigência costuma ser muito
elevado, e nem sempre os
prazos são tranquilos. Mas o
estímulo para trabalhar vem da
liberdade para criar.
“Teve um projeto que eu fiz para
uma marca de baralhos, a Art of
Play, em que pude definir o tema
e o produto. Não tinha prazo,
então eu pude criar com bastante
calma. Criei uma coleção de
quatro jogos de baralho em que
cada carta tem um desenho
diferente, relacionado com seu
número. Por exemplo, a carta 7
tem o desenho de um arco-íris
(que tem sete cores). Além disso,
o baralho é um quebra-cabeça
escondido — ao posicionar as
cartas da forma correta, os
desenhos se conectam entre si.”
o mesmo estilo. O primeiro
A cereja do bolo é que, para acompanhar o processo de
grande projeto foi assinar um
cada baralho vendido, a marca criação do artista. “Ele tem um
óculos escuro de uma marca
repassa para uma ONG a verba profundo comprometimento
italiana. Queriam que eu fizesse
necessária para plantar uma com todas as etapas da criação.
um desenho para ser gravado
árvore. “Até o momento, já
na armação. Os óculos foram É impressionante ver o capricho
foram vendidos mais de seis mil
produzidos com um ‘by Mauro e o esmero como ele conduz a
baralhos, ou seja, já são mais
Martins’ na haste. Nesse execução de um trabalho. Adoro
de seis mil árvores plantadas”,
momento, nasceu minha nova acompanhá-lo, observando-o
orgulha-se.
carreira de ilustrador autoral. Já desenhar, escolher a paleta de
são cinco anos e meio assinando Para a namorada de Mauro, cores, fazer as apresentações pro
produtos e campanhas para o a cirurgiã-dentista Ana cliente. Chega a ser uma espécie
mundo inteiro.” Pellegrinelli, é impressionante de hobby pra mim”, conta.
25
 Como será
o amanhã?
Essa pergunta não foi feita ao
próprio Mauro. Na verdade, a
nenhum dos entrevistados, mas
aquele que o acompanha há 20
anos fez questão de projetar:
“Eu gostaria muito de ver quais
histórias o Mauro vai estar
contando e como essas histórias
vão estar sendo contadas daqui
a 15 anos. Ele provavelmente
vai se reinventar algumas vezes
nesse período. Curioso como eu
sou, quero acompanhar de perto
e aprender com o processo”,
disse Herbert.
É, Herbert… A partir de agora,
todos queremos.
26
Entendendo
a doodle art
Por Mariana Albuquerque, aluna do
curso de Jornalismo
Os doodles são desenhos que
nascem de forma espontânea,
num momento em que a pessoa
está distraída e perdida em
sua imaginação. A palavra é
derivada do alemão e significa
rabiscos. Fundamentada em um
simbolismo despojado, a Doodle
Art tem sido cada vez mais
adotada por empresas de todo o
mundo, ansiosas por transmitir
um ar mais moderno e jovial em
sua comunicação. E o principal
responsável pela popularização
do estilo foi o Google, que desde
o ano 2000 publica doodles
em sua página principal para
comemorar datas especiais ou
homenagear pessoas.
O primeiro deles foi feito pelo
atual webmaster da empresa,
Dennis Hwang (estagiário na
época), em referência ao Dia
da Bastilha. Confira alguns
dos doodles mais famosos do
Google!
27
 Poucas mídias souberam se reinventar tão
bem com o apoio da internet. Em formato de
podcasts, audiobooks ou em redes sociais,
Hashtag
o áudio não para de atrair novos ouvintes e
continuará ecoando por muito tempo

A força
do som
Por Amanda Cieglinski
Ele está em alta no mercado da
comunicação e conquista cada
vez mais corações e ouvidos
pelo mundo. Seja em formato
de podcasts, audiobooks ou em
redes sociais dedicadas ao som,
o áudio não para de crescer
e dá sinais de que continuará
ecoando por muito tempo. Afinal,
poucas mídias souberam —
como ele — aproveitar todas
as possibilidades trazidas
pelas novas tecnologias da
comunicação.
“O áudio se aplica à criatividade
das pessoas. Ele possibilita
conversas”, aponta a especialista
em marketing digital e professora
do MBA em Data Driven
Marketing do IDP, Karen Alberti.
Para ela, o sucesso de formatos
como o podcast está relacionado
ao ritmo frenético em que
vivemos, cercados de informação
por todos os lados. “A gente
está sendo o tempo inteiro
estimulado: no celular, na TV, no
outdoor (que agora é eletrônico),
no elevador do prédio. Isso nos
consome muito, mentalmente.
Então, muitas vezes, optamos
por consumir outras formas de
comunicação que exijam menos
esforço”, acredita Karen.
A estimativa é de que existam
hoje mais de 1 milhão de
podcasts ativos no mundo, e
o Brasil emerge como um dos
mercados consumidores mais
promissores: o segundo maior,
atrás apenas dos Estados Unidos,
de acordo com a pesquisa
Podcast Stats Soundbites, de
2019. Apesar de o formato ter
sido criado no início dos anos
2000, passou alguns anos restrito
a um público de nicho.

28 29
O cenário mudou à medida que
os smartphones e os serviços de
streaming se popularizaram. A
fanbase de podcasts cresce ano
a ano, e a quantidade e variedade
de programas disponíveis
acompanha a curva ascendente
da audiência.
Café com
podcast
Nos últimos anos, vários veículos
jornalísticos apostaram no
áudio e lançaram programas
nas plataformas de streaming.
O primeiro deles foi o “Café da
Manhã”, da Folha de S.Paulo,
atualmente comandado por
Magê Flores, Maurício Meirelles
e Bruno Boghossian. Dois anos
depois, é um dos podcasts
mais ouvidos do Brasil e faz
companhia a muita gente
nas primeiras horas do dia. A
voz de Magê Flores é quem
atualiza o ouvinte sobre os
temas mais relevantes da
semana.
“Eu já havia trabalhado,
no início da carreira,
na Band News e CBN. A
experiência no rádio me
ajudou muito, porque já
existia uma educação
sonora dos meus
ouvidos. E uma
experiência em fazer
textos que são
escritos para serem
depois falados”,
explica a jornalista.
A equipe começou
pequena — com
30
apenas três pessoas e o imenso
desafio de fazer um podcast
diário. Hoje são oito membros:
os três apresentadores, dois
editores e três produtores.
Para Magê, um dos grandes
trunfos do formato é a
intimidade criada com o ouvinte,
diferentemente das relações
estabelecidas por outras mídias.
“A gente parte do pressuposto
de que o ouvinte nos ouve no
fone de ouvido, então estamos
falando dentro do ouvido da
pessoa. É uma relação muito
íntima, diferente do rádio, que
muitas vezes está ligado em um
ambiente, enquanto você está
transitando”, compara.
Um estudo do Ibope Inteligência
divulgado em 2019 apontou que
75% dos entrevistados ouvem
podcast pelo celular e, em geral, a
atividade está associada a outras
tarefas, como lavar a louça,
limpar a casa, fazer exercício
físico ou em deslocamentos.
Em 2020, a pandemia
transformou os nossos hábitos
e fez crescer ainda mais o
interesse pelo formato. Segundo
o Spotify, em 2020, o consumo
do gênero aumentou 200%.A
jornalista aposta que a audiência
seguirá crescendo.
“A informação, de boa e má
qualidade, nos atinge por todos
os lados, chega no WhatsApp
sem a gente procurar, no feed
das nossas redes sociais
sem a gente ter seguido. O
que a gente oferece para as
pessoas é um olhar sobre o
que está acontecendo, com
contexto e profundidade. E isso
não vai mudar, pois não vejo
a perspectiva de a gente ter
uma vida menos acelerada. As
pessoas vão continuar querendo
aprender alguma coisa enquanto
estão passeando com o cachorro
ou fazendo exercícios”, diz.
Não sai dos
meus ouvidos
Como apresentadora do Café da
Manhã e editora de podcasts da
Folha de S.Paulo, Magê Flores
ouve muita coisa (o tempo todo).
Fora do trabalho, ela compartilhou
o que toca nos seus headphones
Calcinha Larga
Focado em temas do universo
feminino, o podcast é
apresentado, com muito bom
humor, por Camila Fremder, Helen
Ramos e Tati Bernardi
Rádio Ambulante
Em espanhol, o podcast em
formato narrativo conta incríveis
histórias da América Latina
This American Life
Em inglês. Originalmente, é um
programa de rádio apresentado
pelo jornalista Ira Glass. Tornou-
se um fenômeno e uma referência
na podosfera
37 Graus
Um podcast no estilo
audiodocumentário, criado em
2018 por uma bióloga e uma
jornalista. Conta histórias com
um pé na ciência
Escape
criativo
O mercado já despertou para a
força do áudio e aposta cada
vez mais alto no formato. Em
2019, o Spotify comprou três
empresas focadas na produção e
distribuição de podcasts: Anchor,
Gimlet e Parcast. O investimento
segue crescendo não só em
tecnologia, mas na produção de
conteúdo. Em 2020, o serviço
de streaming lançou mais de 40
produtos originais. A aposta é
fechar parceria com criadores
renomados e novos podcasters.
Um dos shows que passaram
a levar o selo “Original Spotify”
em 2020 foi o Hoje Tem, da
publicitária Leila Germano. No
programa, ela alia bom humor
à discussão de algum tema
em destaque — e é figurinha
carimbada entre os 10 podcasts
mais ouvidos no país.
“Nosso programa sempre tem
esse viés bem brasileiro de rir
da desgraça, mesmo quando a
gente fala de política ou outros
temas sérios. A premissa é
que as pessoas saiam dali
com informação, mas é uma
informação disfarçada de algo
que vai melhorar o dia de quem
escuta”, explica Leila.
31
Ela mergulhou no universo em
2018, quando passou a ser
convidada para participar de
vários programas com audiência
cativa, como Nerd Cast e Um
Milkshake Chamado Wanda.
O contato com podcasters, o
grande número de seguidores
nas redes sociais e seu
repertório pessoal de histórias a
transformaram em habitué dos
principais shows. “Todo mês
eu participava de dois ou três
episódios por semana. Eu era a
podcaster sem podcast”, lembra.
Foi uma crise de burnout (estafa
relacionada ao excesso de
trabalho) que a levou a criar o
Hoje Tem, que ela considera
um “escape criativo”. “Era um
refúgio da minha vida de adulta
que trabalhava em agência,
cheia de problemas. Eu tinha um
programa, eu era minha própria
Hebe, chamava meus amigos
desconhecidos para gravar como
convidados. Foi por isso que
acabou dando certo. Embora
hoje tenha responsabilidades
maiores, tudo ainda depende da
brincadeira”, define.
32
Na pandemia, Leila diz que
o contato com o público se
intensificou — e se ela atrasa o
episódio, recebe reclamação dos
ouvintes, que enviam fotos de
pias cheias de louça “esperando
o programa para serem lavadas”.
“Quando você resolve ter um
podcast, entende que ali é muito
mais do que só um ouvinte, um
like. Você cria uma comunidade e
aí tudo muda de figura”, resume.
Ela acredita que a pandemia
“começou a apresentar” o
podcast para um público maior,
mas a curva vai continuar
crescendo. “ Ainda há espaço
para novas produções que
consigam criar essa identificação
com o ouvinte.”
Clubhouse
Mas nem só de podcasts
vivem os fones de ouvido dos
brasileiros. Diferentes mercados
têm apostado na voz como
forma de atrair os consumidores.
Se o brasileiro é fã de redes
sociais desde o Orkut, imagina o
sucesso de uma que é baseada
em recursos de áudio! Foi essa
dobradinha — e uma estratégia
de marketing poderosa — que
fez o Clubhouse despertar a
curiosidade de tanta gente logo
no início de 2021.
Na prática, o Clubhouse é uma
rede social de conversas por
voz. Ao se cadastrar, o usuário
seleciona temas de interesse e
a plataforma indica “rodas de
conversa” focadas naqueles
assuntos, que podem ir desde
finanças até programas de TV.
A rede foi lançada em 2020 e
atualmente tem cerca de 600 mil
usuários. As trocas de áudio nas
salas de bate-papo não ficam
gravadas — o que desperta no
usuário o famoso FOMO (Fear
of Missing Out), que em bom
português é aquela sensação
ruim de estar perdendo alguma
coisa.
“No Clubhouse, ou você
acompanha a conversa que
está acontecendo no ar, ou você
perdeu. Inclusive, o aplicativo
está configurado para banir quem
tentar gravar uma conversa”,
aponta a professora Karen, que
também é usuária e entusiasta
da rede.
Ainda segundo a professora,
diferentemente das outras
mídias — em que influenciadores
e empresas acabam usando
recursos visuais como uma
pessoa esteticamente bonita
ou imagens impactantes para
atrair os seguidores – no áudio,
ou você tem conteúdo, ou você
não tem. “Isso cria uma cadeia
muito positiva: para eu estar no
áudio, eu preciso ser bom. E pelo
fato de esse conteúdo ser de
qualidade, as pessoas acabam
consumindo mais. Se você não
tem conteúdo para trazer para
uma discussão, vai perder a
relevância”, compara Karen.
A força do
marketing
Além da força do áudio, o
Clubhouse usou duas estratégias
de marketing poderosas para
atrair a atenção dos usuários:
exclusividade e escassez.
Inicialmente, apenas usuários de
iOS poderiam baixar o aplicativo,
e só entra quem recebe um
convite de outro participante.
Outras redes já consagradas,
como o Instagram, usaram
recursos semelhantes para
despertar o desejo de participar
de um “clube exclusivo”.
Diante desse mundo de
possibilidades de criação por
meio de áudio, Karen destaca
algumas áreas que ainda podem
ser desbravadas, como a criação
de conteúdo educativo ou
mesmo eventos on-line baseados
no formato. A pesquisa por
voz também cresce de forma
consistente, com a popularização
de dispositivos como Alexa
e Google Home, cada vez
mais baratos e presentes nas
residências.
Pode parecer coisa do
futuro, mas a “conversa” com
dispositivos eletrônicos já faz
parte da rotina de muita gente.
Hoje em dia, os dispositivos
acionados por voz que são
capazes de executar automações
em residências, como apagar as
luzes, tocar música ou ligar um
eletrodoméstico, são cada vez
mais comuns.
“Eu vejo muito potencial, pela
característica de comportamento
do consumidor. Com esse poder
que a voz tem, eu acho que é uma
questão de tempo, porque quanto
mais facilidade você der pro seu
consumidor lá na ponta, mais ele
vai adotar”, acredita Karen.
Muito barulho
Nem só de Clubhouse vive o
áudio. Conheça outras redes
sociais que usam o mesmo
recurso
Spaces – É a rede do Twitter
focada em conversas por áudio,
também organizadas em salas
de bate-papo. Foi lançada,
inicialmente, para um grupo
seleto de “testadores” e estará
disponível para todo o público em
breve.
Riffr – É uma plataforma de
“micro-podcasts” — o usuário
pode publicar áudio com duração
de 5 segundos a 3 minutos.
É possível seguir temas de
interesse e divulgar seu
próprio conteúdo.
Capuccino – No aplicativo,
você grava um áudio para
ser compartilhado com sua
rede de amigos e familiares. A
mensagem ganha uma trilha
sonora e você pode escolher em
que horário ela será enviada a
cada dia.
33
Rodrigo
vizeu: um
jornalista no
Spotify
Em 2018, o Brasil se preparava
para escolher um novo
presidente e o jornalista Rodrigo
Vizeu decidiu criar um podcast
para contar a história dos
mandatários do país. Nascia
assim o Presidente da Semana,
programa de grande sucesso,
com milhões de downloads. O
projeto virou livro e deu uma
guinada na carreira de Rodrigo.
Em 2020, ele deixou a Folha de
S.Paulo para assumir o time de
podcasts do Spotify. Nesse bate-
papo — sugerido pelos alunos
Isac Mascarenhas dos Santos e
Emanuelle Leones, do primeiro
semestre do curso de Jornalismo
da Ecom —, ele conta como foi
esse mergulho no áudio.
34
Tem algum episódio que é o seu
favorito?
Quais são os podcasts que você
mais ouve atualmente?
Vários. Foi um desafio enorme Estou terminando de ouvir o
contar a história de Getúlio excelente Wind of Change, que
Como você recebeu o sucesso Vargas, alguém tão biografado. investiga a possibilidade de
do Presidente da Semana? Tem Fiquei satisfeito com os dois uma famosa canção dos anos
planos para novos podcasts episódios sobre o mais longevo e 1980 ter sido composta pela
sobre história ou política? importante (o que não quer dizer CIA para ajudar a derrubar a
Fiquei surpreso, porque o alcance
foi maior do que eu esperava.
o melhor) presidente brasileiro.
Também gosto dos episódios
URSS; estou sempre ouvindo
os diários jornalísticos, como
Não imaginava que tanta gente sobre FHC e Lula, pelo desafio de o querido Café da Manhã, que
gostava dessa mistura de contar histórias de presidentes sempre estará em meus ouvidos,
contemporâneos, em que a e The Daily, do New York Times.
política & história, ainda mais em
história se mistura à narrativa Também me divirto muito com
podcast. Mas fiquei muito feliz de
jornalística. Medo e Delírio em Brasília, uma
como ele embasou discussões,
espécie de jornal diário que
fez mais gente se interessar
mistura informação e humor.
pelo assunto e buscar novas
Qual você acha que foi o
leituras, e, em alguns casos, até
momento ou evento que fez o
levou a benéficas e necessárias
podcast se popularizar no Brasil?
mudanças de posição sobre
Acho que 2018 e 2019 foram
fatos históricos. Planos de
anos importantes para que os
produzir novos podcasts sempre
podcasts se expandissem além
existem, e pode ter certeza que
das audiências cativas que já os
vou contar quando eles forem
escutavam antes. Sou suspeito
concretos!
para dizer isso, mas acredito
que a entrada das redações
Qual foi o maior aprendizado jornalísticas foram importantes
na produção do Presidentes da para chamar atenção de um
Semana? público até então distante
dessa mídia. Mas espero que os
O maior aprendizado foi de que
é preciso se organizar e juntar podcasts se popularizem muito
gavetas, jargão jornalístico para mais, pois há ainda um Brasil a
conteúdo finalizado de antemão. ser conquistado.
Eu comecei a produzir o podcast
com dois meses de antecedência,
mas acabei descobrindo que a
pesquisa textual e audiovisual
tomava muito mais tempo. Em boa
parte da série, passei a produzir
um episódio por semana, em
uma correria infinita que invadia
fins de semana e madrugadas.
Foram seis meses com a corda
no pescoço, que levaram a um
trabalho do qual me orgulho
muito, mas sob um processo
muito estafante. Se eu pudesse
voltar, teria começado a produzir o
Presidente da Semana em 2017.
35

Dados...
Pra que te
quero?
Por Lílian Beraldo
Entrevistar pessoas nem sempre
é fácil. Elas fogem das perguntas
difíceis, podem omitir fatos
importantes e não raras vezes
inventam as próprias verdades.
Com números ou dados, a
história é bem diferente. Eles
não mentem, embora possam
ser manipulados por gente
Foi-se o tempo em que jornalistas eram inimigos mal-intencionada. Via de regra,
dos números e das ciências exatas. Muitos deles são o que são: duros, porém
estão apostando em uma nova tendência: o transparentes. O difícil, nesse
caso, é conseguir entrevistá-los
Jornalismo de Dados, especialização em franco
— fato que exige uma série de
crescimento onde sobram oportunidades e há muito conhecimentos diferenciados,
espaço para empreender como noções básicas de
36
Insight
programação, estatística e
design. “Quem consegue
dominar essas técnicas
dificilmente fica fora do
mercado da comunicação”,
explica Bárbara Libório,
coordenadora do MBA em
Jornalismo de Dados do
IDP e vencedora de prêmios
nacionais e internacionais
de inovação no Jornalismo,
como o Prêmio de
Jornalismo Gabriel García
Márquez, o Cláudio Weber
Abramo de Jornalismo de
Dados e o Google News
Iniciative.
Hoje com 28 anos, a
paulistana conta que se
interessou pela comunicação
— mais especialmente pelo
Jornalismo — ainda criança,
ao observar os avós, com
quem conviveu durante toda
a infância.
“Meu avô sempre
comprava jornal, todos
os dias; então, para
mim, era meio que um
hábito. Eu entendia
a importância do
Jornalismo e de me
manter bem informada
por causa disso. Para
completar, sempre fui
muito curiosa. Ficava
irritada quando as
pessoas falavam de
um assunto que eu
não sabia. Comecei
a entender que
devia ir para a área
de comunicação e
me encantei pelo
Jornalismo”, recorda.
37

Já o trabalho com dados chegou
por uma “necessidade”. Ela conta
que, desde o primeiro estágio,
sempre trabalhou com Economia.
Passou pela redação de jornais
como a Folha, sites, revistas, e
foi repórter do iG. Ao se deparar
com as primeiras matérias
utilizando dados, entretanto,
Bárbara levou um choque: “não
entendia nada daquilo”.
Certa da necessidade de se
especializar, em 2015, ela
arrumou as malas e foi fazer
um curso de pós-graduação
em Jornalismo de Dados em
Madri (Espanha), ao ganhar uma
bolsa de estudos da Fundação
Carolina. Durante um ano, foi
aluna da Universidade Rey
Juan Carlos, onde aprendeu
novas técnicas, metodologias
e conceitos. Também no curso,
feito em parceria com o jornal
El Mundo, descobriu como
contar histórias com o auxílio
de grandes bancos de dados
e como usar a tecnologia
para transformar matérias em
conteúdos mais atraentes e
importantes ao leitor.
Confira, abaixo, os principais
trechos do bate-papo da Revista
do IDP com a jornalista:
38
O que é
jornalismo de
dados
“É o jornalismo orientado por
dados, que são usados como
fonte da matéria. É como se
entrevistássemos grandes bases
de dados para chegar à nossa
história, usando tecnologia e
automação de tarefas para
encontrar a informação mais
importante. É claro que os
princípios do Jornalismo estão
mantidos: informação de
interesse público; checagem,
e apuração. E tem também o
trabalho de contextualizar os
dados, com entrevistas, com
fontes, até transformar os
dados em uma narrativa, com
visualização, storytelling. Enfim,
uma história bem contada.”
Trabalho em
equipe
O Jornalismo de Dados é feito
em equipe. Não é preciso ser o
melhor programador, o melhor
infografista, o melhor tudo.
O fundamental é ter noções
de todos os processos para
conseguir gerenciar uma equipe
de profissionais, cada um
especializado em uma área. A
gente entende que, geralmente,
um projeto de Jornalismo de
Dados não vai ser apenas uma
reportagem. Vai virar uma série
de reportagens ou uma série
com uma infografia legal, com
material multimídia. Quem
trabalhar com isso precisará
entender todas as diferentes
etapas desse processo para
fazer uma boa gestão de projeto.”
Futuro da
profissão
“A interseção entre Jornalismo e
tecnologia vai crescer bastante
nos próximos anos. É muito
comum que os profissionais
precisem se desdobrar em
diversas tarefas para ir atrás
da notícia, e acabem gastando
muito tempo com trabalhos que
poderiam ser automatizados.
Essa intersecção pode fazer
tanto com que a gente encontre
melhores histórias quanto
comunique melhor essas
histórias, com jornalismo
imersivo, realidade virtual,
visualizações interativas.”
39

Quem deve
apostar em
dados?
“Jornalistas ou profissionais
da comunicação que tenham
interesse nessa interseção entre
comunicação e tecnologia,
em como contar histórias de
maneiras diferentes ou emcomo
encontrar histórias diferentes
com o uso da tecnologia. É uma
competência que o profissional
consegue desenvolver em
qualquer etapa da carreira. E é
uma demanda que o mercado
tem. O mercado de trabalho está
à procura de profissionais que
entendam de tecnologia.”
40
Habilidades
a serem
desenvolvidas
“Para ser um bom jornalista
de dados, é preciso conhecer
técnicas de programação
e raspagem de dados que
permitam analisar grandes
bases de informação de maneira
mais rápida e mais eficiente.
Também é preciso aprender
a comunicar bem os dados:
com visualizações que não
sejam apenas bonitas, mas,
principalmente, informativas e
didáticas. Às vezes, a gente tem
essa noção de que os dados são
frios e distantes, mas eles têm
um superpotencial de causar
empatia, especialmente quando
são apresentados com técnicas
de storytelling (contação de
histórias).
Empreender é
possível
“O Jornalismo de Dados pode
virar um empreendimento. Um
dos projetos que fiz, quando
ainda estava aprendendo
programação, acabou recebendo
financiamento do Google.
Tudo começou com uma
robozinha que programei para
acompanhar projetos de lei
relacionados aos direitos das
mulheres. Toda vez que um
projeto sobre aborto, violência
contra a mulher ou feminicídio
tramitava, a robozinha ia lá e
tuitava. Eu apresentei essa ideia
para a revista digital AzMina, que
acreditou na proposta e decidiu
buscar financiamento para
ampliar o projeto.
Inscrevemos a ideia no Desafio
de Inovação Jornalística do
Google, vencemos e recebemos
recursos para colocar o projeto
Elas no Congresso no ar, em
2020. Ele funciona como um
hub de conteúdos sobre a
tramitação de projetos de lei
relacionados à mulher e mostra,
semanalmente, quais projetos
foram criados e com eles estão
tramitando nas duas casas do
Congresso. Também elaboramos
um ranking que dá nota aos
parlamentares, de acordo com a
produção de projetos favoráveis
ou desfavoráveis aos direitos
das mulheres, e mantivemos a
robô no Twitter. Como dá para
ver, existem oportunidades
de captação de recursos para
projetos na área de jornalismo.
E quem trabalha com dados
tem plenas condições de buscar
financiamento, executar projetos
ou, quem sabe, criar sua própria
agência de Jornalismo de Dados”.
Ouça agora o episódio sobre
Jornalismo de Dados do podcast
da Escola de Comunicação do IDP,
o TodaMídia. O programa contou
com a participação de Bárbara
Libório e Sérgio Spagnuolo. A
apresentação é de Bárbara Lins.
Transparência
em alta
“Além de entender de
programação, o jornalista de
dados precisa conhecer as
leis relacionadas ao acesso
e ao uso de dados. Uma das
grandes maneiras de obter
dados, principalmente dados
públicos, dados oficiais do
governo, é pela Lei de Acesso
à Informação (LAI). E a gente,
como jornalista, precisa entender
quais são os caminhos para
acessar essa informação, que é
de direito público. Na Espanha,
meu curso era baseado em três
trilhas: visualização de dados;
investigação, e transparência.
E acho importante aplicar isso
também no Brasil.”
SERVIÇO
O IDP acaba de lançar um MBA de Jornalismo
de Dados do IDP, coordenado por Bárbara
Libório. O curso está aberto para profissionais
da comunicação de todo o Brasil
Período: 1 ano e meio
Modalidade: híbrida (todas as aulas serão
transmitidas ao vivo, on-line. As aulas
presenciais serão ministradas na sede do IDP,
em Brasília)
CORPO DOCENTE:
Sérgio Spagnuolo
Jornalista reconhecido na comunidade de
Jornalismo de Dados, fundador da agência
Volt Data Lab. Vai trazer uma visão de
mercado e do Jornalismo de Dados na
prática.
Adriano Belisário
Jornalista e coordenador da Escola de
Dados na Open Knowledge Brasil. Tem
bastante experiência no ensino das etapas
do Jornalismo de Dados e é pesquisador de
tecnologia em jornalismo.
Marília Gehrke
Doutoranda na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), com expertise em
metodologia de Jornalismo de Dados e sua
aplicação, transparência e desinformação.
Teve passagem pela Escola de Dados e
Afonte Jornalismo de Dados, e atua como
embaixadora de inovação cívica da Open
Knowledge Brasil.
Taís Seibt
Repórter e pesquisadora na agência Fiquem
Sabendo, criadora da iniciativa Afonte
Jornalismo de Dados, lidera diversos
projetos para promoção de conhecimento
e produção de conteúdo com base em
dados e transparência pública. Doutora em
Comunicação pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS).
Rodolfo Viana
Jornalista e cientista de dados na Rede
Globo. Escreveu para a agência de fact-
checking Aos Fatos e para a Revista Piauí. No
tempo livre, se dedica a projetos de auditoria
e controle social de gastos públicos.
Fernando Barbalho
Doutor em administração pela Universidade
de Brasília (2014). Atualmente, é auditor
federal de Finanças e Controle da Secretaria
do Tesouro Nacional (STN) e lecionará as
disciplinas de programação (SQL e Python).
41

“Somos um GPS
de tendências”
Conheça a empresa e os
profissionais por trás de uma
das revistas mais populares
de Brasília. Uma verdadeira
aula sobre a importância de
segmentar a comunicação e
sobre o futuro da profissão
in pauta
42
Por Tchérena Guimarães
Muito mais do que uma revista
de moda, a GPS Lifetime foi
desenhada para ser uma vitrine
de tudo aquilo que nos dá
prazer: gastronomia; eventos;
arte; arquitetura; viagens; moda;
entretenimento, e política. Tudo
de forma leve, voltada para
um público seleto, luxuoso e
formador de opinião. Uma ideia
da jornalista Paula Santana, uma
das sócias fundadoras da GPS,
empresa que hoje emprega 31
profissionais, sendo 28 deles da
nossa área: a comunicação.
Durante muitos anos, Paula fez a
cobertura de moda dos principais
jornais impressos da cidade.
Um belo dia, ela decidiu que
queria mais. “Eu ampliei o meu
universo para esse segmento que
chamamos de Lifestyle (estilo
de vida). Agora, tanto na revista
quanto no site, a gente renomeou
para Lifetime, para incluir essa
dinâmica do tempo: o tempo
que a gente dedica a apreciar
tudo que nos dá prazer”, explica
a jornalista, que é diretora de
comunicação e relacionamento
da empresa.
A história da GPS começou em
2011, quando Paula resolveu
deixar a rotina de colunista
social para se aventurar em
uma nova empreitada: o
empreendedorismo. À época,
ela, Rafael Badra e Guilherme
Siqueira perceberam que havia
espaço para um novo veículo de
comunicação focado no público
de alta renda da cidade.
43
O SITE ALCANÇA
MENSALMENTE DE 400 A 500
MIL USUÁRIOS POR MÊS
O trio conhecia o público muito
bem, por motivos distintos: Paula
fazia a cobertura jornalística da
chamada “alta sociedade”; Rafael
era filho de uma das socialites
mais badaladas da cidade
(Consuelo Badra); e Guilherme
Siqueira, publicitário, trouxe seu
apurado olhar de marqueteiro.
44
Conhecimentos somados, eles
decidiram criar o portal GPS.
O sucesso e a visibilidade do
projeto foram tão grandes que,
cinco meses depois, o conteúdo
foi parar nas páginas de uma
revista. Os sócios fundadores
perceberam que a plataforma
impressa agregaria ainda
mais valor ao conteúdo e aos
anunciantes, que gostariam de
se ver em uma publicação. Eles
não podiam estar mais certos.
Atualmente, a revista — que é
trimestral — conta com uma
tiragem de 30 mil exemplares e é
distribuída em cidades como Rio
de Janeiro, Goiânia e São Paulo.
Celebridades
As 28 edições da GPS Lifetime
já estamparam, na capa,
personalidades como Deborah
Secco, Juliana Paes e Isis
Valverde. “Sempre buscamos
pessoas que tenham uma
história interessante e não
sejam apenas rostos bonitos
ou modelos. Sempre com um
gancho factual, algum artista que
esteja fazendo um trabalho legal
no momento”, explica a editora-
chefe da GPS Lifetime, Marcella
Oliveira. “Quando a capa é
mais de Brasília, ou algo mais
genérico, é uma construção. Ela
vai acontecendo à medida que
vamos produzindo”, acrescenta.
Cada edição da revista envolve
bastante pesquisa, empenho
e trabalho. A equipe que
desenvolve a publicação trabalha
remotamente e é acionada
sempre cinquenta dias antes de
a versão final ser enviada para a
gráfica.
“É muito intenso. Exige muita
atenção. Eu sempre brinco que
depois que imprime a revista
A GPS é para sempre. Então, não é
LIFETIME aceitável nenhum erro. A revisão
final é uma das partes mais
TAMBÉM JÁ difíceis. É a hora de reparar em
TEVE EDIÇÃO tudo, nos mínimos detalhes”,
conta Marcella.
ESPECIAL EM As edições do ano passado, por
SÃO PAULO exemplo, foram mais reflexivas,
E, POR UM em virtude da pandemia. “Fomos
pesquisando, lendo, conversando
TEMPO, com pessoas, sobre o que elas
CASA EM gostariam de ler. A pandemia
pesou muito na vida de todos,
MIAMI mas acho que conseguimos
fazer edições para informar e
trazer esperança”, finaliza.
45
 “FAZEMOS
QUESTÃO DE
MOSTRAR cabada d
e
is bem-a
A NOSSA variada e a m a
lto padrã
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o s o s
equipe . A
CIDADE E AS c o nta que a Bra s íl ia
a-se.
A jorna li s ta scando ”, orgulh
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e s tá cionar
PESSOAS QUE da GPS e se rela

O negócio
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VIVEM AQUI” ú b lico orga
com o p míd s ia
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sociais dos. “Nã
d u z in d o conteú ra n do que o nta com
três
pro s , e s p e ,a G P S c
estático ssem”, Hoje fael, que
ficamos u re m , nos ace io s : P aula e Ra a sua
eles nos
pro c s ó c
e m p re sa desde
estão na Lira, que
conclui. ia o ; e Eduardo
,a s ó c fund a ç ã ciais. A
a o c onteúdo p ro je tos espe
Qua n to ras íl ia atua e m u o site
o ra re ssalta: B e n o já tr a nscende
funda d a s empre s a s, há
e s ta rá nas págin tã o . N o s bastidore
sempre que s
e a revis
ta o GPS
P S . “F azemos c o m u nicação,
G e tro
DNA da
a n o s s a cidade
e um hub d d iv id id o em qua
a r rou p , ital;
de mostr u e v iv em aqui”
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Media G d o ; a g ência dig
as q conte ú
as pesso células: as, e pro
dução.
c a . s p ú b li c
desta ho relaçõe
uadradin , estão
m o ra n o Q
a d e c onteúdo
ta e as
Conteúdo
marca alcançou com o passar Que m m u m Na p a r te
b e m d is so. Se te , n ã o o s o s it e, a revis
sabe e inserid da
dos anos. Mesmo em uma na cidad or meio
portante a ra s ociais. P faz a
pandemia, como agora, nunca festa im para e n c o n tr m íd ia s
a emp a re s
u it o . it a l, ais e
em foco
m po r lá d ig
deixamos de soltar uma revista demora S c irculando agência ta s in stitucion
a G P e c o n grupo
no prazo certo”, avalia. “A gente equipe d re s d e um eve
nto gestão d A lé m disso, o
m o riais .
sempre cumpriu com aquilo que Se tem ru l é o prim
eiro a empresa a de Rela
ções
o r ta à á re
novo, o p
se ded ic a volve,
se comprometeu: tanto com
a is d e ta lhes. p e la q u al desen
trazer m ,
os nossos leitores quanto com Públicas alho com
Para o diretor executivo da
ta mbém p lo , um trab
os anunciantes. E acho que o cia n te s por e x e m rasília,
GPS Lifetime, Rafael Badra, o Os anun if e re ncial. g Ig uatemi B
próprio conteúdo. O conteúdo é es s e d
o Sh o p p in físico,
sucesso do portal e da revista percebem Brasil 21, por c a o s e u espaço
está baseado em alguns pilares. fundamental.”
O Comp
lexo de longa onde fi lounge.
parceiro c id o como
O primeiro são os profissionais Paula Santana compartilha do “SOMOS exemplo
, é
v
u
is
m
ta . “L ogo no in
ício
,
c o n h e
e R e la ç ões Púb
licas,
data na re s da GPS No âmbit
od
romove
que atuam na empresa. “Sempre
quisemos ter um time de
sentimento. “Somos um GPS de
UM GPS DE acred it a m o s nos sócio
te n c ia l, a ru p o ta mbém p te estão
tendências, na capital federal. e m os o p o
, o g
e a tualmen
pessoas jovens, antenadas, Hoje penso que tão importante TENDÊNCIAS, pois co n
ã
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e c o mpetênc
ia d e le s !”
eventos
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d e v id o à pand
emia
dedicaç , Fabiano suspens
o a Feijô.
que tenham o interesse em
buscar notícias bacanas. O
quanto ter um conteúdo bom, é
ter um relacionamento estável
NA CAPITAL exp li c a o p residente
revis ta é — co m o o L e Brunch e
ampos. “A
segundo é a credibilidade que a com a nossa audiência”, pondera. FEDERAL” Cunha C
fisticada
, b e m -fe it a,
muito so

46 47

A GPS tem ainda um braço
solidário, o GPS Foundation,
que desenvolve um trabalho
contínuo junto a instituições
do DF, promovendo ações e
apoiando financeiramente
projetos nas mais diversas
áreas. A fundação, que tem
como presidente Vivianne
Piquet, também ampara
famílias e instituições em
situação de vulnerabilidade, a
partir de doações de cestas
básicas e kits de higiene.
Com isso, cerca de 30
instituições são atendidas.
Sempre antenada a tudo o
que acontece, dentro e fora
Mapeando
do mercado da comunicação,
Paula Santana acredita que
ainda há muito espaço para o
tendências setor crescer, dentro e fora de
Brasília.
48
“Vejo um mercado muito
dinâmico, promissor,
frenético, desde que as
pessoas, os profissionais
do setor, consigam ser
flexíveis dentro de uma
empresa. Estamos passando
por uma transformação
gigantesca. Todo mundo
se ressignificando, sendo
reintroduzido em novas áreas,
sendo mais flexível em estar,
por exemplo, na produção de
textos, e de repente ir para
marketing de conteúdo”,
explica.
Esse é o modelo que a GPS
Lifetime vem adotando e
estruturando, inclusive, na
sua equipe — composta
por jornalistas, redatores,
publicitários, social medias
(profissionais que cuidam
de redes sociais), designers
gráficos e videomakers. Os
profissionais podem transitar
pelas diversas plataformas
e áreas da empresa. Se num
dia a pauta é cultura, no outro,
pode ser necessário escrever
sobre política.
“Um bom jornalista, um bom
comunicólogo, tem de estar
pronto para escrever sobre
tudo. Ele pode se aprofundar
em uma coisa ou outra e
ter um conhecimento mais
robusto, mas tem de saber
#Ficaadica
Quer fazer parte do time da GPS Lifetime? A
escrever sobre tudo. Claro que
empresa aceita estagiários. O currículo pode
ele não vai dominar o tema.
Por exemplo, eu não domino ser enviado para gpslifetime@gmail.com.
Economia, mas consigo
escrever um texto sobre o
assunto, se for preciso. Ainda
mais agora, com a internet;
você tem milhões de fontes
onde pode se alimentar”,
reflete.
49

startups
brasilienses que
você precisa
conhecer
Elas ultrapassaram as fronteiras do nosso
Quadradinho e estão mostrando ao Brasil e ao
mundo que existe vida inteligente (e disruptiva)
fora do serviço público.
Por Mariana Favre
Elas revolucionaram a forma
como nos comunicamos,
nos locomovemos, pagamos
nossas contas e até mesmo nos
alimentamos. Estamos falando
das startups, jovens empresas
que criam modelos de negócios
inovadores, com potencial de
crescimento rápido e em grande
escala. As mais conhecidas,
atualmente, são Uber, Airbnb,
Spotify, iFood e Nubank —
unicórnio (startup com mais de
US$ 1 bilhão em faturamento)
brasileiro.
Supernova
50
Hoje, o Brasil possui 13.707
startups espalhadas por 679
cidades, segundo dados da
StartupBase. A maior parte
delas atua na área de Educação
(8,48%), mas o setor de Finanças
merece destaque, com 5,82%
do total nacional e quatro dos
11 unicórnios brasileiros. Onde
ficam essas empresas? A maioria
está localizada nos estados
de São Paulo (29,4%), Minas
Gerais (8,98%) e Rio Grande do
Sul (7,06%). Nosso quadradinho
também começa a despontar
como centro de ideias originais
e inovadoras, com 216 startups
registradas e a 9ª posição no
ranking nacional do setor.
Para Natália Bertusi, da Unidade
de Inovação do Sebrae Nacional,
existe um movimento em curso
para transformar Brasília em
um polo inovador. Um exemplo
disso é que a capital federal
já sediou duas edições da
Campus Party (maior evento
de startups do Brasil), possui
três aceleradoras (dedicadas a
apoiar a modelagem de negócios
e captação de investimentos),
pelo menos sete incubadoras de
empresas e um polo de inovação
(leia a matéria sobre o Biotic em
nossa primeira edição).
Além disso, governo e
instituições privadas têm criado
uma série de editais de fomento
para empresas inovadoras e
disruptivas. Aqui na capital
federal, já aconteceram três
edições do programa Startup
Bsb, realizado pela Fundação de
Amparo à Pesquisa (FAP-DF).
Apenas na edição de 2020, foram
destinados R$ 5 milhões
em recursos para
essas empresas.
Um investimento
realizado a
fundo perdido,
já que o objetivo
principal é aquecer
o ecossistema da
inovação na capital
federal.
Para completar,
no fim de março foi
lançado o programa
Startup Brasília 2030. Com
investimento global de R$ 15
milhões, a iniciativa busca
aproximar empreendedores
de atores-chave do ecossistema
da inovação para estimular
negócios em áreas estratégicas,
como saúde, finanças, educação,
soluções de governo e
segurança.
51
Conheça, a seguir, quatro startups
brasilienses que estão dando o que falar
no mercado da inovação.
Comoequetalá?
Mercado: Seleção e
recrutamento de criativos
Modelo de negócios: SaaS
(software as a Service)
Faturamento: não informado
A maior plataforma de
recrutamento de criativos do
Brasil nasceu aqui, em Brasília,
há mais de 9 anos, mas se
tornou uma startup em 2018.
A Comoequetalá (escrito
assim mesmo, tudo junto)
disponibiliza hoje mais de 21 mil
oportunidades de trabalho para
profissionais de diferentes áreas.
52
São 50 mil e-mails cadastrados,
e 21 mil cadastros completos de
profissionais.
Tudo começou com um pequeno
grupo de discussão na internet,
que reunia profissionais de
agências de publicidade para
perguntar “Cara, e aí, como é que
tá lá?”, referindo-se a novidades
no mercado de trabalho. Em
um ano, já eram mais de 3 mil
pessoas, entre publicitários,
designers, ilustradores,
fotógrafos e jornalistas. Para
organizar o fluxo de informações,
Fabiano Figueiredo e Janaina
Coe decidiram migrar o grupo
para uma plataforma maior, com
o intuito de divulgar vagas de
emprego, cursos e fornecedores.
“A gente não tinha pretensão de
transformar isso num negócio,
só que ele continuou crescendo.
Então, há três anos decidimos
largar nossos trabalhos para
nos dedicar exclusivamente ao
Comoequetalá e transformá-lo
num negócio. Foi aí que a gente
entrou no mundo de startups”,
conta Fabiano.
Monetizar a plataforma foi um
processo longo, que exigiu
estudos e preparação. Eles
optaram pelo modelo SaaS
(Software as a Service), no
qual os usuários (sejam eles
empregadores ou candidatos
a vagas) pagam para utilizar a
plataforma.
“Se a gente não estivesse
resolvendo o problema
de ninguém, se não fosse
interessante, ninguém ia
comprar. Acontece que no
primeiro dia, sem a gente avisar
nem nada, viramos a chave do
Comoequetalá e começamos
a vender esse serviço. Como a
demanda estava ali, as pessoas
precisavam, foi fácil”, recorda o
fundador.
Além do sistema de vagas,
a startup promove palestras,
cursos e workshops. Quando
a pandemia impossibilitou
a realização de eventos
presenciais, o formato leve e
enxuto permitiu uma adaptação
rápida ao novo cenário. “Na
startup você tem uma ideia agora
e, em no máximo uma semana, já
está quase com ele levantado. É
isso o que me encanta e que está
encantando as comunidades
com as quais eu convivo”, avalia
Fabiano.
Os sócios investiram
no aprimoramento da
plataforma, avaliando
o novo cenário do
mercado de criativos
no Distrito Federal
e, assim, o site
voltou a funcionar
com mais energia e
foco dentro do sistema
de vagas. “Hoje ele está
bombando o dobro do que
antes da pandemia. Então,
mesmo sem eventos, vamos
contratar uma equipe. Nosso
objetivo agora é expandir para
outras regiões..
Ainda segundo Fabiano, há
pouco tempo, o cadastro da
plataforma era composto por
95% de pessoas de Brasília e
apenas 5% de outros estados.
Agora 40% do público já é
formado por profissionais de
fora do Distrito Federal. Além
disso, a Comoequetalá está
investindo em microconteúdos
de capacitação profissional
integrada ao sistema de vagas.
Sempre ativo no mercado da
inovação, Fabiano é, atualmente,
embaixador da aceleradora
Darwin, sediada em Florianópolis,
e mantém contato com
embaixadores em inovação de
22 estados brasileiros. Para
ele, a satisfação de ajudar
profissionais e estudantes em
sua jornada profissional é o
principal medidor de sucesso da
startup. “Minha meta não é só
querer me tornar um unicórnio ou
dar um futuro melhor para minha
família. O meu projeto de vida
é que a startup funcione muito
bem e resolva a vida dos nossos
candidatos e empresas. Fazendo
isso, eu fico feliz da vida. O resto
é consequência.”
53
 Instabuy
Mercado: E-commerce
Modelo de negócios: SaaS
(Software as Service)
Faturamento: superior a
R$ 1 milhão (em 2020, a
plataforma transacionou
mais de R$ 60 milhões)
54
Se tem um mercado que cresceu
na pandemia foi o de compras
on-line, que terminou o ano
de 2020 com alta de 73,8%
em relação ao ano anterior,
de acordo com o Comitê de
Métricas da Câmara Brasileira da
Economia Digital. E é nessa onda
que a Instabuy — plataforma
de e-commerce focada em
supermercados e produtores de
orgânicos — está surfando.
Fundada em 2015, a startup foi
inspirada no modelo do Instacart,
serviço de entrega de alimentos
que opera nos Estados Unidos e
no Canadá. No início, o modelo
de negócios era baseado em
oferecer uma plataforma de
vendas para os clientes, em
troca de uma porcentagem
sobre as vendas realizadas.
Logo, os sócios fundadores
da empresa, Lucas Camargo e
Caíque Prudente, perceberam
que esse não era o modelo mais
rentável e decidiram “pivotar”
— expressão do mercado
de startups para descrever
mudanças significativas no rumo
dos negócios.
“Os clientes passaram a pedir
para ter um site ou aplicativo
personalizado, com a cara da sua
empresa, em vez de usar o nosso
e-commerce. Daí, passamos a
fazer isso: customizamos lojas
virtuais independentes, usando
nosso sistema, e passamos
a trabalhar com pagamento
de taxas de implantação e
mensalidade para o uso do
software. Assim surgiu o modelo
de negócio que temos hoje”,
conta.
Em 16 de março de 2020, a
equipe do Instabuy — que na
época contava com sete pessoas
— começou a trabalhar em home
office, em razão da pandemia
de Covid-19. Exatamente um
ano depois, a equipe da startup
triplicou de tamanho: são 23
profissionais trabalhando para
mais de 250 lojas em 19 estados,
gerenciando, em média, 2 mil
compras por dia.
Sobre financiamento, Lucas
conta que os primeiros
aportes para o Instabuy foram
realizados por familiares,
amigos e conhecidos da
dupla de fundadores. Depois,
com a empresa já montada e
operando, começou a busca
por investimentos maiores.
“Deixar o dinheiro na poupança
não é mais atrativo, então
muita gente quer se aventurar
no mercado de capital. Tem
aceleradoras grandes também.
O mercado está aquecido, e deve
permanecer assim”, avalia.
Lucas lembra que abrir uma
startup envolve riscos, exige
muita dedicação e um pouco de
sorte também, para, por exemplo,
conhecer a pessoa certa que faça
a conexão com um bom cliente.
Hoje, apesar da pandemia, ele
tem motivos para sonhar alto.
A procura pela plataforma não
para de aumentar, e a meta é
fechar 2021 com 400 ou até
450 lojas na base de clientes.
Nada mal para quem foi
doutrinado a vida inteira para
fazer concurso público. “Meus
pais não entendiam essa minha
vontade de empreender e, como
a maioria dos pais de Brasília,
queriam que eu fosse servidor
público. Hoje, eles mudaram de
ideia e até falam para os meus
irmãos fazerem computação”.
55
 BR.Ino
Mercado: Educação tecnológica
Modelo de negócios: cursos
presenciais e on-line
Faturamento: não informado
Para Rafael Mascarenhas e
seus amigos, o interesse por
robótica começou quando ainda
eram estudantes do nono ano
do ensino fundamental. Mesmo
com estímulos e medalhas em
torneios, eles perceberam que o
projeto de robótica que estavam
criando na escola deixaria de
existir quando eles partissem
para a universidade. Criaram,
então, uma proposta para ensinar
robótica para a escola, caso ela
cedesse os equipamentos. A
ideia fez tanto sucesso que teve
mais de 100 inscritos logo na
primeira turma.
56
O primeiro obstáculo vencido
pelo grupo de empreendedores
foi o idioma. ”Por mais que
estivéssemos em uma escola
de ponta aqui de Brasília,
muitos estudantes não tinham
proficiência em inglês e, na
hora de escrever os comandos
de programação, ficavam
prejudicados. Para resolver
o problema, criamos uma
linguagem de programação
inteiramente em português para
ensinar robótica, e deu muito
certo”, comemora Rafael. Foi
então que surgiu a BR.Ino, startup
fundada em 2017 com o objetivo
de democratizar o ensino de
robótica no Brasil.
Com a chegada da pandemia, o
modelo de negócios desenhado
inicialmente precisou passar
por adaptações. Em vez de
ensinar robótica para estudantes,
eles passaram a capacitar
professores para incorporar
a cultura digital em seus é a principal fonte de renda da
processos pedagógicos. “Se um startup”, explica Rafael. As aulas
educador precisa dar aulas sobre são realizadas virtualmente, por
fotossíntese, por exemplo, nós conta da pandemia.
podemos fazer uma maquete
Vale destacar: fiéis ao objetivo
de girassol com sensores de
original de democratizar o
luminosidade. Esse robô vai se
aprendizado da robótica, a Br.Ino
movimentar de acordo com a luz
disponibiliza a linguagem de
do ambiente, assim como faz a
programação desenvolvida em
flor”, explica Rafael.
português de forma gratuita, no
Para atrair os professores para site da startup. Ela é opensource,
o assunto, a BR. Ino realizou o que significa que o código
uma série de minicursos on-line está aberto para quem quiser
gratuitos sobre a aplicações da aprimorá-lo. Outros materiais
robótica no ensino fundamental. e tutoriais também podem ser
“A partir do momento em que acessados gratuitamente na
foi estabelecido um público, plataforma, como um e-book de
criamos um curso pago, que hoje robótica.
57
 Sisterwave
Mercado: Turismo
Modelo de negócios: assinatura
Faturamento: não informado
“Se essa plataforma não
existe, ela precisa existir”. Foi
assim que a designer Jussara
Botelho, 32 anos, identificou
a necessidade de solucionar
um problema enfrentado por
mulheres viajantes. Após meses
mochilando por Ásia, América
do Sul e Europa, ela conheceu
outras viajantes solitárias com
desafios muito semelhantes aos
dela: julgamento pelo fato de
estar sozinha, medo da violência
contra a mulher e assédio.
“Vi que essas dores não eram
só minhas; eram as dores de
muitas mulheres, que de forma
recorrente falavam do desejo
de participar de uma plataforma
exclusiva para mulheres
viajantes”, relata.
Com essa ideia em mente, duas
semanas após retornar ao Brasil,
Jussara participou da Startup
Weekend Women Brasília 2017.
A proposta de uma rede global
de apoio local para a mulher
viajante foi selecionada para ser
desenvolvida durante o evento
e venceu em primeiro lugar, já
batizada Sisterwave.
“Eu acredito que as mulheres
merecem viajar o mundo com
mais liberdade, e a tecnologia
poderia solucionar isso”, afirma.
Dentro da plataforma, elas criam
um perfil pessoal, se apresentam
umas às outras e podem se
conectar diretamente através do
chat. O modelo de negócios foi
estruturado ao longo de 2018
e a plataforma, lançada em
dezembro do mesmo ano. Hoje,
a Sisterwave conta com 18 mil
viajantes (chamadas de sisters)
e 451 anfitriãs espalhadas por
todas as regiões do Brasil.
Diante das restrições
impostas pela pandemia,
Jussara reformulou o negócio,
fortalecendo as comunidades e
criando tours virtuais.
Entre os planos futuros da
startup, estão desenvolver
parcerias com empresas
relacionadas ao turismo, como
aluguel de carro, passagens
e seguro de viagem, além da
expansão para se tornar global.
“A gente começou no Brasil, mas
eu vejo que os problemas das
mulheres viajantes são comuns
em todo o mundo; por isso,
nossa solução não é útil apenas
para brasileiras”, comenta.
Desde sua fundação, a
Sisterwave passou por diversos
processos de aceleração:
Estação Hack, do Facebook, Rede
Mulher Empreendedora, Conecta
Startup Brasil, Inovativa Brasil e,
mais recentemente, na WakaLua
— primeiro Hub de inovação em
turismo.
A startup também foi finalista do
Desafio Brasileiro de Inovação
em Turismo e vencedora da 3ª
Competição Global de Startups
da Organização Mundial do
Turismo (OMT) na categoria
“equidade de gênero”. Foi a
primeira vez que uma startup
brasileira ocupou essa posição.
Para completar, Jussara foi
convidada a assumir o cargo
de embaixadora de Inovação da
OMT no Brasil — uma nova onda
na qual ela certamente navegará
com criatividade, competência e
compromisso com as mulheres.
*Esse texto foi escrito por Mariana
Favre, com a participação dos
estudantes de Jornalismo da Ecom
Anna Clara Daros e Lucas Duarte
Caixeta. A dupla acompanhou a
entrevista realizada com a fundadora
da Sisterwave, Jussara Botelho.

58 59
Quando a
ciência ajuda
a vender
Utilizando técnicas de neurociência e psicologia, o neuromarketing
ajuda a conquistar a atenção dos consumidores, aumentando as
chances de eles comprarem um determinado produto ou serviço
Por Rita Frazão
Tudo está ligado: a razão, a
emoção e o instinto. E é a soma
desses três mecanismos que
nos faz tomar decisões na vida,
na carreira e até mesmo na hora
de fazer uma compra. Entender
como funciona esse processo
de escolha no cérebro é um dos
desafios do neuromarketing
— especialidade que combina
conhecimentos do marketing,
da neurociência e da psicologia
em busca da compreensão
da mente do consumidor. O
objetivo é um só: alavancar
negócios, empresas, ideias ou
até mesmo pessoas (políticos,
influenciadores digitais etc).
mkt
Na prática, o neuromarketing
verifica as reações do nosso
cérebro a determinado estímulo,
por meio de tecnologias de
mapeamento de imagem, como a
ressonância magnética funcional
(fMRI), eletroencefalografia
(EEG) ou o mapeamento do fluxo
sanguíneo no cérebro. Também
é possível realizar técnicas mais
simples, como o rastreamento
ocular, a análise de expressões
faciais ou experimentos
comportamentais.
“Se uma empresa quiser
entender qual cheiro ativa
mais o apetite de um grupo de
clientes, basta oferecer algumas
fragrâncias e avaliar exames de
neuroimagem. Provavelmente, a
escolha de aposta será o aroma
que mais ativará as regiões
neurais associadas ao prazer,
centro cerebral do apetite e
da fome”, explica o médico
psiquiatra Luan Diego Marques.
Neste momento, você pode
se perguntar: não seria mais
fácil realizar uma pesquisa de
opinião para saber qual aroma
escolher? Os especialistas
em neuromarketing garantem
que não. Afinal, ao responder
um questionário, você escolhe
racionalmente o que vai dizer
sobre determinado assunto. E,
como dissemos logo no início
desta matéria, a decisão de
compra não ocorre apenas
no âmbito da razão. Talvez o
aroma de que você goste mais —
racionalmente falando — não seja
aquele que ativa as regiões do
seu cérebro relacionadas a prazer,
recompensa e outros aspectos da
experiência do consumidor.
61
Armadilhas “Um Audi me encantou com uma
oferta sedutora de mudanças
“Não é que me tenha deixado
levar completamente pelas
de óleo grátis durante três anos. mudanças de óleo grátis, mas,
mentais Como poderia resistir?”, indagou
o escritor, em um dos capítulos
de um ponto de vista racional,
a sua influência em mim foi
de seu livro. injustificadamente forte”,
escreveu. Hoje, ele compreende
Todo ser humano gosta da ideia Somente depois de comprar o
que a palavra “gratuito” foi a
de estar no controle e saber automóvel, ele descobriu que
desculpa a que seu cérebro se
que tomou a decisão certa. Já o anúncio tinha despertado
agarrou para justificar a compra
dizia Sócrates: “conhece-te a ti um outro desejo não tão muito
de um carro que não estivesse
mesmo”. Saber os limites, as consciente para ele. O carro
nos padrões esperados a um
vontades e controlar os impulsos comprado era vermelho e
homem de família.
do subconsciente tornou a tarefa esportivo — em nada lembrava
essencial na vida de cada um. Só o veículo de um “pai maduro e
que, no dia a dia, o cérebro acaba responsável”, condição à qual ele “Utilizar o cheiro é só um exemplo de como
nos pregando peças, como bem inconscientemente resistia. mapear essas reações, mas dá para usarmos
explica o professor de psicologia qualquer elemento sensorial nessas análises,
e economia comportamental Dan imagens, sons, anúncios e muito mais”
Ariely, no livro Previsivelmente
Altair Camargo
irracional. Doutor em Administração
O autor descreve diversas
situações em que fatores
emocionais e financeiros
despertam reações irracionais
na mente humana. Foi o que Na avaliação de Altair Camargo,
aconteceu com ele próprio, ao doutor em Administração com
comprar um carro. Ariely estava foco em Marketing e professor
decidido a adquirir um modelo do IDP, o neuromarketing
da Honda, mas, ao chegar à pode ajudar as empresas
concessionária, os planos foram a despertarem os mesmos
por água abaixo. Isso porque mecanismos cerebrais que
havia uma propaganda de outra fizeram Ariely comprar um Audi,
marca, que fez seus olhos apesar de saber que deveria
brilharem. comprar um Honda.
“Utilizar o cheiro é só um exemplo
de como mapear essas reações,
mas dá para usarmos qualquer
“Se uma empresa quiser entender qual cheiro ativa elemento sensorial nessas
mais o apetite de um grupo de clientes, basta oferecer análises, imagens, sons, anúncios
algumas fragrâncias e avaliar exames de neuroimagem. e muito mais”, explica o professor.
Provavelmente, a escolha de aposta será o aroma que Não é mágica, é ciência; a
mais ativará as regiões neurais associadas ao prazer, tecnologia e o marketing
centro cerebral do apetite e da fome”, caminhando de mãos dadas.
Luan Diego Marques
Médico psiquiatra

62 63

Hiperfoco
em vendas
Aos poucos e com um jeitinho
ainda tímido, o neuromarketing
vem ganhando espaço no mercado
publicitário. Estima-se que cerca de
20% das multinacionais já adotem
essas técnicas para compreender a
mente do consumidor.
A Microsoft, por exemplo, usou
dados de eletroencefalografia
para mapear quais área do
cérebro eram ativadas enquanto
pessoas assistiam três tipos de
anúncios: TV de 30 segundos,
TV de 60 segundos e anúncios
em jogos de Xbox. Esses
estudos provaram que ao
ver um anúncio na TV, a
maior parte da atividade
cerebral acontecia apenas
na primeira metade da
publicidade. Já quando as
mesmas peças publicitárias
eram vistas no Xbox, a atividade
cerebral permanecia intensa
o tempo todo, reforçando a
memorização do anúncio,
porque o usuário permanecia
estimulado pelo game. De
posse desses resultados, a
Microsoft conseguiu ampliar
significativamente o número de
anunciantes nos consoles de Xbox.
Outra instituição adepta do
neuromarketing é a Melissa, citada
por Altair Camargo. As lojas da
marca, bem como seus produtos,
têm um cheiro inconfundível. Para
o professor, a fragrância desperta
memórias afetivas no consumidor,
gerando confiança e credibilidade.
64
“O cheiro da Melissa faz as pessoas
se lembrarem da marca, e isso já
se tornou um padrão da empresa.
Mesmo que o cheiro nos produtos
da marca não agrade todo o
público, esse elemento desperta
memórias da infância na mente do
consumidor”, explica.
Carros com
cara de gente
Mais um exemplo famoso
de aplicação de técnicas de
neuromarketing ocorreu na indústria
automobilística. Há alguns anos, a
Mercedes Benz vem adequando os
designs de seus veículos para torná-
los cada vez mais “humanos”. Eles
mapearam quais áreas do cérebro
dos clientes eram ativadas quando
eles viam o rosto de uma pessoa
que os agradasse. De posse desses
estudos, passaram a projetar carros
que estimulassem essas mesmas
regiões cerebrais. Resultado?
De objetos de luxo, as Mercedes
passaram a ser vistas — ainda que
inconscientemente — como pessoas
pelos consumidores.
De acordo com Camargo — que
leciona no MBA de Gestão de
Pessoas e RH 4.0 —, quem olha para
uma Mercedes consegue formar
a imagem de um rosto humano
em sua mente. Olhando de frente,
os faróis remetem aos olhos; a
grade da frente, à boca; e, assim,
sucessivamente.
“Há carros que se parecem mais
com pessoas e há carros que se
parecem menos. Quando o desenho
do carro faz lembrar um rosto, a
chance de o consumidor gostar dele
é maior, fazendo com que a intenção
de compra aumente”, reforça o
especialista.
Tendência
para o futuro
O marketing pode ser comparado
a uma caixa de ferramentas e
pesquisa. Cada instrumento pode ser
utilizado para uma função diferente.
Nesse caso, o neuromarketing seria
um apetrecho de maior precisão,
ainda pouco explorado, porque
a maioria das pessoas continua
acreditando que martelo e prego
(publicidade e preço) resolvem tudo.
“Tem coisas que ainda não
conseguimos captar sem os
recursos do neuromarketing, como
luzes em propagandas, mensagens
subliminares etc. Se passarmos
uma luz rápida em determinado
comercial, por exemplo, não
conseguimos captar com os olhos,
mas o cérebro identifica e sinaliza
que existe algo”, explica.
Apesar de trazer resultados
cientificamente comprovados para
as empresas, essa técnica não é
amplamente utilizada no mercado da
comunicação. Motivo? Ainda é muito
caro realizar testes de mapeamento
cerebral, e poucos profissionais são
especialistas no assunto. Apesar
disso, de acordo com Altair, o
neuromarketing tem potencial para
conquistar cada vez mais empresas
nos próximos anos. A conferir!
65
 Veja no que
estudantes,
professores e experts
em Comunicação
estão ligados!

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The Handmaid’s Tale

The Handmaid’s Tale (O

conto da Aia): uma série que
envolve o telespectador desde
o primeiro episódio. Levanta
questões importantes sobre
política, situação de poder, regimes totalitários e o efeito
disso na sociedade. Uma série que faz com que ninguém
saia dela da mesma forma que entrou. Além de tudo,
levanta reflexões importantes sobre sistema de repressão,
obscurantismo e violência de gênero. Uma série para ver
no momento de lazer, mas que não deixa de ser crítica,
reflexiva e envolvente. Sensacional!
Isa Stacciarini
Repórter da CBN e Professora IDP
Aponte a câmera do
The Crown celular para seguir
Tirando um pouco do mistério que gira em torno da vida
da Família Real britânica, The Crown introduziu uma
forma de contar a história de forma tão realista que
torna fácil esquecer que aquilo não passa de um roteiro
bem escrito baseado em relatos de pessoas próximas à
Coroa, nos aproximando dos dilemas da monarquia, que
levam a monarca ao limite entre o dever e a família.
Guilherme Nascimento
Estudante de Direito

Ferramenta dos Titãs

O escritor do livro Ferramentas dos

titãs, Tim Ferris, entrevistou mais de
200 pessoas de sucesso em diversas
áreas. Entre os entrevistados, estão
Arnold Schwarzenegger, Tony Robbins,
Scott Adams, Kevin Kelly, Jamie Foxx
e Seth Godin. Ele queria saber o que
essas pessoas bem-sucedidas tinham
em comum. Valeu a pena a leitura
de cada entrevista que foi transcrita para este livro,
porque eu aprendi muita coisa boa, e cada entrevistado
compartilhou dicas e ferramentas que eles utilizam em
seu dia a dia – e você também poderá utilizar.
Suzana Vieira
Repórter TV Record
This is us
Este recado vai pra você, que, assim como eu, quer esquecer por
alguns minutos todo o caos que essa pandemia trouxe e dar uma
variada no motivo do choro! Venha rir e chorar comigo, assistindo a
This is us, essa série que é uma montanha-russa de emoções, com
personagens tão humanos e tão verdadeiros que você não consegue
desgostar de ninguém. Disponível na Amazon Prime Video, This is
us nos mostra a história da família Pearson, que começa em 1979,
quando os trigêmeos Kevin, Kate e Randall chegam em casa da
maternidade. A série é repleta de revelações lindas e outras um
tanto dolorosas, com diálogos incríveis e abordando assuntos muito
importantes, do jeito mais sensível e bonito que eu já vi.
Emanuelle Leones
Estudante de Jornalismo

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