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Lúcio Packter
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Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
Conteúdo
Prefácio..............................................03
Introdução...........................................05
Definição de Semiose...........................07
Semioses Multíplices............................14
Historicidade e Inter-relações
Tópicas...............................................17
Interseções de Estruturas de
Pensamento e Semiose..........................33
Da Semiose à Tradução.........................39
Tradução em Clínica.............................43
Aspectos Qualitativos e Quantitativos......52
Aspectos de Distorções em Tradução......60
Concomitância nos Dados de Semiose.....68
Alcance da Historicidade.........................73
Aspectos Traduzíveis pouco Comuns.......77
Política, Religião, Cultura........................83
Transmutação dos Dados de Semiose
por outros Procedimentos Clínicos.......... 89
Conclusão .............................................93
Bibliografia............................................95
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Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
Prefácio
Mariza Z. Niederauer
filósofa clínica
Professora titular de Filosofia Clínica em
Porto Alegre
Presidente da Comissão de Implantação de
Cursos
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Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
Introdução
Lúcio Packter
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
Definição de Semiose
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Mario Quintana
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Semioses Multíplices
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Mario Quintana
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Historicidade e Inter-relações
Tópicas
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
Prosseguindo, ao considerar as
inter-relações entre os tópicos que
compõem a Estrutura de
Pensamento, entre eles a semiose, o
filósofo clínico embrenha-se em
constatações que lhe permitem uma
compreensão apurada de alguns
fenômenos.
EP (Estrutura de Pensamento)
Como o Mundo Parece............
O Que Acha de Si Mesmo.....
Sensorial & Abstrato...............
Emoções ...................
Pré – Juízos.....................
Discurso Completo & Incompleto.....
Raciocínio.....................
Busca..........................
Espacialidade.......................
Semiose............
Armadilha Conceitual........
Epistemologia..............................
Expressividade................................
Interseções de EPs..................
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Emoções ..............................................
Pré – Juízos..........................................
Semiose........
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Sensorial.........................................
Emoções ..............................
Semiose.....................................................
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Raciocínio........
Semiose............
Considerando a associação entre
os tópicos raciocínio e semiose, se o
aluno raciocina, com a profundidade
exigida pela disciplina, tendo o livro
aberto diante dos olhos e utilizando
um toco de lápis para anotar dados a
partir do que lê, é quase um atentado
tirar-lhe o livro e o pequeno lápis,
seus dados de semiose, quando este
aluno precisar fazer uma prova. É
como tomar-lhe a parte do cérebro
que usaria naquele momento.
Comparável a isso acontece com a
aprendizagem, o tópico
Epistemologia.
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Raciocínio........
Semiose............
Epistemologia...
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
O Que Acha de Si Mesmo.....
Semiose............
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Sensorial & Abstrato...............
Pré – Juízos.....................
Semiose............
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Busca..........................
Semiose............
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Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
O dado de semiose também pode
ser um caminho existencial para a
pessoa.
Neste caso, estamos agora
observando que na historicidade da
pessoa foi constatado uma união
entre os tópicos busca e semiose.
Para muitos, apenas usar a
música, o arco e flecha, o teatro,
apenas o uso pelo uso, pode ser
fundamental. Converse com aquele
seu tio mais velho e ele lhe contará
alguma história sobre um familiar
que preferiu fugir ou morrer porque
impediram-no de ser bailarino, poeta
ou pintor. Se a pessoa é impedida de
utilizar um dado de semiose que lhe
é essencial para se expressar, e se
tudo isso tiver um grande peso
subjetivo na malha intelectiva dela,
problemas graves costumam então
ocorrer.
E se simplesmente não existir um
dado de semiose para o contexto e a
ocasião?
No consultório, o filósofo clínico
percebe às vezes que a pessoa não
possui um dado de semiose para se
expressar. Isso também acontece.
Em tal caso, a Estrutura de
Pensamento pode
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
#
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'
( ' &
'
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'
É um depoimento habitual,
freqüente quando cessam os dados
de semiose necessários em um
momento.
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Como o Mundo Parece............
Emoções ...................
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Mario Quintana
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Interseções de Estruturas de
Pensamento e Semiose
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Emoções ...................
Semiose............
Expressividade................................
Interseções de EPs..................
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
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Mario Quintana
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Da Semiose à Tradução
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Mario Quintana
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Tradução em Clínica
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Como o Mundo Parece.....
O Que Acha de Si Mesmo.....
Pré – Juízos.....................
Busca..........................
Espacialidade.......................
Semiose........................................................
A peculiaridade dizia respeito ao
fato de o homem associar a liberdade
ao fato de poder ler e escrever,
coisas que lhe foram proibidas na
prisão.
A mudança que a sociedade lhe
impôs, a de sair da vida na cidade
para a vida no cárcere (Como o
Mundo Parece) pouco significou
para ele, principalmente porque a
liberdade, algo determinante na
Estrutura de Pensamento do homem,
tinha a ver com o dado de semiose, e
este sim o atingiu.
Muitos dos que são presos, ao
contrário do que possa parecer pelo
senso comum, na verdade não estão
sendo punidos, mas sim premiados.
O mundo, tal qual está constituído
hoje, é que é a
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
que lhe deixou marcas
existenciais graves, e isso pode ser
um seqüestro, um estupro, um
aborto, uma separação, um
desemprego passageiro, e pode não
conseguir verbalizar o episódio em
clínica, ainda que queira fazê-lo.
Talvez pela dor que lhe causa falar
do episódio, o medo, a vergonha, a
raiva ou por apenas realmente ter os
conceitos soltos e fragmentados.
Com o dado de semiose B, o
filósofo poderá chegar a uma
Tradução.
Deste modo, ainda que s pessoa
não tenha conseguido falar sobre o
seqüestro que sofreu, escreverá,
entre lágrimas e soluços:
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! . !
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
“Quantas vezes a gente, em busca de
ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura,
Tendo-os na ponta do nariz!”
Mario Quintana
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Aspectos Qualitativos e
Quantitativos
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Podemos aventar que ao passar o
texto de uma língua para outra a
pessoa consiga manter a informação
original em sua essência, qualidade,
conteúdo.
Mas uma torção de conteúdos e
significados também pode ocorrer, a
tal ponto que tudo se transforme em
algo irreconhecível.
Outra eventualidade é dar uma
intensidade ao texto que o original
não apresentava. O translado pode
intensar o texto aumentando sua
carga dramática; bem como pode
arrefecer o sentido afrouxando os
vínculos e desanimando a força da
idéia original.
Estamos nos referindo tão somente
à imanência da fidelidade do texto
traduzido com relação ao texto
original; não estão sendo
pesquisados os sentidos estético e
ético do translado, entre outros; não
é novidade que péssimas traduções
já salvaram e arruinaram autores.
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Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
O intuito aqui é aproximar da
clínica esta analogia.
A Tradução em clínica evidencia
uma primeira diferença na
transposição dos dados de semiose, o
que não acontece quando
transladamos o texto de uma língua
para outra. Haveria Tradução, na
acepção que damos em Filosofia
Clínica, caso existisse uma passagem
dos dados escritos para, por
exemplo, a ação de um esculpidor.
Mas há muitos princípios similares
que permanecem no exercício da
clínica que agora poderemos
trabalhar.
Uma jovem senhora que tenha
vivido uma traumática passagem por
um ambulatório, na qual tenha
sofrido um abortamento que quase
lhe mata, pode precisar dos seguintes
movimentos de Tradução de modo a
poder lidar com o que viveu de
maneira a seguir com sua vida:
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Como o Mundo Parece................................
O Que Acha de Si Mesmo.................
Sensorial & Abstrato........................
Emoções ......................................
Raciocínio......................................
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Busca............................................
Espacialidade.......................................
Semiose.....
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!
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!
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Emoções ........
Raciocínio......................................
Busca..............
Semiose.....
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Aspectos de Distorções em
Tradução
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! (
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Os dados de semiose se
manifestam também
simultaneamente.
Pela manhã, posso dirigir (semiose
1), conversar com minha colega de
trabalho que está no assento do
passageiro (semiose 2) e procurar no
dial do rádio alguma estação de
música popular brasileira (semiose
3), tudo perfeitamente a um só
tempo. Neste caso, os dados de
semiose estão aparentemente em
harmonia. Ainda que digam respeito
a condições diferentes, eles não se
chocam.
Mas desde que os primeiros
médicos se ocuparam do estudo das
questões nervosas, um dos
fenômenos que chamou a atenção foi
exatamente o confronto entre dados
de semiose que ocorrem
concomitantemente.
Pode ser custoso a uma criança
entender a mãe que afirma amá-la
(semiose 1) enquanto a machuca
(semiose 2).
Em casos dessa natureza, o
filósofo pode desemaranhar o que
está acontecendo pesquisando
individualmente cada dado de
semiose.
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Emoções .......
Semiose 1 ............ Semiose 2..........
Epistemologia....
Ao trabalhar a historicidade,
retornando aos dados divisórios e
enraizamentos, o filósofo terá acesso
ao que pode ter ocorrido.
Com o dado de semiose 1, a mãe
verbalizou que ama a criança no
intuito de tranqüilizá-la para a ação
que precisava fazer; pelo dado de
semiose 2, a mãe queria entender a
extensão do ferimento no joelho
causado pela queda do patinete, e
lavava com água corrente a
machucadura.
Há casos mais complexos, como o
marido que acaricia e ama a esposa,
mas não consegue ter relações
sexuais com ela.
EP (Estrutura de Pensamento)
Sensorial ....
Semiose 1..... Emoções ....
Semiose 2............
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
! 7 '
) '
! .
! 4
Quais os encaminhamentos
clínicos?
Eles são muitos. Às vezes, usar de
um dado de semiose por vez; trocar
os dados conflitantes por um único
(Tradução); associar mais um dado
de semiose aos já existentes para
tentar harmonizar o fenômeno. Os
exemplos seguem aqui ao infinito.
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Alcance da Historicidade
Seguramente, a historicidade é a
maior fonte inicial de pesquisa para
o filósofo clínico. Depois, durante
toda a atividade clínica, ela se
mantém como sólido alicerce.
Incontáveis ocasiões acontecem para
o filósofo retornar e retornar à
historicidade.
É na historicidade que saberemos
como surgiram e como se
desenvolveram os dados de semiose
que a pessoa utiliza. Saberemos os
resultados, as contradições, os
conflitos entre os dados de semiose e
outros tópicos da Estrutura de
Pensamento, as questões imediatas e
últimas.
Meus colegas e colaboradores que
há anos trabalham com Filosofia
Clínica sabem, no entanto, que a
investigação minudente e sistemática
da historicidade apresenta lacunas,
apagamentos, associações por vezes
intrincadas e obscuras, entre outras
manifestações, que não permitem ao
filósofo conhecer os pormenores às
vezes fundamentais para o uso da
Tradução em clínica.
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Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
A investigação da historicidade
requer pesquisa e tempo para a
elucidação de alguns problemas
técnicos que encontramos em
consultório.
Os conceitos podem estar oclusos,
fragmentados, em formação caótica
ou perdidos para sempre na malha
intelectiva. Há casos mesmos em que
trabalhar a historicidade da pessoa é
uma possibilidade remota.
Em outro livro trabalharemos as
questões específicas referentes à
historicidade.
Por agora, avalio como urgente
que o filósofo saiba entender os
limites concretos de seu trabalho
clínico.
Em uma maioria dos atendimentos
que fizer em clínica, o filósofo terá
elementos seguros, retirados da
historicidade, para trabalhar
conforme os métodos e a
fundamentação da Filosofia Clínica.
Em uma minoria ínfima, não.
Quando a historicidade não puder
ser feita a contento, o filósofo poderá
iniciar pelos submodos informais
utilizados pela pessoa.
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
“Ah, essa gente que me encomenda
Um poema
Com tema...
Mario Quintana
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Espacialidade (recíproca de inversão)....................
Semiose...................
Epistemologia.................
EP (Estrutura de Pensamento)
Espacialidade (inversão) ..................
Semiose............
Epistemologia..............................
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EP (Estrutura de Pensamento)
Semiose............
Tópico de Singularidade............
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
A explicação pode estar nos
aspectos numinosos, no tópico de
singularidade existencial.
EP (Estrutura de Pensamento)
Raciocínio.....................
Semiose............
EP (Estrutura de Pensamento)
Pré – Juízos.....................
Semiose............
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Mario Quintana
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Como o Mundo Parece............
Emoções ............................................
Semiose..............................................
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Emoções ......
Semiose.........................
Epistemologia..............................
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
provavelmente pintará o que dela
não esperam de modo algum.
EP (Estrutura de Pensamento)
Busca............................................
Semiose............
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
EP (Estrutura de Pensamento)
Como o Mundo Parece..................
Semiose......
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
“Sonhar é acordar-se por dentro:
de súbito me vejo em pleno sonho
e no jogo em que todo me concentro
mais uma carta sobre a mesa ponho.”
Mario Quintana
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
querer, mas não existir condições
clínicas para tanto; ela pode querer a
mudança e, na verdade, isso trazer
péssimas conseqüências. Os
motivos, enfim, são inumeráveis.
Quando faz-se pertinente a
mudança dos dados de semiose de
modo a existir uma Tradução, o
filósofo investiga na historicidade
procedimentos que colaborem com o
intento; desde que seja necessário
este aporte.
A pessoa precisará sentir os
pincéis entre os dedos, o aroma acre
das tintas, a pressão do tufo de fibras
contra a tela (deslocamento curto e
em direção às sensações) para
despegar-se de um antigo dado de
semiose?
Ou será necessário que imagine
primeiro a alteração? (em direção as
idéias complexas; percepcionar).
Talvez a precisão seja por uma
reflexão na qual considere a
substituição de um dado de semiose
por outro; o que implica em ganhos e
perdas subjetivas (esquema
resolutivo).
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Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
Alguns somente efetuarão uma
transposição de dados de semiose se
insistirem, se não deixarem o esforço
de lado pelo que dirão ser “pura
teimosia” (em direção ao desfecho).
O filósofo clínico terá partilhantes
que inventarão novas maneiras, vão
idear modos operacionais (atalho).
Ou que desejarão e terão
facilidade em aprender
(epistemologia). Ou que trocarão
dados de semiose segundo um
critério de importância (axiologia).
Algumas pessoas somente fazem a
Tradução se puderem testar, retornar,
avançar, desistir, recomeçar muitos
passos; às vezes acreditarão que
avançam quando estão apenas
recuando (análise indireta).
É bastante freqüente que a pessoa
verifique primeiro se ao mudar seus
dados de semiose as amizades não
se afastarão (princípios de verdade).
São plásticas e dinâmicas as
disposições existenciais que
aparecem em clínica.
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Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
“O sumo bem só no ideal perdura...
Ah! Quanta vez a vida nos revela
Que “a saudade da amada criatura”
É bem melhor do que a presença dela...”
Mario Quintana
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Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
Conclusão
O filósofo clínico inicia sua
atividade na interseção seguida da
historicidade de seu partilhante.
Utilizando-se de ferramentas
conceituais como os agendamentos
mínimos, cuidados com os saltos
lógicos e temporais, dados
divisórios, enraizamentos, o filósofo
vai compreendendo como surgem os
dados de semiose na vida daquela
pessoa. Aos poucos, cresce seu
entendimento sobre como se
desenvolveram e se enlaçaram e se
dispersaram tais dados; pesquisa
como eles se articulam com os
demais tópicos da Estrutura de
Pensamento e a determinação que
têm em si mesmos e na interseção
com os demais tópicos.
O estudo avança ainda sobre como
a pessoa alterna esses dados de
semiose nas diferentes circunstâncias
da vida, como ela substitui um dado
de semiose por outro, de que
maneira isso acontece, quais os
antecedentes, as informações
atualizadas e quais os elementos
conseqüentes à Tradução.
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Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
Garimpa na malha intelectiva por
causas e por efeitos, por uma
constelação de relações às vezes
perdidas em algum emaranhado de
conceitos.
Na atividade filosófico clínica, é
fundamental também uma inferência
sobre os desdobramentos que as
novas contingências geradas pela
Tradução acarretam ao ambiente no
qual a pessoa está inserida.
O trabalho geralmente é simples,
seguro, tranqüilo em seus aspectos
dinâmicos. Também geralmente é
trabalhoso.
Existe um imenso campo de
pesquisa à frente para filósofos
clínicos investigarem direções
obliquas em contextos
epistemológicos, da analítica de
linguagem, do estruturalismo, da
fenomenologia.
Este livro foi um primeiro
movimento nesta direção.
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Aspectos Traduzíveis em Clínica
Bibliografia
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
_____.Cinéma 2: L’image-temps. Paris,
Les Éditions de Minuit, 1983.
DERRIDA, Jacques. Gramatologia.
São Paulo, Perspectiva, 1973.
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GARDNER, H. A Nova Ciência da
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96
Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
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São Paulo, Difel, 1964.
WITTGENSTEIN, Ludwig. Tractatus
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Semiose
Aspectos Traduzíveis em Clínica
Lúcio Packter
Esta obra é dedicada a Bernardo Packter.