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Organização Sete de Setembro de Cultura e Ensino – LTDA

Faculdade Sete de Setembro – FASETE


Curso de Bacharelado em Psicologia

Rebeca Wesla Veloso de Souza

Relatório do livro “As pulsões e seus destinos”

Paulo Afonso
FEVEREIRO/2019
Rebeca Wesla Veloso de Souza

Relatório do livro “As pulsões e seus destinos”

Relatório apresentado como um dos pré-


requisitos para avaliação da disciplina Teoria
Psicanalítica I. Sob orientação da Prof. Ma. Gleci
Lima, IV Período, curso de Bacharelado de
Psicologia.

Paulo Afonso
FEVEREIRO/2019
Relação da pulsão e estímulo

Pode-se observar que Freud relaciona pulsão e estímulo a partir de um caráter


fisiológico, onde caracteriza a pulsão como um estímulo que não advém do mundo
exterior, mas de dentro do próprio organismo. O estímulo pode ser eliminado através
de uma ação motora em forma de descarga, enquanto a pulsão é constante e
impossível de ser removida a partir de ações motoras; podemos caracterizá-la como
necessidade, que só pode ser suspensa a partir da satisfação.

A atividade do aparelho psíquico é regulada por sensações


da série prazer-desprazer, onde, a sensação de desprazer
tem a ver com o aumento, e a sensação de prazer, com a
diminuição do estímulo. Na sua teoria, Freud situa a pulsão
“como um conceito fronteiriço entre o anímico e o somático”
(p.25). Isso significa que se trata de uma estimulação que
Estímulo
vem do somático e atinge o psiquismo.

Conceitos auxiliares que caracterizam a pulsão

• Pressão - a soma de força ou a medida de exigência de trabalho ao psiquismo;


sua própria essência.
• Meta - sempre a satisfação, que só pode ser alcançada através da eliminação
do estado de estimulação, conseguida por um caminho direto ou através da
combinação de várias finalidades mais próximas ou intermediárias que se
combinam e se intercambiam umas com as outras, no sentido de chegar à
finalidade última
• Objeto - que é aquele junto ao qual, ou através do qual, a pulsão pode atingir
sua meta. É variável, podendo não estar originalmente vinculado à pulsão e é
o que torna possível a satisfação, pode se localizar no outro ou em si.
• Fonte - Processo somático do qual se origina o estímulo (órgão ou parte do
corpo).
Resumindo: a pulsão tem como fonte uma excitação proveniente do corpo,
manifesta-se no aparelho psíquico como uma pressão que busca descarga, o que
leva a buscar investir a representação de um objeto e a buscar percebê-lo, para
poder realizar, junto a este objeto, o alvo que proporcionará uma satisfação.

Pulsões do Eu versus pulsões sexuais

Freud acreditava que não existia a pulsão, mas sim as pulsões, que se dividiam
em dois grandes grupos: autopreservação e sexuais. A primeira, entendia Freud, tinha
a função de preservar a existência do indivíduo, do ego, enquanto a segunda se
esforça na busca de objetos com o objetivo de preservar a espécie e a satisfação
sexual. Há, portanto, um ponto de conflito entre os interesses do eu e os objetais,
onde a raiz das neuroses de transferência estaria nesse conflito.
Segundo Freud, as pulsões sexuais são observáveis e originam-se de diversas
formas orgânicas, por exemplo, a princípio, o recém-nascido é um corpo biológico,
onde a mãe exerce a função de libidinizar este corpo. Na medida em que a mãe dá
afetos, dita palavras e toca a criança, o bebê é inserido no campo da linguagem.
As pulsões sexuais apoiam-se nas de autopreservação no início da vida
psíquica, se separando gradativamente até alcançarem autonomia da satisfação. Seu
alvo é o prazer do órgão. Por exemplo, quando uma pessoa come, devemos distinguir,
conceitualmente, a pulsão da fome (de autoconservação), cujo alvo é a ingestão de
alimento, e a pulsão oral (sexual), cujo alvo é o prazer da zona erógena oral.

Destinos das pulsões

Freud, cita quatro destinos da pulsão: a reversão em seu contrário, o retorno


em direção à própria pessoa, o recalque e a sublimação. Porém, na obra em questão,
ele só trata dos dois primeiros.
A reversão em seu contrário trata-se da alteração parcial da meta, onde
podemos dividir em dois processos diferentes: passagem da pulsão da atividade para
a passividade e a inversão de conteúdo. A exemplos do primeiro processo temos os
opostos sadismo-masoquismo e voyeurismo-exibicionismo. Tendo em vista que a
meta da pulsão é sempre a satisfação, a mudança é do posicionamento do ativo ao
passivo.
O masoquista compartilha o gozo implicado na agressão contra a sua própria
pessoa e o exibicionista se compraz com seu próprio desnudamento, pois o essencial
nesse processo é a troca do objeto sem alteração da meta. Assim, o masoquismo é
um sadismo voltado contra o próprio Eu e a exibição inclui a contemplação do próprio
corpo.
Na oposição voyeurismo-exibicionismo, temos que o voyeur é o sujeito que
obtém prazer em observar os atos sexuais ou a intimidade sexual das pessoas. O
prazer advém do olhar. A única fonte de excitação e produção de prazer é,
predominantemente, o olhar. O exibicionismo tem um componente narcisista mais
marcante e sempre se assegura contra o temor da castração. Podemos considerar
que tanto o voyeurismo quanto o exibicionismo tem como finalidade o olhar-se a si
mesmo.
A transformação de uma pulsão em seu oposto é observada apenas em um
caso: na conversão do amor em ódio. Pra Freud, não há só amor no amor, nem só
ódio no ódio, esses afetos são partilhados. Além da oposição amar-odiar, dois outros
aspectos devem ser levados em consideração em relação ao amor: amar-ser amado
e o amar e o odiar tomados em conjunto.
Amar - ser amado corresponde a conversão da atividade em passividade. Amar
a si mesmo, caracterizando o narcisismo. É importante lembrar que nossa atividade
psíquica é dominada por três polaridades, as oposições entre:

• Sujeito (Eu) – Objeto (mundo externo);


• Prazer – Desprazer
• Ativo – Passivo

A oposição Sujeito(eu) - objeto (externo) diz respeito à ação do indivíduo frente


a qualquer estímulo externo, onde o organismo se defende, porém, quando o estímulo
é interno (do próprio organismo) e pulsional o organismo não consegue se defender
pela via mais simples (fuga, estímulo motor). Essa oposição, sujeito - objeto fornece
o caráter dinâmico do aparelho psíquico.

A polaridade do prazer – desprazer refere-se à tentativa do aparelho psíquico


de manter a tensão ao menor nível possível. E a oposição ativo – passivo é quando o
Eu se comporta de modo passivo diante do mundo exterior na medida em que recebe
estímulos dele, e, de modo ativo, quando reage sobre eles.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

FREUD, S. As pulsões e seus destinos. Tradução Pedro Heliodoro Tavares. 1ed.; 3


reimp. Belo Horizonte: Autêntica editora. 2017

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